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Seg, 16/3/09 10:01
JOGOS COOPERATIVOS X JOGOS COMPETITIVOS “
Uma perspectiva da preferência dos alunos, entre os
jogos
cooperativos e jogos competitivos.”
FABIANO RODRIGUES DE CAMPOS
1. INTRODUÇÂO
O indivíduo desde que nasce assimila e aprende com as
diversas situações vivenciadas por ele seja em
casa, na escola ou sociedade. A sociedade em si requer diferentes
e variadas formas de comportamento e participação,
desta forma o individuo é obrigado a tomar ciência
de sua posição no convívio social, tendo
a necessidade de agir tanto individualmente ou em grupo.
Nossa sociedade é meramente competitiva e individualista,
o que prevalece sempre o ganhar do outro, e muitas vezes isso
significa prejudicar o outro. A cooperação pode
ser uma das soluções para tanto individualismo
e competição. Mas será que a competição é tão
prejudicial assim? Será que de certa forma ela não
possui aspectos positivos?
O que podemos ter certeza é de que a criança quando
brinca se transporta para um mundo imaginário.
Através do lúdico a criança adquire seus
valores, símbolos, habilidades, desenvolvem sua linguagem,
explorando o ambiente e se inserindo em seu grupo social, segundo
Winnicot (1975. p 78) afirma.
“
Que a brincadeira é a melhor maneira da criança
comunicar-se, ou seja, um instrumento que ela possui para relacionar-se
com outras crianças. Brincando, a criança aprende
sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a
melhor forma de integrar-se a esse mundo que já encontra
pronto ao nascer”.
Portanto, o brincar facilita a assimilação da aprendizagem
do aluno, tornando-a a mais significativa e concreta. Entretanto
no ambiente escolar devem ser respeitados aspectos que favoreçam
a boa formação do indivíduo nos aspectos
cognitivo, físico e social.
Para oferecermos um bom ambiente para essa formação
devemos nos preocupar com os componentes de nossas aulas e de
nossa escola, dessa forma o aluno poderá adquirir
uma melhor qualidade de vida. Segundo ORLICK 1989,
“ Aqueles que se preocupam com a qualidade de vida em
geral, e mais especificamente com a saúde psicológica
das crianças, devem trabalhar no sentido de que seres
humanos confiantes, cooperativos e felizes não se tornam
uma espécie ameaçada de extinção”.
(ORLICK 1989) Apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
O jogo é uma atividade que desperta o interesse de todos,
tanto a quem joga quanto quem vê. No jogo somos capazes
de sentir emoções de diversas magnitudes e sentidos,
estabelecemos conexões entre a alegria e a tristeza, ansiedade
e o nervosismo, o ganhar e o perder. O jogo nos toca profundamente,
nos colocando em situações diferentes, nos preparando
para o novo e nos fortalecendo também para vida, a respeito
disso BROTTO afirma que
“temos no jogo uma oportunidade de nos expressarmos
com um todo harmonioso, um todo que nos integra virtudes
e defeitos,
habilidades e dificuldades, bem como as possibilidades
de aprender a SER... por inteiro, podemos desfrutar da
inteireza uns dos
outro e descobrir o jogo como um extraordinário
campo para a descoberta de si mesmo e para o encontro com
os outros”.
(BROTTO op.cit, p.107) apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
No
sentido de que a criança joga simplesmente
pelo prazer de jogar ORLICK diz que
“
A principio a criança joga por prazer, pelo puro prazer
de jogar, pelo estímulo e pela interação
positiva com outras pessoas. Vencer não é importante, é irrelevante:
divertir-se é extremamente importante”. (ORLICK
op.cit, p.103) Apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
Devemos então tentar integrar as aulas de educação
física no sentido de desenvolver as ações
positivas no individuo. BROTTO pensando nesse sentido afirma
que
“
através dos jogos e esporte temos a oportunidade de ensinar-aprender
e aperfeiçoar não somente gestos motores, técnicos
e táticos, nem somente, habilidades de desempenho que
nos capacita para jogar melhor.isso é importante e é bom
que seja muito bem feito.
