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Ter, 14/9/10 10:50
RESENHA CRÍTICA DE ARTIGO
CIENTÍFICO
Efeito do Treinamento Concorrente
no Desenvolvimento da
Força Motora e da Resistência aeróbia.
Por: *
Milton Odivaldo da Cunha Sampaio Junior
* Thiago Batista Bezerra
Data de Publicação: 14/09/2010
Tipo de Publicação: Artigo de investigação.
Obs: Treinamento Concorrente (combinam treinamento
de força (TF) e de resistência aeróbia)
Autores do Trabalho: PAULO,
Anderson Caetano; SOUZA, Eduardo Oliveira de;
LAURENTINO, Gilberto; UGRINOWITSCH, Carlos; TRICOLI,
Valmor.
Periódico: Revista Mackenzie de Educação Física
e Esporte
São Paulo, Ano 4, número 4, páginas
de 145 – 154, 2005.
3. RESUMO DA OBRA
· Objetivo: compreender os mecanismos que afetam
o TC e propor diretrizes
para a elaboração de programas de treinamento
que atenuem o fenômeno da
concorrência.
·
Problema: Qual o efeito do TC no desenvolvimento
da força
motora e da
resistência aeróbia, e quais suas implicações
práticas.
· . Justificativa: Escassez de material teórico
na literatura nacional que possa
embasar a prática.
· Método: Revisão bibliográfica, predominantemente
quantitativa, hipotético
dedutivo.
· Principais Teóricos: Bell, G. J.; Hickson,
R. C.; Leveritt, M. A.; Nelson, A. G.;
Docherty, D.
O estudo objetivou investigar a interferência negativa
no desempenho quando
utilizado o TC, para assim, buscar a possibilidade de atenuação
do efeito desse
fenômeno na prática.
7
Aos programas que combinam treinamento de força
(TF) e de resistência aeróbia
(TRA) num mesmo período de tempo, tem-se utilizado
a terminologia Treinamento
Concorrente (TC) (Bell et AL., 2000; Hakkinen et AL., 2003;
McCarthy et AL., 2002).
Através de extensa revisão bibliográfica,
verificou-se que o TC ocorre pela
necessidade, em várias modalidades desportivas,
de se desenvolver em um mesmo
período de treinamento, a força e a resistência
aeróbia, buscando otimizar o
rendimento esportivo nas competições. A ocorrência
do TC também irá depender do
tipo, da intensidade, da duração e da freqüência
de treinamento.
Leveritt et al. (1999) apontam três possíveis
causas da interferência relacionadas
ao efeito da concorrência, sendo elas: a) Hipótese
Crônica; b) Hipótese do
Overtraining; c) Hipótese Aguda.
Na Hipótese do Efeito Crônico é levado
em conta o princípio da especificidade,
ou seja, o TF causa adaptações específicas,
diferenciadas e, em alguns casos,
antagônicas em comparação com as adaptações
ocorridas pelo TRA.
O estudo de Nelson et AL. (1990) sugere que o TRA com intensidades >90%
VO2 max, e o TF acima de 70% de 1RM, ambos recrutariam
muitas fibras do tipo II,
assim, o estresse produzido poderia ser tão grande
que as fibras não teriam tempo
adequado para se adaptarem, tanto ao aumento de força,
quanto à resistência
aeróbia.
Quanto às adaptações antagônicas
causadas pelos dois tipos de treinos, o TF
causa decréscimo da densidade mitocondrial e capilar,
fatores esses de suma
importância para o desempenho da resistência
aeróbia. Enquanto o TRA causaria
uma atenuação da hipertrofia muscular, afetando
assim, o aumento da força.
No entanto, os estudos ainda são controversos, desse
modo, acredita-se que a
hipótese crônica interfira no aumento de força
e na resistência aeróbia, quando
essas valências são treinadas de forma isolada.
Hickson (1980), verificou que ao submeter não atletas
a um TC, sendo, cinco
dias TF e seis dias TRA por semana, à partir da
8ª semana até a 10ª, os sujeitos
apresentaram decréscimo de força, possivelmente
ocasionado pelo overtraining,
pois o volume elevado de treinamento gerou um estado de
fadiga, assim, a falta de
recuperação adequada pode gerar o efeito
da concorrência.
Outros estudos observaram que com protocolos de TC, aplicados
três vezes por
semana em atletas, não seria suficiente para gerar
o overtraining, porém quando
aplicados em não atletas, gerava um ambiente catabólico,
ocasionando a perda de
8
força. Então, o estado de treinamento, também
estaria relacionado aos efeitos
negativos da concorrência.
