O Yoga e Suas Técnicas
O Yoga
O Yoga se classifica como uma filosofia.
No dicionário Aurélio "sistema ortodoxo
de filosofia da Índia, que constitui o lado prático
do sistema Sankhya, no qual se expõem os meios fisiológicos
e psíquicos que devem ser empregados para atingir a
Moksa (libertação)". A libertação
de que trata o dicionarista é igualmente descrita por
Mircea Elíade no prefácio de sua obra Yoga -
imortalidade e liberdade (1936), como sendo os múltiplos
condicionamentos a que o indivíduo se expõe desde
o nascimento. Entretanto, neste mesmo livro o autor coloca
que o interesse do Yoga se estende para além de apenas
conhecer tais condicionamentos, chegando mesmo a dominá-los.
Um reconhecido mestre, Sri Swami Shivananda, em seu livro "Autobiografia
(1984)" no capítulo V, página 72, alerta para a unilateralidade.
Chegando mesmo a afirmar "...recomendo insistentemente a meus discípulos
que combinem os importantes ramos do Yoga com o trabalho abnegado e dinâmico
- o qual não me canso de enfatizar - com o cultivo das virtudes, embora
dê liberdade total à decisão individual do aspirante."
Na década de 60, um jovem brasileiro coloca em evidência
o Yoga Antigo (Prontuário de Yoga Antigo - DeRose) como sendo constituído,
na sua forma ortodoxa, de oito partes (Ashtanga). Estas oito partes constituem
as oito técnicas contempladas nas práticas do Yoga. Embora falte
aqui um ou outro aspecto técnico ou moral, o Yoga Antigo é muito
abrangente. Considerando-se, portanto, os parágrafos anteriores, concluímos
que o Yoga Antigo pode ser a forma mais completa de desenvolvimento do indivíduo.
Naturalmente, a adaptação das práticas (Sadhana) às
necessidades do praticante (Sadhaka) é também característica
prevista na prática heterodoxa.
Atualmente existe uma discussão bastante acirrada sobre
a área de domínio de que trata o Yoga. A Educação
Física tenta abarcar dentro de seus domínios esta filosofia, o
que é impossível (EMENDA MODIFICATIVA AO PROJETO DE LEI Nº 7.370,
DE 23/09/2004). A explicação para tal ocorrência é simples.
A Educação Física trata do condicionamento físico,
ligado principalmente ao esporte. O Yoga trata de todos os condicionamentos sejam
eles fisiológicos, psíquicos ou espirituais buscando dominá-los.
Trataremos, neste artigo, sobre as várias técnicas
e suas justificativas científicas, embora esta última não
consiga explicar todos os fenômenos vivenciados pelos praticantes de Yoga.
Levando em consideração o Ashtanga Sadhana, descrito
pelo Yoga Antigo, encontramos as seguintes técnicas: Mudrá, Pujá,
Mantra, Pranayama, Kriyá, Asana, Yoganidra e Samyama. Suas respectivas
justificativas científicas ficam assim expostas:
" Mudrá - na introdução do seu livro
Mudrás - as mãos como símbolo do Cosmos, Ingrid Ramm-Bonwitt
diz: "palavra com muitos significados, é caracterizada como gesto,
posicionamento místico das mãos, como selo ou também como
símbolo. Estas posturas simbólicas dos dedos ou do corpo podem
representar plasticamente determinados estados ou processos de consciência.
Mas as posturas determinadas podem também, ao contrário, levar
aos estados de consciência que simbolizam. A neurolinguística afirma,
através de seus representantes, que 55% da linguagem humana é gestual,
contemplando apenas parte do significado total atribuído acima. Outra
teoria, que embora seja simplista, contempla outra parte da explicação, é o
estudo de Pavlov de condicionamento reflexo. Desta forma, o professor inteligente
terá a sua disposição um ótimo arsenal. Isto induzirá seus
alunos a estados físicos, mentais, emocionais e espirituais independentes
da disposição dos mesmos. Desta forma, o discípulo será conduzido
dentro do labirinto das emoções humanas tal qual o fio de Ariadne
conduzia Perseu à segurança. Outra consideração importante é a
que nos lembra que cada área de nosso corpo tem seu mapa representativo
no cérebro. Portanto, quando melhoramos a maneira como nos expressamos,
aumentamos as relações sinápticas (angiogênese*).
" Pujá - termo que pode ser traduzido como adorar,
prestar culto, venerar, honrar, reverenciar, retribuir força interior.
