Ter, 12/10/10 20:18
DICOTOMIA PARAOLÍMPICA
Por: Prof
Sergio José de Castro* Resumo Introdução Contudo, essa prática, embora pautada em princípios internacionais de igualdade, tem demonstrado ao longo dos tempos, uma dicotomia paraesportiva marcante. Por exemplo, os Deficientes auditivos , que foram , através da história classificados como os primeiros a fazerem o esporte adaptado através do mundo, no ano de 1888, com o Futebol de Surdos, na Alemanha, até hoje, não participam das Paraolimpíadas ou Jogos Paraolímpicos, que são consideradas a maior competição paraesportiva mundial, da qual somente participam Deficientes Visuais, Amputados , Anões , Les Autres, Deficientes Físicos). Eles participam de Campeonatos Mundiais, através de sua Associação Internacional, o Comitê International de Sports de Sourds ( CISS) Já os indivíduos com Síndrome de Down, também tem as suas próprias competições conhecidas como Olimpíadas Especiais (Esportes de Inverno e Verão), da qual participam Atletas com Síndrome de Down, Deficientes Intelectivos, Retardados Mentais, Deficientes Mentais e também pessoas ditas “normais”, através de um processo denominado “esportes Unificados”, onde atletas sem deficiência participam com atletas deficientes é importante ressaltar que estes também não participam do Processo paraolímpico. Os Deficientes Mentais também tem os seus próprios campeonatos Mundiais, realizados através da Associação Brasileira de Desportos de Deficientes Mentais (ABDEM). Com o pode ser visto, existe uma discriminação dentro da discriminação, onde pessoas com deficiência não tem o direito de participar em uma competição como as Paraolimpíadas. HISTÓRICO
DO PARAESPORTE NO BRASIL E NO MUNDO JOGOS
PARAOLÍMPICOS
As Paraolimpíadas de Atenas aconteceram nos dias 17 e 28 de setembro de 2004 e reuniram quatro mil atletas de 142 países. Além disso, a cidade recebeu cerca de três mil jornalistas e fotógrafos; 1.000 técnicos e arbitrários; 2.000 apoios de delegação; 2.500 convidados oficiais e 35.000 pessoas encarregadas pela organização dos jogos, sendo que, desse total, 1.500 foram voluntários. Hoje, são disputadas 19 modalidades nos Jogos Paraolímpicos de verão. São elas: tiro com arco, atletismo, bocha, ciclismo, hipismo, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, judô, halterofilismo, tiro, natação, tênis de mesa, vôlei, basquete em cadeira de rodas, esgrima, rugby, tênis e iatismo. Já nos Jogos Paraolímpicos de Inverno, são disputadas as modalidades de esqui, esqui nórdico, hockey, wheelchair curling , dança em cadeira de rodas e bowls. O PARAESPORTE NO BRASIL Há 45 anos surgiam no Brasil as primeiras entidades com o objetivo de desenvolver o esporte para pessoas portadoras de deficiência. Assim, em 1958, foi fundado o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro; sendo seguido pelo Clube dos Paraplégicos de São Paulo, em São Paulo. Os precursores deste movimento foram Robson de Almeida Sampaio e Sérgio Delgrande. Um ano depois, em 1959, aconteceu a primeira competição de atletas portadores de deficiência em nosso país. Foi um jogo de basquete em cadeira de rodas que reuniu as equipes do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi por meio do basquete que se iniciou a prática esportiva para pessoas portadoras de deficiência no Brasil. Com o tempo, outras modalidades foram incorporadas e surgiu a necessidade da criação de uma entidade que organizasse o paradesporto nacionalmente; uma entidade que falasse numa única voz com as organizações internacionais. Assim, em 1975, foi fundada a Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE). A ANDE já nasceu com um desafio: realizar os Jogos Parapanamericanos de 1977. Era preciso uma entidade capaz de responder e acompanhar o crescimento do esporte adaptado brasileiro. Dessa maneira, a ANDE acolheu todas as áreas de deficiência. Entretanto, a exemplo do que aconteceu internacionalmente, o desenvolvimento do paradesporto nacional e o aumento expressivo do número de atletas e de modalidades fomentadas exigiu que a estrutura, até então formatada, fosse reestruturada. Assim, em 1984, são criadas a Associação Brasileira de Desporto para Cegos (ABDC) e a Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas (ABRADECAR). Como o próprio nome já diz, estas duas associações surgem com o intuito de organizar, desenvolver e fomentar o esporte praticado por atletas cegos e em cadeira de rodas, respectivamente. A ANDE ficaria, ainda, até a década de 90, responsável pelas outras áreas de deficiência. No entanto, em 1990, é criada a Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA) e, em 1995, a Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais (ABDEM). Hoje, a ANDE organiza os esportes para paralisados cerebrais e les autres. Até então, o paradesporto no Brasil era desenvolvido por meio de campeonatos regionais e nacionais; entretanto de forma bastante precária devido à falta de recursos para investir na realização de grandes eventos. Em 1995, as cinco entidades nacionais de administração do paradesporto (ANDE, ABDC, ABRADECAR, ABDA e ABDEM) se unem e criam o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). O CPB, a partir de então, é o órgão responsável pela organização de eventos nacionais, que envolvam mais de uma deficiência, bem como a entidade que, por dever, envia os nossos paratletas aos campeonatos sancionados pelo Comitê Paraolímpico Internacional (IPC). Hoje,nano de 2007, o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) apresente a seguinte constituição, a níveis nacional e Internacional :
