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Sáb, 4/6/11 23:30

RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA, O PERFIL LIPÍDICO E
A CRONOBIOLOGIA DE UM ATEROMA

Por: Luiz Carlos de Moraes - CREF1 RJ 003529-P/R
E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Consultor do CDOF desde 01/01/2000
Consultor da Revista Contra-Relógio desde 01/05/1990
Consultor do site www.educacaofisica.com.br
Data de Publicação: 04/06 /2011


Introdução

    A gente sabe que a maioria das doenças cardiovasculares pode ser evitada com hábitos simples de vida saudável como apenas caminhar 30 minutos por dia e escolher melhor os alimentos sem efetivamente fazer uma dieta. Só isso já seria o suficiente para mudar para melhor o perfil lipídico embora nessa questão da relação exercício e colesterol ainda existam muitas dúvidas e algumas certezas. A maioria dos estudos mostra que o exercício de baixa intensidade é o melhor para quem deseja e/ou precisa baixar as taxas de colesterol total LDL a forma nociva e aumentar o HDL a forma benéfica popularmente conhecida respectivamente de “mau” e “bom” colesterol. Exercícios de alta intensidade são capazes também de melhorar o perfil lipídico, mas não tanto como os de baixa intensidade. Entretanto, é preciso lembrar que o exercício físico é capaz de controlar os riscos cardíacos reversíveis tais como obesidade, sedentarismo, controle do diabetes, hipertensão arterial, o tabagismo e o nível de estresse. A idade, o sexo e o histórico familiar são fatores que podem ser apenas amenizados. Uma vez que haja comprometimento de uma ou várias artérias que alimentam o coração passa a existir o risco de infarto do coração e conforme a gravidade desse comprometimento o médico poderá optar pela colocação de Stent ou a cirurgia de ponte de safena. Os novos tempos da recuperação pós-enfarto devolve o individuo às atividades habitais em muito menos tempos com Fisioterapia e atividade física profissionalmente orientada.


Como funciona o mecanismo do exercício sobre o colesterol
    "Um estudo publicado no New England Journal of Medicine em 2002 descobriu que mesmo o mais simples exercício muda o tamanho e a densidade das proteínas que transportam o colesterol, o que as torna menos danosas. Os benefícios ocorrem ainda que a pessoa permaneça com a mesma quantidade de colesterol e o mesmo peso. Exercícios não conseguem reduzir o LDL sendo a forma perigosa do colesterol. Entretanto, o estudo conduzido pelo Dr. William E. Kraus, da Universidade Duke, descobriu uma nova maneira como o exercício pode afetar o colesterol. Alterando o número e o tamanho das partículas que o transportam através da corrente sangüínea". Ou seja, o LDL continua lá e mesmo alterando o HDL algumas placas já formadas também continuam grudadas nas artérias, mas outras podem ser removidas. O estudo acima também explica que a quantidade de colesterol total não é o mais importante como no passado. E sim a relação HDL, LDL e total. De fato. Alguns de meus clientes têm colesterol total alto, mas seus médicos não se preocupam porque o HDL é alto por causa do exercício feito de forma moderada e regular. A maioria dos estudos dá conta que o exercício feito com moderação e regular é mais benéfico ao perfil lipídico do que os intensos e extenuantes e posso citar o meu caso. Em 2007 passei fazendo muita caminhada vigorosa por causa dos tipos de clientes que tinha. Nesse ano o meu HDL foi um dos mais altos chegando a 100 mg/dL e o LDL a 83 mg/dL. Agora que voltei a competir corrida de 5 a 10 km e treino bem para isso dentro dos limites quase sempre máximos para mim (extenuantes) sem estar caminhando tanto e o HDL baixou para 76 mg/dL e o LDL aumentou para 110 mg/dL. Ou seja, nesse caso os exercícios de baixa intensidade foram capazes de aumentar o HDL e diminuir o LDL.