Contudo, a principal vocação da Educação Física
e das Ciências do Esporte, neste momento, é promover a co-aprendizagem
e o aperfeiçoamento de Habilidades Humanas Essenciais, como: criatividade,
confiança mutua, auto-estima, respeito, e aceitação uns
pelos outros, paz-ciência, espírito de grupo, bom humor, compartilhar
sucessos e fracassos e aprender a jogar uns com os outros, ao invés
de uns conta os outros... para vencer juntos”. (BROTTO op.cit,
p.49) Apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
Os jogos cooperativos são jogos cujos objetivos são
para um bem comum, através deles podemos estimular o desenvolvimento
de atitudes positivas. Falar de cooperação nos
dias de hoje é complicado, pois vivemos em uma sociedade
competitiva e individualista. A cooperação deve
ser abordada não somente nas escolas, mas deve ser abordada
em todos os seguimentos da sociedade, principalmente em seu grupo
social, então porque não começarmos na escola? É óbvio
que tudo construído com a cooperação de
todos além de mais fácil de fazer se torna mais
sólido. O convívio em sociedade requer respeito,
solidariedade e cooperação a fim de beneficiar
a todos, principalmente porque a cada dia a nossa sociedade se
torna mais competitiva, nesse sentido BROTTO afirma que
“
viver em sociedade é um exercício de solidariedade
e cooperação, destinado a gerar estados de bem-estar
para todos, em níveis cada vez mais ampliados e complexos.
Sendo um exercício, carece da convivência de atitude,
valores e significados compatíveis com essa aspiração
de felicidade interdependente”. (BROTTO op.cit,
p. 29) Apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
A cooperação e a competição caminham
juntas e fazem parte do mesmo contexto, para BROTTO.
“
competição e cooperação são
processos sociais e valores humanos presentes no jogo, no esporte
e na vida. São características que se manifestam
no contexto da existência humana e da vida em geral. Porem,
não representam, nem definem e muito menos substituem,
a natureza do jogo, do esporte e da vida. Somente o melhor conhecimento
desse processo, pode oferecer condições para dosar
competição e cooperação nos diferentes
contextos nos quais se manifestam”. (BROTTO op.cit,
p.34) Apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
Se competimos é porque vivemos numa sociedade que estimula
a competição, portanto devemos tentar ensinar os
jogos competitivos cooperativamente.
O jogo cooperativo já vem de encontro com essa idéia
de ensinar cooperativamente, com seus objetivos voltados para
um bem comum. Mais não podemos simplesmente esquecer os
jogos competitivos.
Neste trabalho faremos um estudo com a intenção
de comprovar qual dos dois tipos de jogos os alunos de uma quinta
série preferem jogar, para tal trabalharemos os dois tipos
de atividades nas aulas de Educação Física
e depois aplicaremos um questionário para delimitarmos
esta informação, tentaremos definir que tipo de
jogo eles preferem e porque gostam de tal tipo de jogo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste estudo pesquisamos uma turma de 5ª série do
ensino fundamental de uma escola da rede pública do município
de Ribeirão Cascalheira, , onde utilizamos atividades
cooperativas e competitivas, com o enfoque principal de comparar
os dois tipos de atividades para que os alunos pudessem verificar
qual dos dois tipos de atividades eles preferem. Para compreendermos
melhor o trabalho buscamos dados de alguns estudiosos para nos
permitir um maior entendimento deste estudo. Primeiramente buscando
definir o significado de duas palavras, competição
e cooperação.
O que significa cooperação: significa colaboração,
ajuda, compartilhamento, trabalhar em conjunto visando um objetivo
em comum, facilitando a obtenção de resultados
em beneficio de todos. Há interesse especial quando a
cooperação envolve grande número de cooperantes.
