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Ter, 31/7/12 21:11

Prevenção do Risco de Quedas do Idoso: O papel da Estabilidade Articular e dos Exercícios Físicos

Preventing the Risk of Falls in the Elderly: The Role of Joint Stability and Physical Exercise


Consultor CDOF: Rodolfo de Azevedo Raiol¹
Paloma Aguiar Ferreira da Silva Raiol ²

Data de Publicação:
30/07/2012

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RESUMO
    O declínio das capacidades funcionais com o envelhecimento põe em risco a saúde dos idosos, pois o corpo humano fica mais sujeito a falhas de seus sistemas e estruturas. O aumento instabilidade articular tem sido relacionado com o aumento no risco de quedas dos idosos. O objetivo desse estudo de revisão foi identificar os fatores que levam ao aumento da instabilidade articular e o papel dos exercícios físicos na minimização do risco de quedas em decorrência da instabilidade articular. O estudo concluiu que a prática de exercícios físicos, especialmente exercícios resistidos, tem papel fundamental na diminuição do risco de quedas dos idosos, pois esse tipo de treinamento minimiza o declínio das qualidades físicas principais que estabilização as articulações: Força e Flexibilidade.
Palavras - chave: Envelhecimento, quedas, estabilidade articular, exercício físico

ABSTRACT
    The decline of functional abilities with aging threatens the health of older people because the human body is more prone to failure of its systems and structures. The increased joint instability has been associated with increased risk of falls among the elderly. The aim of this review study was to identify the factors that lead to increased joint instability and the role of exercise in reducing the risk of falls due to the instability. The study concluded that physical exercise, especially resistance training, has a fundamental role in reducing the risk of falls among the elderly, because this type of training minimizes the decline of physical qualities main stabilizing joints: Strength and Flexibility.
Keyworks: Aging, falls, joint stability, physical exercise


INTRODUÇÃO
    Os recentes avanços científicos e tecnológicos têm proporcionado uma melhor qualidade de vida à população mundial, esses avanços se dão em vários âmbitos: medicina, transporte, segurança, velocidade de informações entre outros. Esses avanços proporcionam um aumento da expectativa da média de vida da população em geral (DESCHENES, 2004)
    Dessa forma, a população idosa vem crescendo rapidamente em todo o mundo (TEIXEIRA; OLIVEIRA; DIAS, 2006). Na Europa, entre os anos de 1960 e 2001 houve um incremento de 140% na população idosa (DECP, 2002). No Brasil, se estima que o número de idosos chegará a 32 milhões em 2020 (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003).
    Entretanto o processo de envelhecimento é marcado por diversas alterações nas capacidades funcionais do ser humano como também em seus sistemas, essas alterações deixam o organismo humano mais suscetível a falhas nos seus mecanismos de equilíbrio e estabilidade gerando um considerável aumento do risco de quedas com o envelhecimento (RIBEIRO et al, 2009).
    No ano de 2005, ocorreram mais de 60 mil internações no Brasil devido a quedas sofridas pelos idosos, esse número corresponde a quase 3% das internações de idosos no país. Vale ressaltar que esses números de quedas registradas são apenas de quedas graves que necessitaram de internação, ou seja, ocorreram diversas outras quedas que não foram registradas, pois não necessitaram de internação (pequenas fraturas, por exemplo) ou que o idoso não procurou o sistema de saúde (RIBEIRO et al, 2008).
    Uma das maiores causas das quedas em idosos é diminuição da estabilidade articular com o passar da idade devido a falhas no sistema neuromuscular (Aquino et al, 2004) Dessa forma, os exercícios físicos podem ter um papel relevante na redução do risco de quedas, pois sua prática poderá gerar melhorias no sistema neuromuscular (ACSM, 2003).
    A sociedade e o governo têm procurado se mobilizar para tentar diminuir o risco de quedas nos idosos através de campanhas de acessibilidade e de incentivo a obtenção de hábitos saudáveis por parte dos idosos, afinal, o risco de quedas é um problema de saúde pública devido à elevada freqüência e aos altos custos sociais de tratamento devido às morbidades resultantes das quedas (FABRÍCIO, RODRIGUES; COSTA JÚNIOR, 2004).
    O presente estudo teve como objetivo verificar a importância da estabilidade articular no processo das quedas em idosos, além disso, analisar a magnitude dos exercícios físicos no processo de melhoria da estabilidade articular e conseqüente prevenção das quedas.

