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Seg, 25/10/10 11:06
TESTE DINÂMICO NA BARRA FIXA PARA
MULHERES NOS CONCURSOS
PRECISA SER REVISTO
Por: Luiz Carlos de Moraes *
Data de Publicação: 25 de outubro de 2010
A
musculação traz muitos benefícios tanto às
mulheres quanto aos homens e embora o treinamento delas não
mude muito em relação a eles existe uma diferença
de potencial de força física nos braços que
deve ser levado em conta na execução dinâmica
da barra fixa. Esse exercício tem gerado polêmicas
por conta de editais do teste físico feminino em concursos
tais como Polícia Federal, Militar, Bombeiros entre outros.
Num deles, há alguns anos, algumas mulheres na impossibilidade
de executar o teste entraram com ação judicial para
modificar a execução e conseguiram com base num artigo
por mim escrito na época e que volto a reescrevê-lo
com dados mais atualizados.
As mulheres são na média 30% menos forte. Se comparada
só a parte superior do corpo, essa diferença é maior
chegando, segundo Laubach 1976 citado por Fleck a 55,8% da força
dos homens. Mas a parte inferior, essa diferença é menor
e na média das pesquisas e de autores consagrados ela chega
a 78%. O grupo muscular com percentual mais próximo é o
quadríceps, 81%. Segundo Osmar de Oliveira, uma das autoridades
brasileiras na Medicina do Esporte, enquanto o peso dos músculos
do homem atinge 40% do peso total do corpo, o da mulher chega a
33%. Esses dados ratificam que em condições normais
(sem drogas), mesmo a mulher treinando pesado não fica masculinizada
como acreditam ou pregam os "do contra".
A diferença hormonal é a justificativa mais evidente.
Sabe-se que o desenvolvimento da força física está associado,
no caso, ao hormônio masculino testosterona com características
anabólicas e androgênicas. A mulher também
produz testosterona, se não ela nem ficaria de pé.
Enquanto a produção diária desse hormônio
no homem chega a 10mg na mulher não passa de 0,1mg. O teste
de feminilidade no controle antidoping adotado pelo COI (Comitê Olímpico
Internacional), a partir de 1968 se baseia nisso.
Diante do exposto o teste de força para mulheres em barra
fixa tem sido modificado nos diversos concursos. Na
Polícia
Federal passou a ser da seguinte forma: permanecer por 15 segundos
em elevação (flexão em isometria) com o queixo
acima da barra fixa sendo posicionada com ajuda.
Para o curso de soldado da Polícia Militar de Santa Catarina
o teste foi substituído pelo desenvolvimento completo com
uma barra contendo duas anilhas de 5 kg de cada lado.
Mesmo os treinamentos
mais rigorosos para mulheres, como por exemplo, o
Manual de Campanha C20, do Exército Brasileiro, leva em consideração
esse diferencial de força física dos membros superiores.
A barra fixa é executada com as pernas apoiadas numa plataforma
diminuindo o esforço na elevação do corpo. No
apoio de frente sobre o solo a elas é permitido apoiar
os joelhos diminuindo o braço de resistência e o esforço
para levantar o corpo, teste também já adotado em
outros editais demonstrando que os profissionais de Educação
Física do Exército Brasileiro estão atualizados
em fisiologia do exercício. “O número crescente
de candidatas inscritas nos concursos para as escolas de formação
do Exército indica o grande interesse das mulheres pela
profissão militar”.
Os poucos concursos que ainda obrigam a mulher realizar “uma” elevação
dinâmica na barra fixa justificam que elas deverão
estar aptas a realizar as mesmas tarefas que os homens como, por
exemplo, numa ação policial ou de salvamento transpondo
obstáculos e/ou transportando vítimas pesadas ou
não enfrentando a mesma situação que os homens.
Por isso, toda mulher ao se inscrever em qualquer concurso onde
vai haver teste físico deve ler com atenção
o edital e como será realizado o teste de força física.