Tentaremos agora dar um referencial da palavra cooperação,
segundo o dicionário Aurélio cooperação é;
“operar ou obrar simultaneamente; trabalhar em comum;
colaborar; cooperar para o bem público; cooperar para
o trabalho em equipe.” SANTOS, Caroline Matos, Hélio
Santos Bóga Filho, Maria Josiane de Azevedo Correia.
Numa visão voltada para o objetivo deste trabalho analisamos
uma visão de BROTTO sobre cooperação no
que acreditamos ser a mais real, segundo ele,
“
Cooperação: é um processo onde os objetivos
são comuns, e as ações são compartilhadas
e os resultados são benéficos a todos”.
BROTTO, 2002, p.27).
Tentando também definir o significado de competição
vamos analisar a definição do dicionário
Aurélio, onde define que,
“Competição é o ato ou efeito de
competir; busca simultânea por dois ou mais indivíduos,
de uma vantagem, uma vitória, um prêmio, etc.” SANTOS,
Caroline Matos, Hélio Santos Bóga Filho,
Maria Josiane de Azevedo Correia.
Em um outro contexto BROTTO define também a competição
com sendo:
Competição: é um processo onde os objetivos
são comuns, mutuamente exclusivos e as ações
são benéficas somente para alguns”. (BROTTO,
1997, p 33) Apud, LOPES, 2005.
Conhecendo o sentido de cada palavra podemos definir que a cooperação é a
competição são processos diferentes mais
de certa forma tem o mesmo objetivo, tenta explicar ORLICK que
“
A principal diferença entre cooperação e
competição é que no primeiro todos cooperam
e ganham, eliminando-se o medo do fracasso e aumentando-se a
auto-estima e a confiança em si mesmo. Ao passo que no
segundo, a valorização e o reforço são
deixados ao acaso ou concedidos apenas ao vencedor, o que gera
frustração, medo e insegurança”.(ORLICK
1989) Apud, LOPES, 2005.
Com isso podemos ver que a competição e a cooperação
são diferentes na forma em que é interpretado o
ato de “ganhar”, a forma em que se ganha, e a forma
na qual se valoriza a vitória. Vamos evidenciar isso dentro
do jogo, definindo este conceito.
Podemos analisar duas definições de HUIZINGA onde
ele dá significado ao jogo. Na primeira tentando explicar
o jogo como um elemento da cultura, retransmissor e ao mesmo
tempo recriador, HUIZINGA coloca o jogo acima do lógico,
ele o coloca como função da cultura, do mais baixo
ao mais alto grau.
“Poderíamos considerá-lo uma atividade livre,
consciente mente tomada como ‘não-seria’,
e exterior à vida habitual, mas, ao mesmo tempo, capaz
de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma
atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com
a qual não se pode obter qualquer lucro, segundo uma certa
ordem e certas regras. Promove a formação de grupos
sociais com tendências a rodearem-se de segredo”.(HUIZINGA,
1980:16) apud KINIJNIK 2001.
Nessa segunda definição tenta dar um sentido orgânico
para o jogo, falando se sua forma e emoções possíveis.
HUIZINGA coloca que:
“o jogo é uma atividade ou ocupação
voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites
de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas,
mais absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si
mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria
e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”.
(HUIZINGA, 1996:33) Apud BROTTO 2002.
No jogo conseguimos sentir e experimentar emoções
diferentes, tais como: a satisfação e a frustração,
por exemplo.
Dessa forma HUIZINGA coloca que:
“o jogo lança sobre nós um feitiço:” fascinante ““,
cativante “. Está cheio das duas qualidades mais
nobres que somos capazes de ver nas coisas: o ritmo e a harmonia”.(HUIZINGA,
2000:13) apud FAUSTO, Eliana Rossetti 2001.
