A
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO
POSTURAL
Nossa postura pode ser definida
como a posição que nosso corpo adota
no espaço, bem como a relação
direta de suas partes com a linha do centro de gravidade.
Para que possamos estar em boa postura, é necessário
uma harmonia/equilíbrio do sistema neuromusculoesquelético.
Cada indivíduo apresenta características individuais
de postura que podem vir a ser influenciada por vários fatores: anomalias
congênitas e/ou adquiridas, má postura, obesidade, alimentação
inadequada, atividades físicas sem orientação e/ou inadequadas,
distúrbios respiratórios, desequilíbrios musculares, frouxidão
ligamentar e doenças psicossomáticas.
A boa postura é aquela que melhor ajusta nosso sistema
musculoesquelético, equilibrando e distribuindo todo o esforço
de nossas atividades diárias, favorecendo a menor sobrecarga em cada uma
de suas partes.
A avaliação postural se faz importante para que
possamos mensurar os desequilíbrios e adequarmos a melhor postura a cada
indivíduo, possibilitando a reestruturação completa de nossas
cadeias musculares e seus pocisionamentos no movimento e/ou na estática.
A partir deste procedimento, estaremos com certeza promovendo a prevenção
de muitos males causados inicialmente pela má postura, fruto de ausência
de controle e informação.
Para a avaliação postural podemos utilizar alguns
materiais para melhor avaliar os alunos/clientes submetidos ao programa de atividades
reeducativas:
a) Objetivos:- uso de radiografia (solicitada pelo médico
que acompanha o programa), fotografia.
b) Subjetivos:- uso do tato e da visão, observando o aluno de costas,
perfil direito, perfil esquerdo, frente e antero-flexão, à frente
do simetrógrafo. O aluno deverá estar em traje de banho, de maneira
a favorecer a visão do observador para uma melhor visualização
das alterações posturais.
Devemos observar nosso aluno globalmente como um todo, pois
um desequilíbrio postural jamais se apresenta de forma isolada, portanto,
devemos estabelecer critérios de adaptação morfológica
e funcional quanto ao equilíbrio e a coordenação dos movimentos
do corpo. Não importando o plano que estaremos analisando, devemos estar
associando sempre a linha de gravidade. Os segmentos que não estiverem
compatíveis com o eixo perpendicular ao solo estarão em desequilíbrios.
No plano sagital, devemos considerar o corpo como duas metades
simétricas anterior e posteriormente em relação à linha
da gravidade, esta deve passar anterior ao ouvido externo, face anterior da coluna
cervical, anterior a coluna dorsal, cruzar a coluna vertebral em L1, L2 e L3,
porção média do osso sacro, posteriormente a articulação
coxofemoral, posterior ao longo do eixo femural, nível médio da
articulação do joelho, cruze a tíbia em quase toda a extensão,
anterior a articulação do tornozelo, pela articulação
de Chopart (calcâneo-cubóide e talonavicular) e finalmente atinja
o solo.
Neste plano, estaremos observando se há acentuação
das curvaturas fisiológicas, joelhos em hiperextensão ou em semiflexão,
projeção dos ombros à frente, projeção da
cabeça à frente, proeminência abdominal, se ocorre anteversão
ou retroversão da pelve e se o corpo apresenta alguma rotação
para a direita ou para a esquerda .
Posteriormente, deveremos observar o nível da cintura
escapular e pélvica para verificar se há basculamento lateral.
Um ombro mais baixo que o outro e proeminências ósseas na escápula,
acusam um desnivelamento escapular. Pregas glúteas e triângulo de
Tales em desigualdade, acusam um desnivelamento da cintura pélvica. Observar
se há inclinação lateral da cabeça, existência
de pregas lombares, se tendão calcâneo estará valgo ou varo,
aproximação medial do joelho ou afastamento lateral dos joelhos.
No plano frontal, se há assimetria torácica,
assimetria facial e conferir as observações feitas posteriormente.
As verificações, citadas acima, são feitas
de forma estática, porém, devemos realizar um exame dinâmico,
para observar a marcha e como o corpo se comporta no momento de sua realização. É muito
importante que seu aluno não saiba que você estará observando-o
na marcha, pois isto poderá estar interferindo em uma marcha mais natural
e seu aluno acabar escondendo, mesmo que inconsciente algum problema que possa
estar iniciando.