    Os resultados de estudos que tenho lido são no mínimo controvertidos com defesas dos dois lados. Há relatos que exercícios de alta intensidade 85 a 90% do VO2 Máx. podem sim induzir modificações favoráveis sobre o perfil lipídico, mas também há relatos que as lesões no tecido muscular próprias dos exercícios de alta intensidade poderiam interferir nas modificações do perfil lipídico embora o resultado ainda assim seria bom. Ou seja, melhora, mas não tanto quanto o exercício de baixa intensidade. Stubbe e colaboradores comparando efeitos dos exercícios de alta e baixa intensidade sobre níveis de HDL encontraram elevação somente no grupo de baixa intensidade. Cheik et al. 2006 analisaram ratos machos Wistar com objetivo de comparar os efeitos crônicos do treinamento físico, realizado duas e cindo vezes consecutivamente, por semana verificaram que ambos os protocolos diminuíram significativamente a colesterolemia e a trigliceridemia aumentando percentualmente a fração lipídica de HDL. Claro, nesse caso o estudo analisou apenas a questão da freqüência de treinamento e não a intensidade.

    Outros artigos dão conta que o LDL no sedentário aumenta ao longo da vida, mas diminuem o seu tamanho assim como o HDL diminui estando relacionado principalmente ao peso corporal que tende aumentar. Ao contrário quando o peso corporal diminui especialmente por conta de exercícios de baixa intensidade e onde a massa muscular é mantida ou aumentada influencia a diminuição do LDL e aumento do HDL. Quando essa perda de peso acontece só por causa de uma dieta sem exercício diminuindo o percentual de gordura e não alterando a massa magra o perfil lipídico permanece inalterado nos levando a crer que a mudança do perfil lipídico está também relacionada ao desenvolvimento da massa muscular através do exercício físico.

A Corrida - Tanto moderada quanto vigorosa é uma das modalidades que aumenta a quantidade do colesterol bom no sangue. É o que comprovou um trabalho realizado por Reinaldo B. Bestetti e José Ernesto do Santos publicado na Revista de Saúde pública vol.18, nº4 1984. Pessoas que correm 25 km ou mais semanalmente atingem índices de 50mg/100 mL de HDL enquanto quem corre 70 km chega a 70 mg/100 mL. Outros autores não observaram aumento de HDL nas pessoas que correm menos de 25 km, não havendo diferença significativa se comparado a saudáveis inativos.
   Huttunem e colaboradores, 1979 comparou maratonistas que treinam 60 km/semana com corredores comuns que treinam 18 km/semana e saudáveis inativos. O resultado foi proporcional. Maratonistas apresentaram níveis de 65 mg/100 mL, corredores 58 mg/100 mL e inativos 43 mg/100 mL.
   Vale lembrar que maratonistas apesar de fazer treinamentos de alta intensidade que são os intervalados e as corridas de curta distância de 3 a 5 km têm em suas planilhas treinamentos de baixa intensidade que são as corridas longas chamadas de “longão” na linguagem deles. Esses “longões” é o que acaba influenciando o perfil lipídico para melhor quando comparado a corredores adeptos a corridas mais curtas.


O Fisiculturismo - Quanto aos fisiculturistas não dá para fazer uma avaliação segura, pois os mais “limpos”, sem uso de drogas, no mínimo têm que fazer uso de suplementos alimentares porque nesse caso precisam de recuperação mais rápida entre um treino e outro o que poderia alterar os resultados. Sabe-se que os esteróides anabolizantes como se não bastassem os efeitos colaterais conhecidos diminuem o HDL e aumentam o LDL (HURLEY, SEALS, HAGBERG et al., 1987) citado por Fleck & Kraemer, 1987. Entretanto, existem estudos divergentes mostrando resultados positivos de aumento de HDL e diminuição de LDL em treinamentos de volume alto em curto período. Sabe-se que fisiculturistas usam períodos interrompidos de uso de drogas com volume alto de treinamento e não está claro se esses relatos foram colhidos nessa situação.

O Basquete - Sem dúvida é uma modalidade com características anaeróbias em função das ações motoras alternando períodos curtos de alta intensidade com breves descansos atacando e defendendo além das variações constantes do gesto esportivo saltando, girando e mudando constantemente de direção para driblar os adversários e/ou fugir da marcação. Trabalhos bem conduzidos feitos em período de competição mostraram que a atividade é capaz de modificar mesmo que discretamente o perfil lipídico para melhor.
Com isso fica bastante claro que os exercícios de baixa intensidade proporcionam os melhores benefícios ao perfil lipídico embora existam estudos comprovando benefícios similares em esportes de componente anaeróbio como o basquete, o futebol, a luta e a corrida de curta distância.

