Benefícios do Treinamento de Força
em Hipertensos
Alexandre Pugliese
Introdução
Não tem fundamento científico
afirmar que se saiba como evitar as doenças coronárias
ou que algumas alterações em nossa maneira de viver
nos ofereçam uma garantia de imunização
contra a causa de morte mais freqüente em nossa época.
No que "me concerne, parece-me que a mera probabilidade
de uma proteção seja suficiente para votar a favor
de uma campanha contra o uso do cigarro, em prol de uma dieta
pobre em gorduras saturadas e a favor de mais exercício
físico para a maioria das pessoas, em nossa atual sociedade
de bem-estar material" (KEYES, 1970 citado por HÜLLEMAN,
1978).
Devido a uma parcela considerável da população
brasileira e até mundial, sofrerem problemas cardiovasculares sejam eles
de origem congênita ou não, na verdade é que ocorre um grande índice
de mortalidade decorrente desse mal todo.
Uma em cada três a quatro pessoas terá uma pressão
arterial anormalmente alta em algum momento no transcorrer de suas vidas; essa
doença é prevalente entre os americanos negros. (McARDLE & KATCH,
KATCH, 1998).
Atualmente cerca de 50 milhões de americanos possuem
pressões sistólicas acima de 140 mmHg ou pressões diastólicas
acima de 90 mmHg (valores em geral considerados como limítrofes para hipertensão)
e/ou estão tomando atualmente alguma medicação anti-hipertensiva.
A cada ano, outros 2 milhões de norte americanos engrossam esse grupo.
Sem correção, a hipertensão pode resultar em insuficiência
cardíaca, infarto do miocárdio ou apoplexia (acidente vascular
cerebral). (McARDLE & KATCH, KATCH, 1998).
Todavia existem grandes indícios que a atividade física,
mais especificamente o trabalho com pesos contribua na amenização
ou até na profilaxia com esses tipos de doenças, tornando assim
a vida de muitos bem melhor, seja na parte da saúde psicológica
ou socialmente.
Por isso como motivo de estudo desta pesquisa em procurar indícios
científicos no benefício cardiovascular em hipertensos utilizando
como atividade física à musculação, exercícios
resistidos ou trabalho de força, pois este é um componente intrínseco
no trabalho com pesos em prol do benefício cardiovascular e qualidade
de vida (saúde).
Hipertensão
Segundo (LUNA, 1989), pressão arterial é a elevação
crônica da pressão sistólica e/ou diastólica.
A pressão sangüínea arterial é uma medida como a
de altura e peso no entanto, quanto mais alta a pressão sangüínea,
pior o prognóstico em termos de morbidade e mortalidade advinhas de
sua complicações (KHOCHAR & WOODS, 1990).
Classificação Da Hipertensão:
Segundo (KOCHAR & WOODS, 1990), a hipertensão do
adulto pode ser classificado em diversas categorias, de acordo com a pressão
sangüínea diastólica:
<85 mmH..............Pressão sangüínea normal
85-89 mmHg..........Pressão sangüínea normal alta
90-94 mmHg .........Hipertensão limite
95-104 mmHg ........Hipertensão leve
105-114 mmHg...... Hipertensão moderada
115-129 mmHg...... Hipertensão grave
130-149 mmHg...... Hipertensão acelerada
> 150 mmHg..........Hipertensão maligna
Existem quadros variáveis da prevalência da hipertensão.
Existem variações definidas de acordo com a idade, sexo e raça
(KOCHAR & WOODS, 1990).
Complicações
Hipertensivas:
Segundo (KOCHAR & WOODS, 1990). A hipertensão maligna é caracterizada
por uma pressão sangüínea diastólica de 150 mmHg ou
mais, acompanhadas de hemorragias de retina, exsudatos, papiledema e insuficiência
renal. Outra complicação da pressão sangüínea
elevada é a hemorragia cerebral, resultante da ruptura de aneurisma miliares
das minúsculas artérias cerebrais.
A insuficiência cardíaca congestiva ocorre quando
o ventrículo esquerdo atinge um limite de hipertrofia devido a uma sobrecarga
causada pela elevação da pressão sangüínea.
A complicação mais grave, porém rara,
da hipertensão é o aneurisma dissecante da aorta. Uma hipertensão
acentuada mantida a longo prazo dilata os tecidos elásticos da aorta.
A complicação mais comum da hipertensão é a
arteriosclerose. Leva à doença de artérias coronárias,
causando infarto do miocárdio, trombose cerebral e derrame.
