YOGA
Como lidar com a Depressão Esportiva
com o Yoga (Santôsha)
Em recente artigo escrito numa revista
de grande circulação nacional foi abordada a
importância da auto-estima como principal fator de desenvolvimento
humano. Esta área de estudo é razoavelmente nova.
Com o desenvolvimento da ciência, em especial da psicologia,
psiquiatria e neurologia, surgiram novas hipóteses sobre
o funcionamento da mente e do cérebro¹. Surgiram
pesquisas sobre outras formas de inteligências¹.
O mundo descobriu as inteligências intrapessoais, interpessoais
entre outras. Agora, finalmente, começam os comentários
sobre a auto-estima.
Estudos preliminares que tratam da relação
que existe entre a auto-estima e o desempenho esportivo surgiram nas últimas
décadas². A maioria destes comentários classifica a auto-estima
como sendo o fator primordial no desenvolvimento humano e no desempenho de atletas,
nas suas mais diversas categorias.
Nos textos de Yoga, entretanto, este assunto já é muito
antigo. A preocupação com a auto-estima surge na primeira sistematização
do Yoga. Pressupõe-se que esta obra tenha sido escrita entre o século
II a.C. e o século VI d.C. Seu escritor, Patañjali, classifica
a auto-estima (Santôsha) como um dos autocontroles (Niyama) fundamentais à prática
desta filosofia (o Yoga).
No transcorrer da história e do desenvolvimento
do pensamento ocidental, essa palavra sânscrita, Santôsha ganhou
múltiplas transliterações. Desta forma, ele pode ser interpretado
como: contentamento, auto-estima, satisfação, alegria, sentimento
de prazer. Como praticante desta filosofia há mais de 25 anos, vejo essas
transliterações como algumas das múltiplas manifestações
da mesma percepção. Essa percepção, porém, é ainda
muito mais abrangente do que as propostas atualmente.
Para atletas de quaisquer categorias, o fracasso leva
a uma situação de auto-estima baixa (descontentamento, falta de
prazer, insatisfação, depressão). Tal sentimento não é,
por si só, ruim afinal os atletas quando estão nesta condição
são mais suscetíveis às palavras de apoio de seus respectivos
treinadores (Smith, 1997). O problema surge quando esse sentimento se prolonga.
Quando os fatores estressantes ultrapassam a aptidão física do
atleta, a depressão pode instalar-se indefinidamente².
A depressão pode ser provocada por inúmeros
fatores. Entretanto, quando ela se prolonga a "somatização" passa
ser um alto risco. Como isso ocorre? Ao efetivar a mitose as células reproduzem
e aumentam os receptores celulares dos sentimentos predominantes. Se nossos sentimentos
predominantes forem depressivos e se os mesmos sentimentos permanecerem por longos
períodos, chegará um momento em que ocorre uma overdose destes
sentimentos. É por essa razão que os depressivos mantêm-se
nesta condição.
O que o Yoga faz para quebrar esse ciclo destrutivo?
Na primeira fase o professor de Yoga, através
da indução verbal, estimula um estado emocional produtivo (eu,
particularmente, gosto de trabalhar com os sentimentos de paz, alegria e satisfação
e suas manifestações). Numa segunda fase, transformamos isso num
condicionamento reflexo. Uma versão ampliada da teoria de Pavlov. Em seguida
passamos para a expansão destes condicionamentos através de Pranayamas³ que,
conseqüentemente, leva suprimento extra de oxigênio para o cérebro.
Como é sabido isto em associação com atividade física
aeróbia reduz os estados depressivos¹.
Todos os estados emocionais causam contrações
involuntárias de músculos. Neste caso, os Asanas³ atuam reduzindo
estas tensões e permitindo um restabelecimento paulatino e constante.
Algumas posturas têm a capacidade de aumentar a oxigenação
do cérebro em mais de 80% intensificando os efeitos dos Pranayamas citados
anteriormente.
Durante o período de Yoganidra³ os praticantes
relaxam todas as estruturas do indivíduo sejam elas físicas, emocionais
ou espirituais.
Em última instância, o Dhyana³ faz
com que o praticante entre em contato consigo mesmo¹, desenvolvendo e aprendendo
a entrar em contato com seus condicionamentos internos buscando conhecê-los
e/ou mudando-os³.
Tudo isso é garantido por mais de 5000 de experimentação
não científica. Porém, acessível a quaisquer pessoas
que queiram experimentar. Bastando para tanto, procurar um professor experiente.
Bibliografia:
¹ Goleman
PhD, Daniel (Inteligência Emocional,1996)
²Nestes ítens constam os seguintes trabalhos:
" Cratty (1983)
" Gelfand & Hartmann, 1978
" Thomas et al., 1978
" Lintunen, 1985
" Becker Jr., 1992 ;1997b
" Skubic, 1965
" Scanlan & Passer (1978; 1979
" Hansen (1967
" Griffith, 1972;
" Simon & Martens,1979
" Van Yperen, 1998
" Smith & Smoll, 19 90
" Smith, 1997
" Heil (1993
" Meeuwisse & Fowler, 1988
" Crossman , 1985;
" Eldridge, 1983;
" Wiese & Weiss, 1987
" Weiss & Troxell (1986
" Chan e Grossman (1988
" Smith e colegas (1990),
³Leia também "O Yoga e suas técnicas"
Artigo enviado por Prof. André Luís Silva Brochieri(currículo).