O ateroma como se forma
    As paredes internas das veias e artérias normais são lisas e flexíveis representando até então pouco perigo para formação de placas mesmo que o colesterol total e o LDL estejam em níveis mais elevados. O próprio fluxo sanguíneo com o passar do tempo nas curvas mais acentuadas como nas coronárias ou nos pontos de maior força de cisalhamento comum logo após as ramificações das artérias podem provocar fissuras nas paredes internas das artérias por onde começam a penetrar o LDL. A reação antiinflamatória do organismo é isolar o colesterol identificando como um material invasor transformando em placas endurecidas que vão se tornando cada vez maiores crescendo como se fosse um tumor dentro das paredes das artérias diminuindo a passagem do sangue por aquele local. Em dado momento essas placas rompem a parede interna lançando o seu conteúdo dentro das artérias e a reação imediata do organismo é tentar isolar esse vazamento através das plaquetas formando uma capa dura similar à casca de uma ferida quando temos um corte externo. Como o processo inflamatório continua dentro das paredes das artérias o vazamento também continua formando um coágulo cada vez maior até obstruir completamente a passagem do sangue. É importante que se diga que o HDL, visto como colesterol bom, não é capaz de remover o nem tão pouco diminuir a expansão das placas que continua crescendo. Ele age arrastando o LDL antes de penetrar na parede arterial, mas também não consegue transportar uma quantidade grande de LDL. Embora existam artigos relatando que a quantidade alta de HDL possa impedir o crescimento do Ateroma também não existe consenso. Pelo sim pelo não é bom manter as taxas de LDL – HDL em seus níveis normais recomendados por consenso médico atual.

Adultos Saudáveis:
Colesterol total até 200 mg/dl – LDL menor que 160 mg/dl – HDL acima de 40 mg/dl homens e mulheres acima de 50 mg/dl.

Quem tem mais de dois fatores de risco (fumo, hipertensão, histórico familiar, obesidade):
LDL abaixo de 130 mg/dl – HDL acima de 45 mg/dl homens e mulheres acima de 50 mg/dl.

Pessoas com doenças coronarianas ou Diabete:
LDL menor que 100 mg/dl – HDL maior de 45 mg/dl para os homens e mulheres acima de 50 mg/dl.

Para que serve o colesterol
    Não podemos simplesmente eliminar o colesterol por causa dos efeitos nocivos que atualmente são os mais divulgados. Ele é importante na formação e manutenção da membrana celular, metabolismo das vitaminas lipossolúveis e síntese de muitos hormônios estando presente em nosso corpo através de duas fontes: o fígado e a alimentação. O fabricado no fígado é utilizado na produção da bile armazenado na vesícula biliar e pronto para ser usado no processo digestivo. Depois de algumas reações químicas parte do colesterol é eliminado pelas fezes e outra ressintetizado e levado de volta ao fígado e de lá para os resto do corpo para exercer suas funções boas e más. Como são lipossolúveis se ligam às proteínas formando a lipoproteína de baixa densidade, LDL. Podemos eliminar mais facilmente o colesterol LDL no intestino sem alterar o HDL ingerindo maior quantidade de alimentos amplamente divulgados contendo fitosteróis que são os óleos vegetais pouco refinados, sementes, frutos oleaginosos, hortaliças, e leguminosas secas.

Que Exames Fazer
    Todas as pessoas sedentárias ou não devem adquirir o hábito de fazer exame médico periódico pelo menos uma vez ao ano. É bom começar com uma consulta ao cardiologista, se possível especialista em Medicina Esportiva ou um fisiologista que indicarão o teste ergométrico e/ou o ergoespirométrico. O primeiro tem por objetivo submeter qualquer pessoa, a um estresse físico programado e personalizado a fim de avaliar a resposta cardíaca na tentativa de prever desde uma simples desordem cardíaca até um problema mais grave que só se manifesta com o esforço acentuado. O teste deve ser personalizado e máximo exatamente porque ninguém tem o mesmo condicionamento físico. Máximo significa dizer ultrapassar os valores normais de cada um e o que pretende fazer. Sendo assim um sedentário irá seguir um protocolo que no máximo o faça correr lentamente enquanto um corredor de elite deverá no final do teste estar correndo muito acima do seu máximo em competições. Essa é a diferença. O teste ergométrico para quem vai fazer atividade física não pode ser igual para todos como normalmente acontece seguindo um protocolo calcado em percentual extraído da fórmula 220 – idade que está ultrapassada. Outro fator que não deve ser esquecido é que o teste para uma pessoa comum ou um corredor, por exemplo, deve ser feito na esteira e de um ciclista na bicicleta. São ergômetros específicos.

