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Seg, 19/1/09 17:49

NATAÇÃO

REFLETINDO SOBRE O PERFIL DO BOM PROFESSOR DE NATAÇÃO
Profa.Ms. Linda Denise Fernandes Moreira Pfrimer

    Convido vocês a dedicarem um momento à reflexão de um tema fundamental na formação do profissional da Educação Física , mais especificamente , do professor de Natação : o perfil do ótimo professor.
    Hoje em dia , com a proliferação das faculdades de Educação Física, algumas de ótima qualidade , outras nem tanto, a formação superior do professor de Educação Física já é condição sine qua non para a caracterização de um bom profissional da área. Assim, ter uma boa formação em nível superior é um fator importantíssimo para o surgimento de um bom professor. Porém não basta "passar" pela Faculdade. É preciso viver a faculdade, aproveitar todas as oportunidades que ela lhe proporciona, empenhar-se no estudo daquilo que se discute em nível acadêmico. Se isso não for feito, ao se graduar, inevitavelmente você se sentirá despreparado para o mercado de trabalho, desejando poder voltar aos tempos de sala de aula para rever, e aí sim, apreender, o que for discutido.
    Conteúdo, como vimos, é fundamental. Todavia, além do conhecimento técnico e científico, há alguns pontos de ordem prática que ajudam o professor a obter sucesso no ramo da Natação:


Proteção pessoal:
- Usar sempre protetor solar e boné para cobrir-se do sol,
- Óculos escuros;
- Roupas que permitam a transpiração;
- Hidratar-se antes , durante e após as aulas;
- Cuidado com o tom de voz ;

Didática de ensino:
- De vez em quando o professor deverá tirar o boné e os óculos e olhar seus alunos nos olhos ; isso é muito importante, do contrário muitos alunos nem o reconhecerão se encontrá-lo na rua;
- Nunca falar com os alunos de costas para você;
- Estar sempre preparado para entrar na piscina;
- Iniciantes precisam do professor junto dentro d'água na maior parte do tempo;
- É sempre o professor quem fica de frente para o sol, nunca os alunos;
- Variar a posição de ensino ao redor da piscina;
- Observar o tom de voz para que não fique nem muito alto para os que estão perto e nem muito baixo para os alunos mais distantes;
- Caso o professor proponha alguma atividade em círculo, deverá explicá-la antes da formação do mesmo ou formar o círculo incluindo-se nele, para só então dar as instruções;
- Falar pouco: explicações muito longas são cansativas e confusas;
- O material na borda da piscina deverá estar sempre organizado;
- Nunca jogar o material aos alunos e sim, entregar a eles;
- Usar roupas justas, pois casacos e moletons largos impedem que os alunos identifiquem o movimento feito pelo professor;
- Usar o efeito "espelho" quando estiver de frente para os alunos;
- Nunca dar aulas com o tênis ou outro calçado utilizado para caminhar na rua; tenha de preferência um par de chinelos específicos para ser utilizado na borda da piscina, o que garantirá a higiene da mesma;
- Evitar ficar só de sunga ou maiô na borda da piscina ( a não ser que precise entrar na água em algum momento durante a aula) pois a visão dos alunos de baixo para cima pode não ser agradável nessa situação;
- O professor deverá estar centrado na aula em 100% do tempo; são incabíveis atitudes como comer na borda da piscina, conversar com colegas de trabalho, lixar unhas, ler ou descolorir os pelos durante a aula, mesmo que se trate de uma turma de alunos avançados. Sempre há o que corrigir, mudar , incentivar ;
- Experimente utilizar músicas em suas aulas, mesmo com adultos: o resultado é sensacional;
- Seja sempre pontual e nunca acabe as aulas antes do tempo previsto, em situações normais;
- Prepare suas aulas sempre, ainda depois de 30 anos de trabalho isso é necessário;
- Quando for substituir um colega, procure saber antes quem são os alunos daquela turma, que tipo de trabalho vem sendo feito com eles e os caso "especiais" ;

Relações pessoais:
- Nunca use apelidos para chamar os alunos (gordinho, Paraíba, etc.) a não ser que você esteja certo de que o próprio aluno gosta de ser chamado daquela maneira;
- Utilize o português correto durante as aulas;
- Criança não tem bunda, tem bumbum;
- Cuidado com o palavreado muito informal, mesmo com adultos;
- Receba bem o seu aluno no início das aulas;
- Sempre o convide a voltar após o término da aula ;
- Demonstre interesse por algum problema relatado por seu aluno ( ex: você melhorou da dor nas costas na aula passada?);
- Mesmo que aquele seja o único "maluco" a aparecer em um dia de inverno às 7 da manhã quando vinte minutos já se passaram do início da aula e você já se preparava para ir embora, incentive seu aluno a participar da aula e dê a melhor aula do mundo naquele dia;
- Sua postura corporal demonstra muito sobre você: nada de ficar encostado nas paredes, sentado, ou com uma atitude corporal derrotista e desanimada;
- Entre na piscina de vez em quando, mesmo com seus alunos avançados, para partilhar do meio líquido com eles; a diferença é incrível;

    Pode parecer impossível a um mesmo ser humano agregar todas as características acima e talvez seja mesmo. Contudo, é a busca constante pelo nosso aperfeiçoamento pessoal e profissional que faz a diferença.
    Termino esse texto com algumas citações do artigo de Chuck Salter, um escritor americano que tem ensinado fundamentos de basquete, softbol e futebol a crianças em Baltimore. Esse artigo foi publicado no ASCA (American Swimming Coaches Association) Newsletter de Novembro de 2002:

     "Alguns professores olham para si próprios e se designam experts em determinado assunto deixando metáforas vazias ao redor do que ensinam. Os melhores professores são aqueles que guiam: eles dividem o que sabem e não se tornam os centros das atenções, os estudantes é que são o objetivo final de tudo."
    "Não é o suficiente saber o seu programa e material. Você precisa conhecer o seu grupo, saber quem são as pessoas que você vai ensinar. Os talentos, os defeitos, as fraquezas. Você precisa saber onde eles estão e procurar olhar onde eles poderão chegar."
    "A melhor maneira de ensinar não está em uma fórmula, é algo pessoal. Diferentes pessoas ensinam a mesma matéria de forma diferente porque são diferentes e vêem o mundo de forma diferente. Nós ensinamos o que somos. O ato de ensinar requer coragem para explorar o seu próprio sentimento de identidade".

 

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