O
Triatlo é um esporte que nasceu no encontro de 3 esportes,
natação,
ciclismo e corrida e que por muito tempo (anos 80/90 e início
de 2000) acreditava-se ser um esporte voltado para atletas
mais resistentes, de menor velocidade, pois achava-se que
ali não
encontrava-se os atletas mais rápidos de cada esporte.
Bom, mas isso é passado, hoje o esporte é alvo
dos melhores atletas e também dos mais rápidos,
visto a evolução
física e técnica que tivemos em poucos anos.
Em
Sidney 2000, o Triatlo estreou nos jogos olímpicos
e estabeleceu um novo padrão de provas mundiais da modalidade,
algo já previsto pela ITU nos campeonatos anteriores,
mas que voltou o foco para o atleta como elemento principal
do esporte, o que até então era focado em marcas
e equipamentos.
Por
outro lado a ITU “International Triatlon Union” órgão
regulador do esporte mundial (a FIFA do triatlo), estabeleceu
um formato de prova padrão assim como um circuito mundial
composto de várias etapas ao longo do mundo. Esse formato
forçou
os atletas mais lentos a abandonarem o circuito mundial, já que
o foco nessas provas era a velocidade dos 4 componentes, Natação,
Ciclismo, Corrida e Transição.
Me
lembro que até 2003, o padrão
de bicicleta para a prática do esporte era a adaptação
de uma bicicleta de ciclismo tradicional e com poucos elementos
diferentes,
tal qual uma roda fechada, ou um Clip (extensão de guidão).
Começava-se
a popularizar o uso do carbono e do cassete nove velocidades.
Lembro que tanto atletas quanto técnicos
focavam os treinos, principalmente, na duração
do evento e muito pouco na intensidade. Ver atletas correndo
a 19 km/h após 1.5km de natação e 40 km de ciclismo
era algo pouco comum.
Em
2005, começaram a surgir as bikes mais adaptadas
ao esporte, criadas pelos grandes fabricantes exclusivamente
para o uso no esporte. Talvez impulsionados com a explosão
do evento “ironman” que teve aumentado o número
de participantes em todas as partes do mundo, pois se tornar
um “ironman” passava a ser o objetivo de qualquer
mortal que pudesse comprar um equipamento bom, demandar algumas
horas de treino e focar no seu objetivo. Isso porque o ironman é uma
prova em que nada-se 3800 m, pedala-se 180 km e corre-se uma
maratona (42km) ao final, só isso
já é premissa básica para um dia daqueles.
Assim,
não só o
ironman cresceu, mas todos os tipos de Triatlo começaram
a surgir e ganhar adeptos.
Nascido
em 1996, o "Xterra", nome de um modelo de carro
de um antigo patrocinador, começou a alcançar
lugares diferentes, pois o formato do esporte era sim do triatlo,
1,5
km natação, 30km bike e 11 km de corrida, embora
realizados totalmente em ambiente offroad (trilha, morro
e barro). E confesso
que ao encarar algumas dessas provas, recentemente, percebi
que é um
mundo completamente novo, com exigências metabólicas
e técnicas totalmente distintas do triatlo, tal qual
conhecemos. Isso porque a prática do mountain bike e
a corrida em trilha são elementos de diferenciação
que dão vida e continuidade a esse esporte que merecia,
certamente, constar como esporte olímpico tal é a
sua complexidade.
Mas
voltando a evolução do esporte, também
temos provas de triatlo Sprint, com distâncias com cerca
de ¼ das
provas olímpicas. As provas de short Triatlo que já existiam
antes e que popularizaram o esporte por ter duração
média de 1hora e 20minutos, o que facilitou a realização
em pequenas cidades ou federações.
E
a prova olímpica atual, que é sem dúvida
uma prova dos atletas mais velozes capazes de nadar 100m em
1minuto, pedalar a 45 km/h, em média e correr a 19 km/h,
como se nada anterior afetasse o seu desempenho.
É certo
que os equipamentos contribuíram para
a evolução do esporte. O fato é que
a mudança do foco na preparação do atleta
transformou o padrão anterior de magrelo e meio lento,
para um atleta magro mas com perfil muscular equilibrado e
forte. Isso
para suportar as cargas de velocidade e intensidade, que são
compatíveis com os melhores atletas de cada evento especifico.
E apenas 12 anos após Sidney o triatlo está amadurecido
como esporte, e oferece diversas opções para
a prática, quer seja ela recreacional, motivacional,
amadora ou competitiva. E está ao alcance de qualquer
um que queira
dedicar-se um pouco mais, conciliando com os deveres de nossa
vida moderna.
Antes
ser triatleta o colocava em um lugar diferenciado por fazer
algo único, era quase como se fosse um escalador
do Everest. Hoje com a popularização, tornou-se
"Status Quo" exibir aquela tatuagem de Finisher no
Ironman. Algo que com um pouco de dedicação todos
podem conseguir, mas isso
não é uma critica e sim a constatação
de que esse fenômeno foi bom para o esporte. O tirou
da marginalidade e o colocou próximo a sociedade, facilitando
o fomento e a continuidade do esporte pelas gerações
posteriores.