Jean Chateau em sua obra, na tentativa de explicar o “porque
a criança gosta de jogar”, diz que “, o jogo
prepara para vida séria”, acredita que a criança
brinca e dessa forma contribui para o seu desenvolvimento
futuro:
“Pelo jogo, ela (a criança) desenvolve as possibilidades
que emergem da sua estrutura particular, concretiza as potencialidades
virtuais que afloram sucessivamente à superfície
do seu ser, assimila-as e as desenvolve, une e as combina, coordena
seu ser e lhes dá vigor”. (CHATEAU, 1987:17) apud
FREIRE 2003.
Jean Piaget, PIAGET, p: 148 apud FREIRE 1997, afirma que o jogo
não prepara o individuo somente para o agora, mas também
prepara o individuo para o amanhã, seja individualmente
ou no convívio social lhe estabelecendo parâmetros
de regras. “A regra é uma regularidade imposta pelo
grupo e de tal forma que a sua violação representa
uma falta”.
O jogo no seu ato pode e deve ser interrompido para discussões
onde os indivíduos compõem suas regras tratando-a
como ponto fundamental para o bom andamento do jogo dando total
significado a estas palavras, Piaget diz o seguinte:
“O divertimento específico do jogo deixa assim
de ser muscular e egocêntrico para tornar-se social”.
(PIAGET, p: 37) apud FREIRE 1997.
Então entendemos que desde a criação e modificação
do jogo (criação das regras, seus espaços
e materiais), o comportamento criativo surge contribuindo para
as formações intelectuais, culturais e sociais
do aluno. Dentro do jogo existem vários componentes dois
deles são a cooperação e a competição.
A competição e a cooperação fazem
parte de qualquer tipo de jogo mesmo ele tendo objetivos distintos,
basta para isso as atitudes de cada um, tentando explicar esta
presença BROTTO evidencia que:
“
Competição e Cooperação são
processos sociais e valores presentes no jogo, no esporte
e na vida. Porem, não representam, nem definem e
muito menos substituem, a natureza do jogo, do esporte
e da vida” (BROTTO
2002: 26).
Como o objetivo deste trabalho é analisar
a preferência
pelos jogos cooperativos ou competitivos, vamos conhecer
melhor os dois tipos de jogos compartilhando o ponto de
vista de Brotto,
que afirma que.
“Os jogos cooperativos vem com a intenção
de compartilhar, unir pessoas, despertar coragem para correr
riscos com pouca preocupação com o fracasso e sucesso
em si mesmo. Eles reforçam em si mesmo e nos outros, e
todos podem participar autenticamente, onde ganhar e perder são
apenas referencias para o continuo aperfeiçoamento pessoal
e coletivo”.(BROTTO 1997) apud, Conexões
v.3.
Vejamos segundo SCHUT 1989, sua visão sobre a competição:
“a competição é prejudicial quando
há tentativa de trapacear, quando há um gasto excessivo
de energia para ganhar ou, ainda, quando representa a diminuição
do adversário”. (SCHUT 1989) Apud SANTOS, Caroline
Matos, Hélio Santos Bóga Filho, Maria Josiane
de Azevedo Correia.
A competição pode ser explicada ou de certa forma
encontrar fundamentação na teoria de DARWIN, SOLLER
2003 coloca que.
““o mais apto” não significa o mais
forte ou mais bruto. Darwin ficou amargurado por suas teoria
terem sido distorcidas para justificar negociatas, crueldades
e guerras com os mais fracos. Charles Darwin afirmou claramente
que para a raça humana o valor mais alto de sobrevivência
está na inteligência, no censo moral e na cooperação
social. Os jogos competitivos podem e devem ter o seu papel educacional.
Esses podem contribuir para desenvolver no grupo o respeito,
a solidariedade, a amizade entre outro, contudo que seja trabalhado
em um ambiente bem administrado”. (SOLLER 2003) Apud SANTOS,
Caroline Matos, Hélio Santos Bóga Filho,
Maria Josiane de Azevedo Correia.