    O segundo teste visa estabelecer a capacidade aeróbia máxima e os limiares ventilatórios. Isso é importante principalmente para atletas profissionais porque nem sempre o fato de, por exemplo, ter vencido recentemente provas duras, signifique que o sistema cardiovascular esteja em perfeitas condições. O atleta pode estar perdendo a capacidade aeróbia sem perceber por conta do cansaço e do desgaste natural de final de temporada. Esses testes revelam informações úteis e confiáveis tais como isquemia do músculo miocárdio, arritmias cardíacas, distúrbios que só se manifestam quando o coração é submetido a um esforço maior. Tanto o sedentário como o atleta freqüentemente podem se ver em situações do dia a dia que exijam esforço máximo como atravessar uma avenida correndo com o sinal estando a fechar, correr para pegar um ônibus que acabou de sair do ponto ou qualquer outra situação de pressa ou estar atrasado.

O ecocardiograma - Também pode ser pedido. É um exame que revela com precisão as medidas das câmaras, das paredes e válvulas cardíacas. Isso tem a ver com o volume de sangue que o coração consegue ejetar por minuto, a força de cada contração ventricular se refletindo diretamente na freqüência cardíaca máxima e de repouso. Um dos primeiros sintomas de que algo está saindo do normal é exatamente a freqüência cardíaca de repouso que pode ser controlado diariamente pelo próprio indivíduo. Quanto mais baixa melhor. Qualquer alteração para mais pode significar estresse fisco e/ou emocional muito comum às vésperas de uma competição importante, depois de treino muito puxado ou de expectativa de algo que está por acontecer ou acontecendo. Não são raros, por exemplo, ataques cardíacos em torcedores de futebol durante uma partida acirrada.
Atualmente esse exame tornou-se mais importante por causa dos vários casos de morte súbita no esporte principalmente no futebol que é uma atividade física intensa. É bem verdade que existem poucos casos de morte súbita entre praticantes de outros esportes ou mesmo de pessoas que freqüentam academias e seriam desprezíveis se não estivéssemos falando de seres humanos. Entretanto, todas as registradas, pelos relatos de parentes poderiam ser evitadas se esses cuidados como exames periódicos tivessem sido realizados e os treinamentos feitos com orientação profissional com base nos exames.
Os exames chamados metabólicos são os tradicionais exames de sangue onde são indispensáveis análises de:

Hemograma completo - Verifica, entre outros fatores se o indivíduo adquiriu ou não ao longo do ano uma das diversas formas de anemia que podem ocorrer por descuido ou tipo de alimentação associado com o excesso de treinamento nos atletas ou excesso de trabalho no sedentário.

A Glicemia – Dois dos combustíveis mais importantes do praticante de atividade física são a gordura e o carboidrato. Ambos funcionam em momentos distintos fornecendo energia necessária principalmente quando o carreamento de oxigênio é insuficiente no início do exercício e/ou a intensidade é muito alta ou ainda a exercícios de longa duração. A captação de glicose pode aumentar em até 20 vezes durante o exercício se comparado com os níveis de repouso. Sendo o treinamento de qualquer atleta muito severo, independente do nível de desempenho, essa questão do gasto e reposição de glicose tem que ser bem balanceada para não entrar em déficit situação que pode em casos mais graves, levar ao diabetes. Por isso no exame de sangue a verificação dos valores glicêmicos é importante. O sedentário tem que prestar mais atenção ainda nos níveis glicêmicos, pois normalmente são pessoas com outros hábitos não salutares que acompanham o sedentarismo tais como comer à vontade comidas gordurosas e doces. Tudo é motivo para fazer churrasco nos finais de semana.