Hoje, 2007, fazem parte do CPB, as seguintes entidades nacionais do paraesporte : Entidades nacionaisABRADECAR: Associação Brasileira de Desporto em Cadeira em Rodas FBVM: Federação Brasileira de Vela e Motor CBT: Confederação Brasileira de Tênis CBDC: Confederação Brasileira de Desportos para Cegos ANDE: Associação Nacional de Desporto para Deficientes ABDEM: Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais ABVP: Associação Brasileira de Voleibol Paraolímpico CBBC: Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas Neste mesmo ano e em 1996, com o apoio do Governo Federal, principalmente do Ministério Extraordinário dos Esportes, e de várias empresas públicas e privadas, são realizados os Jogos Brasileiros Paradesportivos. A primeira edição do evento reuniu em Goiânia cerca de 700 atletas cegos, cadeirantes, amputados, paralisados cerebrais, deficientes metais e les autres. Já os II Jogos Brasileiros Paradesportivos aconteceram no Rio de Janeiro e foram seletivos para as Paraolimpíadas de Atlanta. A competição contou com a participação de artistas, esportistas olímpicos, do Ministro Pelé e com a criação de um Hino em homenagem aos atletas paraolímpicos brasileiros. Em 2001, foi sancionada a Lei 10.264 (Lei Agnelo-Piva) que estabelece que 2% da arrecadação bruta dos prêmios das loterias federais sejam repassados aos comitês olímpicos e paraolímpicos brasileiros. Deste montante, 15% dos recursos são direcionados ao CPB e devem ser investidos na formação, preparação técnica, manutenção e locomoção dos atletas aos locais de competição. Assim, o esporte paraolímpico no Brasil conta com uma receita fixa de cerca de R$ 10 milhões por ano e está crescendo e se desenvolvendo tecnicamente. Hoje, esporte adaptado também é sinônimo de esporte de alto rendimento em nosso país. Todo este investimento deve ser revertido em medalhas nas Paraolimpíadas de Atenas, em 2004. BRASIL NOS JOGOS PARAOLÍMPICOS O Brasil foi representado pela primeira vez em Paraolimpíadas, nos jogos de Heidelberg (Alemanha), em 1972. Entretanto, as primeiras medalhas somente viriam quatro anos depois, nos Jogos Paraolímpicos de Toronto, Canadá. Foram duas medalhas de prata, conquistadas na bocha sobre a grama , pelos atletas Robson Sampaio e Luís Carlos "Curtinho". Nas Paraolimpíadas de Arnhem, Holanda, o Brasil não conquistou nenhuma medalha, sendo representado somente pelo time masculino de basquete em cadeira de rodas. Em 1984, as competições dos Jogos Paraolímpicos foram divididas em duas cidades: Nova Iorque (EUA) e Stoke Mandeville (Inglaterra). Em Nova Iorque foram realizadas as provas para atletas cegos, paralisados cerebrais e amputados. Já em Stoke Mandeville aconteceram as competições dos atletas em cadeira de rodas. Esta foi a melhor participação brasileira em jogos paraolímpicos, conquistando 28 medalhas (sete de ouro, 17 de prata e quatro de bronze). Em Seul (1988), os atletas paraolímpicos do Brasil ganharam de 27 medalhas e, com isso, alcançaram a 25ª colocação entre os 61 países participantes. No total foram quatro medalhas de ouro, dez de prata e 13 de bronze. Em 1992, aconteceram os Jogos Paraolímpicos de Barcelona e o Brasil não manteve a quantidade de medalhas conquistadas na competição anterior. Na Espanha, os atletas brasileiros ganharam apenas sete medalhas, sendo três de ouro e quatro de bronze. No entanto, voltamos para casa com dois recordes mundiais, conquistados pelos atletas de atletismo Luiz Cláudio Pereira e Suely Guimarães. Com isso o Brasil terminou em 30° lugar da competição, entre os 82 países participantes. Já em Atlanta, em 1996, a quantidade de medalhas conquistadas pelos nossos paratletas voltou a subir. No total, o Brasil subiu 21 vezes ao pódio, sendo que por duas vezes foi tocado o nosso Hino Nacional. Foram duas medalhas de ouro, seis de prata e 13 de bronze. Participaram destes Jogos Paraolímpicos 58 atletas brasileiros, que alcançaram a 37ª posição entre os 103 países participantes. Em 2000, nos Jogos Paraolímpicos de Sydney a delegação do Brasil fez uma linda campanha. Foram quebrados quatro recordes mundiais no atletismo com as atletas Roseane Santos (Rosinha) e Ádria Rocha. No total, os atletas brasileiros conquistaram 22 medalhas (seis de ouro, dez de prata e seis de bronze) e alcançaram a 24ª colocação entre os 123 países que atenderam à competição. No geral, esta foi a melhor participação brasileira em Paraolimpíadas desde os Jogos de 1984, que aconteceram em Nova Iorque e Stoke Mandeville. Os atletas paraolímpicos brasileiros estão de parabéns! Em 2004, nos jogos de Atenas, eles quebraram o recorde de medalhas conquistadas pelo nosso País. Foram 33 conquistas, 14 medalhas de ouro, 12 de prata e sete de bronze; além de sete recordes mundiais e dois paraolímpicos. O Brasil foi representado nos jogos de Atenas por 13 modalidades e alcançou recordes louváveis, como o da prova de lançamento de disco. Roseane Santos, conhecida como Rosinha, conquistou o recorde mundial da prova, estabelecendo a marca de 31,73 metros na categoria F - 58. Outro recordista mundial, que também se destacou, foi o velocista Antônio Delfino, o brasileiro estabeleceu o tempo de 48s47 e consagrou-se como o atleta mais rápido do mundo na prova dos 400 m rasos. Delfino também recebeu medalha de ouro na prova de 200m rasos. No quadro abaixo estão relacionadas as Paraolimpíadas em que o Brasil participou e a relação de medalhas conquistadas:
Referências
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