Benefícios do Treinamento de Força
em Hipertensos
Alexandre Pugliese
Continuação...
7.3 Respostas Cardiovasculares
Básicas:
A resposta
básica ao treinamento de força se refere ao que
acontece durante uma série de um exercício.
Os estudos sobre a resposta básica têm-se concentrado
sobre as respostas da pressão sangüínea, freqüência
cardíaca, volume sistólico, débito cardíaco e pressão
intratorácica durante as fases concêntrica e excêntrica de
um exercício (FLECK & KRAEMER, 1997).
Freqüência cardíaca e pressão sangüínea.
A freqüência cardíaca e a pressão
sangüínea aumentam substancialmente durante o treinamento dinâmico
de força (FLECK, 1992; STONE et al., 1991; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Isto acontece com exercícios com equipamento, com pesos livres
e isosinéticos (FLECK & DEAN, 1987; SALE et al., 1994; SALE et al.,1993;
SCHARF et al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER, 1997), embora a resposta
máxima da pressão sangüínea seja mais alta durante
o treinamento com pesos no qual ocorram a fase concêntrica e a excêntrico
que no treinamento isocinético apenas concêntrico (SALE et al.,
1993; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Os aumentos na pressão
sangüínea e na freqüência cardíaca podem ser
grandes: picos de pressão sangüínea de 320 / 250 mmHg e
uma freqüência cardíaca de 170 batimentos por minuto foram
relatados em um exercício de pressão de pernas com as duas pernas
em 95% de 1RM durante uma série até falha concêntrica voluntária
na qual foi realizada uma manobra de valsalva (MacDOUGALL et al., 1985; citado
por FLECK & KRAEMER, 1997).
Entretanto, as respostas de freqüência cardíaca
e pressão sangüínea são também substanciais
mesmo quando é feita uma tentativa para limitar a execução
de uma manobra de valsalva (FLECK & DEAN, 1987; citado por FLECK & KRAEMER,
1997).
As respostas de pico de pressão sangüínea
e de freqüência cardíaca normalmente ocorrem durante as últimas
repetições de uma série até a falha concêntrica
voluntária (FLECK, 1992; MacDOUGALL et al., 1985; SALE et al., 1994; citado
por FLECK & KRAEMER, 1997) e são mais altas durante as séries
com cargas submáximas até a falha voluntária do que durante
séries usando cargas de 1RM (SALE et al., 1993; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). No treinamento dinâmico de força, ocorreram pressões
sangüíneas mais altas, mas não freqüências cardíacas
mais altas, durante a fase concêntrica do que durante a fase excêntrica
de uma repetição (FALKEL, FLECK & MURRAY, 1992; MacDOUGALL
et al., 1985; MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Além
disso, a resposta da pressão sangüínea aumenta com a massa
muscular ativa, mas a resposta não é linear (FLECK, 1988; STONE
et al., 1991 citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Ver próxima tabela.
TABELA IV:
RESPOSTAS CARDIOVASCULARES
BÁSICAS AO EXERCÍCIO DE FORÇA. |
|
Fase da repetição |
|
Excêntrica |
Concêntrica |
Freqüência cardíaca |
+ |
+ |
Pressão sangüínea |
|
|
Diastólica |
+ |
+ |
Sistólica |
+ |
+ |
Pressão intratorácica |
+ |
+ |
Volume sistólico |
+ |
Nenhuma mudança |
Débito cardíaco |
+ |
+ ou nenhuma mudança |
+ = aumentada |
Volume
sistólico e débito
cardíaco.
O volume sistólico (determinado pela impedância
elétrica) não aumenta significativamente acima dos valores de
repouso durante a fase concêntrica do exercício de treinamento
de força, seja quando são feitas tentativas para limitar o desempenho
de uma manobra de valsalva (MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER,
1997), seja com o desempenho de uma manobra de valsalva (FALKEL, FLECK & MURRAY,
1992; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Entretanto durante a fase excêntrica,
sem (MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997) e com uma manobra
de valsalva (FALKEL, FLECK & MURRAY, 1992; citado por FLECK & KRAEMER,
1997), o volume sistólico aumenta significativamente acima dos valores
de repouso e é maior do que durante a fase concêntrica de uma
repetição.
