Home |CDOF Responde | Cadastro de Usuários | Cadastro de Consultores|


 

Qua, 22/5/13 20:41

VIGOREXIA OU SÍNDROME DE ADÔNIS

Autoria: Profa. Mônica Souza de Almeida Dias
Data da Publicação: 01/04/2007

    VIGOREXIA OU SÍNDROME DE ADÔNIS, EM INGLÊS CONHECIDA POR OVERTRAINING SEGUNDO ALGUNS ESCRITORES, É A COMPULSÃO POR PRATICAS DE EXERCÍCIOS DE FORMA CONTINUADA, EM GRANDE VOLUME E SEM RESPEITO AOS INTERVALOS NECESSÁRIOS À RECUPERAÇÃO DO ORGANISMO. NORMALMENTE ESSE COMPORTAMENTO PROVOCA ELEVADOS NÍVEIS DE CORTISOL, ENTRE OUTROS HORMÓNIOS CATABÓLICOS QUE LITERALMENTE ATACAM A MUSCULATURA PROVOCANDO PERDA DE MASSA MAGRA, ESPECIFICAMENTE MUSCULAR, ANSIEDADE, INSÔNIA, AGRESSIVIDADE, QUEDA SIGNIFICATIVA DE RESISTÊNCIA IMUNOLÓGICA E LESÕES ARTICULARES. NORMALMENTE O INDIVÍDUO RECUSA-SE A ACEITAR ORIENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS! MODIFICA     O TREINAMENTO AUMENTANDO O VOLUME E A INTENSIDADE DO TREINAMENTO POR CONTA PRÓPRIA. USA E
ABUSA DE SUPLEMENTOS (RECURSOS ERGOGÊNICOS) DE TODAS AS NATUREZAS. ACREDITA-SE QUE A VIGOREXIA SURGE COMO CONSEQUÊNCIA DE UMA SOCIEDADE FRÍVOLA QUE SE PRENDE A VALORES SUPERFICIAIS, IMATUROS E INCONSISTENTES DO CULTO À IMAGEM MAIS QUE QUALQUER OUTRA QUALIDADE. O INDIVUO AGE COM TAL
RADICALISMO, DIRIA MESMO, UM FANATISMO COMO O QUE OCORRE EM ALGUMAS RELIGIÕES.UNE PEQUENOS FRAGMENTOS DE LITERATURAS SUPERFICIAIS COMO REVISTAS COMUNS E, SEM ESTUDAR O CONTEÚDO INTEIRO DA MATÉRIA, UNE AS PARTES QUE LHE INTERESSAM PARA JUSTIFICAR SUA ATITUDE NO TREINO. A VIGOREXIA É CONSIDERADA UM TRANSTORNO EMOCIONAL E DEVE SER ACOMPANHADA DE PERTO POR MÉDICOS
PSIQUIÁTRAS.
    É A MAIS NOVA DOENÇA EMOCIONAL! O TRANSTORNO DA ATUALIDADE JUNTAMENTE COM A ANOREXIA.
VOCÊ PODERÁ ENCONTRAR MUITO MATERIAL PUBLICADO POR Harrisom G. Pope, da Faculdade de Medicina de Harvarde, Massachusetts, QUE INAUGUROU A EXPRESSAO VIGOREXIA. Pope realizou estudos em três países sobre a imagem que os homens teriam deles próprios, sobre a imagem que achariam ideal para si e sobre a imagem que acreditam que as mulheres preferem. Os resultados mostraram que a escolha do corpo ideal foi em média de, aproximadamente, 13 quilos a mais de massa muscular do que eles tinham. Também estimaram que as mulheres prefeririam um corpo masculino aproximadamente 14 quilos de massa muscular a mais do que eles tinham. Em um
estudo piloto paralelo, entretanto, os autores encontraram que as mulheres preferiram, de fato, um corpo masculino comum e sem os músculos adicionais que os homens pensavam ser necessários. Como conclusão, Pope atestou a grande discrepância entre o estado real e o ideal muscular dos homens, ajudando assim a explicar a aparente ascensão de distúrbios tais como o Transtorno de Dismorfia Muscular, relacionado ao abuso de esteróides anabolizantes. EXISTEM AINDA CONTROVÉRSIAS SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DESTE COMPORTAMENTO,
CHAMADOS POR ALGUNS DE SÍNDROME, POR OUTROS DE DOENÇA E AINDA POR TRANSTORNO DISMÓRFICO MUSCULAR. ALGUNS TEÓRICOS SUGEREM SER A VIGOREXIA FRUTO DE COMPLEXOS TRAZIDOS DA INFÂNCIA. TRANSTORNO OU NÃO, A OBSESSÃO POR UMA SILHUETA PERFEITA A QUALQUER CUSTO É CHAMADA VIGOREXIA.
    "As pessoas que treinam exaustivamente, não apenas para se sentirem bem, mas para ficarem estupendos e perfeitos, são sérios candidatos ao diagnóstico de Vigorexia. Normalmente essas pessoas estão dispostas a manter uma dieta rigorosa, a tomar fármacos e a treinar duro para conseguir seu objetivo. Elas perdem a noção de sua própria corporeidade e nunca param ou ficam satisfeitos.
   Os sintomas da Vigorexia se evidenciam pela obsessão em tornar-se musculosos. Essas pessoas olham-se constantemente no espelho e, apesar de musculosos, podem ver-se enfraquecidos ou distantes de seus ideais.
    Sentirem-se assim "incompletos", faz com que eles invistam todas as horas possíveis em exercícios e ginásticas para aumentar sua musculatura. Es difícil estabelecer limites entre um exercício saudável e um exercício obsessivo, mas é bom lembrar que os vigoréxicos, além da musculação continuada, comem de forma atípica e exagerada. Esses pacientes se pesam várias vezes por dia e fazem continuadas comparações com outros companheiros de academia. A doença vai derivando num quadro obsessivo-compulsivo, de tal forma que eles se sentem fracassados, abandonam suas atividades e se isolam em academias dia e noite. Alguns anoréxicos podm chegar a ingerir mais de 4.500 calorias diárias (o normal para uma pessoa é 2.500), e sempre acompanhado por numerosos e perigosos complementos vitamínicos, hormonais e anabolizantes. Tudo isso é feito com o propósito de aumentar a massa muscular, mesmo tendo sido alertados quanto aos graves efeitos colaterais desse estilo de vida. A Vigorexia deve ser considerada um transtorno da linhagem obsessivo-compulsiva, tanto pela obsessão em musculatura, pela compulsão aos exercícios e ingestão de substâncias que aumentam a massa muscular, quanto pela fragrante distorção do esquema corporal.
    Todavia, apesar de ser clinicamente característica, a Vigorexia não está ainda incluída nas classificações tradicionais de transtornos mentais (CID.10 e DSM.IV), embora possa ser considerada uma espécie de Dismorfia Corporal, já que também é conhecida com o nome de Dismorfia Muscular.