Kraemer et al. (1995) em seu estudo, onde aplicou um grande
volume de TC,
durante 12 semanas, se deu conta de um grande aumento do
nível de cortisol. E
como a literatura sugere que as mulheres são hipercortisólicas.
Com um grande
volume de TC, elas teriam uma diminuição
da razão testosterona/cortisol, com isso,
comprometeria o ganho de força, potência e
massa muscular.
O estudo Concluiu, então, que os protocolos de TC
poderiam ocasionar um
estado de overtraining, dependendo do nível de treinamento,
gênero e período de
recuperação insuficiente.
Estudando a Hipótese do efeito agudo, Leveritt e
Abernethy (1999) testaram a
produção de força dos membros inferiores
no exercício de agachamento precedido
de uma atividade intermitente no cicloergômetro.
Observou-se uma diminuição
significante no número de repetições
máximas em comparação com a sessão
em
que não houve a atividade aeróbia. A mesma
observação foi feita em outro estudo
em que eram realizadas sessões de corrida antes
do treinamento de força.
Concluíram então, que a queda aguda na produção
de força após o exercício
aeróbio pode comprometer o desenvolvimento de força
durante o TC. No entanto,
Sporer & Wenger (2003) demonstraram que houve recuperação
completa após 24
horas de descanso da atividade aeróbia para o teste
de repetições máximas, e
ainda, Craig et al. (1991) relataram que não houve
interferência nos membros
superiores.
Dando continuidade à investigação
sobre a hipótese aguda Leveritt et al. (2000)
não acharam queda significante na produção
de força, com exercícios sendo
realizados entre oito e trinta e duas horas após
uma atividade no cicloergômetro. E
Collins e Snow (1993) testaram se, a ordem das sessões
de TF e TRA, interferiria no
desenvolvimento da força ou da resistência
aeróbia, não encontrando diferenças
estatísticas significativas, independente da ordem
da sessão.
De acordo com os autores, para esclarecer o efeito agudo
do TC se faz
necessário mais estudos quanto a ordem das sessões
e o tempo de recuperação
adequado.
Dispostas as três hipóteses da influência
negativa do TC, estudos buscaram
formas de atenuar o efeito da concorrência, então,
Sale et al. (1990b) ao testar dois
grupos, o primeiro treinando TF e TRA no mesmo dia, e o
segundo grupo com
9
sessões de TF e TRA em dias alternados, vislumbrou
o aumento de força máxima e
no número de repetições até a
fadiga, apenas no grupo dois, sendo que a melhora
no VO2 max foi similar para ambos.
Já no estudo de Dudley e Djamil (1985) ficou demonstrado
que a interferência do
TC é maior quando a força é desenvolvida
em alta velocidade, pois o TRA pode
afetar negativamente a força rápida. O que
aos autores, parece interessante não
aplicar TC quando a melhora da potência for o objetivo.
Nelson et al. (1990) ao estudarem a influência do
TC na resistência aeróbia, foi o
ú nico estudo a observar uma diferença significativa
no VO2 max entre os grupos TC
e TRA, talvez porque em outros estudos eram utilizados
períodos de 10 à 12
semanas, e o de Nelson et al. (1990) teve um período
de 20 semanas. Porém fica
evidente a dificuldade em mensurar o efeito da concorrência
na resistência aeróbia,
pois os estudos utilizam protocolos diferentes. Podendo
ter como referencia o VO2
max, o limiar aeróbio ou o teste de exaustão.
Assim, os estudos de Paavolainen et
al. (1999) e Millet et al. (2002), constataram uma melhora
no tempo de corrida do
grupo TC em relação ao TRA isolado, e uma
influencia positiva na economia de
corrida, respectivamente, sem que houvesse um aumento do
VO2 max.
E quando investigada a influência do TC na resistência
de força por Sale et al.
(1990b), ficou claro que para a manutenção
de rendimento em exercícios nos quais
a resistência de força é necessária,
o TC se faz importantíssimo.
Por fim, utilizando-se dos estudos revisados, o trabalho
concluiu, que a correta
utilização de protocolos de TC é um
grande aliado no aumento da performance.
Tendo apenas que se ater nos seguintes aspectos práticos
do TC para diferentes
objetivos:
Os autores sugerem que para a melhora da resistência
de força, aumento da
velocidade de corrida de longa distância e tempo
de exaustão em atividade aeróbia,
o TC deve ser aplicado.