Durante as fases concêntrica e excêntrica
de uma repetição, o débito cardíaco pode se elevar
acima dos valores de repouso. Durante a fase excêntrica de um agachamento,
o débito cardíaco pode alcançar aproximadamente 20 litros,
enquanto durante a fase concêntrica de uma repetição ele
pode apenas chegar a aproximadamente 15 litros (FALKEL, FLECK & MURRAY,
1992; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Contudo, durante um exercício
envolvendo uma massa muscular menor, tal como a extensão do joelho,
o débito cardíaco pode ser elevado acima de valores de repouso
apenas durante a fase excêntrica de uma repetição. Esta
diferença entre as fases excêntrica e concêntrica pode resultar
em nenhuma mudança relevante dos valores de repouso no débito
cardíaco e volume sistólico médios para a série
inteira de um exercício envolvendo uma pequena massa muscular (MILES
et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997).
A freqüência cardíaca não
apresenta diferença importante entre as fases concêntrica e excêntrica
de uma repetição (FALKEL, FLECK & MURRAY, 1992; MacDOUGALL
et al., 1985; MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997), enquanto
que o volume sistólico é significativamente maior durante a fase
excêntrica de uma repetição (FALKEL, FLECK & MURRAY,
1992; MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997).
Ademais, o débito cardíaco maior na
fase excêntrica, comparado com a concêntrica, é causado
exclusivamente pelo aumento do volume sistólico.
Pressão intratorácica.
A pressão intratorácica aumenta enquanto
se realiza exercício de treinamento de força (FALKEL, FLECK & MURRAY,
1992; MacDOUGALL et al., SALE et al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Este aumento pode Ter uma função protetora para os vasos
sangüíneos cerebrais (MacDOUGALL et al., 1985; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Qualquer mudança na pressão intratorácica é transmitida
ao líquido cerebroespinhal, o que resulta na pressão cerebroespinhal
igualando a pressão intratorácica. Dessa forma, qualquer aumento
na pressão sangüínea durante o treinamento de força é acompanhado
por um aumento na pressão intratorácica e cerebroespinhal. A
pressão do líquido cerebroespinhal aumentada reduz a pressão
transmural (a diferença entre a pressão dentro e fora de um vaso
sangüíneo) nos vasos sangüíneos cerebrais, protegendo-os
dos danos causados pelo aumento na pressão sangüínea (FLECK & KRAEMER,
1997).
Mecanismos da resposta pressora.
Várias hipóteses foram levantadas em relação
aos possíveis mecanismos da resposta pressora durante o treinamento de
peso. Um aumento no débito cardíaco pode resultar em um aumento
na pressão sangüínea. O débito cardíaco médio,
no entanto, pode não se elevar durante o exercício de treinamento
de força (MILES et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER, 1997); foi
demonstrado uma relação inversa significativa entre o débito
cardíaco e as pressões sangüíneas sistólica
e diastólica (FLECK, FALKEL et al., 1989; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Desse modo um aumento no débito cardíaco pode não
ser um fator importante para o aumento da pressão sangüínea
que, de fato, pode limitar o débito cardíaco. A pressão
intramuscular aumentada pode aumentar a resistência periférica total
ou obstruir o fluxo sangüíneo, resultando em pressão sangüínea
aumentada. A pressão intramuscular durante as ações musculares
estáticas pode ser muito alta (EDWARDS, HILL & McDONNELL, 1972; citado
por FLECK & KRAEMER, 1997). Existe uma grande variação intramuscular,
mas mesmo durante as ações musculares estáticas de natureza
moderada (40 a 60% do máximo) o fluxo sangüíneo pode ser obstruído.
Durante a fase concêntrica de uma repetição a pressão
intramuscular é provavelmente maior do que durante a fase excêntrica
(FLECK & KRAEMER, 1997).
Desse modo, as diferenças na pressão
intramuscular entre as duas fases e seu efeito na pressão periférica
total e no fluxo sangüíneo provavelmente contribuem para as pressões
sangüíneas maiores durante a fase concêntrica do que durante
a fase excêntrica (MILES, et al., 1987; citado por FLECK & KRAEMER,
1997).