Os jogos competitivos podem e são de extrema importância
para a formação social do aluno, quando trabalhado
da forma correta colabora para a construção de
seu intelecto, seu caráter e cultura corporal. A competição
não é a vilã deste contexto, mas sim, a
forma como a maioria dos profissionais a coloca como proposta
de aula, e se trabalhada de forma humanizada, sem permitir a
trapaça e com aspectos positivos, com certeza a competição
terá bons resultados.
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Verificar a preferência dos jogos cooperativos e jogos
competitivos entre alunos da 5ª série do ensino fundamental
da Escola Municipal de Ensino fundamental Maria do Socorro Luz
reis do município de Ribeirão Cascalheira - MT.
3.2 Específicos
• Analisar as diferenças entre jogos cooperativos e jogos
competitivos;
• Aplicar atividades das duas modalidades para verificar a preferência
do grupo pelos jogos cooperativos e competitivos.
• Verificar a adequação das atividades de acordo
com a idade do grupo.
4. METODOLOGIA
4.1 Tipo de Pesquisa
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma pesquisa
experimental. A pesquisa experimental é um instrumento
que visa a aplicação de um trabalho a fim de se
avaliar os resultados, sendo estes positivos, negativos ou nenhum.
Neste sentido, a pesquisa foi realizada através de aulas
de Educação Física em uma turma de 5ª serie,
apoiada em algumas bibliografias, periódicos e artigos
sobre jogos cooperativos e jogos competitivos.
4.2 Natureza das variáveis
Quanto à natureza das variáveis a pesquisa caracteriza-se
como quantitativa. Pesquisa baseada na aplicação
de aulas de Educação Física e avaliada por
um questionário informal e aplicado aos alunos da turma
a fim de levantar dados (números) para serem analisados
e discutidos.
4.3 Local
A pesquisa foi realizada em uma escola de ensino fundamental
da cidade de Ribeirão Cascalheira, Estado de Mato Grosso
no período de dois meses compreendendo os meses de março
e abril de 2006. Envolveu uma turma de alunos de 5ª série
do ensino fundamental, com faixa etária compreendida entre
10 a 12 anos de idade, regularmente matriculados no período
matutino da escola.
4.4 Instrumento de Pesquisa
O instrumento de pesquisa utilizado foi a aplicação
de uma série de exercícios cooperativos e depois
uma série de exercícios competitivos, antes da
aplicação dos jogos cooperativos explicamos suas
regras e qual era a finalidade de cada jogo, deixando-os livres
na forma de atingir o objetivo em comum; para os jogos competitivos
explicamos também as regras e o objetivo principal que
era a vitória, deixando-os livres também para atingirem
o objetivo principal, é claro desde que respeitadas as
regras. Depois da realização dos jogos foi aplicado
um questionário fechado visando obter as informações
necessárias. O trabalho de levantamento dos dados foi
realizado pelo próprio pesquisador.
Nesse trabalho, foi adotado o questionário fechado propiciando
pertinência ao estudo de forma a obter informações
diretas e objetivas que levaram a uma maior relevância
com relação ao seu objetivo.
Para a realização do estudo foram utilizados os
seguintes materiais:
- Bola de meia
- giz
- Bolas de futsal.
- Bolas de handebol.
- Bolas de voleibol.
- Bolas de basquetebol
- Rede de voleibol
- Corda.
- Garrafas pet.
- Apito.
4.5 Coleta de dados
Uma vez obtida autorização pela escola procedeu-se
o início da pesquisa. Aplicamos inicialmente as atividades
cooperativas e depois as atividades competitivas. Logo após
aplicou-se o questionário fechado, o que correspondeu
ao total de 02 meses de trabalho, respeitando horários
de aula.