Fatores de riscos cardiovasculares,
segundo (KOCHAR & WOODS,
1990):
Hipertensão. A
Hipertensão é o principal fator de risco para o desenvolvimento
da arteriosclerose.
Idade. Quanto mais idoso
o indivíduo, mais grave e mais disseminada a doença arterosclerótica.
No entanto, em termos de expectativa geral de vida, uma pessoa jovem com a
mesma elevação da pressão sangüínea apresenta
um quadro mais grave.
Sexo. A arteriosclerose é muito
mais comum em homens do que em mulheres, sendo os demais fatores de riscos
os mesmos , as mulheres passam a manifestar o mesmo grau de severidade do quadro
cerca de 15 anos após os homens.
Nível sérico
de colesterol. Quanto mais alto o nível de colesterol maior o risco
de alterações coronarianas, no caso de colesterol de baixa densidade.
Altas concentrações de lipoproteínas de alta densidade,
no entanto, parecem Ter uma função de proteção.
Raça. A hipertensão
não só é mais prevalente em negros do que em brancos,
como também é mais grave.
Fumo. Os dados indicam
que em homens hipertensos , de 45 a 54 anos de idade, com níveis séricos
de colesterol elevados, o consumo diário superior a 20 cigarros leva
a uma elevação da taxa de mortalidade coronariana a três
vezes a taxa normal, e a taxa de mortalidade cerebrovascular a sete vezes a
taxa considerada normal.
Diabete. A diabete acelera
o processo de arteriosclerose e se combinada à hipertensão, pode
levar a processos graves cardiovasculares e cerebrovaculares em idade precoce.
Hereditariedade. Um histórico
de morte súbita em um dos pais ou irmãos devido a complicações
hipertensivas tais como derrame, insuficiência renal, ou insuficiência
cardíaca congestiva indica que o paciente com hipertensão limite
ou leve provavelmente evoluirá para estágios mais graves.
Obesidade. A obesidade
leva a hipertensão , e é também considerada como um fator
independente de risco para o desenvolvimento da arterosclerose .
Álcool. Mais do
que 30 mil diários de álcool podem causar um aumento da pressão
sangüínea. A ingestão de grandes quantidades de álcool
pode levar também a um enfraquecimento da musculatura cardíaca
(cardiomiopatia).
Vida sedentária
e falta de exercícios físicos. Em um estudo realizado na Inglaterra,
foi constatado que o infarto do miocárdio é mais comum em motoristas
de ônibus e em funcionários de agência de correio do que
em carteiros.
Estresse emocional. Acredita-se
que um esforço mental exagerado pode levar à hipertensão.
As evidências científicas a respeito desta crença são,
no entanto, inconclusivas.
Hiperuricemia. Altos níveis
de ácido úrico estão estreitamente relacionados à pressão
alta e mortalidade por causas cardiovasculares. Até agora não
existem evidências de que a hiperuricemia possa levar à doença
coronariana ou aterosclerose. Além disto, a hipertensão não
leva à hiperuricemia ou vice-versa.
Fatores sócio-econômicos.
O status sócioeconômico é difícil de ser analisado.
Tende a refletir o modo de vida, nível de stress ao qual o indivíduo
está submetido, estado geral de saúde e aparência.
Batimentos cardíacos
acelerados. O aumento da freqüência cardíaca acompanhada
de elevação da pressão arterial está mais relacionado
a mortes súbitas do que a diminuição da freqüência
cardíaca.
Renina plasmática.
Os hipertensos com aumento da atividade da renina plasmática apresentam
mais complicações. As evidências a respeito do papel da
renina ou da angiotensina II nestas complicações são,
no entanto, inconclusivas.
Quem é Hipertenso?
Segundo a O. M. S. (Organização Mundial da Saúde;
citado em LE GALL, 1981), é hipertenso todo indivíduo cuja pressão
arterial em repouso é igual ou superior a 160/95 milímetros de
mercúrio. No jovem de menos de trinta anos uma tensão arterial
igual ou superior a 140/90 milímetros de mercúrio é anormal.
A especificação "em repouso" é capital, portanto
o registro contínuo da pressão arterial nictemeralmente, em uma
pessoa normotensa, mostra variações consideráveis (de
60/30 a 160/1000), (PICKERING G., 1970; citado por LE GALL, 1981).
A definição dada subverte os hábitos terapêuticos
e além disso, tratasse de um problema considerável por sua extensão.
