MUSCULAÇÃO
Hipertrofia
Muscular na Adolescência
Revisão bibliográfica
Segundo Campos (2000) as crianças
se diferenciam dos adultos nas respostas metabólicas,
cardiovasculares, respiratórias, termorregulatória
e perceptiva ao exercício.
Através dos programas de treinamento de força
as crianças conseguem ganhos na força muscular, entretanto, a hipertrofia é mais
difícil de se alcançar em crianças do que em adultos. (FLECK & KRAEMER,
1999).
Embora os aumentos na quantidade de músculos, isto é,
hipertrofia, possam não ocorrer em crianças de todas as idades,
muitas outras mudanças nos músculos, nervos e tecidos conjuntivos
sugerem um aumento na qualidade do tecido muscular e da unidade neuromuscular.
A falta de conhecimento dos aspectos relacionados ao crescimento
da criança por parte do educador físico faz com que ele elabore
um treinamento falho em vários aspectos e que pode ser prejudicial à criança. "O
treinamento infantil e juvenil não é um treinamento de adulto reduzido".
(WEINECK, 1999), uma vez que crianças e jovens ainda encontram-se em crescimento
e desenvolvimento de uma série de alterações físicas,
psíquicas, sociais muito significativas ". Por isso, um treinamento
de crianças e jovens consiste" de um processo sistemático
e à longo prazo, com objetivos, programas e procedimentos diferentes de
um treinamento de adultos, onde o crescimento e o desenvolvimento têm prioridade.
Segundo WEINECK, Jürgen. Biologia
do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991,
os graus desenvolvimento da seguinte forma:
- Lactante
- até um ano
- Bebê -
de 1 a 3 anos
- Pré-escolar
- de 3 a 6/7 anos
- Primeira
infância escolar - 6/7 a 10 anos
- Infância
escolar tardia - aproximadamente 10 anos
- Pubescência
- entre 11 a 14 anos para meninas e entre 12 a 15 anos
para meninos
- Adolescência
- entre 13 a 18 anos para meninas e entre 14 a 19 anos
para meninos
Até o inicio da puberdade meninos
e meninas pouco diferem quanto à força muscular
e sistema hormonal. Após a primeira fase puberal
eleva-se o nível de testosterona aproximadamente
10 vezes nos meninos e em meninas uma discreta elevação,
acarretando um dimorfismo sexual. (WEINECK, 1999) . Nos
meninos o ganho de massa muscular é visível
e melhora da capacidade muscular sob anaerobiose.
Em crianças pequenas e lactantes a capacidade para atividade
anaeróbica é muito restrita, por isso estímulos que promovam
uma grande descarga de lactato não devem ser enfatizados durante a infância.
Em oposição, as crianças apresentam uma grande capacidade
para o metabolismo oxidativo, possibilitando a utilização dos ácidos
graxos livres mais rapidamente, poupando suas reservas de glicose.
De acordo com OLIVEIRA (1999) o trabalho com crianças
requer paciência, incentivo, motivação e criatividade constante,
pois se sabe que existe uma preferência por esportes com bola e coletivos.
Modalidade de atividades:
após ter detectado que
a fase de aprendizagem motora na qual a criança
se encontra, determinar quais serão as atividades
mais recomendadas. De uma maneira geral temos que descobrir
quais as atividades físicas que a criança
mais gosta e se for obesa tentar junto com os pais reduzir
as atividades sedentárias que realiza, trabalhar
a auto-estima e a
imagem corporal:
- 6 a 10 anos: atividades
que envolvam as qualidades físicas básicas - coordenação,
equilíbrio, agilidade e ritmo;
- 11
a 14 anos: experiência e iniciação
com várias modalidades esportivas;
- acima
de 15 anos: atividades esportivas, musculação,
trabalhos cardiovasculares, exercícios corretivos,
alongamentos, atividades na piscina.
Reavaliação física:
-dependerá do objetivo principal. Deve-se reavaliar todas as variáveis
bimestralmente;
-avaliar a assiduidade do aluno.
O
trabalho de força:
De acordo com FLECK & KRAEMER (1999) o treinamento de meninos
e meninas pré-púberes pode causar aumentos significativos em força
muscular. Embora este tema seja controverso, ultimamente, graças a vários
estudos e pesquisas têm-se deixado de lado a idéia de que não
ocorrem ganhos em força muscular a partir do treinamento de força
em crianças devido à imaturidade do sistema hormonal. Esta idéia
tem sido refugada, pois se acredita que não há ganho em força
ou hipertrofia muscular quando os programas de treinamento de força são
mal planejados. Já com um bom treinamento, além de ocorrer ganhos
em força, muitos estudos confirmam que não ocorrem lesões
devido ao programa de treinamento com crianças.
Vantagens do treinamento
de força para crianças
e adolescentes:
1) treinamento de forças desempenha um importante papel na formação
corporal geral, ou seja, melhora de problemas posturais gerais;
2) complementação do treinamento esportivo, já que pode
haver um
desequilíbrio funcional prejudicando o desempenho e ocasionando lesões
musculares em um treinamento esportivo muito específico.
