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Sáb, 17/1/09 9:59

IDOSOS

A Questão da Socialização

   A atual sociedade brasileira é eivada de tabus e preconceitos que dificultam a participação dos “indivíduos envelhecidos”, de forma integral, nas atividades sociais, profissionais, físicas e de lazer.
   Na luta que travamos pela valorização dos gerontes, sem assistencialismos ou paternalismos, devemos partir em busca de instrumentos que possam provocar a vontade de lutar, o desejo de viver melhor, de exercer sua cidadania plena, provando que tudo isso é possível.
    Com o envelhecimento, é comum o indivíduo sentir-se só. Porém esse fato tem origem cultural. Na Europa, enquanto o geronte é visto como experiente e sábio, bagagem essa acumulada no decorrer dos anos (experiência adquirida), aqui no Brasil, ocorre justamente ao contrário, sendo essa população rotulada como incapaz, inútil e “esclerosada”, ou seja, o geronte é freqüentemente visto como uma verdadeira “mala sem alça” e seus familiares optam por abandona-los a “própria sorte”.
   Existia no início do século passado e ainda existe, uma falsa idéia sobre o envelhecimento. Era e ainda é considerado por muitos, como algo ruim, algo doentio, limitando as possibilidades do indivíduo exercer um papel na sociedade menor, que é a família; e na sociedade maior, que é o espaço profissional.
   Para isso, foram criados no fim do século XIX e início do século XX, lugares para os familiares deixarem seus gerontes. Lugares esses, que tiveram diferentes nomes, desde asilos, abrigos para velhos. E muitos gerontes eram levados para esses lugares para esperar a morte chegar. No entanto, muitas vezes a morte demorava, porque os indivíduos eram deixados lá por estarem envelhecendo, mas não estavam tão doentes ou tão comprometidos.
   E nesses locais, principalmente na Inglaterra, passaram atuar diversos profissionais que perceberam que havia indivíduos que poderiam ser resgatados para a vida, para a família e para a própria sociedade, desde que fossem submetidos a orientações e tratamentos mais específicos.
   A partir daí, foram surgindo serviços ambulatoriais para o envelhecimento, com a participação de médicos que foram se direcionando para o conhecimento e acompanhamento do envelhecimento (os Geriatras) e por outros profissionais que também fizeram a sua área de aplicação no envelhecimento para benefício desta parte da sociedade, e que passaram a ser chamados de Gerontólogos.
   Faz-se muito importante esta consideração, pois o Brasil, passou muito rapidamente, de uma situação de país muito jovem para um país de cabelos brancos, necessitando cada vez mais deste atendimento e que hoje, sensivelmente cresce.
   À medida que o país vai ficando mais velho e as pessoas vão durando mais tempo é preciso crescer a idéia de que, o envelhecimento não é uma doença, mas um tempo de fragilidade, de maior fragilização, propiciando alguns declínios nas funções corporais e possibilitando o aparecimento de doenças.
   Novos conceitos então, devem ser incorporados a essa nova fase da vida pensando no envelhecimento como um processo dinâmico, uma fase em que os indivíduos possam manter uma boa qualidade de vida participando de grupos sociais e até manterem-se ativos em suas profissões.
   Diversos estudos realizados nos últimos anos, têm demonstrado que a longevidade depende de uma combinação de fatores. Entretanto, ressalta-se que as variáveis no relacionamento social e psicológico , prognosticam a longevidade com maior precisão que as variáveis biológicas. A permanência em grupos sociais e um estilo de vida mais ativo, com certeza estará influenciando para um envelhecimento biológico mais saudável, assim como favorecendo um menor aparecimento das doenças.
   Com a mudança de paradigmas em relação ao envelhecimento, os termos velho, velhinho, vovozinho e vovozinha, cujo sentido ficou pejorativo, devido ao mau uso, cederam lugar a termos novos - terceira idade, mais vividos, melhor idade, idosos. No entanto, alguns especialistas preferem outros termos - envelhecentes / gerontes. Termos estes, considerados mais coerentes e mais adequados ao estado do indivíduo que se encontra nesta nova etapa da vida. Martinez já em 1997, relatava que a expressão “terceira idade”, não indica, muitas vezes, a qual segmento etário está se referindo.
   Devemos orientar nossos gerontes que, essa nova etapa da vida, não é para se viver de reminiscências, morrendo de saudades e lamentando o que se deixou de fazer. Mas é um período para se aproveitar junto com os filhos ou netos, revivendo com eles as emoções de cada momento novo de suas vidas.
   A aposentadoria. Em muitos casos, ela contribui para um sentimento de inutilidade, freqüentemente observado no geronte, pois muitas vezes, ele fica em casa sem ter o que fazer e também sem as amizades naturais do ambiente de trabalho, tornando-se assim carente de amizades e elogios. Quando começa a aposentadoria e as circunstâncias se modificam; afastamento do emprego, a diminuição das responsabilidades e a mudança da rotina de vida, as pessoas passam a perder contato com os papéis e atividades sociais anteriores, promovendo uma desarmonia no psicológico e como conseqüência, no organismo como um todo, de forma decisiva.
   Embora os fatores fisiológicos e as doenças associadas à aposentadoria empeçam que muitos gerontes participem de programas de condicionamento físico e/ou outras atividades, são os desequilíbrios nos aspectos psicológicos e sociais que levam a maior parte dos gerontes a uma vida inativa.
   Infelizmente, na atual estrutura sócio-econômica do mundo ocidental, o consumo desenfreado é valorizado por uma massacrante “lavagem cerebral” conduzido pela mídia e pelo marketing, capazes de modificar valores e deformar consciências. Para aumentar as vendas, o “novo” é apresentado como a solução de todos os problemas, a satisfação de todas as carências e necessidades, o detentor do carisma, do status, da qualidade. Possuir “o novo” é o que realmente interessa.
   Por fim, os inputs que o geronte receberá da sociedade são determinados pelo desinteresse que o mercado de trabalho tem para com ele e pela segregação a que é relegado, em se tratando de lazer ou outra atividade social (haja vista a carga pejorativa que a expressão “programa de velho”, possui).
   Assim, não fica difícil de se entender a desvalorização da auto-imagem do geronte, o menosprezo por sua capacidade e com os preconceitos sociais que procuram lhe ditar parâmetros de comportamento, em termos de sexo, amor, atitudes e modo de se vestir.
   Via de regra, quando se recebe um geronte num programa para a terceira idade, ele trará, junto a sua carência afetiva, a frustração com o desinteresse das pessoas e a segregação social que sofre. Basta um mínimo de atenção sincera e uma pitada de carinho genuíno para se conseguir um indivíduo motivado, interessado e extremamente participativo.
   Devemos ser formadores de opiniões, opiniões da própria sociedade, a respeito do envelhecimento como uma fase natural da vida e não como envelhecimento como um processo imprestável, algo ruim, que não tem o que fazer. Necessitamos sensibilizar a mentalidade vigente em relação ao indivíduo que envelhece e aos conceitos do que é o envelhecimento.
   E a partir daí, ter a certeza que, a melhor idade, é onde cada um se situa. É aquela fase da vida onde conspiramos com nós mesmos e acreditamos que... “não é o mais FORTE, nem o mais INTELIGENTE que sobrevive, mas o que melhor se adequar às MUDANÇAS”.

Autor: Charles Darwin
Sugestão enviada por: Profª Ms. Érica Verderi
 

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