Uma estatística americana de S. Heyden e colaboradores, (em 1969,citado
por LE GALL, 1981) descobria com efeito, cifras tencionais iguais ou superiores
a 140/90 milímetros de mercúrio em 11% de uma população
de indivíduos de 15 a 25 anos.
A Hipertensão é antes de mais nada , um sintoma
traduzindo uma disfunção do sistema vascular. Contudo sua existência
mesma repercute sobre um certo número de vísceras, originando uma
doença hipertensiva. Esta repercussão, ela própria, pode
perpetuar a hipertensão: assim que as lesões vasculares renais
, acarretadas pela hipertensão, são , elas mesmas, fonte de hipertensão
( LE GALL, 1981).
Segundo a Universidade de CAMBRIDGE, (citado na folha de São
Paulo, 1996) hipertensão é uma condição clínica
na Qual ambas as pressões sístólicas e diastólicas
elevam-se acima dos normais. A hipertensão maligna é uma situação
grave causada pelo aumento da pressão sangüínea, em que a
pressão diastólica ultrapassa 130mmHg, e que representa grande
risco de vida. Sempre que a pressão sangüínea sobe além
dos patamares normais , os vasos sangüíneos de todo o corpo sofrem
danos; quanto mais alto a pressão, maiores os danos. Os indivíduos
submetidos à hipertensão podem entrar em choque, Ter reduzida a
acuidade visual e apresentar doenças coronárias ou insuficiência
renal. Na maioria dos casos, as causa da hipertensão são desconhecidas.
Em alguns poucos casos é possível atribuir a doença a distúrbios
hormonais específicos ou a distúrbios renais.
A hipertensão nada mais é do que uma condição
na qual a tensão arterial encontra-se cronicamente elevada, acima daqueles
níveis considerados desejáveis ou saudáveis para a idade
e o tamanho da pessoa (POLLOCK & WILMORE, 1993).
A fisiologia da hipertensão está longe de uma
definição tão clara. Na verdade (KAPLAN, 1980; citado por
POLLOCK & WILMORE, 1993), afirmou que a imensa maioria de todos os casos
de hipertensão é idiopática, ou seja, de origem desconhecida
(POLLOCK & WILMORE, 1993).
De acordo com a United States National Health and Nutrition Examination Survey
(NHAMES I), realizada em 1971 e 1974, 18% da população dos Estados
Unidos eram hipertensos. Os dados colhidos entre 1976 e 1980, relatados no
(NHANES II), estimaram que 39% e 38% das populações negras femininas
e masculinas, respectivamente, eram hipertensos, em comparação
com índices de 25% e 33% encontrados para as populações
brancas adultas feminina e masculina, respectivamente (POLLOCK & WILMORE,
1993).
A hipertensão se tornou um dos preditores mais poderosos
da doença coronariana, com o risco aumentado acentuadamente quando a hipertensão é acoplada
a outros fatores de risco (POLLOCK & WILMORE, 1993). Os estudos demonstram
o seguinte:
Risco de doença
cardiovascular prematura e de morte aumenta pronunciadamente na vigência
de níveis pressóricos sistólico e diastólico aumentados.
Mesmo dentro da faixa "estatisticamente
normal" de pressão arterial, registra-se um maior número
de ataques cardíacos e AVCs (Acidente Vascular Cerebral) entre indivíduos
apresentando níveis pressóricos no nível superior da normalidade
do que entre os portadores de níveis mais baixos de pressão arterial.
Existem indicações
de que a incidência de AVCs e de insuficiência cardíaca
pode ser diminuída nos grupos de pacientes cujos níveis elevados
de pressão arterial sangüínea foram reduzidos pela medição.
A hipertensão é aceita como uma das principais
doenças que atingem a população, porém ainda existem
debates com relação ao nível de pressão arterial
considerado anormalmente elevado (EPSTEIN & OSTER, 1985).
Ao lado da definição de hipertensão, é útil,
muitas vezes, do ponto de vista operacional, categorizar pacientes hipertensos
de acordo com a severidade da pressão arterial elevada (EPSTEIN & OSTER,
1985).
Considerando-se a avaliação de um paciente com
hipertensão, deve-se lembrar que as duas principais formas diferem bastante
em sua prevalência. A hipertensão é arbitrariamente classificada
como sendo essencial ou secundária. A hipertensão essencial, cuja
patogênese ainda é inserta, contribui, aproximadamente , com 95%
dos casos em norte americanos adultos. A hipertensão secundária,
que implica numa causa discernível e algumas vezes reversível para
a pressão arterial elevada, provavelmente contribui com 5% dos casos (
EPSTEIN & OSTER, 1985).
