FISIOTERAPIA
EDUCAÇÃO
POSTURAL E QUALIDADE DE VIDA
Profª Ms. Érica
Verderi - FEFISO-ACM - Sorocaba/SP - Brasil
O direito à saúde está expresso na carta
da Organização das Nações Unidas, onde participam
todos os países em desenvolvimento. "O desfrute do grau mais elevado
de saúde que se possa é um dos direitos fundamentais de todo ser
humano, sem distinção de raça, religião, ideologia
política ou condição econômica social. A saúde
de todos os povos é uma condição fundamental para se conseguir
a paz e a segurança, e depende da mais ampla cooperação
entre os indivíduos e os estados". (Arquivo Brasileiro de Medicina
- vol. 62, n.º 6 nov/dez 88)
Também podemos encontrar no Artigo 25 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos que, "todo homem tem direito a um padrão
de vida capaz de assegurar a si e à sua família, saúde e
bem-estar..." (DALLARI, 1992)
Saúde também é uma qualidade de
vida, condição ou estado de bem-estar que
apresenta um componente biológico e um comportamental,
que são alterados de acordo com o relacionamento
indivíduo x meio. Sendo que qualidade de vida,
seja ela boa ou excelente, é aquela que oferece
um mínimo de condição para que os
indivíduos ligados a ela possam desfrutar de todas
suas potencialidades, ou seja, viver, trabalhar, estudar,
se divertir, ou quem sabe até, simplesmente existir.
É fato, que nos países em desenvolvimento, a
educação é o principal eixo na divulgação
e orientação à população no que se refere à saúde
e a qualidade de vida. Com a educação, temos a possibilidade em
ajudar as comunidades a desenvolver hábitos saudáveis e com isso,
prevenir várias doenças.
Limito este texto num item bastante significativo que
envolve o trabalhador, a dona-de-casa e as nossas crianças.
E que por falta de informação preventiva
aumentam a cada ano, os Desequilíbrios Posturais.
A incidência dos problemas relacionados aos desequilíbrios
posturais é tão freqüente e usual, que a orientação à população
para um programa de educação postural, objetivando a conscientização
corporal, prevenção e compensação aos desequilíbrios
do nosso corpo, torna-se cada dia mais pertinente.
Segundo Knoplich 1986, " está comprovado que as
dores na coluna são mais freqüentes entre 25 e 45 anos de idade,
em ambos os sexos, atingindo assim o ser humano no período de maior produtividade.
Ambos os sexos têm freqüência igual, porém, em alguns
levantamentos, tem-se notado que no homem há uma maior incidência
na região lombar e na mulher na região cervical."
A sintomatologia da lombalgia é bastante complexa e
muito incidente, pois afasta pessoas do trabalho, impossibilita a realização
de atividades diárias e também prejudica substancialmente o período
que seria de descanso, o sono.
Segundo pesquisa feita por Tanner 1987, "aproximadamente
30% da população sofre normalmente de dor nas costas, mas não
procura ajuda médica; 25% da população atravessa a vida
sem sentir dor nas costas; apenas uma minoria que sofre de dor, está recebendo
tratamento para essa condição e cerca de 40% terão, ou já tiveram
dor nas costas, mas não sofrem com isso agora".
Os desequilíbrios posturais e como conseqüência
as síndromes dolorosas, variam de acordo com o modo de vida de cada indivíduo
e também dependem da conscientização corporal que cada um
traz consigo.
É claro que os trabalhadores que levantam muito peso,
correm mais riscos. No entanto, os que realizam trabalhos "leve", adquirem
simplesmente pela maneira de se posicionar, pela permanência da postura
adotada e pelos movimentos repetitivos que esta pessoa passe a realizar.
A maneira de se posicionar e a conscientização
corporal é muito importante, pois é ela que desencadeará todo
o processo dos desequilíbrios e das síndromes dolorosas.
A boa postura nos determinados afazeres é o principal
fator para se evitar os desequilíbrios posturais. Torna-se importante
a conscientização do indivíduo do que seria uma postura
correta e qual a melhor maneira de se estar minimizando todo o esforço
pelo qual o corpo é submetido nas infinitas atividades diárias.
Não existe uma postura correta para todas as pessoas.
Somos seres biologicamente diferentes, sendo assim, a postura mais adequada varia
de uma pessoa para outra. Poderíamos então dizer, que a melhor
postura que deve ser adotada por um indivíduo é aquela que preenche
todas as necessidades mecânicas do seu corpo e também que possibilite
o indivíduo manter uma posição ereta com o mínimo
esforço muscular.
Uma postura que o ajude a opor-se contra as forças externas,
que lhe dê equilíbrio na realização do movimento e
que lute contra a ação da gravidade.
Diante dessas considerações, podemos observar
que a má postura ocorre quando um indivíduo se posiciona fora dos
padrões da linha de gravidade e permanece por um longo período
em postura inadequada. Dessa forma, seu corpo estará submetido a uma sobrecarga
mecânica onde esta, ocasionará num futuro próximo, síndromes
dolorosas devido alterações dos padrões musco-esqueléticos,
podendo também, desencadear os desvios posturais.
E é exatamente neste contexto, que necessitamos de profissionais
para atuar como orientador na profilaxia dos desequilíbrios posturais
ou até mesmo na reeducação motora dos padrões posturais.
Através do convívio com crianças, adolescentes, adultos
ou idosos, orienta-los da importância de um bom posicionamento da postura,
quais as conseqüências da má postura, a importância da
conscientização corporal, maneiras adequadas de se realizar determinadas
atividades, posição mais adequada para dormir, sentar, dirigir,
trabalhar, etc.
Não pretendo, nem digo que incluir em nossas atividades
profissionais, um programa de educação postural seja a última
forma contra os desequilíbrios músculo-esquelético e os
desvios posturais, mas talvez, possamos estar subsidiando uma proposta de rico
conteúdo para a educação postural de nossos alunos/atletas/clientes,
esteja ele na escola, em casa, no trabalho, no clube, etc. E acima de tudo, estar
contribuindo para uma melhor qualidade de vida a cada um deles.