3) Um bom programa de força para crianças, há uma melhoria
da movimentação em todas as modalidades esportivas. O aumento
da força torna o movimento mais dinâmico, fluentes e precisos.
(WEINECK,1999)
4)Aumento da força muscular que não só melhora a capacidade
funcional da criança como também protege as articulações
pelas quais estes músculos passam protegendo-os de lesões.
Objetivos
do treinamento de força para crianças
e adolescentes :
- Aumento
da resistência muscular
- Diminuição
das lesões relacionadas com o esporte e atividades
recreacionais
- Melhoria
da performance no esporte e atividades recreacionais
- Melhoria
da coordenação muscular
- Manutenção
de aumento da flexibilidade
- Melhor
controle postural
- Aumento
da densidade óssea
- Aumento
do condicionamento físico
- Melhoria
da composição corporal
- Aumento
das condições bioquímicas
Perigos do treinamento
de força para crianças
e adolescentes, segundo CAMPOS (2000) são:
- Fraturas
no disco epifisário - mais comum de acontecer pela
execução de movimentos acima da cabeça
e com cargas próximas da capacidade máxima
da criança. Na fase de crescimento o disco epifisário
não é ossificado e assim não possui
a mesma capacidade de suportar os estresses mecânicos
impostos sobre o osso. A melhor maneira de prevenir estas
lesões seria não utilizar os exercícios
com movimentos acima da cabeça durante a fase de
crescimento e não elevar demais as sobrecargas;
- Fraturas ósseas
- na fase do crescimento, há maior suscetibilidade
de fraturas entre 12 a 14 anos em meninos e 10 a 13 anos
para meninas. As sobrecargas altas nesta fase aumentam
o risco de fraturas;
- Distensões
musculares - muito comum entre crianças que praticam
musculação. Para preveni-las deve-se sempre
fazer alongamento e aquecimento prévio e não
tentar levantar uma sobrecarga muito alta para um dado
número de repetições.
- Lesões
causadas por desequilíbrio muscular - o desequilíbrio
de forças entre os pares de músculos antagônicos
de uma articulação afeta sua integridade,
principalmente na fase de crescimento. Um programa de musculação
equilibrada, com a mesma proporção de estímulos
entre os músculos antagônicos e agônicos
e a execução de alongamentos, é a
melhor maneira de evitar o problema.
De acordo com JUNIOR (1998) o fator negativo da musculação
para crianças são os traumas-que podem prejudicar as articulações
e ossos. Mas, ele ressalta que estes traumas aparecem com maior freqüência
em outras modalidades esportivas que na musculação e os traumas
ocorridos em sala de musculação, quando o programa é bem
orientado são insignificantes.
Montagem do programa
De acordo com JUNIOR (1998) a montagem de um programa de musculação
para crianças deve ter os seguintes aspectos: na montagem da série,
deve-se optar por exercícios globais, evitando-se exercícios unilaterais,
respeitando intervalos e períodos de recuperação mais prolongados
do que para os adultos. O tipo de força a ser treinado é a RML.
- Tempo:
20-30 min (adaptação) 20-40 (adaptados)
- Freqüência:
3-4 x por semana
- Média
de séries e repetições: 1 e 2 (adaptação)
e 3 e 4 (adaptados) x 15- 20 (adaptação)
e 10-15 rep (adaptados)
Devem ser evoluídos com o tempo de crescimento da criança. Treinamento
de músculos antagônicos e agônicos, direito e esquerdo,
superiores e inferiores. Deve conter aquecimento e alongamentos no início
da sessão . Exercícios aeróbios para complementar o programa
de força. Primeiro os grandes grupos musculares e depois os pequenos
e finalizar com a volta à calma.
Devem ser levados em conta para o treinamento:
- A idade
- Nível de condicionamento
- Coordenação
- Experiência
BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, Mauricio de Arruda. Musculação: Diabéticos, Osteoporóticos,
Idosos,
Crianças, Obesos. Rio de Janeiro: Ed. Sprint, 2000.
FLECK, Steven J. & KRAEMER, William J. Fundamentos do Treinamento de
Força Muscular, 2ª ed. Porto Alegre: Ed. Artemed, 1999.
GUEDES, Dilmar. - Personal Training na Musculação.1ª ed.
Rio de Janeiro: Ed.
Sprint, 2000.
OLIVEIRA, Roberto César de - Personal Training - Uma Abordagem
Metodológica. - Ed Atheneu, 1998.
WEINECK, Jürgen. - Treinamento Ideal. 9ª Ed. São Paulo: Ed.
Manole, 1999.
WEINECK, Jürgen. - Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed.
Manole, 1991.
Diana
Primo - Licenciada em Educação Física pela UFMG -
Pós-graduanda em Musculação pela UVA - RJ