SUGESTÃO DE LITERATURA: -Educação Física Progressista - Paulo Ghiraldelli Júnor
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História da Educação Física
Autor: Prof.Luiz Carlos de Moraes
Tudo começou quando o homem primitivo
sentiu a necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver.
Assim o homem à luz da ciência executa os seus movimentos
corporais mais básicos e naturais desde que se colocou de
pé: corre, salta, arremessa, trepa, empurra, puxa e etc.
CHINA - Como Educação Física as origens
mais remotas da história falam de 3000 A. C. lá na China. Um certo
imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava os exercícios
físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas além
do caráter guerreiro.
ÍNDIA - No começo do primeiro milênio,
os exercícios físicos eram tidos como uma doutrina por causa das "leis
de Manu", uma espécie de código civil, político, social
e religioso. Eram indispensáveis às necessidades militares além
do caráter fisiológico. Buda, atribuía aos exercícios
o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento
das ciências para a suprema felicidade do Nirvana, (no budismo, estado
de ausência total de sofrimento).
O Yoga, tem suas origens na mesma época retratando os exercícios
ginásticos no livro "Yajur Veda" que além de um aprofundamento
da Medicina, ensinava manobras massoterápicas e técnicas de respirar.
JAPÃO - A
história do desenvolvimento das civilizações
sempre esbarra na importância dada à Educação Física,
quase sempre ligados aos fundamentos médicos-higiênicos, fisiológicos,
morais, religiosos e guerreiros. A civilização japonesa também
tem sua história ligada ao mar devido à posição geográfica
além das práticas guerreiras feudais: os samurais.
EGITO - Dentre os
costumes egípcios estavam os exercícios
Gímmicos revelados nas pinturas das paredes das tumbas.
A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje
como qualidades físicas tais como: equilíbrio, força,
flexibilidade e resistência. Já usavam, embora rudimentares, materiais
de apoio tais como tronco de árvores, pesos e lanças.
GRÉCIA - Sem dúvida nenhuma a civilização
que marcou e desenvolveu a Educação Física foi a grega através
da sua cultura. Nomes como Sócrates, Platão, Aristóteles,
e Hipócrates contribuíram e muito para a Educação
Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação
corpo e alma através das atividades corporais e da música. "Na
música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde
ao corpo" Sócrates. É de Platão o conceito de equilíbrio
entre corpo e espírito ou mente.
Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres, atleta,
ginástica, pentatlo entre outros, são uma herança grega.
As atividades sociais e físicas eram uma prática até a
velhice lotando os estádios destinados a isso.
ROMA - A derrota
militar da Grécia para Roma, não
impediu a invasão cultural grega nos romanos que combatiam a nudez da
ginástica. Sendo assim, a atividade física era destinada às
práticas militares. A célebre frase "Mens Sana in Corpore
Sano" de Juvenal vem desse período romano.
IDADE MÉDIA - A queda
do império romano também
foi muito negativo para a Educação Física, principalmente
com a ascensão do cristianismo que perdurou por toda a Idade Média.
O culto ao corpo era um verdadeiro pecado sendo também chamado por alguns
autores, de "Idade das Trevas".
A RENASCENÇA -
Como o homem sempre teve interesse no
seu próprio corpo, o período da Renascença fez explodir
novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência
e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada
surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci (1452-1519), responsável
pela criação utilizada até hoje das regras proporcionais
do corpo humano.
Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas
famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti
(1475 - 1564). Considerada tão perfeita que os músculos parecem
ter movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu
origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis
Fábrica" de Andrea Vesalius (1514-1564).
A volta de Educação Física escolar se
deve também nesse período a Vitorio de Feltre (1378-1466) que em
1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo programático
incluía os exercícios físicos.
ILUMINISMO - O movimento
contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra
no século XVII deu origem
a novas idéias. Como destaque dessa época os alfarrábios
apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827). Rousseau
propôs a Educação Física como necessária à educação
infantil. Segunde ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento.
Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção
estava focada na execução correta dos exercícios.
IDADE CONTEMPORÂNEA -
A influência na nossa ginástica
localizada começa a se desenvolver na Idade Contemporânea e quatro
grandes escolas foram as responsáveis por isso: a alemã, a nórdica,
a francesa, e a inglesa.
A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve
como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) considerado pai
da ginástica pedagógica moderna.
A derrota dos alemães para Napoleão deu origem a outra ginástica.
