FISIOLOGIA DO
                          EXERCÍCIO
                      
                      EXERCÍCIO
                      NO CALOR
                          A prática de
                        exercícios em dias com temperatura elevada é visto
                        sempre como um grande desafio. Os pesos parecem estar
                        mais pesados, o tempo na esteira parece custar mais a
                        passar e o ar que inspiramos é sempre quente e
                        insuficiente. Como se não bastasse a ardência
                        nos olhos quando o suor entra em contato com o globo
                        ocular, acabam tornando um feliz dia de treinamento com
                        os amigos na academia uma verdadeira maratona.
                           O objetivo deste artigo é compreender
                        melhor a influência dos dias quentes nos exercícios,
                        bem como podemos amenizar as dificuldades e conseqüências
                        impostas pelo calor.
    
  O nosso organismo possui uma série de mecanismos fisiológicos
  que visam mantê-lo em condições ideais para seu perfeito
  funcionamento. Por exemplo, quando começamos a correr a freqüência
  cardíaca e respiratória são aumentadas a fim de suprir
  a necessidade de oxigênio para os tecidos, e manter com isso um equilíbrio
  dinâmico do metabolismo.
    
  Deste modo, os dias quentes impõem ações de mecanismos
  fisiológicos no intuito de manter nosso corpo com uma temperatura adequada,
  já que pequenas mudanças neste aspecto podem ser muito nocivas
  ao organismo.
    
  A pratica de exercícios acelera o metabolismo aumentando com isso a
  temperatura corporal. Ocorre que em dias quentes esta resposta do organismo
  aos exercícios torna-se mais difícil. 
    
  Com isso, o grande desafio ao treinar em dias quentes está em evitar
  que a temperatura corporal suba muito, impedindo deste modo que se possa treinar
  normalmente. Para isso o organismo precisa eliminar o calor que é produzido
  pela própria prática de exercícios.
  
    
  São quatro os mecanismos de termorregulação; Irradiação,
  condução, convecção e evaporação.
  Irradiação: Objetos emitem continuamente ondas térmicas
  por irradiação. Este mecanismo não necessita contato entre
  os objetos e é bem exemplificado pelos raios solares que aquecem a terra.
  Normalmente nos emitimos nosso calor para o meio ambiente, porém em
  dias quentes esta permuta torna-se inversa impedindo de eliminarmos calor por
  este mecanismo.
  Condução: A perda de calor neste caso envolve a transferência
  direta de calor através de um líquido, sólido ou gás
  de uma molécula para outra. É possível flagrar pessoas
  passando calor corporal inconscientemente ao se abraçarem num aparelho
  da musculação que esteja mais frio. Ou mesmo quando nos mexemos
  muito ao dormir em uma noite quente, em busca de partes do lençol e
  travesseiro que ainda estejam mais frios.
  Convecção: Este processo assemelha-se à condução.
  Observa-se, porém, que na perda de calor por condução
  que o ar próximo ao corpo é trocado após ter sido aquecido.
  Se o movimento do ar ou a convecção forem lentos o ar perto da
  pele aquecido torna-se um isolante térmico impedindo a permuta de calor.
  Por outro lado se o ar mais quente que circula o corpo é substituído
  continuamente por ar mais frio a perda de calor do corpo aumenta. Um bom exemplo é uma
  corrida na esteira. Na esteira o individuo corre no mesmo lugar e vai aquecendo
  o ar que está em volta dele, ao correr na rua o ar quente é deixado
  para trás facilitando assim a diminuição do calor corporal.
  Quando colocamos um ventilador próximo a esteira que estamos correndo,
  o ar que vem do ventilador não é mais frio que o ar do ambiente,
  a sensação é agradável porque o ar que chega empurra
  o ar aquecido próximo do corpo caracterizando assim o processo de convecção. 
  Evaporação: A evaporação constitui a principal
  defesa fisiológica contra o superaquecimento. Nos dias quentes principalmente,
  a eficácia na perda de calor por condução, convecção
  e irradiação diminui. Quando a temperatura ambiente ultrapassa
  a temperatura corporal, passa a haver uma passagem de calor do meio para o
  corpo e, por conseqüência, a evaporação torna-se fundamental.
  O calor é transferido continuamente para o meio ambiente, à medida
  que a água é vaporizada pelas vias respiratórias e pele.
  Este mecanismo é muito eficiente, pois para cada litro de água
  vaporizada são eliminados pelo organismo 580 kcal. 
    
