GINÁSTICA LABORAL
Mochila = Dor nas costas
A
dor nas costas é responsável
por 88% das queixas dos pacientes.
Shruti era apenas mais uma aluna de 6° grau em Houston, Texas, Estados
Unidos. Quando começou a sofrer de dor nas costas, ela achou que a
culpada era a mochila que carregava. Confirmou que mais de 50% de seus colegas
também sofriam por carregar mochilas, instrumentos musicais, etc.
Ela transformou sua pesquisa num projeto para a Feira de Ciências,
e ampliando-o chegou a levá-lo a nível internacional. Apresentou
os resultados em congressos profissionais e em publicações,
iniciando uma campanha de saúde pública. Tudo isso em menos
de 5 anos.
Ativista
de Saúde Pública
A campanha de Shruti, em plena atividade, movimentou não
só os estudantes, mas as escolas, os fabricantes de textos escolares,
os criadores de políticas ambientais, os médicos e naturalmente,
os pais.
Shruti recomenda que os estudantes não carreguem mais
do que 10% de seu próprio peso nas costas e que o façam adequadamente.
A maneira correta inclui usar as duas correias, nunca só uma correia sobre
um ombro, e distribuindo o peso dentro da mochila de forma que os itens mais
pesados estejam no fundo e próximos ao corpo. Ela sugere que deve se usar
um carrinho com rodas em lugar da mochila. Também avisa que, se possível,
deve-se ter um segundo conjunto de livros de texto, um segundo instrumento musical
e um segundo equipo de ginástica na escola para evitar o transporte. De
fato ela preferiria usar um carrinho mas não pode porque não cabe
nos armários da escola.
De acordo com Shruti, os pediatras deveriam alertar a todos
seus pacientes, não somente aqueles com dor nas costas, sobre os riscos
de carregar mochilas pesadas. Os problemas de dor nas costas começam com
crianças pequenas e tanto as crianças como os problemas continuam
crescendo. Um estudo na Finlândia de 1000 garotos e garotas indica que
na idade de 7 anos, 1% já têm problemas nas costas e com 10 anos
já sobe para 6%.
Shruti sugeriu idéias para os fabricantes de textos
escolares mudando os livros para papel mais leve, evitando as capas duras, ou
melhor ainda, mudar o formato dos textos para o de pastas de 3 anéis,
de forma que os estudantes só precisem levar para aula aquelas páginas
que interessam, ou até colocar os livros online na Internet ou em CD-ROMs.
Como um meio de descobrir qual seria o peso ideal a ser carregado
por cada estudante, Shruti projetou um Plano de Seleção Preventivo para
as escolas similar aos usados para visão, audição e escoliose.
A máxima carga confortável para cada estudante, seria determinada
anualmente com uma série de mochilas pré-carregadas começando
com 1 kg., com acréscimos de 0,5 kg. A primeira mochila que machuca determinada
pela escala de dor de Borg terminaria o teste. A mochila a carregar seria esse
valor menos 0,5 kg. A escala de Borg pede para classificar a dor como muito fraca,
moderada e máxima absoluta e também quantificar a dor numa escala
de 1 a 10. Sruti nota que a escala é só semi-quantitativa, porque
a dor é subjetiva e difícil de medir. Minha dor é diferente
de tua dor ela diz e diferente de dor de outro.
As escolas, sugere Shruti, poderiam ajudar aos estudantes a
carregar menos livros por dia, fazendo aulas mais longas de menos matérias
cada dia. Algumas escolas até poderiam decidir que em lugar dos estudantes
mudar de sala, que sejamos os professores que mudem de sala para sala, evitando
aos estudantes o transporte dos livros dentro da escola.
Shruti tem enviado suas recomendações aos editores
dos jornais locais, e até o New York Times e o Washington Post, aos chefes
de enfermagem e de associações médicas pedindo de espalhar
as medidas. Ela tem escrito para quem determina as políticas de saúde
pública informando sobre suas pesquisas e pedindo que elas sejam transmitidas
por radio, advertindo sobre o risco das mochilas, providenciando às escolas
com recursos para salvar as costas de seus alunos e legislando para evitar que
a epidemia cresça. Ela tem enviado cartas até os níveis
federais e ao Cirurgião Geral dos Estados Unidos, ao Secretário
do Departamento de Saúde, ao Presidente Clinton e a parlamentares. Espero
que este problema seja conhecido no mundo inteiro, ela disse, e escreveu
também às Nações Unidas.