4.6 Atividades desenvolvidas.
Foram desenvolvidas atividades cooperativas e competitivas nas
aulas de Educação Física; as atividades
foram desenvolvidas no decorrer das 02 aulas semanais num período
de dois meses. Nas atividades propostas, os alunos tinham que
respeitar as regras e os seus colegas, e agir conforme os objetivos
dos dois tipos de atividades.
As atividades desenvolvidas foram:
Atividades cooperativas;
- Multiesporte;
- Voleibol cooperativo;
- Queimada maluca;
- Base quatro.
Atividades competitivas;
- Jogo de futsal;
- Jogo de voleibol;
- Jogo de basquetebol;
- Jogo de handebol.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na queimada maluca o objetivo desse jogo é queimar, não
ser queimado e salvar os colegas. Os alunos podem salvar os colegas
para que o jogo não pare. Nesse jogo podemos observar
a participação, cooperação e o nível
de individualidade e competição entre os participantes.
Observamos que a maioria dos alunos salvava os colegas, mas um
número significativo de indivíduos preferiram excluir
os colegas no intuito de diminuir o número de participantes
e dessa forma buscar o “melhor” ou “vencedor”,
evidenciando a presença marcante da competição.
No voleibol cooperativo o objetivo do jogo é de marcar
pontos para a equipe na qual o jogador está jogando, e
assim que o ponto é marcado, o jogador passa para o time
contrário. Os alunos tem a oportunidade de participar
das duas equipes marcando pontos para ambas. Nesse jogo podemos
observar a cooperação, a participação
e a interação sócio-afetiva. Observamos
que a maioria dos alunos que marcava pontos, não queriam
trocar de equipe, pois estavam querendo marcar mais pontos pela
equipe na qual estavam jogando naquele momento. Notamos também
que a motivação para a continuação
da atividade acabou rapidamente, e conseqüentemente o jogo
terminou.
No multiesporte, integrado por quatro tipos de esportes: futebol
de salão, handebol, basquetebol e voleibol, o objetivo é marcar
pontos, cestas, gols e também defender as metas, com isso
ocorre o aperfeiçoamento das habilidades motoras e a capacidade
de organizarem-se em grupo. Nesse jogo podemos observar a cooperação,
interação sócio-afetiva e atenção.
Observamos que a maioria dos alunos gostaram dessa atividade
e que a cooperação esteve presente na maioria do
tempo de jogo, se empenharam em marcar a maioria de pontos não
se preocupando muito com o placar ou com vencedores ou perdedores,
estiveram sempre motivados até o final do tempo.
O base quatro é uma mistura de beisebol e brincadeiras
de rua, o objetivo é de se salvar para marcar pontos passando
por quatro bases logo após uma rebatida de uma bola. Nesse
jogo podemos observar a cooperação, organização,
interação social e nível de competição.
Observamos que mesmo as equipes estando competindo entre si,
houve uma grande cooperação dos componentes das
equipes, a preocupação não era só de
marcar pontos para vencer, mas de auxiliar os colegas para alcançar
o objetivo do jogo, que hora era marcar pontos, e hora era de
queimar o componente da outra equipe para que o mesmo não
marcasse tempo.
No jogo de futebol de salão, basquetebol, voleibol e handebol
que são considerados jogos extremamente competitivos a
participação foi quase que total, ficaram de fora
alguns alunos, quando perguntei porque de eles não queriam
jogar me disseram que não gostavam de jogar porque não
jogavam bem, “não sabemos jogar direito”,
e completaram dizendo “eles ficam brigando com a gente
e não tocam pra gente”. Neste caso observamos a
grande presença da competição, estando os
aspectos da cooperação, organização
e interação em segundo ou terceiro plano e até mesmo
inexistente.
Logo depois de aplicado todas as atividades pretendidas, aplicamos
o questionário onde obtemos os seguintes resultados: quando
perguntamos aos alunos se eles gostavam de jogos cooperativos,
66,67% responderam que gostavam e 33,33% que não gostavam.