A hipertensão essencial abrange problemas por ex: O
débito cardíaco é afetado pelas alterações
do volume do líquido mineralocorticóide. As modificações
da freqüência cardíaca e da contratilidade do músculo
cardíaco afetam mais diretamente o débito cardíaco. A resistência
periférica é regulada, em parte, pelo sistema nervoso simpático
através dos receptores alfa (vasoconstritores) e beta (vasodilatadores).
As influências humorais sobre a resistência periférica são
importantes e incluem a angiotensina e as catecolaminas, que medeiam a vasoconstrição,
e as prostaglandinas e cininas, que modulam a vasodilatação. Finalmente,
a auto - regulação pode desempenhar um efeito importante sobre
a resistência periférica, e também serve como ligação
entre o débito cardíaco e a resistência periférica.
Uma patogênese sugerida da hipertensão essencial, destaca a importância
da auto - regulação e a evidência que sugere que a ingestão
excessiva de sal e a incapacidade do rim ( predisposição genética?)
em remover sódio eficazmente são anormalidades cruciais em populações
com alta incidência de hipertensão essencial.
A hipertensão secundária apresenta apenas um
subgrupo relativamente pequeno (que varia, de acordo com vários estudos,
de 2 a 10%). As causas secundárias mais comuns são a doença
renal parenquimatosa inclui grande número de entidades patológicas
específicas, inclusive pielonefrite, glomerulonefrite, rins hipoplásicos
e doença renal policística. De modo similar, o aldosteronismo não é entidade única,
porém inclui pacientes adenoma cortical adrenal isolado e hiperplasia
cortical nodular bilateral, bem como formas atípicas de aldosteronismo
sensível aos glicocorticóides ( EPSTEIN & OSTER, 1985).
Força
Uma definição precisa de força levando
em conta seus aspectos físicos e psíquicos representa uma grande
dificuldade, uma vez que o tipo de força, o trabalho muscular, os diferentes
caracteres do trabalho muscular são influenciados por muitos fatores (WEINECK,1999).
O termo força pode ser bastante ambíguo.
Em vários dicionários a palavra é definida como "saúde
física", "robustez", "vigor", termos que não
expressam de forma clara sua manifestação nos esportes e nas atividades
físicas. Na verdade força é bastante
difícil de definir, pois ela aparece referenciada a várias áreas
científicas e com conceituações diferentes em cada área
(BARBANTI, 1979).
Segundo (BARBANTI, 1979), no esporte e na atividade física,
a força motora manifesta-se no aparelho locomotor, dependendo do sistema
nervoso que o dirige, do sistema ósseo que o sustenta e dos sistemas cardiovasculares
e respiratório que transportam os nutrientes necessários para o
desenvolvimento de sua tarefa.
Portanto do ponto de vista prático, a força
motora é a capacidade do sistema neuromuscular de vencer resistências
(oposições), como por exemplo o peso do próprio corpo, um
peso, um objeto, etc.
Segundo (MEUSEL, 1969; citado por BARBANTI, 1979) apresentou
uma conceituação bastante clara e objetiva sobre força: "é uma
característica humana, com qual move-se uma massa (seu próprio
corpo ou um implemento esportivo), sua capacidade em dominar ou reagir a uma
resistência pela ação muscular".
Segundo (ZACIORSKI, 1974; citado por BARBANTI, 1979),
diz que a força motora pode ser entendida como "a capacidade de vencer
resistências externas ou contrariá-las por meio de uma ação
muscular".
Segundo (BARBANTI, 1979), a força pode se manifestar
de duas formas básicas: dinâmica e estática.
Força dinâmica - é quando existe um encurtamento das fibras
musculares, provocando uma aproximação ou afastamento dos seguimentos
ou partes musculares próximas, portanto há movimento. A força
dinâmica pode ser positiva ou negativa:
- Força dinâmica positiva - é aquela em que se verifica
uma superação da resistência (peso); a força muscular
exercida é maior que a resistência oferecida. Esse tipo de força é também
chamada força concêntrica.
Na força concêntrica ocorre um encurtamento das fibras musculares.
Ela é maior no início do movimento em relação a
força excêntrica, mas esta vai aumentando, enquanto a concêntrica
vai diminuindo ao longo da aceleração do movimento. A força
excêntrica produz mais tensão muscular enquanto que a força
concêntrica é utilizada na maior parte dos movimentos esportivos.
