TABELA DE ÍNDICE GLICÊMICO
O índice glicêmico é um
indicador baseado na habilidade da ingestão do
carboidrato (50g) de um dado alimento elevar os níveis
de glicose sanguínea pós-prandial, comparado
com um alimento referência, a glicose ou o pão
branco.
- O
corpo não absorve e digere todos os carboidratos
na mesma velocidade;
- O índice
glicêmico não depende se o carboidrato é simples
ou complexo. Ex: o amido do arroz e da batata tem alto índice
glicêmico quando comparado c/ o açúcar
simples (frutose) na maçã e pêssego,
os quais apresentam um baixo índice glicêmico.
- Fatores
como a presença
de fibra solúveis, o nível do processamento do alimento, a interação
amido-proteína e amido-gordura, podem influenciar nos valores do índice
glicêmico.
Alimentos de alto índice glicêmico (> 85)
Alimentos de moderado índice glicêmico (60-85)
Alimentos de baixo índice glicêmico (< 60)
ALIMENTO |
IG |
ALIMENTO |
IG |
Bolos |
87 |
Cuscus |
93 |
Biscoitos |
90 |
Milho |
98 |
Crackers |
99 |
Arroz branco |
81 |
Pão
branco |
101 |
Arroz integral |
79 |
Sorvete |
84 |
Arroz parboilizado |
68 |
Leite integral |
39 |
Tapioca |
115 |
Leite desnatado |
46 |
Feijão
cozido |
69 |
Iogurte com sacarose |
48 |
Feijão
manteiga |
44 |
Iogurte sem sacarose |
27 |
Lentilhas |
38 |
All Bran |
60 |
Ervilhas |
68 |
Corn Flakes |
119 |
Feijão
de soja |
23 |
Musli |
80 |
Spaguete |
59 |
Aveia |
78 |
Batata cozida |
121 |
Mingau de aveia |
87 |
Batata frita |
107 |
Trigo cozido |
105 |
Batata doce |
77 |
Farinha de trigo |
99 |
Inhame |
73 |
Maçã |
52 |
Chocolate |
84 |
Suco de maçã |
58 |
Pipoca |
79 |
Damasco seco |
44 |
Amendoim |
21 |
Banana |
83 |
Sopa de feijão |
84 |
Kiwi |
75 |
Sopa de tomate |
54 |
Manga |
80 |
Mel |
104 |
Laranja |
62 |
Frutose |
32 |
Suco de laranja |
74 |
Glicose |
138 |
Pêssego
enlatado |
67 |
Sacarose |
87 |
Pêra |
54 |
Lactose |
65 |
RECOMENDAÇÕES GERAIS DE CARBOIDRATO PARA
PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA:
· Atletas que treinam intensamente diariamente devem ingerir de 7-10g
de carboidratos/kg de peso/dia ou 60% do VCT (Burke & Deakin, 1994);
· Pessoas que se exercitam regularmente deveriam consumir de 55 a 60%
do total de calorias diárias sob a forma de carboidratos e indivíduos
que treinam intensamente em dias sucessivos, requerem de 60 a 75% (ADA, 2000);
· 6-10g de carboidrato/kg/dia (ADA, 2000).
RECOMENDAÇÕES DE CARBOIDRATO PARA ATIVIDADES
DE FORÇA:
· 55 a 65% (ADA, 2000)
· Kleiner (2002): 8,0-9,0g/kg de peso/dia (manutenção),
8,0-9,0g/kg de peso/dia (hipertrofia muscular) e 5,0-6,0g/kg de peso/dia (hipertrofia
muscular e redução do percentual de gordura ao mesmo tempo)
RECOMENDAÇÕES
PRÉ-EXERCÍCIO
- nas 3-4 horas que antecedem:
· 4-5g de carboidrato/kg de peso
· 200-300g de carboidrato (ADA, 2000)
Objetivo 1: permitir tempo suficiente para digestão e absorção
dos alimentos (esvaziamento quase completo do estômago)
Objetivo 2: prover quantidade adicional de glicogênio e glicose sanguínea
Objetivo 3: evitar a sensação de fome
OBS: geralmente consiste em uma refeição sólida
Diferente dos efeitos
contraditórios da ingestão
de carboidratos 30 a 60 minutos antes do exercício,
a eficiência desse consumo 3 a 6 horas antes do
exercício no rendimento físico é observada,
em função de haver tempo suficiente para
síntese de glicogênio muscular e hepático
e a disponibilidade de glicose durante a realização
do exercício. Preservar este período de
tempo também favorece o retorno dos hormônios,
especialmente insulina, as concentrações
fisiológicas basais (El Sayed et al., 1997).
