FUTEBOL
CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
DO FUTEBOL
Prof. Ms Fabio Aires da Cunha
O mundo moderno evolui rapidamente
nas mais diversas áreas. Na área esportiva
observamos avanços que não seriam imagináveis
a trinta ou quarenta anos atraz, ou até menos
tempo. A preparação tanto acadêmica
quanto à experiência prática dos
profissionais que militam no esporte, neste caso mais
especificamente no futebol, é de fundamental
importância para o sucesso da modalidade.
Este estudo tenta levantar algumas considerações
sobre essa importância da capacitação profissional. "O
objetivo principal do professor é auxiliar no aperfeiçoamento dos
alunos, conforme as necessidades desenvolvimentistas e o potencial que eles têm" (GALLAHUE;
OZMUN, 2001, p. 448). No caso de iniciantes, os treinadores devem evitar o excesso
de conversa, procurando manter os atletas sempre em atividade (McGOWN, 1991). As
manifestações de estímulo e entusiasmo do professor influenciam
de forma positiva o desempenho dos atletas (MOTA, 1989).
Ao se planejar um programa de treinamento para crianças
e adolescentes, o profissional que irá planejá-lo deve conhecer
bem os aspectos que envolvem a puberdade e aceitar a variabilidade individual
em que eles ocorrem (TOURINHO FILHO; TOURINHO, 1998).
Segundo McARDLE, KATCH e KATCH (1991), o preparo acadêmico
do profissional que irá ministrar um programa de treinamento é de
fundamental importância, seja ele para jovens, adultos, idosos, sedentários
ou atletas. A experiência prática é um aspecto tido como
o melhor método, mas os autores acreditam que o conhecimento das razões
do treinamento e do exercício seja fundamental para o adequado desenvolvimento
do programa de treinamento.
O treinador tem a responsabilidade em relação à correta
programação do treinamento (distribuição coerente
das cargas gerais e específicas, do volume, da intensidade; observação
das particularidades biológicas; oferecimento de corretas informações
pedagógicas de acordo com a faixa etária e outras), à educação
motora, intelectual e moral dos jovens, e o abuso por parte de dirigentes mal
informados que cobram dos atletas (FILIN e VOLKOV; FILIN; SCHMOLYNSKI; MAGILL;
FERNANDES, citados por AUGUSTI, 2001).
Para JULIO MAZZEI, citado por GONCALVES (1998), as responsabilidades
do preparador físico são:
- Planejar, educar, dirigir e supervisionar o programa de condicionamento físico
(atlético e fisiológico) dos jogadores, relacionado com o planejamento
semanal, mensal e anual;
- Planejar, educar, dirigir e supervisionar o aquecimento durante as sessões
de treinamento (técnica ou tática) e jogos;
- Auxiliar o técnico quando requisitado durante as sessões técnicas
e táticas;
- Estabelecer e orientar um programa especial de condicionamento físico
para os atletas lesionados ou que estão em reabilitação,
em conjunto com o médico e o departamento de fisioterapia;
- Fornecer um programa de atividades semanais, verificando os melhores aspectos
para o desenvolvimento de cada atleta;
- Dar opiniões sobre a importância ou não, da quantidade
e qualidade dos jogos amistosos de nível regional, nacional ou internacional;
- Manter um arquivo de controle com os dados e informações que
poderão ser importantes para o desenvolvimento das atividades no planejamento
do próximo ano;
- Organizar e dirigir avaliações físicas para os jogadores;
- Participar de seminários, cursos, simpósios e licenças
que poderiam introduzir novas técnicas, sistemas e métodos de
treinamento;
- Fornecer aos jogadores os resultados de suas avaliações físicas
e performances em jogos e, advertir sobre os problemas de comportamento fora
do campo e como poderão influenciar no seu desempenho físico;
- Analisar com os jogadores a frase do fisiologista francês M. Baquet
(p. 65): Você anda com suas pernas, galopa com seus pulmões, corre
com seu coração, mas somente alcança seu destino com sua
mente.
Para BARROS (1990), muitos clubes não possuem
profissionais gabaritados para que as categorias de base sejam trabalhadas. O
trabalho de base é quase esquecido.
Foi descrita neste artigo, uma série de opiniões
de estudiosos que demonstraram a importância da capacitação
dos profissionais. Entretanto, o nosso futebol parece estagnado. Não é concebível
que no século XXI, com avanços tecnológicos incríveis,
ainda tenhamos treinadores e preparadores físicos que trabalhem com pouquíssimo
ou nenhum embasamento teórico. A experiência prática é de
fundamental importância, mas essa experiência sem a teoria fica incompleta.
Os ex-atletas que querem se tornar técnicos precisam estudar e adquirir
conhecimentos teóricos, com isso podem aliar esse conhecimento teórico
aos seus conhecimentos práticos e assim, se tornarem técnicos competentes
a fim de não prejudicar o desenvolvimento dos atletas, principalmente
de crianças e jovens.
As escolinhas de futebol estão cheias de "profissionais" que
não possuem a menor capacidade para trabalhar com crianças, mas
muitos proprietários dessas escolas, preferem um ex-jogador que possui
um certo nome, a um professor de educação física devidamente
preparado para ensinar crianças e jovens. A solução para
o caso das escolas de futebol, é mais fácil. Os pais dessas crianças
devem pedir as qualificações dos professores, procurando assim,
locais adequados tanto com relação às instalações,
quanto em relação ao preparo dos profissionais que irão
ensinar seus filhos.
Já no caso do futebol competitivo, é mais
complicado. A solução para colocar ordem no futebol, talvez seja
a intervenção dos órgãos públicos. O Conselho
Federal de Educação Física, em conjunto com os Conselhos
Regionais, está procurando regulamentar todo o profissional que trabalhe
com atividade física, a dúvida é se eles conseguirão
fazer isso com o futebol também?
Referências Bibliográficas:
1) AUGUSTI, M. Treinamento de endurance para crianças e adolescentes.
In: Revista Digital, Buenos Aires, ano 7, n. 37, jun. 2001. Disponível
em: www.efdeportes.com. Acesso em:
15 nov. 2001.
2) BARROS, J. M. A. Futebol: Por que foi... Por que não é mais.
Rio de Janeiro: Sprint, 1990. Cap. 2, p. 15-19.
3) GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos. Tradução de Maria Aparecida
da Silva Pereira Araújo. São Paulo: Phorte, 2001. 641 p.
4) GONCALVES, J. T. The Principles of Brazilian Soccer. Spring City: Reedswain,
1998. Cap. 5, p. 63-85.
5) McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício:
Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Tradução
de Giuseppe Taranto. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 510 p.
6) McGOWN, C. O Ensino da técnica desportiva. Treino Desportivo, Lisboa:
[s.n.], II série, n. 22, p. 15-22, dez. 1991.
7) MOTA, J. As funções do feed-back pedagógico. Revista
Horizonte, Lisboa: [s.n.], v. VI, n. 31, p. 23-26, maio/jun. 1989.
8) TOURINHO FILHO, H.; TOURINHO, L. S. P. R. Crianças, adolescentes
e atividade física: aspectos maturacionais e funcionais. Revista Paulista
de Educação Física, São Paulo: Escola de Educação
Física e Esporte da Universidade de São Paulo, v. 12, n. 1, p.
71-84, jan./jun. 1998.