- Força dinâmica negativa - existe quando a resistência
(peso) é maior que a força muscular, provocando, então,
um movimento de recuo. E também conhecido como força excêntrica.
Por exemplo, no salto triplo quando o pé toca o solo no primeiro salto
( força dinâmica negativa ) e imediatamente quando se impulsiona
para o segundo salto ( força dinâmica positiva ).
"A terminologia esportiva diferencia três tipos de força dinâmica:
força máxima, força rápida (potência) e resistência
de força" (BARBANTI, 1979).
Força máxima: de acordo com (NETT, 1970; citado por BARBANTI,
1979), "é a maior força muscular possível que um
atleta pode desenvolver, independente de seu peso corporal". Segundo (BARBANTI,
1979), acha conveniente acrescentar a essa definição "e
independente do tempo que se emprega para realizar esse trabalho". Esse
rendimento se mede pela quantidade de quilos que uma pessoa é capaz
de deslocar.
Segundo (WEINECK, 1999), a força máxima representa a maior força
disponível, que o sistema neuromuscular pode mobilizar através
de uma contração máxima voluntária.
Força rápida (explosiva): também conhecida como potência. "É toda
forma de força que se torna atuante no menor tempo possível (MEUSEL;
citado por BARBANTI, 1979).
Segundo (WEINECK, 1999), a força rápida compreende a capacidade
do sistema neuromuscular de movimentar o corpo ou parte do corpo (braços,
pernas) ou ainda objetos (bola, pesos, esferas, discos, etc.) com uma velocidade
máxima. Movimentos com força rápida são programados,
ou seja, são processados através do sistema nervoso central (WEINECK,
1999).
Resistência de força: para STUBLER et al (BARBANTI, 1979) "é capacidade
de resistência dos músculos ou grupos musculares contra o cansaço
com repetidas contrações dos músculos, quer dizer, com
o trabalho de duração da força (HARRE, 1976; citado por
WEINECK, 1999). Define a resistência de força com a capacidade
de resistência a fadiga em condições de desempenho prolongado
de força".A resistência de força pode ser aeróbica
e anaeróbica:
-Resistência de força aeróbica: é capacidade dos
músculos de resistir à fadiga na presença de suficiente
provisão de oxigênio. Por exemplo nas corridas de longas distâncias.
-Resistência de força anaeróbica: é a capacidade
dos músculos de resistir a fadiga na ausência de uma adequada
provisão de oxigênio (com grande débito de oxigênio).
Por exemplo nas corridas de 400 e 800 m.
Força estática:é aquela em que não existe encurtamento
das fibras musculares, portanto não há movimento. Há porém,
um aumento do tônus muscular, provocando um aumento da tensão
muscular. Esse trabalho se chama isométrico (iso = igual; metria = medida).
(FREY, 1977; citado por WEINECK, 1999), considera ainda outras formar de força
paralelamente à força máxima, força rápida
e a resistência de força:
Força absoluta I: sob esta forma de força considera-se a força
máxima voluntária e a força de reserva mobilizada por
meio de fármacos ou de componentes psíquicos.
Força absoluta II: esta representa a força não dependente
do peso corporal.
Força relativa: esta representa a força dependente do peso corporal.
Características fisiológicas da força:
A força de um músculo está em relação
direta com a área de sua secção transversal, portanto quanto
maior sua secção transversal, maior será a capacidade do
músculo para mover uma determinada carga (BARBANTI, 1974).
Segundo (NÖCKER, 1964; citado por BARBANTI, 1979) 1cm2 de músculo
pode levantar 6 a 10 Kg, sem considerar o estado de treinamento.
Deve-se considerar também a influência do sistema
nervoso central. A força da fibra muscular depende da inervação
que recebe, quer dizer, da quantidade de estímulos que lhe traz o nervo
motor na unidade de tempo. Por isso dois músculos do mesmo tamanho não
são capazes de realizar a mesma força. (BARBANTI, 1974). (HOLLMANN & HETTINGER,
1989; citado por BARBANTI, 1979), estudaram profundamente as características
fisiológicas de força em suas divisões e apresentam, a seguir,
os fatores de que depende a força.
Força máxima: tamanho do corte transversal das fibras em ação;
número de fibras musculares ativadas; estrutura do músculo; coordenação
neuromuscular e fatores psíquicos (motivação).