- 1
hora antes: 1-2g de carboidrato/kg de peso
OBS: dar preferência aos repositores energéticos líquidos
Objetivo: são de mais fácil digestão
Após uma refeição contendo carboidratos,
as concentrações plasmáticas de
glicose e insulina atingem seu pico máximo, tipicamente
entre 30 - 60 minutos. Caso o exercício seja iniciado
neste período, a concentração plasmática
de glicose provavelmente estará abaixo dos níveis
normais. Isto acontece possivelmente devido a um efeito
sinergético da insulina e da contração
muscular na captação da glicose sangüínea
(Jeukendrup et al ,1999).
Durante o exercício a disponibilidade da insulina
para a captação de glicose é muito
pequena. Estudos indicam que o aumento da velocidade
de transporte com o aumento da atividade contrátil
relaciona-se com a maior ativação de transportadores
de glicose que, no caso do músculo esquelético, é o
GLUT4 (Júnior, 2002).
A magnitude da captação de glicose pelo
músculo esquelético está relacionada
com a intensidade e a duração do exercício,
aumentando proporcionalmente com a intensidade.
É válido consumir carboidrato 1 hora
antes do exercício?
Dentre os estudos
que analisam os efeitos do consumo dos carboidratos
glicose, frutose e polímeros
de glicose, 1 hora antes de exercícios, realizados
a uma intensidade de 70% a 80% do VO2 max., encontraram
efeitos negativos: Foster et al. (1979); nenhum efeito:
Mc Murray et al. (1983), Keller & Schgwarzopf (1984),
Devlin et al. (1986) e Hargreaves et al. (1987); e, finalmente,
efeitos positivos foram relatados por Gleeson et al.
(1986); Okano et al. (1988) e Peden et al. (1989).
Qual a melhor fonte
de carboidrato a ser utilizada 1 hora antes do exercício?
Thomas et al. (1991),
compararam as respostas bioquímicas
e fisiológicas de ciclistas treinados que ingeriram
a mesma porção de alimentos de alto índice
glicêmico (glicose e batata) e de baixo índice
glicêmico (lentilhas), 1 hora antes do exercício.
A alimentação com baixo índice glicêmico
produziu os seguintes efeitos: 1) nível menor
de glicose e insulina 30 a 60 minutos após a ingestão,
2) maior nível de ácidos graxos livres,
3) menor oxidação de carboidratos durante
o exercício e 4) período de realização
do exercício 9 a 20 minutos maior que o tempo
correspondente aos dos indivíduos que ingeriram
a refeição de alto índice glicêmico.
Conclusão, devemos priorizar carboidratos de
baixo índice glicêmico
Objetivo1: indivíduos suscetíveis a queda da glicemia não
devem ingerir carboidratos de alto índice glicêmico para evitar
a Hipoglicemia Reativa
Objetivo 2: níveis elevados de insulina inibem a Lipólise, o
que reduz a mobilização de ácidos graxos livres do Tecido
Adiposo, e, ao mesmo tempo, promovem aumento do catabolismo dos carboidratos.
Isto contribui para a depleção prematura do glicogênio
e fadiga precoce
OBS: o consumo de alimentos muito doces também podem provocar, enjôos
e diarréia
- imediatamente
antes (15 min antes): 50-60g de polímeros de glicose
(ex. maltodextrina - carboidrato proveniente da hidrólise
parcial do amido).
Segundo Coogan (1992)
esta ingestão é similar à ingestão
durante a atividade física e pode melhorar o desempenho.
RECOMENDAÇÕES DURANTE
O EXERCÍCIO
- Quantidade:
· 30-60g de carboidrato/hora (ADA, 2000; Driskell, 2000);
· 0,7g de carboidrato/kg/hora (ADA, 2000)
· 40-75g de carboidrato/hora (El-Sayed et al., 1995)
Objetivo 1: manter o suprimento de 1g de carboidrato/minuto, retardando a fadiga
em, aproximadamente, 15-30 min, por poupar os estoque de glicogênio
Objetivo 2: manter a glicemia, prevenindo dores de cabeça, náuseas,
etc.
"A Gliconeogênese pode suprir glicose numa
taxa de apenas 0,2-0,4g/min, quando os músculos
podem estar consumindo glicose a uma taxa de 1-2g/min" (Powers & Howley,
200).