Considera-se classicamente que a pressão intratorácica
aumentada limita o retorno venoso ao coração assim limita o volume
sistólico e o débito cardíaco.
Foi levantada a hipótese de que a pressão
intratorácica tem um impacto no volume sistólico e no débito
cardíaco durante o treinamento de força (FALKEL, FLECK & MURRAY,
1992; FLECK, 1988; citado por FLECK & KRAEMER, 1997); ela tem uma correlação
inversa significativa com o volume sistólico e o débito cardíaco
e uma correlação positiva significativa com a resposta da pressão
sangüínea sistólica e diastólica durante o treinamento
de força (FLECK, FALKEL et al., 1989; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Estas correlações indicam que a pressão intratorácica
realmente limita o volume sistólico e o débito cardíaco
durante o treinamento de força. Elas também indicam que a pressão
intratorácica está relacionada à pressão sangüínea.
As pressões sangüíneas e as freqüências
cardíacas são mais altas durante séries levadas até a
falha concêntrica voluntária em aproximadamente 70% a 85% do peso
máximo possível do que durante uma repetição em
100% do peso máximo possível (FLECK & DEAN, 1987; MacDOUGALL
et al., 1985; SALE et al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). As
séries realizadas até a falha concêntrica voluntária
com aproximadamente 70 a 85% de 1 RM são provavelmente de duração
e carga suficientes para permitir que ocorram todos os fatores que contribuem
para um aumento na pressão sangüínea e na freqüência
cardíaca, enquanto as séries realizadas com cargas mais pesadas
ou mais leves são insuficientes em duração ou intensidade
para permitir que todos os fatores contribuam para a reação de
pressão (FLECK & KRAEMER, 1997).
7.4 Adaptações
Cardiovasculares Crônicas Durante O Exercício:
O treinamento
cardiovascular tradicional resulta em adaptações
que permitem o desempenho de um dado trabalho submáximo
com menos stress cardiovascular (FLECK & KRAEMER, 1997).
Isto também foi recentemente demonstrado para o treinamento
de força. Ver próxima tabela:
TABELA V:
ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES
CRÔNICAS DURANTE
O EXERCÍCIO DE FORÇA |
Freqüência cardíaca |
- |
Pressão sangüínea |
|
Diastólica |
- ou sem mudança |
Sistólica |
- ou sem mudança |
Duplo produto |
- |
Volume sistólico |
+ ou sem mudança |
Débito cardíaco |
+ ou sem mudança |
Pico de VO2 |
+ ou sem mudança |
- = diminuída, + = aumentada |
Freqüência cardíaca,
pressão sangüínea e duplo produto.
Vários estudos têm demonstrado claramente que
o treinamento de força pode reduzir o estresse cardiovascular durante
o treinamento de força. Fisiculturistas homens, durante séries
até a fadiga concêntrica voluntária em 50%, 70%, 80%, 90%
e 100% de 1 RM, apresentam pressões sangüíneas sistólicas
e diastólicas intra arteriais máximas mais baixas do que homens
sedentários e homens como pouco tempo de treinamento em força (6
a 9 meses de treinamento) (FLECK & DEAN, 1987; citado por FLECK & KRAEMER,
1997).
Os fisiculturistas, neste estudo, eram mais fortes do que
outros indivíduos e portanto, tinham uma resposta de pressão menor
não apenas com a mesma carga relativa de trabalho mas também com
cargas de trabalho absolutamente maiores. Os fisiculturistas também têm
freqüências cardíacas e duplos produtos, mas não pressões
sangüíneas, mais baixos durante a ergometria do braço na mesma
carga de trabalho absoluta do que estudantes de medicina (COLLIANDER & TESCH,
1988; citado por FLECK & KRAEMER, 1997).
Além disso, os fisiculturistas têm uma freqüência
cardíaca mais baixa com a mesma carga de trabalho relativa (% 1RM) do
que os levantaduras de potência durante exercícios de treinamento
de força (FALKEL, FLECK & MURRAY, 1992; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Isto indica que programas de volume alto podem ter um impacto maior na
resposta da pressão durante o treinamento de força.