Força rápida: tamanho do corte transversal; número de
fibras; musculares ativadas; estrutura do músculo; velocidade de contração
da musculatura; coordenação neuromuscular.
Resistência de força: tamanho do corte transversal das fibras
musculares ativadas; estrutura do músculo, capilarização
localizada e reservas alcalinas.
Coração
Efeitos Do Treinamento Por Meio De Exercícios Estáticos
Sobre O Coração:
Os efeitos cardiovasculares centrais do treinamento por meio
de exercícios estáticos em primeiro lugar refletem uma reposta à pós-carga
ou à pressão arterial aumentada sobre o coração,
enquanto as respostas ao treinamento por meio de exercícios dinâmicos
são o resultado de uma sobrecarga no coração (GUEDES Jr.,
1998). Observou-se também que a massa cardíaca estimada pela radiografia
e a massa muscular do ventrículo esquerdo estimada pela ecocardiografia
eram maiores em atletas treinados com exercícios de alta resistência,
tais como o levantamento de peso.
Segundo (GUEDES Jr., 1998), o grau de hipertrofia ( aumento
da secção transversa de cada fibra muscular ) é muito menor
com o treinamento por meio de exercícios estáticos do que por exercícios
dinâmicos.
O volume ventricular (expresso quer como massa absoluta, quer como massa normalizada
para o peso corporal, superfície corpórea e massa corporal magra)
não está aumentada nos levantadores de peso competitivos (GUEDES
Jr., 1998).
Função Ventricular Esquerda Após Treinamento
Por Meio De Exercícios Estáticos:
A função ventricular em repouso e em resposta
ao exercício estático foi avaliada em indivíduos que haviam
treinado com exercício estático; tanto a função sistólica
quanto a diastólica são normais em repouso (GUEDES Jr., 1998).
Segundo (GUEDES Jr., 1998), durante o exercício estático, existem
elevações normais na freqüência cardíaca, no
volume de ejeção, no débito cardíaco e no trabalho
de ejeção ajustado nesses atletas. Além disso, da mesma
forma que os indivíduos não treinados, esses atletas não
demonstraram alterações no volume de ejeção, não
fração de ejeção ou na resistência vascular
sistêmica durante o exercício estático. As respostas agudas
ao exercício estático dos atletas treinados com exercício
estáticos são muito semelhantes ao dos atletas treinados com
exercício dinâmico, com exceção da bradicardia em
repouso e da freqüência cardíaca absoluta menor durante o
exercício no último grupo.
Adaptação Periférica Ao
Exercício Isométrico Crônico:
1.Alterações Hemodinâmicas:
O exercício dinâmico habitual induz adaptações
cardiovasculares periféricas que incluem bradicardia em repouso, resposta
da freqüência cardíaca reduzida ao exercício submáximo,
tendência a uma pressão arterial reduzida em repouso e durante exercício
submáximo e aumento da capilaridade muscular (GUEDES Jr., 1998).
Segundo (BARBANTI, 1979), bradicardia refere-se a freqüência
cardíaca, cujos valores estão abaixo dos valores normais. No esporte
fala-se da "bradicardia no treinamento", isto é, a redução
da freqüência cardíaca de 60 para 50 ou 40 batimentos por minuto
ou até mais baixo, como resultado do treinamento com resistência.
A pressão arterial em repouso nos levantadores de peso experientes ou
em fisiculturistas é semelhante à dos indivíduos - controle
não treinados.
Alguns estudos de treinamento de resistência também
mostram resposta pressóricas e da freqüência cardíaca
atenuadas às contrações musculares que são, em essência,
principalmente estáticas. Entretanto, esses estudos ainda não estão
em concordância (GUEDES Jr., 1998).
No entanto o treinamento com resistência nos indivíduos
saudáveis pode induzir um efeito de treinamento cardiovascular, mas não
na magnitude observada em indivíduos treinados por meio de exercícios
dinâmicos. Essas adaptações incluem pequenas reduções
na freqüência cardíaca e nas pressões arteriais sistólica
e diastólica, redução na pressão arterial e na freqüência
cardíaca em resposta a mesma carga de trabalho absoluta e aumento na densidade
muscular e no fluxo sangüíneo muscular durante a contração
estática (GUEDES Jr., 1998).
2. Alterações Hemodinâmicas Em Indivíduos Com Doença
Cardiovascular:
Os indivíduos com doenças cardiovascular geralmente
têm sido desviados das atividades físicas que envolvem contração
isométrica ou treinamento com resistência. Essa tendência
pode estar relacionado aos relatos de grandes respostas pressóricas à atividade
de resistência intensa e a uma maior incidência de arritmias ventriculares
em pacientes cardiopatas quando comparados com o exercício dinâmico
(GUEDES Jr., 1998).