Se o cargo pretendido for administrativo e estiver escrito no edital
o teste de força física na barra fixa de forma dinâmica é desnecessário
porque essa exigência não faz sentido. Os exames de
avaliação física visam verificar o condicionamento
aeróbio, a força, a flexibilidade, a potência
muscular e a velocidade que é o mínimo necessário
para execução de tarefas funcionais e/ou laborais
de qualquer cidadão. No futuro não muito distante
pode ser que todas as organizações militares, públicas
ou particulares venham exigir um mínimo de condicionamento
físico nos concursos simplesmente porque gera menos despesas
médicas e a produtividade é maior. No caso em questão,
onde sabidamente a mulher vem ocupando cada vez mais postos de
trabalho antes destinados somente aos homens o condicionamento
físico é tão importante quanto, mas o teste
dinâmico na barra fixa já mudou na maioria dos editais
porque é mais coerente. Hoje elas trabalham mais que muitos
homens com sabedoria e competência na solução
de problemas sociais e gerenciais, mas a diferença fisiológica
de força física deve continuar a ser respeitada.
A boa
notícia - A academia de Polícia Civil de Minas
Gerais exigia nos editais de concurso o teste físico de
barra fixa para mulheres da mesma forma que os homens. Esse
teste foi substituído pela flexão de braço ACSM
com apoio nas mãos e joelhos graças à interferência
do investigador e professor de Educação Física
Alexandre Fernandes Ribeiro que ao assumir há três
anos a coordenação da Educação Física
e defesa pessoal da Academia de Polícia Civil do estado
sugeriu a troca do teste com base nos argumentos da diferença
fisiológica entre homens e mulheres passando a aproveitar
todo o potencial das mulheres na entidade. A Polícia Civil
de Minas Gerais está de parabéns sendo um exemplo
a ser seguido.
Para Refletir: Nada é para sempre e o ser humano sofre transformações
durante toda a sua vida. Por isso a verdade de hoje pode ser o
erro de amanhã. O erro de hoje a verdade de amanhã.
(Moraes 2010)
Sobre
a Ética: O dia de amanhã é só uma
previsão. O dia ontem já passou. Portanto, viva o
hoje sem arrependimento e sem machucar o outro. Amanhã pode
não dar tempo de pedir perdão. (Moraes 2010).
Literatura Sugerida:
1 ) FLECK, S & KRAEMER, WJ. Fundamentos do Treinamento de Força
Muscular. Porto Alegre, Artmed, 1999.
2) GALDI, Enori Helena Gemente; MOREIRA, Wagner Wey; PELLEGRINOTTI,
Idico Luiz. Análise da influência de um programa de
atividade física geral sobre a força muscular e flexibilidade
em mulheres da faixa etária de 30 a 40 anos. Revista da
Fundação de Esporte e Turismo, Curitiba, v. 1, n.
2, p. 7-11, 1989. Disponível em:
http://boletimef.org/biblioteca/busca/?b=&bp=mulheres&bc=1 Acesso em:
07/09/2010.
3) GALVÃO, Jonathan Santos et al. Comparação dos parâmetros
do modelo de potência crítica entre homens e mulheres mediante correção
alométrica. Revista Mackenzie de Educação Física
e Esporte, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 99-108, 2008. Disponível em:
http://boletimef.org/biblioteca/busca/?b=&bp=mulheres&bc=1 Acesso em:
07/09/2010.
4) Manual de Campanha C 20 – 20 Treinamento Físico Militar
http://www.coter.eb.mil.br/html/3sch/IGPM/site%20IGPM/web%20site/PDF/C%2020-20.pdf
5) OLIVEIRA, Elke - Força: Mulher x Homem. Disponível em:
http://www.gease.pro.br/pesquisar.php Acesso em: 07/09/2010.
6) Revista de Educação Física – Exército Brasileiro
http://www.revistadeeducacaofisica.com.br/paginas/arevista.htm
7) RASO, V.; MATSUDO, S. M. M.; MATSUDO, V. K. R. A Força Muscular de
Mulheres Idosas Decresce Principalmente Após Oito Semanas de Interrupção
de um Programa de Exercícios com Pesos Livres. Revista Brasileira de Medicina
do Esporte, v. 7, n. 6, p. 177-186, 2001. WILMORE, J.H.; & COSTILL, D.L.
Fisiologia
do Esporte e do Exercício.
São Paulo, Manole, 2002.
Cartas para:
* Consultor
CDOF - Luiz Carlos
de Moraes - Acessar
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E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Consultor do CDOF desde 01/01/2000
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Consultor do Site www.educacaofisica.com.br
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