No entanto, complementa, que para a melhora da força
máxima ou da potência
muscular o TC pode ser utilizado, tendo algumas precauções
como: O TF e o TRA
devem ser realizados em dias alternados; Não treinar
na zona de interferência (TRA
> 90% VO2 max e TF >de 8 à 12RM); se duas
capacidades motoras forem treinadas
no mesmo dia (o autor não indica), o TF deve preceder
o TRA e treinar a força dos
membros superiores no dia do TRA; se o TC for aplicado
em mulheres, aumentar os
10
intervalos de descanso entre as sessões; e identificar
o estado de treinamento do
sujeito para melhor prescrever a intensidade das sessões.
5 CRÍTICA DO RESENHISTA
5.1 Título
O título se apresenta bastante claro, porém
não demonstra do que se trata o
estudo em sua totalidade, pois além de discutir
o “Efeito do treinamento concorrente
no desenvolvimento da força motora e da resistência
aeróbia”, também propõe
possíveis formas, de atenuar o efeito negativo e
de utilizar de forma positiva o TC na
prática. Assim, os autores poderiam complementar
o título, com a expressão,
precedida de “dois pontos”, “implicações
práticas”. Além de suprimir a expressão
“ efeito do” que traz ao título uma redundância,
pois se subtende que o artigo
científico estuda o efeito de algo. Tendo, assim,
um novo título: “Treinamento
concorrente no desenvolvimento da força motora e
da resistência aeróbia:
implicações práticas.”. Assim,
o título estaria abrangendo todo o objetivo da obra,
fazendo com que o leitor tenha uma idéia mais ampla
a respeito do artigo.
5.2 Resumo
É um resumo breve e conciso, onde os autores informam
o problema de
pesquisa, definem sucintamente o TC, expõem o objetivo
do trabalho, revelam o tipo
de estudo (revisão bibliográfica) e citam
as três hipóteses para o fenômeno da
concorrência. Esta última de forma incoerente
para este resumo, pois as três
hipóteses são apenas alguns dos tópicos
que serão discutidos no trabalho com a
mesma relevância de todos os demais, e que não
foram contemplados neste trecho.
O resumo do presente artigo também poderia ter adiantado
os resultados e as
limitações do estudo. Assim, enriquecendo-o
com um maior numero de palavras,
pois foram utilizadas apenas 67, quando poderiam chegar
ao numero de até 250
palavras (ABNT, NBR 6022:2003).
Os autores utilizam três palavras chaves, todavia
poderiam se utilizar do
termo “Treinamento Concorrente” ao invés
de somente ”Treinamento”. Assim,
11
especializariam a palavra-chave, visto que “treinamento” é um
termo, por demais,
geral e amplo.
5.3 Introdução
Marconi e Lakatos (2007) expõem que na introdução
do artigo científico deve
constar a apresentação do assunto, o objetivo,
a metodologia, as limitações e a
proposição da obra.
Os autores utilizam a Introdução para contextualizar
o Treinamento
Concorrente, realçando o porquê de sua utilização
no treinamento desportivo, porém
ao mencionar “período de treinamento”,
não se fazem claro quanto a magnitude
deste “período”. Assim, a leitura fica
vaga, pois este período pode ser minutos, horas
ou dias, de intervalo entre um treinamento e outro. A definição
clara dos termos é
importante, pois diminui o risco de interpretações
erradas por parte do leitor.
Continuando a apresentação do assunto, os
autores retomam o estudo de
Leveritt, onde levam ao conhecimento do leitor, de maneira
bem breve, as três
hipóteses de interferência do TC. Por fim,
no último parágrafo os autores
contemplam o objetivo, a metodologia e a proposição
do trabalho. No entanto, as
limitações do trabalho não foram consideradas
na introdução, ou não ficaram claras
à leitura.
5.4 Objetivo
O objetivo se mostra claro, tanto no resumo, quanto na
introdução, levando
ao conhecimento do leitor, o que os autores pretendem com
a pesquisa, pois
respondem a questão “Para que fazer?” (Martins
2007).
5.5 Materiais e métodos
Os autores se utilizaram de Revisão bibliográfica
como tipo de estudo, de
forma coerente, visto que, os estudos práticos e
pesquisas de campo, usados como
referência, demonstravam protocolos distintos e resultados
diversos. Desta forma, a
12
revisão bibliográfica serviu para realizar
um compêndio. E em face da escassez de
bibliografia nacional o estudo se tornou uma referência
para novas investigações.