Usado aqui como no último ítem, induz verbalmente o praticante
a estados emocionais de paz, alegria e satisfação. Como já é do
conhecimento da Medicina, estes estados emocionais favorecem a resposta imune.
No ótimo documentário chamado "Quem somos nós?",
verificamos a dependência que os estados emocionais causam nas pessoas,
sejam estes sentimentos positivos ou negativos. Tais condicionamentos devem ser
objetos constantes nas práticas de Yoga, buscando uma ótima autonomia
emocional.
" Mantra - (contração de manas=pensar e
tra=instrumento) tem como objeto o estudo dos sons e ultra-sons. Na sua forma
mais comum, o kirtan, o objetivo é treinar a extroversão do praticante.
Entretanto, mesmo nesta forma mais fraca, encontra-se reflexo científico
na neurolinguística. A neurolinguística afirma que 38% da linguagem
humana têm como base a entonação que se dá à voz.
A pronúncia de kirtan (em quaisquer línguas) cumpre com esta função
amplamente. Embora esta não seja a única função deste
anga, teremos que nos deter por aqui para diminuir o tamanho deste artigo.
" Pranayama - Exercícios respiratórios.
Existem muitos livros deste assunto. Eles podem ser usados em associação
com bandhas e sua função sobre o sistema nervoso central é incrível.
O ato de expirar o ar lentamente reduz os batimentos cardíacos inerentes à overdose
de adrenalina característicos do nervosismo. O que dizer então
de exercícios muito mais avançados e numa variedade muito maior,
que faz parte do arsenal do Yoga?
" Kriyá - esta palavra significa ação. Tem como técnica
a limpeza das mucosas do organismo. Na sua forma mais simples, ela é feita
com ar e tem como representativo o Nauli. Esta técnica provoca o estímulo
dos movimentos peristáticos que facilitam conseqüentemente a expulsão
dos resíduos fecais. Desta forma, diminui a necessidade da presença
de linfócitos, macrófagos e eosinófilos na mucosa do intestino
grosso, aumentando a capacidade de ação do sistema imune.
" Asanas - São as posturas psicofísicas
muito confundidas com o alongamento da Educação Física,
pois externamente têm a mesma aparência. Esta aparência inclusive
levou De Vries, citado por Kuntzleman (1978), a inventarem o alongamento passivo
que é 20% mais eficiente que o alongamento ativo e provoca menos danos
teciduais (Flexibilidade versus Musculação publicado na revista
Sprint de maio/junho de 1985 pelo Prof.Estélio Martins Dantas). Os Asanas,
executados com alguns adendos próprios, provocam o aumento da quantidade
de mitocôndrias nas fibras musculares (sarcômeros - Congresso de
Ciência do Esporte em Poços-de-Caldas em 06/2006) e, pasmem "outras
pesquisas mostraram ainda um aumento da atividade mitocôndrial citocromo
oxidase (COX) em determinadas estruturas cerebrais ...Enzima essencial ... na
produção de ATP... *". Cabe aqui igualmente a teoria da neurolinguística
a respeito dos 55% de linguagem gestual (gestos podem ser feitos com o corpo).
" Yoganidra - Técnica de relaxamento consciente,
conseguido, em primeira instância, pela indução verbal do
professor de Yoga. Posteriormente, o aluno deve conseguir este efeito bastando
para isso desejar. Esta técnica reduz as tensões fisiológicas,
emocionais e espirituais.
" Samyama - composto por Dharaná, Dhyana e Samadhi.
Estas técnicas têm ampla divulgação quanto de suas
funções terapêuticas.
Podemos contar ainda como técnicas do Yoga os Yamas
e Niyamas, respectivamente, prescrições éticas e proscrições éticas.
*
Artigo de Camila Ferreira-Vorkapic (bióloga, professora
de educação física e pesquisadora do Laboratório
de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora
do Instituto de Psiquiatria da UFRJ) intitulado "Cérebro
em forma" da revista "Mente e Cérebro" de
março de 2007.
Bibliografia:
" Eliade, Mircea. Yoga - Imortalidade e Liberadade (1998). Palas Athena.
" Shivananda, Sri Swami. Autobiografia (1984). Pensamento.
" DeRose, Mestre. Prontuário de Yôga Antigo (1969). Ground.
" Ramm-Bonwitt, Ingrid. Mudrás - as mãos como símbolo
do Cosmos(1995).Pensamento
Artigo enviado por Prof.
André Luís Silva Brochieri(currículo).