Entretanto, diversas investigações não
mostraram evidências de arritmias sustentadas, isquemia, outras complicações
cardiovasculares e aumentos clinicamente inaceitáveis na pressão
arterial em resposta ao exercício de resistência em pacientes com
doença arterial coronariana.
Convém dizer que os indivíduos nesses estudos
realizaram tipos semelhantes de exercícios de resistência. em geral
, essa atividade consistiu de um circuito de dois a oito diferentes exercícios
com peso envolvendo de 8 a 15 repetições de cada exercício
com pesos moderadamente pesados e breves períodos de repouso (aproximadamente
60s) para permitir ao indivíduo mover-se de um exercício para o
próximo.
Os indivíduos com hipertensão também foram
desencorajados de participar de um treinamento de resistência, pois podem
desenvolver respostas pressóricas mais elevadas à contração
isométrica quando se fazem comparações com a contração
dinâmica ou com indivíduos normotensos. (GUEDES Jr., 1998); Contudo,
uma resposta pressórica aumentada pode não ser uma conseqüência
necessária das contrações estáticas, mas uma resposta
evocada pelo modo de contração específica ( i.e., contração
estática mantida ). A esse respeito investigações de pacientes
hipertensos limítrofes com hipertensão leve que realizam treinamento
de resistência com uma carga moderada e repetições freqüentes
não registram uma resposta anormal da pressão arterial.
Um grupo também descobriu que nove semanas desse tipo
de atividade produziam uma pequena redução na pressão sangüínea
diastólica em repouso (5mmHg) e um aumento da resistência cardiovascular
caracterizado por um aumento no VO2 máx. (7,8%). Outro grupo observou
que 10 semanas de protocolos de treinamento de circuito similares , combinados
com uma corrida leve, evocaram reduções nas pressões arteriais
sistólica e diastólica em repouso de 14 e 13 mmHg, respectivamente.
Estudos adicionais relatam reduções na pressão arterial
sistólica em repouso (17 mmHg) em adolescentes hipertensos após
cinco meses de treinamento com pesos subsequentes a cinco meses de treinamento
de resistência e reduções na pressão sistólica
(16-42 mmHg) e na pressão diastólica (2-24 mmHg) em adultos hipertensos
em resposta a cinco a oito semanas de exercícios máximos breves
(6s), repetidos de três a cinco vezes por dia.
Com base nesses estudos, sugeriu-se que o treinamento de resistência
pode produzir adaptações cardiovasculares benéficas sem
complicações em indivíduos com hipertensão se o exercício
a contrações entre 40 e 50% no máximo, evoca respostas pressóricas
menores que 150mmHg sistólica e 100mmHg diastólica e envolve de
10 a 15 repetições de cada exercício.
Parece isto também pode ser o caso para o paciente cardiopata,
embora a gravidade da doença deva estar sempre cuidadosamente avaliada
antes de se prescrever este tipo de exercício.
Pesquisas recentes demonstraram que o exercício isométrico
submáximo é bem tolerado em pacientes que se recuperam do infarto
miocárdico sem complicações. Além disso, as combinações
adequadas de exercício isométrico com exercícios dinâmicos
tradicionais são bem aceitas pela maioria dos pacientes com arteriopatia
coronária, após o infarto miocárdico ou cirurgia de derivação
coronária. Foram avaliadas as respostas ao exercício isométrico,
dinâmico e isométrico-dinâmico associados, em pacientes 6
a 8 semanas após o infarto miocárdico sem complicações
. foi demonstrado que o exercício dinâmico e isométrico moderado
e a combinação de exercícios dinâmico e isométrico
na esteira rolante não produziram qualquer reação adversa.
Uma pesquisa semelhante utilizou a caminhada em esteira rolante,
concomitantemen-te ao carregamento de pesos, e simulou as atividades ocupacionais
do levantamento repetido. Os pacientas que realizaram essas atividades ocupacionais
do levantamento repetido. Os pacientes que realizaram estas atividades quatro
semanas após o infarto miocárdico sem complicações
demonstraram respostas cardiovasculares estáveis , sem quaisquer reações
adversas. Alguns pacientes que apresentaram depressão
isquêmica do segmento ST durante o exercício dinâmico tradicional
em esteira rolante não demonstraram evidência dessa alteração,
enquanto carregavam vários pesos de 10 a 20 quilos, durante caminhadas
lentas na esteira rolante.