Colesterol – As taxas dos chamados colesterol bom (HDL) e ruim (LDL) são importantes, pois o desequilíbrio entre eles ou taxas altas do LDL é considerado risco cardíaco, muito embora os exercícios de longa duração contribuam muito para aumentar as taxas do colesterol bom (HDL), situação muito comum entre corredores de longa distância. A análise desses valores deve ser criteriosa por médico ligado ao esporte porque, como já citado, as taxas altas de colesterol total podem não significar nada para o corredor se o HDL também estiver alto. Vale lembrar que a corrida de longa distância, embora seja muito benéfica ao sistema cardiovascular não é um seguro de risco cardíaco, principalmente os de origem genética. Daí a importância desses exames.

Sódio, potássio, cálcio e magnésio – São minerais importantes na manutenção do equilíbrio de fluídos e do metabolismo energético, contração muscular, carreamento do oxigênio entre outras funções. Os minerais são facilmente perdidos pela urina, suor e fezes. O exercício intenso no atleta e o estresse no sedentário podem acelerar a perda desses minerais além de outros fatores como estresse emocional ou mesmo algum desequilíbrio metabólico qualquer. A perda desses minerais é invariável em qualquer pessoa. Uma boa razão para no exame de sangue ser verificada essas taxas.

Uréia e creatinina – Os rins funcionam como um filtro metabólico e quando não executam bem essa função a presença aumentada de uréia e a creatina no sangue representam um sinal claro de que outras providências médicas devam ser tomadas como a investigação da causa.

T4 livre e TSH - São hormônios que controlam a atividade da tireóide e as taxas não devem ficar nem muito altas nem baixas. O desequilíbrio pode ser uma das causas de cansaço exagerado tanto de quem pratica atividade física ou não.

Exames Cardíacos
Depois dos exames clínicos caso o médico suspeite de alguma cardiopatia poderá optar por sugerir outros exames mais específicos de acordo com os diagnósticos preliminares, pois muitos são os exames cardiológicos invasivos e não invasivos adequados caso a caso. São eles:

Invasivos -
Ecografia Transesofágica, Cintilografia, Cateterismo Cardíaco.

Não invasivos (procedimentos que não envolvem instrumentos que rompem a pele ou que penetram fisicamente no corpo)- Eletrocardiograma de Repouso (ECG), Radiografia do Tórax, Monitorização do ECG por Holter, Ecocardiograma, Teste de Esforço, Tomografia do Coração e Vasos, Ressonância Magnética do Coração e Vasos e Angiografia Digital.

No caso de confirmação de presença de ateroma obstruindo a passagem o exame mais conhecido é o Cateterismo Cardíaco. Um cateter é introduzido em uma artéria que vai até as coronárias e de lá se pode injetar contraste possibilitando visualização de toda a rede vascular do coração e as obstruções. Muitas vezes a passagem do cateter permite e desobstrução que pode ser temporária uma vez que o ateroma se localiza dentro da parede da artéria e na verdade continua lá. O cateter nesse caso pode remover os resíduos dentro da artéria. O cateterismo é o exame mais fiel e mais conhecido nesses casos. Dependendo da gravidade da obstrução o médico opta pela colocação de Stent que é uma técnica bem dominada atualmente.

Angioplastia Para Colocação do Stent
   Esse é um procedimento invasivo onde os médicos numa situação em que um indivíduo esteja enfartando decidem fazer quando se pode evitar a cirurgia aberta para colocação de pontes de safena. Consiste na penetração pela virilha de um cateter que na ponta vai com um balão vazio e uma espécie de mola de aço inoxidável (stent). Ao chegar ao local do ateroma que está obstruindo a passagem do sangue o balão é inflado com soro e contraste radiopaco e o Stent é expandido e deixado no local abrindo a artéria permitindo a passagem do sangue de novo. Com isso o ateroma não consegue mais invadir a artéria por causa do Stent que passa a funcionar como se fosse uma estrutura de ferro num túnel que não deixa a terra cair. Todo o procedimento é filmado e fotografado e o paciente nesse caso não recebe anestesia geral porque é preciso ficar acordado ajudando o médico que acompanha as reações sinestésicas.