Personalidade da Vigorexia

    Podemos encontrar, entre portadores de Vigorexia, pessoas que só buscam a figura perfeita, influenciadas por modelos culturais atuais, ou esportistas que querem obsessivamente chegar a ser os melhores, exigindo insensatamente de seu organismo até sua meta ser alcançada. Recentemente temos visto também, entre os vigoréxicos, pessoas portadoras de personalidade introvertida, cuja timidez ou retraimento social favorecem uma busca do corpo perfeito como compensação aos sentimentos de inferioridade. Estas pessoas possuem alguns traços característicos de personalidade, costumam ter baixa autoestima e muitas dificuldades para integrar-se socialmente, costumam ser introvertidas e podem, com freqüência, rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria imagem corporal.
    Em alguns casos, a obsessão com o próprio corpo se parece muito com o mesmo fenômeno observado na anorexia nervosa.
    O fisiculturismo é um dos esportes que mais comumente se relaciona com este tipo de transtorno, mas isso não significa que todos fisiculturistas tenham Vigorexia. Os vigoréxicos praticam seus esportes e ginásticas sem levar em conta ou sem se importarem com as condições climáticas, condições físicas limitadoras ou mesmo inadequações circunstanciais do dia-a-dia, chegando a sentirem-se incomodados ou culpados quando não podem realizar essas
atividades. Os critérios de diagnóstico para a Vigorexia ainda não estão claramente estabelecidos por tratar-se de um transtorno tornado freqüente mais recentemente, possivelmente depois da última edição do CID.10 e DSM.IV,
portanto, ainda não reconhecido como um uma doença clássica e característica pelas classificações internacionais.