Os estudos com treinamento de curta duração
também demonstram adaptações cardiovasculares durante o
desempenho de exercícios. Os estudos de treinamento de 12 a 16 semanas
de duração mostraram que a freqüência cardíaca,
a pressão sangüínea e o duplo produto podem diminuir durante
a bicicleta ergométrica, caminhada em esteira ergométrica e a caminhada
em esteira ergométrica segurando pesos de mão (BLESSING et al.,
1987; GOLDBERG, ELLIOT & KUEHL, 1988, 1994; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). Esses estudos também demonstram diminuições significativas
na resposta da pressão sangüínea e da freqüência
cardíaca durante o trabalho isométrico (GOLDBERG, ELLIOT & KUEHL,
1994; citado por FLECK & KRAEMER, 1997) tanto em jovens adultos (SALE et
al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER, 1997) como em adultos de 66 anos (McCARTNEY
et al., 1993; citado por FLECK & KRAEMER, 1997) durante treinamento dinâmico
de força com a mesma carga absoluta. Entretanto após o treinamento
com a mesma carga relativa (% 1RM) a resposta da pressão sangüínea é elevada
(SALE et al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). O treinamento de força
pode claramente resultar em adaptações que permitem uma resposta
de pressão mais baixa e consumo de oxigênio miocárdico mais
baixo, como indicado pelo duplo produto, durante uma variedade de exercícios.
Volume sistólico e débito cardíaco.
O débito cardíaco dos levantadores de peso pode
aumentar até 30 L /min., com o volume sistólico aumentado para
150 ml até 200ml imediatamente após o exercício de treinamento
de força, enquanto pessoas não-treinadas não mostram mudanças
significativas (STONE et al., 1991; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Os
picos de volume sistólico e de débito cardíaco dos fisiculturistas
são significativamente maiores do que os levantadores de potência
durante séries até falha concêntrica voluntária em
vários percentuais de 1 RM dos exercícios de extensão do
joelho e agachamento (FALKEL, FLECK & MURRAY, 1992; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). O volume sistólico e o débito cardíaco maiores dos
fisiculturistas foram evidentes durante as fases concêntrica e excêntrica
dos dois exercícios e podem ter sido causados pelo desempenho mais limitado
da manobra de valsalva pêlos fisiculturistas, resultando em uma elevação
menor na pressão intratorácica. Esses resultados indicam que o
tipo de programa de treinamento de força pode afetar a magnitude de qualquer
adaptação que resulte na capacidade de manter o débito cardíaco
durante a atividade (FLECK & KRAEMER, 1997).
Resposta
de pressão durante
a atividade.
Os fatores que afetam a pressão sangüínea
aguda ou crônica, o volume sistólico e a resposta do débito
cardíaco durante a atividade são similares. As diminuições
na pressão sangüínea durante atividade resultam em uma pós-carga
diminuída no ventrículo esquerdo, o que por sua vez resulta em
débito cardíaco aumentado e consumo de oxigênio miocárdico
diminuído. Mudanças em todas estas variáveis durante atividade
foram demonstradas, como descrito anteriormente.
Os aumentos na pressão intratorácica podem diminuir
o retorno venoso para o coração, resultando em um volume sistólico
diminuído e num acúmulo de sangue na circulação sistêmica
e, assim, numa pressão sangüínea aumentada (FLECK & KRAEMER,
1997).
A pressão intratorácica é inversamente
relacionada ao débito cardíaco e à pressão sangüínea
(FLECK, FALKEL et al., 1989; citado por FLECK & KRAEMER, 1997), indicando
que um aumento na pressão intratorácica diminui o débito
cardíaco e o volume sistólico. O pico de pressão do esôfago,
um indicador da pressão intratorácica, normalmente ocorre durante
as últimas repetições de uma série, e tem-se demonstrado
que aumenta ou não se altera com a mesma carga relativa depois de um período
de treinamento de força (SALE et al., 1994; citado por FLECK & KRAEMER,
1997). A pressão máxima do esôfago não muda durante
a primeira repetição de uma série com a mesma carga relativa
após um período de treinamento de força (SALE et al., 1994;
citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Este estudo indica que, com a mesma carga
absoluta (a mesma carga absoluta após treinamento agora é uma percentagem
de AMVM comparada ao pré-treinamento ), uma redução na pressão
intratorácica durante as primeiras repetições de uma série
após o treinamento pode permitir que o volume sistólico e débito
cardíaco aumentem comparados ao pré-treinamento. Contudo, a pressão
intratorácica durante as últimas repetições de uma
série não é afetada pelo treinamento e assim não
afeta o volume sistólico ou o débito cardíaco comparados
aos valores do pré-treinamento (FLECK & KRAEMER, 1997).