Quando perguntamos se eles gostavam de jogos competitivos 80%
responderam que gostavam e 20% que não gostavam, o que
nos leva a concluir que grande parte dos alunos gosta dos dois
tipos de jogos. Veja o gráfico 1
Continuando a analisar o questionário perguntamos aos
alunos o que eles achavam melhor em cada um dos tipos de jogos,
para os jogos cooperativos 13,33% responderam que gostavam mais
da forma de como é jogado, 26,67% das regras e 60% do
fato de que todos ganham. Para os jogos competitivos, 16,66%
disseram que gostavam da forma como é jogado, 16,66% das
regras e 66,67% do fato de que sempre há vencedores, comparando
neste aspecto os dados obtidos podemos dizer que grande parte
dos alunos gostam de ganhar, e que a forma como é jogado
e as regras dos jogos ficam em segundo e terceiro plano.
Quando perguntamos aos alunos com respeito à facilidade
de se jogar cada tipo de jogo, 20% responderam que os jogos cooperativos
são mais fáceis de jogar e 80% os jogos competitivos.
O que nos explicita, comparando com os aspectos anteriores, que
não é só o fato de ganhar que importa para
eles mais o fato de vencer alguém ou outra equipe que
os deixam mais satisfeitos, evidenciando assim a presença
da competição e do prazer de vencer o outro.
A questão final do questionário era, que tipo de
jogo você prefere? Jogo cooperativo ou competitivo. 13,33%
responderam que preferiam os jogos cooperativos, e 86,67% preferiam
os jogos competitivos, dessa forma terminamos por concluir que
a maioria quase que absoluta gostam de competir entre si, ganhar
do outro ou dos outros, o que não se contrapõe à visão
imposta pela sociedade em que vivemos.
6.CONCLUSÃO
Através dos jogos competitivos e jogos cooperativos,
aplicados nas aulas de educação física,
nos é possível desenvolver as capacidades e habilidades
psicomotoras dos nossos alunos, podemos por meio dos jogos, motivar
e incentivar à prática de atividades físicas.
Mas com relação à preferência dos
alunos pelos jogos competitivos e jogos cooperativos observamos
que eles gostaram dos dois tipos de jogos, mas esta preferência
está implícita na motivação de ganhar,
de ganhar do outro, de vencer. Mesmo os jogos cooperativos oferecendo
um jeito mais justo de jogar, propiciando chances iguais e objetivos
comuns, onde todos ganham, os alunos preferem os jogos competitivos
pela facilidade de se jogar e pela motivação de
ganhar, de vencer o “outro”, mas gostaram também
dos jogos cooperativos e até apontaram vários pontos
positivos.
Em linhas gerais, os jogos cooperativos e competitivos, são
de certa forma diferentes, mas ao mesmo tempo semelhantes, na
forma de se abordar o jogo. Eles estão ligados pelo fato
de que são atividades voltadas ao desenvolvimento dos
aspectos de cooperação, interação
social, capacidades e habilidades motoras nos indivíduos,
ambos, se não aplicados direito podem ter aspectos negativos
e até mesmo nocivos, mas se trabalhados de forma correta,
os dois terão na sua grande parte, ou totalidade, benefícios
na formação “intelecto-fisico-social” do
aluno e ou individuo.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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exercício de convivência. Santos: São Paulo,
2002
FAUSTO, E. R. Se a criança aprende a competir porque
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de Monte Serrat – UNIMONTE.
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. Teoria
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São Paulo: Scipione, 1997.
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KNIJNIK,J; DORFMAN. A questão do jogo: uma contribuição
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brasileira de ciências e
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. www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v3n1/Educa%E7%E3o%20
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SANTOS, Caroline Matos, Hélio Santos Bóga Filho,
Maria Josiane de Azevedo Correia. Competição versus
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acesso em 20 de junho de 2006.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago,
1975.
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