A turnkunst, criada por Friederick Ludwig Jahn (1788-1825) cujo fundamento
era a força. "Vive Quem é Forte", era seu lema e nada
tinha a ver com a escola. Foi ele quem inventou a barra fixa, as barras paralelas
e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica.
A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spiess (1810-1858)
introduzindo definitivamente a Educação Física nas escolas
alemãs, sendo inclusive um dos primeiros defensores da ginástica
feminina.
A escola nórdica escreve a sua história através de Nachtegall
(1777-1847) que fundou seu próprio instituto de ginástica (1799)
e o Instituto Civil de Ginástica para formação de professores
de Educação Física (1808).
Por mais que um profissional de Educação Física
seja desligado da história, pelo menos algum dia já ouviu falar
em ginástica sueca, um grande trampolim para o que se conhece hoje. Per
Henrik Ling (1766-1839) foi o responsável por isso levando para a Suécia
as idéias de Guts Muths após contato com o instituto de Nachtegall.
Ling dividiu sua ginástica em quatro partes: a pedagógica - voltada
para a saúde evitando vícios posturais e doenças, a militar
- incluindo o tiro e a esgrima, a médica - baseada na pedagógica
evitando também as doenças e a estética - preocupada com
a graça do corpo.
Alguns fundamento ideológicos de Ling valem até hoje
tais como o desenvolvimento harmônico e racional, a progressão pedagógica
da ginástica e o estado de alegria que deve imperar uma aula. Claro, isso
depende do austral e o carisma do profissional.
Um do seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz
novamente o ritmo musical à ginástica e cria os testes individuais
e coletivos para verificação da performance.
A escola Francesa teve como elemento principal o espanhol naturalizado Francisco
Amoros Y Ondeano (1770-1848).
Inspirado em Rabelais, Guts, Jahn e pestalozzi, dividiu sua
ginástica em: Civil e Industrial, Militar, Médica e Cênica.
Outro nome francês importante foi G. Dêmey (1850-1917). Organizou
congresso, cursos (inclusive o Superior de Educação Física),
regiu o Manual do Exército e também era adepto à ginástica
lenta, gradual, progressiva, pedagógica, interessante e motivadora.
O método natural foi defendido por Georges Herbert (1875-1957):
correr, nadar, trepar, saltar, empurrar, puxar e etc.
A nossa Educação Física, a brasileira
teve grande influência na Ginástica Calistenia criada em 1829 na
França por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854).
A escola inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo
como principal defensor Thomas Arnold (1795-1842) embora não fosse o criador.
Essa escola também ainda teve a influência de Clias no treinamento
militar.
A CALISTENIA - É por assim dizer, o verdadeiro marco
do desenvolvimento da ginástica moderna com fundamentos específicos
e abrangentes destinada à população mais necessitada: os
obesos, as crianças, os sedentários, os idosos e também às
mulheres.
Calistenia, segundo Marinho (1980) citado por Marcelo Costa,
vem do grego Kallos (belo), Sthenos (força) e mais o sufixo "ia".
Com origem na ginástica sueca apresenta um divisão
de oito grupos de exercícios localizados associando música ao ritmo
dos exercícios que são feitos à mão livre usando
pequenos acessórios para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos.
Os responsáveis pela fixação da Calistenia
foram o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de
Moços com proposta inicial de melhorar a forma física dos americanos
que mais precisavam. Por isso mesmo, deveria ser uma ginástica simples,
fundamentada na ciência e cativante. Em função disso o Dr.
Lewis era contra os métodos militares sob alegação que as
mesmas desenvolviam somente a parte superior do corpo e os esportes atléticos
não proporcionavam harmonia muscular. Em 1860 a Calistenia foi introduzida
nas escolas americanas.
No Brasil dos anos 60 começou a ser implantada nas poucas
academias pelos professores da A. C. M. ganhando cada vez mais adeptos nos anos
70 sempre com inovações fundamentadas na ciência. Sendo assim
o Dr. Willian Skarstrotron, americano de origem sueca, dividiu a Calistenia em
8 grupos diferentes do original: braços e pernas, região póstero
superior do tronco, póstero inferior do tronco, laterais do tronco, equilíbrio,
abdômen, ombros e escápulas, os saltitos e as corridas.