Pico
de consumo de oxigênio.
O pico de consumo de oxigênio (pico VO2)
em uma esteira ou bicicleta ergométrica é considerado
um indicador de condicionamento cardiovascular. Normalmente não
se considera que o pico VO2 seja significativamente
afetado pelo treinamento pesado de força. O pico VO2 dos
levantadores de peso competitivos de estilo olímpico,
levantadores de potência e fisiculturistas varia desde
41 até 55 ml. kg -1.1-1 (KRAEMER,
FLECK & DESCHENES, 1988; SALTIN & ASTRAND, 1967; citado
por FLECK & KRAEMER, 1997). Estes são valores de médios
a moderadamente acima da média para o pico de VO2 .
isto indica que é possível que o treinamento de
força leve a um aumento do pico de VO2 , mas
esse aumento não é obtido por todos os tipos de
programas.
Pode-se chegar a algumas conclusões sobre os tipos
de programa que resultam no maior aumento no pico de VO2 examinando-se
os resultados de estudos de treinamento de curta duração.
O treinamento tradicional pesado de força usando cargas
pesadas para um número pequeno de repetições por série
e longos períodos de descanso resulta em pequenos aumentos ou nenhuma
mudança no pico VO2 (FAHEY & BROWN, 1973; GETTMAN & POLLOCK,
1981; LEE et al., 1990; citado por FLECK & KRAEMER, 1997). Um programa de
sete semanas de duração de levantamento de peso estilo olímpico
pode resultar em ganhos moderados no pico VO2 absoluto (9%) e pico
VO2 relativo ao peso do corpo (8%) (STONE, WILSON, BLESSING & ROZENEK,
1983; citado por FLECK & KRAEMER, 1997).
Neste estudo, as primeiras cinco semanas de treinamento consistiam
de três a cinco séries de 10 repetições de cada exercício
períodos de descanso entre as séries e exercício de 3,5
a 4 min e duas sessões de treinamento por dia, 3 dias por semana. Saltos
em altura eram realizados 2 dias por semana, em cinco séries de 10 repetições
cada. A maioria dos ganhos de pico VO2 ocorreu durante as primeiras
5 semanas do programa. O treinamento durante as 2 semanas seguintes foi idêntico
ao das 5 primeiras semanas, exceto que foram realizadas três séries
de cinco repetições cada. Este período de 2 semanas de treinamento
não resultou em ganhos mais extensos no pico VO2 (FLECK & KRAEMER,
1997).
O treinamento de circuito de peso consiste em realizar séries
de exercício de 12 a 15 repetições em 40% até 60%
de 1RM com períodos curtos de descanso de 15'' até 30''s entre
os exercícios. Este tipo de treinamento resulta em ganhos no pico VO2 de
4% nos homens e 8% nas mulheres em 8 até 20 semanas de treinamento (GETTMAN & POLLOCK,
1981; citado por FLECK & KRAEMER, 1997).
Para que o condicionamento físico cause mudanças
no pico de VO2, a freqüência cardíaca deve ser mantida
por um mínimo de 20'min. Em uma freqüência de pelo menos 60%
do máximo (American College of Sports Medicine, 1990; citado por
FLECK & KRAEMER, 1997). Os períodos de descanso durante o treinamento
de força permitem que a freqüência cardíaca diminua
abaixo de 60% de nível máximo. Está é uma das razões
por que muitos programas de treinamento de força não resultam em
um aumento significativo do pico de VO2 . esta informação
indica que esses programas planejados para aumentar o pico de VO2 devem
consistir de um volume de treinamento alto e períodos de descanso relativamente
curtos entre as séries e exercícios.