  Outro aspecto interessante em relação à evaporação é a
  umidade relativa do ar que influencia drasticamente na termorregulação.
  Quando a umidade do ar e elevada a pressão do vapor ambiente se aproxima
  a da pele úmida e a evaporação diminui muito. Deste modo
  esta via de perda de calor é fechada e acaba formando grandes quantidades
  de suor que formam gotas sobre a pele e acabam caindo sob forma de gotas favorecendo
  a desidratação. Cabe ressaltar que o suor em si não refresca
  a pele; é a evaporação desse suor que esfria a pele. É possível
  notar, contudo, que ambientes quentes e úmidos são piores que
  temperaturas ainda maiores, porém secas. 
                      Cuidados
  Algumas medidas devem ser tomadas para evitar os efeitos
                          desagradáveis do calor.
                        A principal medida está relacionada à hidratação.
  Como vimos a água é a principal moeda de troca para manter o
  equilíbrio térmico do organismo, precisamos eliminar calor com
  a evaporação do suor e com isso perdemos muito líquido
  promovendo graus de desidratação que podem ser prejudiciais.
  Logo a reposição de água deve ser intensificada. Alguns
  autores recomendam a ingestão de 400 a 600 ml de água gelada
  20 minutos antes de exercitar-se, além de ingestões durante o
  exercício.
  Cabe ressaltar que a sensação de sede nem sempre esta associada à desidratação,
  portanto a ingestão de água deva ocorrer independente da sede. 
  A orientação de um nutricionista sobre a ingestão de água,
  minerais e outros nutrientes que impeçam a desidratação
  pode ser determinante para um bom desempenho nos exercícios.
  Outro cuidado que deve ser tomado é com a vestimenta. As roupas para
  treinar em dias quentes devem ser curtas e folgadas, permitindo a circulação
  livre do ar próximo da pele e deste modo facilitando a evaporação
  mais rapidamente. A cor também é importante, pois roupas escuras
  absorvem mais os raios luminosos e o seu calor radiante, ao ponto que roupas
  claras refletem estes raios de calor.
  Em ambientes fechados, com na academia, o ar-condicionado é outro grande
  aliado, pois refrigera o ar aumentando a diferença de calor do meio
  com o corpo e facilitando, deste modo, a eliminação do calor.
                      Considerações
                          finais
É 
  importante colocar que por um lado o estresse térmico repetido, ou seja,
  a prática de exercícios em dias quentes, promovem ajustes termorreguladores
  que resultam em maior capacidade de resistir ao calor, fazendo com que deste
  modo os indivíduos treinados no calor resistam mais facilmente às
  temperaturas altas que indivíduos sedentários. Logo, dias quentes
  não devem ser um empecilho para prática de exercícios,
  basta tomar os cuidados necessários como vimos para continuarmos o programa
  de treinamento usufruindo assim de todos benefícios que o exercício
  proporciona.
                      
                      
                      Bibliografia
  -Robergs RA, Roberts SD. Princípios Fundamentais
                        da Fisiologia do Exercício. 1 ed. São Paulo:
                        Ed. Phorte; 2002
                        -Mc Ardle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do Exercício: Energia,
  Nutrição e Desempenho Humano. 4 ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara
  Koogan; 1998.
  -Hidratação no calor. URL: www.gssi.com.br, acessada em 15/01/2006.
                      
                      
                      Prof. Jofre Dutra Vargas
  Graduado em Educação Física pela Universidade Federal
  do Rio Grande do Sul UFRGS. 
  Especializado em Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfo
  Funcional pela Universidade Gama Filho UGF.
  Professor coordenador do departamento de musculação da Natasul. jofrefitness@aol.com