Ponte de Safena
   Tecnicamente chamada de revascularização miocárdica a cirurgia usa parte da veia chamada safena localizada na perna para desviar sangue da aorta (principal artéria que sai do coração) para as artérias coronárias que irrigam o coração. Também pode a critério médico serem usadas no lugar da safena as artérias radial ou mamária. A cirurgia é indicada nos casos mais graves quando o indivíduo corre risco de infarto do miocárdio por falta de irrigação sanguínea por conta de obstrução das artérias que alimentam o músculo cardíaco.


NOVOS TEMPOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA

    Como tudo na vida evolui a Medicina não escapa dessa teoria. Há mais ou menos 30 a 40 anos um sujeito submetido à cirurgia cardíaca para colocar pontes de safena tinha uma grande perda física e emocional por conta de uma internação muito longa normalmente passando dos 15 dias. Além disso, recebia uma lista enorme de recomendações e proibições que praticamente limitavam ou impediam o indivíduo voltar logo às atividades normais. O avanço da Medicina mudou essa postura no sentido de devolver o paciente às suas atividades habituais com um tempo de internação muito mais curto. Esse tempo mais curto pode ser encurtado mais ainda se antes da cirurgia fazia ou não atividade física. Estudos recentes demonstraram que pacientes fisicamente ativos além de reduzir o tempo de internação tiveram menos complicações no pós-operatório quando comparados com sedentários.

    Atualmente o paciente é incentivado a recomeçar a fazer atividade física ainda durante a internação procurando andar por tempo determinado duas ou três vezes ao dia sob supervisão do médico. É evidente que a orientação deve ser mais individualizada possível diferenciando dos programas normais e tão logo receba alta hospitalar o programa tem continuidade após avaliação médica e quando possível com teste de exercício máximo com medida de gases expirados. Essa nova visão inclui preferencialmente um enfoque mais amplo sugerindo não só o exercício profissionalmente orientado como também a dieta, o controle do estresse, da hipertensão arterial, eliminação do tabagismo se for o caso e dos fatores de risco mais rigoroso que levaram o paciente à cirurgia. Normalmente recomendam-se novas avaliações de quatro a seis meses depois reprogramando a atividade física.

A Fisioterapia
   Quando o paciente sai da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) a Fisioterapia é feito no sentido de evitar ficar muito tempo deitado mais do que já ficou e mais do que o necessário. Assim é incentivado a ficar sentado, descer da cama com ajuda movimentar a cabeça e pescoço, tentar alongar as costas no limite da dor lembrando que o osso esterno para a realização da cirurgia é cortado ao meio no sentido vertical e depois unido novamente estando em processo de cicatrização. Por esse motivo os movimentos de braços ainda são bem restritos. Outro exercício imediatamente indicado é o de respiração.

Atividade Física
   As valências físicas a serem estimuladas são o condicionamento aeróbio a força e a flexibilidade começando com a caminhada alguns exercícios de fortalecimento muscular e alongamentos.
A intensidade do esforço fica estabelecida entre 60 e 80% a partir do teste máximo monitorado pela freqüência cardíaca ou pela Escala Subjetiva do Esforço (Escala de Borg) nos casos de pacientes que continuarem a fazer uso de betabloqueadores cuja ação é inibir a freqüência cardíaca.

    Um grande avanço também nas recomendações da atividade física é o incremento da musculação outrora contra-indicada. Já é bem estabelecido que os exercícios resistidos atuem beneficamente no emagrecimento, na resistência à insulina e na sarcopenia principalmente nos mais idosos. Ou seja, quanto mais idoso maior a importância a fim de evitar a perda de massa muscular. Outro avanço ainda no campo dos exercícios resistidos destinados a cardiopatas é que não mais se recomenda aquelas séries com muitas repetições e pouco peso e sim poucas repetições, de 8 a 12 e uma ou duas séries sem intervalos em forma de circuito totalizando 10 a 12 exercícios para os grandes grupos musculares. Sabe-se hoje que a relação Duplo-Produto é um dado importante que serve para avaliar o esforço cardíaco pelo consumo de oxigênio do miocárdio. A equação é o resultado da multiplicação da Pressão Arterial Sistólica pela Freqüência Cardíaca. (PAS x FC). Sabemos que cada exercício provoca uma reação diferente tanto na PAS como na FC dependendo da intensidade e duração sobrecarregando ou não o coração.

