IDOSOS
A VELHICE SEGUNDO FREUD AMPARADA PELA
EDUCAÇÃO
FÍSICA GERONTOLÓGICA
Profª.
Ms. Érica Verderi
"Meus 70 anos me ensinaram a aceitar a vida com alegre
humildade". Freud, o grande explorador das profundezas da alma. Não
existe outro mortal que, como Freud, tenha estado tão próximo de
encontrar uma explicação para o insondável mistério
do comportamento humano.
"Ao tornarem a vida impossível, conforme envelhecemos,
os deuses estão mostrando compaixão. Afinal, a morte nos parece
menos intolerante do que as múltiplas cargas que suportamos".
Freud não admite que o destino o trate com especial dureza. E ao mesmo
tempo ele diz. "Por que deveria esperar um tratamento especial? A velhice
chega para todos. Não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, vivi
70 anos, sempre tive o suficiente para comer. Desfrutei de muitas coisas, da
camaradagem de minha mulher, de meus filhos, do pôr-do-sol.
De vez em quando tenho a satisfação de apertar
uma mão amiga. Em algumas ocasiões encontrei seres humanos que
quase chegaram a me compreender. Que mais se pode pedir?"
Freud alcançou a fama, seu trabalho influenciou a literatura de todos
os países.
No entanto, ele dizia que, "a fama nos chega depois da
morte e francamente, o que ocorrer depois da minha, não me preocupa. Não
desejo a glória póstuma".
"Minha velhice não é uma carga muito pesada.
Meu trabalho ainda me dá prazer. Me satisfaz saber que a eterna moléstia
de viver chega finalmente ao fim. Nossa vida é composta necessariamente
de uma série de compromissos. É uma luta sem fim entre o ego e
o seu entorno.
O desejo de prolongar a vida além da natureza me parece
absurdo. Não há razão para desejarmos viver mais tempo,
mas são muitos os motivos para que queiramos fazê-lo com a menor
quantidade possível de incômodos.
Eu sou razoavelmente feliz, porque agradeço a ausência
de dor e desfruto dos pequenos prazeres da vida, da presença de meus filhos
e das minhas flores. É possível que a própria morte não
seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque
desejamos morrer. Os desejos da morte e da vida convivem em nosso interior.
Biologicamente, cada ser vivo, por mais forte que arda nele o fogo da vida,
tende ao nirvana, deseja que a febre chamada vida, chegue ao fim. Podemos jogar
com a idéia de que a morte nos alcança porque a desejamos. Talvez
pudéssemos vencer a morte, se não fosse pelo aliado que ela tem
dentro de nós.
Algumas vezes me pergunto se não seríamos mais felizes sabendo
menos dos processos que dão forma aos nossos pensamentos
e emoções ".
Refletindo nestas afirmações, acredito que podemos
identificar muitos personagens em nossa sala de aula que apresentam características
similares aos pensamentos de Freud.
Há os que esperam a morte chegar para alívio
das múltiplas cargas que suportam.
Há os que não admitem que o destino os trate
com especial dureza.
Há os que simplesmente esperam, afinal, a velhice chega
para todos.
Há os satisfeitos - Sempre tive o suficiente.
Há os insatisfeitos que não tiveram a satisfação
de apertar uma mão amiga.
Há os que alcançaram fama e os que não.
Há os que ainda trabalham. Há os aposentados.
Há os que desejam a glória póstuma. Há os
que não sabem o que é isto.
Há os que tiveram uma vida cheia de compromissos e não
viram o pôr-do-sol.
Há os que lutam para prolongar a vida além da
natureza.
No entanto, há os que querem prolongar a vida, mas com
a menor quantidade possível de incômodos.
Há os que são razoavelmente felizes. Não
possuem dor e desfrutam de pequenos prazeres da vida. Os conformados.
Há os que vão morrer porque desejam morrer.
Há os que vão morrer porque nascemos para morrer,
caminham ao nirvana.
Neste contexto, os parâmetros que norteiam a Educação
Física Gerontológica nos tornam responsáveis em nosso compromisso
diário com eles, estimulando o preenchimento das lacunas em cada posicionamento
da velhice.
Podemos concordar com Freud em algumas considerações
- a morte é biológica. Mas nossa ideologia não considera
a morte um suicídio encoberto.
Nas considerações freudianas sobre sua velhice
podemos identificar vários mistérios do comportamento humano das
pessoas quando envelhecem.
Certa de que encontramos todos estes personagens em cada um
de nossos alunos, a Educação Física Gerontológica
deve assumir o compromisso de atender esses personagens em seus anseios, necessidades
físicas, cognitivas, afetivas, sociais e mostrar a cada um deles que a
vida pode parecer menos intolerante e o destino pode lhe trazer um tratamento
especial.
Talvez possa estar sendo ousada, mas se Freud conhecesse os
princípios da Educação Física Gerontológica,
talvez olhasse a velhice por um prisma mais agradável e não pensasse
que a eterna moléstia de viver chega finalmente ao fim.
A EFG acredita no trabalho corporal como o estímulo
da mente, o relaxamento e aprimoramento. Nesta ênfase do corpo com cada
personagem nos trabalhos diários, trazer-lhes o equilíbrio do corpo
e da mente.
Neste ensaio, consideremos Freud na descoberta da personalidade
de nossos alunos e a E.F.G. como o equilíbrio da vida e da morte.
E em nossos encontros, façamos que eles vivam plenamente
enquanto a morte não chega.