REVISÃO DE LITERATURA

Envelhecimento e as Quedas
    O Envelhecimento é conceituado como um processo não apenas de ordem cronológica, pois sua caracterização depende da alteração de mecanismos fisiológicos que provocam redução da capacidade funcional e, com o agravamento dessa redução, possível morte do indivíduo. Esse Processo poderá vir acompanhado de problemas de ordem física e de ordem mental. (VIEIRA, 2007).
    O declínio dessas capacidades funcionais resulta em alterações neuromusculares que repercutem negativamente no equilíbrio e mobilidade dos idosos contribuindo para o aumento do risco de quedas (RIBEIRO et al, 2009)
    A Queda é um evento acidental que resulta na mudança de posição do corpo do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição de origem com incapacidade de evitar ou corrigir a mudança de posição em tempo hábil (GONÇALVES et al, 2008, SANTOS; ANDRADE, 2005).
    Com o aumento da idade o idoso fica mais propenso a sofrer quedas. Cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano (LAJOIE; GALLAGHER, 2004, SABICK et al, 1999). As causas da queda podem estar associadas a fatores intrínsecos, que são as alterações fisiológicas ligadas ao envelhecimento como a instabilidade articular, ou a fatores extrínsecos, que são as influências do meio ambiente em que o idoso vive (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JUNIOR, 2004).
    As quedas apresentam impactos na vida do idoso, elas podem causar deterioração funcional, morbidade, internações, incapacidades, dores, fraturas, problemas psicológicos dentre outros (MASUD; MORRIS, 2001).
    A estabilidade corporal depende da integração do sistema nervoso e musculoesquelético e dos componentes sensoriais e cognitivos, porém com o passar da idade e aumento do sedentarismo essa integração pode começar a falhar, deixando o corpo suscetível a quedas (PEREIRA et al, 2001).

Estabilidade Articular
    Estudos demonstram que 32% das quedas em idosos estão relacionadas a instabilidade articular ou problemas com equilíbrio (KIRKWOOD; ARAÚJO; DIAS, 2006).
    A estabilidade articular é um requisito fundamental para que o idoso desenvolva as tarefas da vida diária e mantenha sua autonomia (ALENCAR; ROLLA; FONSECA, 2006). A estabilidade articular pode ser definida como a habilidade do sistema retornar a posição de equilíbrio após uma breve interferência ou de resistir a essa interferência (LEE; ROGERS; GRANATA, 2006). A estabilidade articular está diretamente relacionada à rigidez articular, que é definida como a capacidade de uma articulação resistir à interferência externa ou a deslocamentos angulares (HAUPENTHAL et al, 2009, HOLT; OBUSEK; FONSECA, 1996).
    A estabilidade articular resulta da capacidade motora em controlar os complexos que atuam sobre a articulação proporcionando segurança a mesma, sejam eles ativos (neuromusculares) ou passivos (materiais que compõem a articulação). O resultado desse efeito é uma estabilidade aumentada por parte do idoso no momento que este realizará suas atividades ou tarefas (ABRANTES, 2007, ABRANTES, 2006).
    Existem dois tipos de estabilidade articular: estabilidade mecânica e estabilidade funcional. A estabilidade mecânica se refere ao grau de frouxidão da articulação ou estabilidade passiva, quanto maior for o grau de frouxidão da articulação maior será o risco de quedas por parte do idoso. Já a estabilidade funcional se refere à condição na qual a articulação é estável durante a prática de atividade física. Portanto a estabilidade mecânica refere-se ao corpo sem movimento e a estabilidade funcional ao corpo durante o movimento (WILLIANS et al, 2001, JOHANSSON; SJOLANDER; SOJKA, 1991).
    Ao realizar suas atividades da vida diária ou qualquer tarefa específica o idoso necessita ter as articulações de maneira estável, para isso essas articulações devem apresentar uma boa rigidez dinâmica, que é a propriedade mecânica que quantifica as forças externas exercidas sobre as articulações independentemente se esses estímulos forem voluntários ou involuntários. A rigidez dinâmica é composta por todas as estruturas que compõem as articulações ou estão em suas adjacências como a pele, músculos, tendões, ligamentos, cartilagens... (ABRANTES, 2007).