Conseqüências da Vigorexia
    Uma das conseqüências da vigorexia ou overtraining, dizem respeito ao excesso de treinamento e às reações corporais que avisam, por assim dizer, que algo está errado. São reações semelhantes ao estresse tais como: insônia, falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração entre outras. Além da obsessão com o corpo perfeito, a Vigorexia também produz uma importante mudança nos hábitos e atitudes dos pacientes, notadamente na questão alimentar. Até a mínima caloria ingerida será contabilizada e medida com máxima atenção, pois a beleza corporal dependerá disso. A vida do anoréxico gira em torno dos cuidados com seu corpo, sua dieta é minuciosamente regulada, eliminando-se totalmente as gorduras e, ao contrário, consumindo-se excessivamente as proteínas. Esse desequilíbrio alimentar acaba por sobrecarregar o fígado, obrigando-o a desempenhar um trabalho extra.
   A Vigorexia causa problemas físicos e estéticos, como por exemplo, a desproporção displásica, também entre o corpo e cabeça, problemas ósseos e articulares devido ao peso excessivo, falta de agilidade e encurtamento de
músculos e tendões.
   A situação se agrava quando surge o consumo de esteróides e anabolizantes com o fim de conseguir "melhores resultados". O consumo destas sustâncias aumenta o risco de doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções
sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão ao câncer da próstata.
   Emocionalmente, segundo estudos de Pope, a Vigorexia pode ter como conseqüência um quadro de Transtorno Obsessivo-conpulsivo, fazendo com que os pacientes se sintam fracassados e abandonem suas atividades sociais, inclusive de trabalho, com o propósito de treinar e exercitar-se sem descanso.
   Costuma haver algum grau significativo de comprometimento social e/ou ocupacional nos pacientes portadores de Vigorexia, e sua qualidade de vida pode ser agravada ainda por procedimentos potencialmente iatrogênicos e onerosos, como tratamentos cirúrgicos e dermatológicos desnecessários.