Nos anos 80 a ginástica aeróbica invadiu as academias
do Rio de Janeiro e São Paulo abafando um pouco a calistenia. Como na
Educação Física sempre há evolução
também em função dos erros e acertos. Surge
então, ainda no final dos anos 80 a ginástica localizada desenvolvida
com fundamentos teóricos dos métodos da musculação
e o que ficou de bom da Calistenia. A ginástica aeróbica de alto
impacto causou muitos microtraumatismos por causa dos saltitos em ritmos musicais
quase alucinantes. A musculação surgiu com uma roupagem nova ainda
nos anos 70 para apagar o preconceito que algumas pessoas tinham com relação
ao Halterofilismo.
Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginástica localizada
passa por uma fase ruim com alguns professores ministrando aleatoriamente, aulas
sem fundamentos específicos com repetições exageradas, fato
que a ciência já reprovou, principalmente se o público alvo
for o cidadão comum.
A EDUCAÇÃO FÍSICA
NO BRASIL
Os índios - No Brasil colônia - Os primeiros habitantes, os índios,
deram pouca contribuição a não ser os movimentos rústicos
naturais tais como nadar, correr atraz da caça, lançar, e o arco
e flecha. Na suas tradições incluem-se as danças, cada
uma com significado diferente: homenageando o sol, a lua, os Deuses da guerra
e da paz, os casamentos etc. Entre os jogos incluem-se as lutas, a peteca,
a corrida de troncos entre outras que não foram absorvidas pelos colonizadores.
Sabe-se que os índios não eram muito fortes e não se adaptavam
ao trabalho escravo.
Os negros e a capoeira - Sabe-se que vieram para o Brasil para
o trabalho escravo e as fugas para os Quilombos os obrigava a lutar sem armas
contra os capitães-do-mato, homens a mando dos senhores de engenho que
entravam mato a dentro para recapturar os escravos. Com o instinto natural, os
negros descobriram ser o próprio corpo uma arma poderosa e o elemento
surpresa. A inspiração veio da observação da briga
dos animais e das raízes culturais africanas. O nome capoeira veio do
mato onde entrincheiravam-se para treinar.
"Um estranho jogo de corpo dos escravos desferindo coices e marradas, como
se fossem verdadeiros animais indomáveis". São algumas das
citações de capitães-do-mato e comandantes de expedições
descritas nos poucos alfarrábios que restaram. Rui Barbosa mandou queimar
tudo relacionado à escravidão.
Brasil Império - Em 1851 a lei de n.º 630 inclui
a ginástica nos currículos escolares. Embora Rui Barbosa não
quisesse que o povo soubesse da história dos negros, preconizava a obrigatoriedade
da Educação Física nas escolas primárias de secundárias
praticada 4 vezes por semana durante 30 minutos.
Brasil República - Essa foi uma época onde começou
a profissionalização da Educação Física.
As políticas públicas - Até os anos 60 o processo ficou
limitado ao desenvolvimento das estruturas organizacionais e administrativas
específicas tais como: Divisão de Educação Física
e o Conselho Nacional de Desportos.
Os anos 70, marcado pela ditadura militar, a Educação
Física era usada, não para fins educativos, mas de propaganda do
governo sendo todos os ramos e níveis de ensino voltada para os esportes
de alto rendimento.
Nos anos 80 a Educação Física vive uma
crise existencial à procura de propósitos voltados à sociedade. No
esporte de alto rendimento a mudança nas estruturas de poder e os incentivos
fiscais deram origem aos patrocínios e empresas podendo contratar atletas
funcionários fazendo surgir uma boa geração de campeões
das equipes Atlântica Boa Vista, Bradesco, Pirelli entre outras.
Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio de promoção à saúde
acessível a todos manifestada de três formas: esporte educação,
esporte participação e esporte performance.
A Educação Física finalmente regulamentada é de
fato e de direito uma profissão a qual compete mediar e conduzir todo
o processo.
Os passos da profissão:
1946 - Fundada a Federação Brasileira de Professores de Educação
Física.
1950 a 1979 - Andou meio esquecida com poucos e infrutíferos movimentos.
1984 - Apresentado 1º projeto de lei visando a regulamentação
da profissão.
1998 - Finalmente a 1º de setembro assinada a lei 9696 regulamentando
a profissão com todos os avanços sociais fruto de muitas discussões
de base e segmentos interessados.
Literatura Consultada:
1) Costa, Marcelo Gomes - Ginástica localizada. Ed. Sprint, 2ª edição,
R.J.1998.
2) Silva N.Pithan Atletismo Ed. Cia Brasil editora 2ª Ed. São Paulo
3) Steinhilber, Jorge. Profissional de Educação Física
Existe? Ed. Sprint, Rio de Janeiro R.J. 1996.
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 - RJ 003529
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