A abordagem predominantemente quantitativa, foi uma maneira
lógica de
comparar os resultados, assim definindo os conceitos objetivamente,
fazendo o texto
ficar bem acessível e de fácil compreensão,
sem perder a fidedignidade com os
resultados dos estudos utilizados de base de informação.
Os Autores utilizaram para sua metodologia, o método
Hipotético-Dedutivo,
pois se visualiza na obra as etapas deste método
segundo Popper: Expectativas;
problema; conjecturas; e falseamento (MARCONI e LAKATOS,
2007).
5.6 Resultados/Discussão
O artigo em voga tem como fator principal, a constante
discussão dos
resultados de outros estudos, o que o torna rico em conteúdo
acadêmico. Cada
tópico é discutido e concluído com
respeito aos trabalhos revisados, confirmando,
refutando, ou ainda, mostrando a insuficiência de
dados, para julgar as hipóteses
propostas. Portanto, os Resultados e Discussões
se fazem presentes a todo instante
no Corpo do Artigo, deixando de ter um tópico específico,
sem prejudicar o conteúdo
da obra, pelo contrário, agrega conhecimento científico à todos
os tópicos.
5.7 Conclusão
A conclusão, que neste artigo, foi renomeada para “Considerações
Finais”
nos traz, não só a dedução
lógica, baseada no texto, de forma resumida, (MARCONI
e LAKATOS, 2007), como também a preocupação
dos autores em recomendar as
formas de aplicação prática na elaboração
de protocolos de TC. Este último, levando
em consideração a capacidade motora a ser
treinada; o período de descanso entre
um treino e outro; a zona de interferência; o gênero
e o estado de treinamento do
sujeito.
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As considerações finais da obra, foi de grande
valor para o conhecimento científico,
pois relata o objetivo, que neste trabalho foi alcançado,
e também sugere as
implicações práticas, o que acaba
aproximando o pensamento (teoria) e o dia-a-dia
do profissional (prática).
5.8 Limitações
As principais limitações do estudo foram
descritas pelos autores ao final de
cada tópico, quando neste havia limitação à discussão
ou resultado. No entanto,
poderiam ser explanados também na introdução
(MARCONI E LAKATOS, 2007).
5.9 Referências
A referência nacional foi uma das limitações
do estudo, pois o TC é citado na
literatura à bastante tempo, porém somente à alguns
anos a temática tem sido
abordada mais profundamente no Brasil. No entanto, os autores
fizeram uma boa
pesquisa bibliográfica, fazendo uso de 43 referências,
sendo apenas uma referência
brasileira e em português.
5.10 Confrontos com outros estudos
Após a revisão bibliográfica realizada
por este estudo, outros trabalhos
investigaram a temática do Treinamento concorrente,
como o artigo de VIANA et al.
(2008) que problematizou os efeitos do TC sobre a massa
muscular, a potência
aeróbia e a composição corporal, em
adultos com características histoquímicas
da
musculatura; aeróbias; anaeróbias; e aeróbias-anaeróbias.
Os sujeitos realizaram 3
vezes por semana durante 24 semanas o TF, segundo a proposta
de montagem do
treino de musculação de Dantas, precedido
pelo TRA de 40 minutos com a zona de
intensidade entre 55-72% do VO2máx. Com os resultados,
este estudo ratificou a
eficácia TC para o aumento da potência aeróbia,
sugerida por NELSON et al. (1990),
levando em consideração a influência
do TC na resistência aeróbia, pois o
trabalho foi realizado durante 24 semanas, tempo suficiente
para se constatar
melhoras no VO2máx; e também nos trouxe uma
relação do treinamento
concorrente e emagrecimento, a qual não foi cogitada
pelo estudo de PAULO et al.
14
O TC se mostrou eficaz para a diminuição
do %G, pois o aumento da capilarização e
da capacidade de oxidação na musculatura,
favorece a perda de peso,
principalmente em sujeitos aeróbios.
No que tange a analise dos efeitos do TC em grupos musculares
diferentes, o
estudo de RADDI et al. (2008), corroborou a conclusão
de que o desenvolvimento da
força dos membros superiores, segundo a hipótese
do efeito agudo, não são
comprometidos quando se realiza sessões de corrida
antes da sessão de TF
(CRAIG et al. 1991), acusando o efeito da concorrência,
no mesmo grupo muscular,
decorrente da fadiga residual instalada nos músculos
recrutados na atividade
anterior.