O aumento máximo em pico de VO2 ocasionado
pelo treinamento de força é substancialmente menor do que os aumentos
de 15% até 20% associados com os programas tradicionais de resistência
aeróbica de corrida, ciclismo ou natação. Embora o treinamento
de força possa aumentar o pico VO2, é possível
também aumentá-lo em uma extensão maior com um programa
de treinamento aeróbico tradicional (FLECK & KRAEMER, 1997). Assim,
se o objetivo principal de um programa de treinamento é aumentar o pico
VO2 , deve ser incluída no programa alguma forma de treinamento
de endurance (refere-se à habilidade de um músculo ou de
um grupo músculos em manter contrações de uma determinada
intensidade durante determinado espaço de tempo (POLLOCK & WILMORE,
1993).
Conclusão
De acordo
com os relatos apresentados de variadas bibliografias consultadas,
concluo que existem algumas discordâncias ou fatos que
precisam ser mais bem aprofundados e estudados, principalmente
por estarmos lidando com o homem, que possui diversas variações
de indivíduo para indivíduo.
Analisando e concluindo que a utilização de
cargas pode ser viável como treinamento e condicionamento para a população
de hipertensos, apenas restrigindo-se a cargas altamente elevadas próxima
da máxima. E que conseqüentemente permitam que a contração
muscular se torne estática (sem movimento).
Em relação aos benefícios cardiovasculares
relatados e encontrados pode-se considerar que cronicamente em repouso, está de
forma até significativa indicando uma diminuição da freqüência
cardíaca, pressão diastólica e sistólica, aumento
no volume de ejeção (quando ocorre um enchimento sanguíneo
no coração na fase diastólica do ciclo cardíaco,
McARDLE & KATCH, KATCH, 1998). Ressaltando que até no próprio
treinamento encontra-se uma adaptação cardiovascular aguda capaz
de suportar a atividade permitindo maior segurança para a prática
da atividade física especificamente o treinamento de força. E mudanças
no nível de colesterol total como aumento do colesterol de alta densidade
(HDL-C) e diminuição do colesterol de baixa densidade (LDL-C).
É importante relatar como observação;
que na fase de contração excêntrica a pressão arterial
diminui, pois o fluxo sanguíneo e maior ao contrário da contração
concêntrica quando ocorre um encurtamento muscular, comprimindo mecanicamente
as veias e dificultando o fluxo sanguíneo, momento onde se eleva a pressão
arterial como questão de observação, não tendo grande
significância na alteração pressórica. Não
obstante os exercícios devem ser executados para melhor segurança
com movimentos dinâmicos e a carga seja sub-máxima.
Considerando-se este trabalho em indivíduos hipertensos
sendo de importância é significativo elaborar como pré-requisito
para a utilização de cargas elevadas visando um melhor rendimento
e precaução no exercício propriamente dito. Primeiramente
que se desenvolva um trabalho voltado para a resistência muscular objetivando
um fortalecimento muscular preparatório e adaptativo a sobrecargas mais
elevadas, ou seja, um trabalho crescente que permita a adaptação
cardiovascular a níveis fisiológicos e morfológicos incluindo
neste contexto um melhoramento da circulação sanguínea.
E que este trabalho tenha a necessidade de um acompanhamento e orientação
de um profissional capacitado.
Bibliografias Consultadas
BARBANTI, Valdir José (1979). Teoria
e prática do treinamento esportivo. São
Paulo: Edgard Blücher LTDA.
CAMBRIDGE (1996).nova enciclopédia ilustrada da folha, pg. 452.
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de força muscular. Porto Alegre: artmed.
GUEDES Jr., Dilmar Pinto (1998). Personal training na musculação -
Rio de Janeiro: Ney Pereira
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São Paulo Ed. da Universidade de São Paulo
KOCHAR, Marendr. S. & WOODS, Karyn. D. (1990). Controle da hipertensão.
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Arterial. São Paulo: Andrei.
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McARDLE, Willian D. & KATCH, Frank I. ; KATCH, Victor L.(1998). Fisiologia
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WEINECK, Jürgen (1999). Treinamento ideal. São Paulo: Manole
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