"A suplementação de carboidratos
durante o exercício é muito eficiente na
prevenção da fadiga, porém deve
ser ingerida durante todo o tempo em que a atividade
está sendo realizada ou, pelo menos, 35 minutos
antes da fadiga devido à velocidade do esvaziamento
gástrico" (El-Sayed et al.,1995).
Quando o consumo
de carboidratos durante o exercício
se faz necessário?
"Após 2 horas de exercício aeróbio
de alta intensidade poderá haver depleção
do conteúdo de glicogênio do fígado
e especialmente dos músculos que estejam sendo
exercitados" (Burke & Deakin, 1994; Mcardle,
1999)
Segundo Bucci (1989),
o consumo de carboidratos durante a atividade física só aumentará efetivamente
o rendimento se a atividade for realizada por mais de
90 minutos a uma intensidade superior a 70% do VO2 máx.
De acordo com Driskell (2000) o consumo de carboidrato
parece ser mais efetivo durante atividades de endurance
que durem mais de 2 horas.
O consumo de carboidratos
durante o exercício
parece ser ainda mais importante quando atletas iniciam
a atividade em jejum, quando estão sob restrição
alimentar visando a perda de peso ou quando os estoques
corporais de carboidratos estejam reduzidos ao início
da atividade (Neufer et al., 1987; ADA, 2000). Nestes
casos, a suplementação de carboidratos
pode aumentar o rendimento durante atividades com 60
minutos de duração.
Qual a melhor fonte
de carboidrato a ser utilizada durante o exercício?
"Muitos estudos demonstram que glicose, sacarose
e maltodextrina parecem ser igualmente efetivos em melhorar
a performance" (Driskell, 2000)
Segundo a ADA (2000),
o consumo durante o exercício
deve ser, preferencialmente, de produtos ou alimentos
com predominância de glicose; a frutose pura não é eficiente
e pode causar diarréia, apesar da mistura glicose
com frutose ser bem tolerada.
RECOMENDAÇÕES PÓS-EXERCÍCIO
- Quantidade:
· 0,7-3g de carboidrato/kg de peso de 2 em 2 horas, durante as 4-6 horas
que sucedem o término do exercício;
· 0,7-1,5g de glicose/kg de peso de 2 em 2 horas, durante as 6 horas após
um exercício intenso + 600g de carboidrato durante as primeiras 24 horas
(Ivy et al., 1998);
· 1,5g de carboidrato/kg de peso nos primeiros 30 minutos e novamente
a cada 2 horas, durante as 4-6 horas que sucedem o término do exercício
(ADA, 2002);
· 0,4g de carboidrato/kg de peso a cada 15 minutos, durante 4 horas. Neste
caso observa-se a maior taxa de recuperação do glicogênio,
porém o consumo calórico acaba excedendo o gasto energético
durante o exercício
Objetivo: facilitar a ressíntese de glicogênio
Segundo Williams
(1999) durante 24 horas, a taxa de recuperação do glicogênio é de
aproximadamente 5-7%/hora.
Qual o melhor intervalo
de tempo para o consumo de carboidrato após o exercício?
O consumo imediato
de carboidrato (nas primeiras 2 horas) resulta em um
aumento significativamente maior dos estoques
de glicogênio. Assim, o não consumo de carboidrato
na fase inicial do período de recuperação
pós-exercício retarda a recuperação
do glicogênio (Ivy et al., 1988). Isto é importante
quando existe um intervalo de 6-8 horas entre sessões,
mas tem menos impacto quando existe um período
grande de recuperação (24-48 horas). Segundo
a ADA (2000) para atletas que treinam intensamente em
dias alternados, o intervalo de tempo ideal para ingestão
de carboidrato parece ter pouca importância, quando
quantidades suficientes de carboidrato são consumidas
nas 24 horas após o exercício.
Qual a melhor fonte
de carboidrato a ser utilizada após o exercício?
A recuperação dos estoques de glicogênio
pós-exercício parece ocorrer de forma similar
quando é feito o consumo tanto de glicose quanto
de sacarose, enquanto que o consumo de frutose induz
uma menor taxa de recuperação. Conclusão,
devemos priorizar os carboidratos de alto índice
glicêmico (Burke & Deakin, 1994).
Fonte:
Apostila: Nutrição aplicada à atividade física
- autora: Profa. Letícia Azen - Consultora em Nutrição
CDOF
FAO/OMS. Carbohydrates in Human Nutrition, 1998.