Estabilidade Articular e os Exercícios Físicos
    A estabilidade articular é um requisito fundamental na execução das atividades da vida diária. A presença neural nas estruturas articulares, bem como nos ligamentos, músculos e tendões está relacionada com o mecanismo de propriocepção e estabilização corporal, assim os exercícios físicos tem papel decisivo na estabilidade articular justamente por estimularem esses mecanismos de propriocepção e estabilização corporal. (AQUINO et al, 2004).
    Como a prática de exercícios físicos promove a melhora da estabilidade articular e do equilíbrio, ocorre redução considerável do risco de quedas em idosos (RIBEIRO et al, 2009). Isso se deve pelo fato do exercício físico proporcionar ao seu praticante aumento da massa corporal magra, da força muscular, da flexibilidade e coordenação (MAZZEO et al, 1998), sendo que esses benefícios proporcionados pelo exercício físico ao praticante são exemplos de qualidades físicas que sofrem declínio com a idade e aumentam a instabilidade articular e conseqüente aumento no risco de quedas (VIEIRA, 2007).
    Duas dessas qualidades físicas têm fundamental importância na manutenção da estabilidade articular do idoso, são elas: Força e Flexibilidade (VALE; NOVAES; DANTAS, 2005). Assim, na prescrição de exercícios físicos visando a melhora da estabilidade articular e, conseqüente, redução do risco de quedas, torna-se importante prescrever exercícios que proporcionem melhora considerável dessas duas qualidade físicas.
    Os exercícios resistidos (Musculação) são o tipo de exercício físico mais indicado para a prevenção de quedas em idosos, pois esse tipo de exercício consegue promover melhorar tanto na força quanto na flexibilidade em grande proporção diferentemente dos exercícios aeróbicos que promovem melhoras muito mais discretas na força e flexibilidade e tendem a se estagnar com o passar dos treinamentos (ACSM, 2003).
    Dessa forma, é recomendado que os exercícios físicos, preferencialmente os exercícios resistidos, sejam gradualmente inseridos em programas de redução do risco de quedas em Idosos, esses exercícios devem primeiramente fortalecer as estruturas articulares e posteriormente treinar mais especificamente os mecanismos proprioceptores através de exercícios coordenativos (DOURIS et al, 2003).

CONCLUSÃO
    Através dessa revisão de literatura foi possível constatar que a pouca estabilidade articular está fortemente relacionada com o aumento do risco de quedas em idosos. Isso ocorre em decorrência do envelhecimento e do sedentarismo, pois as estruturas que compõem as articulações como músculos, tendões e ligamentos tendem a perder a sua rigidez dinâmica e assim deixar articulação vulnerável a fatores externos.
    As quedas podem deixar seqüelas graves nos idosos que as sofrem, desde fraturas até a morte, entretanto, o mais comum é que eles sofram deterioração de sua capacidade funcional e de sua autonomia em realizar as tarefas da vida diária em decorrência das quedas.
    As qualidades físicas mais importantes na prevenção das quedas em idosos são a Força e a Flexibilidade, assim na prescrição do programa de exercícios Físicos faz-se importante que sejam conduzidos exercícios que promovam grandes melhoras nessas duas qualidades físicas, sendo os exercícios resistidos os mais indicados para tal.
    Assim a prática de exercícios físicos, principalmente os resistidos, se torna uma condição indispensável para o idoso que deseje diminuir o risco de quedas e conseqüentemente ter uma melhor capacidade funcional. Os exercícios físicos reforçam as estruturas que compõem as articulações melhorando a sua rigidez dinâmica e, logo, otimizando a estabilidade articular.
    Na progressão dos exercícios físicos para melhorar a estabilidade articular deve-se iniciar por exercícios que visem fortalecer as estruturas que compõem a articulação, posteriormente, devem ser inserido exercícios que coordenativos com o intuito de melhorar os mecanismos de propriocepção das articulações,
    Dessa forma, fica clara a importância de políticas públicas de oportunização e incentivo a prática de exercícios físicos pelos idosos para melhorar a estabilidade articular reduzindo assim o número de quedas dos mesmos. Isso representará uma melhoria da qualidade de vida dos idosos e uma economia substancial aos cofres públicos com gastos em internações e tratamento de idosos em decorrência de quedas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fonte: REVISTA PESQUISA EM SAÚDE

    
¹ Programa de Mestrado em Educação Física (ULHT - Lisboa/PT)
Coordenador de Educação Física do Colégio Ipiranga
Supervisor Técnico da academia do clube Assembléia Paraense

² Programa de Mestrado em Educação Física (ULHT - Lisboa/PT)
Professora da academia Pelé Club
Professora da academia Equilibrium

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Rodolfo de Azevedo Raiol
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