Sintomas e Patologia da Vigorexia
   Psiquiatricamente o quadro mais diretamente associado à Vigorexia é a chamada Dismorfia Muscular (ou Transtorno Dismórfico Muscular), uma patologia psíquica das pessoas excessivamente preocupadas com a própria aparência, constantemente insatisfeitas com seus músculos e continuadamente em obsessiva busca da perfeição.
   O sintoma central parece ser uma distorção na percepção do próprio corpo e deste sintoma decorrem os demais, como por exemplo, a obsessão pelos exercícios e dietas especiais. Esse tipo de sintoma básico (percepção distorcida do próprio corpo) também é o sintoma principal dos transtornos alimentares.
   Mangweth e cols, compararam 27 homens com diagnóstico de transtorno alimentar (sendo 17 com anorexia nervosa e 10 com bulimia nervosa), com 21 atletas masculinos e 21 homens normais não-atletas, usando um teste computadorizado da imagem do corpo, o "matrix somatomorphic". Quando era pedido para todos eles escolherem o corpo ideal que gostariam de ter, os homens com transtornos alimentares selecionaram uma imagem com a gordura de corpo muito próxima àquela escolhida pelos homens atletas e do grupo de controle.
   Entretanto, havia grande diferença entre esses grupos quanto à percepção da imagem corporal, principalmente no tanto de gordura que a pessoa acredita ter. Os homens com transtornos alimentares se percebiam ser quase duas vezes mais gordos que realmente eram, e as pessoas do grupo controle não mostraram nenhuma tal distorção. Estes resultados foram muito semelhantes aos estudos realizados com mulheres portadoras de anorexia e bulimia, as quais também mostram uma percepção anormal da gordura corporal.
   Há, nos vigoréxicos, uma inclinação patológica para o que se considera o protótipo do homem moderno, supostamente (e erroneamente, segundo pesquisa de Pope) desejável pelas mulheres. Há uma busca obsessiva em se tornar o modelo de homem, com um corpo fibroso, definido, musculoso, e devidamente glorificado pela televisão, pelo cinema, pelas revistas e passarelas de moda. A Vigorexia representa bem a sociedade onde "uma imagem vale mais que mil palavras", tornando os homens obcecados por seus corpos perfeitos. A mesma preocupação e distorção com o esquema corporal constatado na Anorexia observa-se na Vigorexia. Na Anorexia as pacientes - geralmente mulher - acham-se ainda gordas, apensar de notavelmente magras e, na Vigorexia, acham-se fracas, apesar de notavelmente musculosas.
   O problema é mais comum ter início na adolescência, período onde, naturalmente, as pessoas tendem a ser insatisfeitas com o próprio corpo e se submetem exageradamente aos ditames da cultura. Na adolescência existe uma pressão para as meninas se manterem magras e uma cobrança para que os meninos fiquem fortes e musculosos. A importância da identificação da Vigorexia precocemente, é no sentido de evitar que os adolescentes façam uso
de drogas para obter os resultados desejados (ou fantasiados).
   A Dismorfia Muscular é uma espécie de subdivisão de um quadro mais abrangente chamado de Transtorno Dismórfico Corporal, definido como uma preocupação com algum defeito imaginário na aparência física numa pessoa com aparência normal A Dismorfia Muscular seria uma alteração na percepção do esquema corporal, específica da estética muscular do corpo e não um defeito na percepção corporal imaginário qualquer. Os quadros mais comuns no Transtorno Dismórfico envolvem, principalmente, preocupações com defeitos faciais ou outras partes do corpo, cheiro corporal e aspectos da aparência. Quando diz respeito à visão distorcida e irreal da estética muscular falamos
em Dismorfia Muscular.
   O DSM.IV diz que a característica essencial do Transtorno Dismórfico Corporal (historicamente conhecido como Dismorfofobia) é uma preocupação com um defeito na aparência, sendo este defeito imaginado ou, se uma ligeira anomalia física está realmente presente, a preocupação do indivíduo é acentuadamente excessiva e desproporcional.
César Henrique Arrais, da equipe do Correio Brasiliense, na edição de 15 de setembro de 2002 escreve um artigo que diz o seguinte (trecho):
    "Dedicar a vida à academia, se sentir deprimido ao ficar uma dia sem exercício ou uso de anabolizantes. São sintomas da vigorexia, doença com fortes componentes psicológicos que já é considerada epidemia na Europa e
nos Estados Unidos.