Já os estudos de AOKI et al. (2003) e GOMES e AOKI
(2005), investigaram a
suplementação de carboidrato e creatina,
respectivamente, como forma de atenuar
os efeitos adversos do TC. A maltodextrina foi administrada
em concentrações de
6% em 500ml, antes e durante a sessão de endurance,
em seguida os sujeitos
realizaram testes de 1-RM. Foi verificado que os efeitos
negativos do TC
(decréscimo na força) continuaram a aparecer,
assim concluindo que o carboidrato
foi incapaz de reverter esse efeito prejudicial do TC.
No entanto, a suplementação
de creatina fez com que o número de repetições
máximas realizadas no legpress
45º, após o exercício de endurance (corrida),
fosse maior no grupo que recebeu a
suplementação. Com esses resultados, sugeriram
os autores, que o sistema ATPCP
contribui para a realização do TC e uma das
possíveis causas da fadiga no
exercício de força está relacionada à depleção
dos estoques de Creatina-fosfato.
Ainda realizando investigações com base na
hipótese aguda do TC, outro
estudo (RUAS et al. 2007), confirmou através de
testes em bicicleta ergométrica e
legpress 45º, que a velocidade de contração
muscular no exercício aeróbio é um
fator importante na diminuição do volume
de treino de força subseqüente. Pois se
observou, que o TRA realizado em uma maior cadência
de pedaladas produzia o
efeito negativo do TC no TF.
BRUNETTI et al. (2008) por sua vez, resolveu auferir a
influencia da ordem
de sessão do TC, nas variáveis: Lactato sanguíneo,
Freqüência cardíaca e
consumo de Oxigênio. Tendo como conclusão
que em nenhum destes fatores houve
diferença entre os grupos que realizaram o TF antes
ou depois do TRA.
A ordem de sessão também foi apreciada nos
estudos de PANISSA e
colaboradores (2009); e LIRA et al. (2007), porém
em relação ao gasto energético
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total e o EPOC, respectivamente. Concluíram os estudos
que a ordem de sessão do
TC influencia no tempo de EPOC, quando é aplicado
TRA seguido do TF, porém o
gasto energético total não é afetado
significativamente, independente da ordem da
sessão.
Baseados nestes estudos apresentados e na revisão
bibliográfica de SILVA e
NAVARRO (2007), quando comparados com o artigo de PAULO
e colaboradores
(2005). Mantém-se os achados no artigo investigado
e podemos acrescentar a
respeito das aplicações de protocolos de
TC:
1 - Com o objetivo de emagrecimento e ganho de VO2máx
o TC deve ser
aplicado por um período superior à 12 semanas,
carecendo de maiores
investigações sobre a ordem de sessão.
2 – A suplementação de Creatina pode
ser um auxílio na busca da atenuação
dos efeitos agudos da concorrência.
6 INDICAÇÕES
DO RESENHISTA
O artigo possui um texto bem organizado, com as idéias
interligadas e um fluxo
de informações que favorece ao leitor. Desta
maneira, o autor atingiu o objetivo
proposto à obra, que era fazer um compendio das
informações sobre TC disponíveis
na literatura, até a data do trabalho, e elucidar
algumas questões quanto a aplicação
prática dos protocolos de TC.
O autor não se ateve apenas em conceitos literários
do TC, mas também
mostrou e discutiu diversos estudos, disponibilizando inclusive
os resultados dessas
pesquisas, através de números obtidos nos
diversos trabalhos.
O ponto alto do artigo se dá através da interseção
de todos os outros trabalhos,
sendo transformados em medidas de caráter prático,
da influência negativa e a
influência positiva do TF e TRA quando utilizados
em um mesmo plano de treino.
Assim, a revisão literária em questão,
continua bastante atual, mostrando-se de
grande valia para o desenvolvimento científico na área
do treinamento desportivo.
A temática do TC tem obtido avanço em estudos
nacionais, contendo hoje um
bom número de trabalhos, porém ainda observamos
a dificuldade de se desenvolver
pesquisas com foco na Hipótese do efeito crônico
e na Hipótese do overtrainig, visto
a necessidade de se observar os sujeitos por um longo período
de tempo, tornando-
16
se um obstáculo para este tipo de investigação.
Por fim, quanto a hipótese do efeito
agudo, a qual vem sido mais testada nos estudos, ainda
carece de comprovações
em diversos aspectos, inclusive no aspecto da ordem das
sessões.
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