Essas pesquisas indicam que a maioria dos pacientes com infarto
miocárdico simples pode realizar exercícios isométricos
moderados e exercícios dinâmicos e isométricos associados,
em intensidades submáximas que, freqüentemente, são encontradas
nas atividades da vida diária e práticas ocupacionais (GUEDES Jr.,
1998).
3. Alterações Nos Lipídios Sangüíneos:
A atividade física crônica modifica o perfil de
fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de doença arterial coronariana.
Esses fatores de risco incluem concentrações elevados de colesterol
total (CT) e colesterol - lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), baixas
concentrações de colesterol - lipoproteína de alta densidade
(HDL-C), uma razão entre o colesterol total elevado e colesterol - lipoproteína
de alta densidade (razão HDL). A maioria desses estudos enfocou a atividade
de natureza aeróbica (GUEDES Jr., 1998).
Estudos longitudinais de treinamento com peso em indivíduos
não treinados relataram alterações mais consistentes nos
perfis lipídicos sangüíneos quando comparados com aqueles
observados em levantadores de peso. A esse respeito, aumentos nos valores HDL-C
e reduções no CT, nos níveis de LDL_C e nas razões
de CT / HDL-C foram encontrados após o treinamento (GUEDES Jr., 1998).
Para os indivíduos cujas artérias se tornaram "endurecidas" em
virtude de substâncias adiposas que se depositaram dentro de suas paredes
(ou graças ao espessamento da camada de tecido conjuntivo do vaso), ou
cujo sistema arterial oferece uma resistência excessiva ao fluxo sangüíneo
na periferia por carga da sobrecarga nervosa ou da disfunção renal,
a pressão sistólica em repouso pode chegar a 250 ou até mesmo
300 mmHg. A pressão diastólica também pode ficar elevada
acima de 90 mmHg. Essa pressão arterial alta, ou hipertensão, impõe
uma sobrecarga crônica ao sistema cardiovascular (McARDLE & KATCH,
KATCH, 1998).
Uma redução de apenas 2mmHg na pressão
sistólica pode reduzir as mortes por apoplexia em 6% e a enfermidade cardíaca
em 4%. A pressão arterial deve ser checada a intervalos periódicos,
pois a hipertensão pode passar despercebida por vários anos.
Entretanto, pode ser tratada efetivamente com modificações
no estilo de vida e por medicações que reduzen o volume líquido
extracelular ou a resistência periférica ao fluxo sangüíneo
(McARDLE & KATCH, KATCH, 1998).
4. Exercício Com Resistência Estática E Dinâmica:
O exercício que produz um aumento de tensão,
especialmente durante a fase concêntrica (de encurtamento) da contração
muscular, comprime mecanicamente o sistema arterial periférico. Isso acarreta
uma redução persistente na perfusão muscular (aumento drástico
na resistência periférica total) que é diretamente proporcional
ao percentual da capacidade de força máxima exercida (McARDLE & KATCH,
KATCH, 1998).
Conseqüentemente, a atividade do sistema nervoso simpático,
o débito cardíaco e a pressão arterial média aumentam
drasticamente na tentativa de restaurar o fluxo sangüíneo muscular.
A magnitude da resposta está relacionada diretamente à intensidade
do esforço e ao tamanho da massa muscular envolvida (McARDLE & KATCH,
KATCH, 1998).
A pesquisa focalizou a comparação das respostas
da pressão arterial durante o exercício com resistência estática
e dinâmica, em um estudo de um de nossos laboratórios, a pressão
arterial de indivíduos normotensos era medida diretamente com um transdutor
de pressão conectado a um cateter introduzido na artéria femoral.
Eram avaliadas três formas de exercício: (a) exercício isométrico
tipo supino (bench Press) realizado com 25, 50, 75 e 100% da contração
voluntária máxima (CVM); (b) exercício tipo supino com pesos
livres realizado com 25 e 50% da CVM isométrica; e (c) exercício
tipo supino com resistência hidráulica realizado com "intensidade
máxima" por um período de 20 segundos com velocidades menores
e maiores. Os resultados mostrados no quadro abaixo demonstram claramente que
todas as três formas de exercício reduzem drasticamente a pressão
arterial e a carga de trabalho correspondente imposta ao coração
(McARDLE & KATCH, KATCH, 1998).
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