Shruti como Pesquisadora Global
Ela começou recrutando colegas na sua escola e depois
na Índia onde ela viajou para estudar violino Carnático e estudo
da voz. Ali também trabalhou nas escolas, onde recebeu muito apoio, e
os indianos foram muito hospitaleiros com ela.
Nos últimos dois anos ela publicou artigos em Ergonomics,
NackTalk, e o Journal of School Health. E já ganhou prêmios em Feiras
de Ciências e tem feito palestras na Associação Estatística
Americana, na Associação Ergonômica Internacional e na Associação
de Fatores Humanos e Engenharia.
Os mentores de Shruti vivem na sua própria casa, sua
mãe é médica e seu pai é engenheiro. Mas a idéia é dela. A
idéia apareceu porque era meu problema pessoal ela diz. Seus pais
a ajudam a formular as hipóteses, encontrar caminhos para seus estudos
analíticos e a preparar suas palestras para uma variedade de audiências.
As sofisticadas atividades de Shruti em saúde pública
se espelham nas suas igualmente polidas atividades na escola e nas artes. Ela
toca violino Carnático Indiano e violino clássico Ocidental, toca
para pacientes no hospital local e na Orquestra Sinfônica da Juventude
de Houston. Também pinta em pastel. Ainda como todas as garotas de sua
idade, ela adora sair com seus amigos, ir ao cinema e sair de camping.
Pioneira
de vista aguçada
Shruti tem se dedicado ao tema da dor nas costas que se estima
custa $50 bilhões de dólares por ano em tratamentos, compensações
e perda de produtividade afetando 6 milhões de pessoas só nos Estados
Unidos. Algumas lesões produzidas por mochilas escolares se alastram a
vida toda, deixando a pessoa vulnerável a novos problemas gerados por
problemas mecânicos, postura errada, sapatos de salto alto, hábito
errado de erguer objetos do chão, outras doenças e acidentes.
A literatura médica recomenda aos médicos que
tratam de crianças com dor nas costas, procurar primeiro por tumores e
infecções, depois por problemas emocionais e finalmente por lesões
esportivas como fonte da dor. Poucos artigos mencionam as mochilas. Mas as observações
de Shruti sugerem que os médicos deveriam seguir as importantes observações
de uma criança e colocar no topo da lista das possíveis origens
das dores nas costas às mochilas. Quando perguntada se ela pensa que pode mudar
o mundo com suas atividades e seus esforços para conscientizar às
pessoas ela responde sinceramente: Assim o espero.
O estudo atual de Shruti
Ela está fazendo um estudo sobre dor nas costas em crianças
com escoliose e procura alunos de 4° a 12° graus para participar deste
estudo. Shruti gostaria de entrar em contato com estudantes e médicos
a través de seu E-mail. E-mail (shrie@msn.com).
Referências Bibliográficas
1. Taimela S, Kujala UM, Salminen JJ, Viljanen T. A prevalencia da dor lombar
entre crianças e adolescentes. Uma pesquisa nacional em Finlândia,
baseada num questionário (cohort-based) Spine. 1997;22:1132-1136.
[Fulltext Link] [Medline Link]
2. Knapik JJ, Ang P, Meiselman H, et al. Desempenho do soldado em marcha
forçada
em estrada. Influência da carga e da sua distribuição Mil
Med. 1997;162:62-67.
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3. Negrini S, Carabalona R, Sibilla P. A mochila como uma carga diária
para as crianças na escola.
Lancet. 1999;354:1974. [Medline Link]
Sugestão
de:
Profª Ms. Érica Verderi - FEFISO/ACM
verderi@cy.com.br
Fonte: Oscar Goldszmidt - email: imperial@alginet.com.br
Retirado da Bireme, resumido e traduzido do American Journal of Public Health
Copyright (C) 2001 by the American Public Health Association, Inc.
Volume 91(1) January 2001 pp 16-19