    Nos exercícios aeróbios como resposta normal, tanto a PAS como a FC aumentam quase na mesma proporção e na musculação, em séries mesmo pesadas com 8 a 12 repetições, somente a PAS aumenta mesmo porque não há tempo hábil para uma resposta de aumento da FC. Isso pode ser uma vantagem para cardíacos. Entretanto as cargas devem ser pesadas o suficiente empiricamente escolhidas de tal forma a serem evitados os bloqueios da respiração. Isso sim pode ser um problema para o cardiopata.

    Bem vindos também os exercícios funcionais que visam o fortalecimento dos músculos mais profundos do tronco e quadril chamado “Core”, termo inglês significando núcleo, centro do corpo. A transferência de força gerando qualquer movimento seja com as pernas ou combinado com os outros segmentos corporais depende da qualidade dessa estrutura muscular. A criança não anda sem essa musculatura desenvolvida, o futebolista não chuta forte, o corredor não corre, o ciclista não pedala bem sem os músculos do core bem treinados. O paciente recém operado precisa recuperar essa musculatura por ter ficado deitado por um bom tempo. Claro, a equipe de profissionais e a família precisam falar a mesma linguagem.

Conclusão – Os exercícios de baixa intensidade são os melhores para melhorar o perfil lipídico, mas também não é garantia de um indivíduo não ser surpreendido por um ataque cardíaco causado por um Ateroma. Entretanto, os adeptos à atividade física regular sejam elas quais forem têm uma recuperação muito mais rápida após uma intervenção cirúrgica do que os sedentários. Ao contrário do que muita gente ainda pensa o colesterol chamado “bom” HDL não é capaz sozinho de remover as placas de Ateroma depois que invade o interior das artérias. O Ateroma não se forma no interior da artéria e sim começa o seu desenvolvimento no meio da parede das artérias, inflama, cresce e invade o interior se transformando em placa dura. O HDL age antes de o problema começar arrastando o colesterol “ruim” LDL.

Leitura Sugerida:
1) ACCIOLY,Marilita Falângola – Efeito de Exercício e Estatinas no Perfil e na Função Muscular em Ratos Dislipidêmicos – São José do Rio Preto, 2007. Tese de Doutorado. Disponível em:
http://bdtd.famerp.br/tde_arquivos/1/TDE-2008-09-19T073027Z-162/Publico/marilitafalangolaaccioly_tese.pdfAcessso em: 28/05/2011.
2) ALEXANDRE, Pugliese - Benefícios do Treinamento de Força em Hipertensos – Disponível em:
http://www.cdof.com.br/concurso3.htm Acesso em: 28/05/2011.
3) BARRETO, Antônio Carlos Pereira; Negrão, Carlos Eduardo – Cardiologia do Exercício – Do Atleta ao Cardiopata – Editora Manole – 3ª Edição.
4) GHORAYEB, Nabil; Dioguardi, Giuseppe S. – Tratado de Cardiologia do Exercício e do Esporte – Editora Atheneu -
5 ) LIMA, Waldecir Paula - Lipídios e Exercício Aspectos Fisiológicos e do Treinamento Ed. Phorte - São Paulo SP.
6) MORAES, Luiz Carlos – Corrida Aumenta o Bom Colesterol - Disponível em:
http://www.copacabanarunners.net/corrida-bom-colesterol.html Acesso em: 28/05/2011.
7) MORAES, Luiz Carlos - Antes de Começar a Temporada, é Hora de Fazer Exames Médicos – Disponível em: http://revistacontrarelogio.com.br/materia/antes-de-comecar-a-temporada-e-hora-de-fazer-exames-medicos/
Vídeos

7) Colesterol e Fitosteróis - Acesso em: 28/05/2011 - Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=r2kRyxdak94
8) Formação de um Ateroma / Jordans Saúde – Acesso em: 28/05/2011 - Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=UHzlCJt9-OA
9) História Natural de Um Ateroma - Acesso em: 28/05/2011 - Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=5gHIt-kx50I&feature=bf_next&list=PL9810DD22C5AA53D8&index=7
10) Uma Viagem Vascular – Colesterol – HDL – LDL – Aterosclerose – Acesso em: 28/05/2011 – Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=qPiVDpaNxOw

 

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