    Stallone, Schwarzenegger, Van Damme, He-Man, Superman, Conan, Vítor Belford... difícil encontrar um adolescente que não tenha, ao menos uma vez, se inspirado num desses ícones da virilidade masculina, com músculos enormes, corpo dividido e muita disposição para dar porrada. Estimulados progressivamente pela mídia, que associa a idéia do corpo perfeito a sucesso e felicidade, e pela enorme difusão de academias de ginástica nos anos 90, os jovens marombeiros foram em busca do sonho de ter o poder e o respeito encarnados numa silhueta musculosa. Com o tempo, muitos quebraram a cara.
....
.... Trata-se de uma doença irmã da anorexia, com origens e sintomas parecidos, apesar dos objetivos serem distintos. Geralmente,o sujeito nutre uma intensa rejeição pelo próprio corpo, entrando em conflito toda vez que se olha no espelho. Nunca ele estará magro suficiente, no caso do anoréxico, ou musculoso o bastante, no caso do vigoréxico. ''Acontece uma alteração da imagem corporal. Ele nunca vai se enxergar bem fisicamente, por mais que já esteja'', explica a psiquiatra Dilma Teodoro" A ditadura estética contemporânea - esse é o nome de um artigo de Diógenes
Alves. Veja um trechinho:
    "Apesar dos avanços e estudos na área de saúde em relação à atividade física e nutrição, vivemos em uma sociedade de ícones de estética altamente opostos e de características paradoxais em relação à saúde. De um lado, temos modelos extremamente magras, muitas vezes apresentando patologias como a anorexia nervosa, e do outro, temos "atrizes"(não estou citando nomes, pois antes da aparição da atriz e de toda esta polemica, já havia outras atrizes e até cantoras internacionais neste caminho, basta ver algumas revistas antigas) com corpos musculosos próximos a uma aparência masculina, o qual também apresenta patologia conhecida como vigorexia (veja mais em Dismorfia muscular). Diante deste fato, chegamos a um assustado questionamento: com a atual super exposição destes ícones na mídia qual será sua repercussão em nossa sociedade extremamente vaidosa?"
    Os pacientes acometidos de Vigorexia compartilham com os portadores de Dismorfia Corporal e Anorexia os mesmos pensamentos obsessivos, e todos eles executam alguns rituais repetitivos diante do espelho, o qual sempre lhes mostra sua imagem distorcida.
    Harrisom G. Pope descreveu esse quadro pela primeira vez em 1993, chamando-o inicialmente de Anorexia Reversa. Em seus últimos trabalhos Pope preferiu usar o termo "Complexo de Adônis", reconhecendo que os homens eram os principais acometidos e, mais raramente, algumas mulheres. Esse autor observou existirem muitos elementos em comum entre a Vigorexia e outros transtornos alimentares, notadamente com a Anorexia Nervosa. Apontou algumas das características em comum: Transtorno Dismórfico Corporal e Transtorno Dismórfico Muscular Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal sofrem de idéias persistentes sobre o modo como percebem a própria aparência corporal, portanto, todo paciente com Vigorexia tem também Transtorno Dismórfico Corporal. Esses pensamentos persistentes, intrusivos, difíceis de resistir, invadindo a consciência e em geral acompanhados por compulsões rituais de olhar-se no espelho constantemente seriam muito semelhantes aos pensamentos obsessivos dos pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Essas idéias obsessivas sobre defeitos no próprio corpo são, em geral,
egodistônicas, ou seja, estão em desacordo com o gosto da pessoa, portanto, fazem a pessoa sofrer.
    No Transtorno Dismórfico Corporal são mais comuns as queixas que envolvem defeitos faciais, como por exemplo a forma ou tamanho do nariz, do queixo, a calvície, etc. mas, não obstante podem envolver outros órgãos ou funções, como a preocupação com o cheiro corporal que exalam, mau hálito, odor dos pés, etc.
    Choi1, Pope e Olivardia definem o Transtorno Dismórfico Muscular como uma nova síndrome onde as pessoas, geralmente homens, independentemente de sua musculatura (embora normalmente sejam bem desenvolvidos), têm uma opinião patológica a respeito do próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena.
    A co-morbidade do Transtorno Dismórfico Corporal ou de sua variante, o Transtorno Dismórfico Muscular (Dismorfia Muscular), com outros quadros psiquiátricos, tais como a Fobia Social, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Depressão e outros quadros delirantes é bastante freqüente. Com Depressão e Ansiedade essa co-morbidade chega a 50% dos casos, especialmente com quadros de ansiedade tipo Pânico.
    Com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo clássico, Fobia Social e Anorexia Nervosa a comorbidade também é alta, em torno de 40%. Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal em geral são perfeccionistas e podem ter traços de personalidade obsessivos ou esquizóides.