Todas estas alterações posturais correspondem
ao desequilíbrio do sistema dinâmico e estático, muitas vezes
acarretando desconforto, algias e incapacidades funcionais
O padrão respiratório deverá ser avaliado
no plano sagital, classificando em apical ou diafragmático durante a respiração
normal e verificar se há hipertonicidade ou hipotonicidade através
da palpação muscular.
Atenção especial devemos dar ao ambiente escolar
onde encontramos crianças e adolescentes, desenvolvendo hábitos
posturais incorretos e praticando atividades físicas não compatíveis
com o seu desenvolvimento, quando na verdade deveriam estar num programa de exercícios
específicos individualizado. Neste caso, se faz muito importante a avaliação
postural para estarmos detectando os desequilíbrios posturais e estar
encaminhando nossos alunos para as atividades de maior benefício a cada
um sem oferecer riscos. Sem a avaliação podemos estar acentuando
os desequilíbrios na aplicação de atividades sem orientação.
É com base nesses fatos que vemos a escola como local
ideal para atuação do profissional de Educação Física
não só, para jogos, esportes, dança e recreação.
Mas também, atuando na educação postural dos alunos prevenindo
e orientando os desequilíbrios posturais. Afinal, é na escola que
encontramos o maior número de crianças reunidas, e onde podendo
aplicar os recursos disponíveis em nossa formação, informando
pais e alunos da importância de melhores posicionamentos da postura, prevenir
desequilíbrios, diagnosticar precocemente, e orientar com eficiência,
a fim de combater o aparecimento e desenvolvimento de alterações
posturais.
Como sugestão, na avaliação física
dispor de uma ficha de avaliação individual, fita métrica
e simetrógrafo. Esta ficha pode conter um formulário de Anamnese
contendo informações do histórico da criança, e um
quadro para anotar as observações realizadas na visão anterior,
posterior e sagital. Pode-se verificar a critério, a flexibilidade, condição
muscular e o equilíbrio.
Estudos realizados em uma escola pública do Estado de
São Paulo - em crianças de 9 a 12 anos, no ano de 1996, pudemos
mensurar estes resultados: de 100 crianças avaliadas, 80% apresentaram
alterações posturais. A escoliose foi encontrada em 30% dos resultados
(2% escoliose estrutural - desse resultado, 52% convexa à direita, 22%
convexa à esquerda e 26% escoliose mista), 19% apresentavam hiperlordose
associada a escoliose, 22% hipercifose associada a escoliose. A hiperlordose
encontramos em 16%, a hipercifose em 10% e, representando 18% encontramos desequilíbrios
na assimetria de ombros, cintura pélvica, joelhos e pés.
Quando realizamos a avaliação de acordo com o
sexo, observamos que os meninos apresentaram 4% de incidência nos desequilíbrios
a mais que as meninas.
Podemos perceber após este relato que, as alterações
posturais são ocorrências significativamente presentes entre as
crianças de 9 a 12 anos, daí a necessidade de estar avaliando.
Outro fato importante, é a presença significativa da escoliose
idiopática não estrutural.
Diante destas informações, podemos concluir a
necessidade da implantação de um setor de avaliação
e acompanhamento do desenvolvimento motor da criança dentro das escolas,
onde os professores possam desenvolver programas de orientação
e intervenção imediata em atividades físicas corretivas
para os desequilíbrios posturais, avaliações periódicas,
orientação para a importância de bons hábitos posturais
nas atividades diárias, possibilitando uma boa biomecânica. Utilizar-se
da ergonomia ao sentar à frente do computador, nas carteiras de sala de
aula, no transporte do material escolar, na realização das tarefas
de casa, enfim, em todas as atividades diárias.
No entanto, após realizada a avaliação
postural, se faz necessário que os pais tomem conhecimento dos resultados
e que se necessário, seja orientado a procurar um ortopedista, para um
melhor acompanhamento da criança.
O objetivo principal da avaliação postural na
escola é identificar os desequilíbrios mais evidentes a fim de
evitar prescrição de exercícios que possam vir a acentuar
esses desequilíbrios. Acredito que, mais do que executar, nossa função é orientar.
Profª Ms. Érica Verderi - FEFISO/ACM
verderi@cy.com.br
Site: www.programapostural.com.br