Critérios Diagnósticos para F45.2 (CID.10) ou 300.7 (DSM.IV) do Transtorno Dismórfico Corporal:

A. Preocupação com um imaginado defeito na aparência. Se uma ligeira anomalia física está presente, a preocupação do indivíduo é acentuadamente excessiva.
B. A preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. A preocupação não é melhor explicada por outro transtorno mental (por ex., insatisfação com a forma e o tamanho do corpo na Anorexia Nervosa).

Causas
    Ainda que não se tenham dúvidas sobre o forte elemento sociocultural no desenvolvimento e na incidência da Vigorexia, também parece que a patologia esteja relacionada com desequilíbrios de diversos neurotransmissores do sistema nervoso central, mais precisamente da serotonina.
    Também a causa do Transtorno Dismórfico Corporal é desconhecida, embora existam relatos de algum envolvimento orgânico em casos que tiveram início pós-encefalite ou meningite. Isso reforça a hipótese de envolvimento ou disfunção dos gânglios da base nestes quadros. Essa mesma hipótese tem sido emprestada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo e outros transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
    Para Pope, pode-se recorrer a fármacos que atuem sobre esses neurotransmissores para o tratamento dessa doença. A própria resposta positiva dos medicamentos bloqueadores seletivos da recaptação de serotonina tem sugerido que os sintomas de Transtorno Dismórfico Corporal estejam relacionados à função da serotonina. Existem relatos de exacerbação dos sintomas do quadro com o uso de maconha, a qual também tem ação serotoninérgica. Veja Transtorno Dismórfico Corporal no DSM.IV
    Entretanto, a psicoterapia é fundamental e deve ser, preferencialmente, comportamental e cognitiva. O objetivo é modificar a conduta da pessoa, recuperando sua autoestima e superando o medo do fracasso social.

Incidência
    Os transtornos derivados da excessiva preocupação com o corpo estão se convertendo numa verdadeira epidemia.     Desejar com ardor uma imagem perfeita não implica sofrer de uma doença mental, mas aumenta as possibilidades de que esta apareça. Ainda que haja hipóteses biológicas para estes transtornos, como por exemplo, eventuais alterações nos desequilíbrios nos níveis de serotonina e outros neurotransmissores cerebrais, não cabem dúvidas de que os fatores sócio-culturais e educativos têm uma grande influência em sua incidência.
    Os portadores de Vigorexia são, em sua maioria, homens entre 18 e 35 anos, os quais começam a dedicar demasiado tempo (entre 3 e 4 horas diárias) a atividade de modelação física, resultando em algum tipo de prejuízo
sócio-ocupacional. A idade de início mais comum do Transtorno Dismórfico Corporal também é no final da adolescência ou início da idade adulta. A média de idade está em torno dos 20 anos, não sendo raro que o diagnóstico seja feito mais tardiamente. Por causa dessas coincidências é que a Vigorexia (ou Transtorno Dismórfico Muscular) pode ser incluída dentro do Transtorno Dismórfico Corporal.
    Segundo dados de Pope, entre 9 milhões de norte-americanos que freqüentam academias de ginástica, existe perto de um milhão de pessoas afetadas por um transtorno de ordem emocional que os impede ver-se como são na realidade. Por mais treinamento que essas pessoas realizem, por mais musculatura que desenvolvam, elas sempre se acharão fracas, débeis, raquíticas e sem nenhum atrativo físico. Esses seriam os vigoréxicos.


Referências Bibliográfica

-Choi PY, Pope HG Jr, Olivardia R. - Muscle dysmorphia: a new syndrome in weightlifters - Br J Sports Med. 2002 Oct;36(5):375-6; discussion 377.
-Kanayama G, Cohane GH, Weiss RD, Pope HG. - Past anabolic-androgenic steroid use among men admitted for substance abuse treatment: an underrecognized problem? - J Clin Psychiatry. 2003 Feb;64(2):156-60.
-Kanayama G, Pope HG, Cohane G, Hudson JI. - Risk factors for anabolic-androgenic steroid use among weightlifters: a case-control study - Drug Alcohol Depend. 2003 Jul 20;71(1):77-86.
-Mangweth B, Hausmann A, Walch T, Hotter A, Rupp CI, Biebl W, Hudson JI, Pope HG Jr. - Body fat perception in eating-disordered men - Int J Eat Disord. 2004 Jan;35(1):102-8.
- Mangweth B, Hudson JI, Pope HG, Hausmann A, De Col C, Laird NM, Beibl W, Tsuang MT. - Family study of the aggregation of eating disorders and mood disorders - Psychol Med. 2003 Oct;33(7):1319-23.


 

|::::  Cooperativa do Fitness - Todos os direitos reservados - BH - MG - Na internet desde 05/12/1999 ::::|