AULA DE RUNNING É A BOA
PEDIDA PARA QUEBRAR A MONOTONIA DA ESTEIRA
Por: Luiz Carlos de
Moraes CREF1 RJ 003529-P/R
E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Data de Publicação: 09/03/2011
Um dos equipamentos
mais usados nas academias sem dúvida é a
esteira cujo objetivo é simular e/ou substituir as caminhadas
e corridas que fazemos ao ar livre. Ela traz inúmeras
vantagens tais como amortecer o impacto, possibilitar um treinamento
mais seguro, corrigir o gesto esportivo e melhor controlar a
intensidade do esforço. Entre as raras desvantagens algumas
pessoas citam a monotonia em fazer sempre a mesma coisa no mesmo
lugar.
Eis a questão. Da mesma forma
que a bicicleta ergométrica
tradicional pode levar as pessoas à mesmice, concordo
que a esteira também pode. Entretanto, as aulas de Spinning
que permitem manobras simulando as dificuldades enfrentadas numa
corrida de bicicleta, na estrada na esteira também é possível
simular as dificuldades da atividade de caminhar e/ou correr
na rua tais como subir ladeiras e as variações
de velocidade. Esse tipo de treino já existe nas academias
com o nome de Running e como se trata de uma atividade sem pai
cada um dá o nome que quiser de acordo com o seu público
alvo e interesse particular. A diferença é que
se trata de uma aula previamente preparada pelo professor imaginando
um percurso qualquer na rua e suas dificuldades acompanhadas
de música com ritmo próprio para andar e/ou correr
no plano, nas ladeiras e como na esteira não existe a
possibilidade de simular uma descida aumenta-se a velocidade
por alguns minutos que é o popular tiro ou estímulo
do intervalado. No plano usa-se música tipo dance, na
subida ritmos mais lentos bem marcados e nos tiros de velocidade
músicas mais aceleradas tipo rock. Claro, embora gosto
não se discuta o professor ao selecionar a trilha musical
deve apelar para o bom senso e usar músicas populares
e alegres ou de acordo com o perfil dos alunos. Um bom parâmetro é seguir
a média de idade da turma escolhendo as músicas
dos anos 60, 70, 80 e 90.
O importante dessas aulas de Running é não se perder
o fundamento. Por exemplo: ao selecionar uma ladeira com inclinação
de 2% usando música que vá durar três minutos
se o aluno cansar no meio do caminho não deve mexer na
inclinação uma vez que está simulando um
caso real de uma ladeira a qual deverá ser vencida porque
a ladeira não vai sair do caminho. É permitido
diminuir a velocidade o quanto for necessário como aconteceria
numa situação real.
Na verdade o fundamento das aulas de Running não deixa
de ser o intervalado, um dos métodos mais conhecidos e
usado em qualquer modalidade esportiva. Devido a sua larga aplicação
no desenvolvimento da resistência aeróbia e/ou anaeróbia,
o método é usado até para as pessoas comuns
que procuram o prazer na atividade física.
A História - É impossível falar de intervalado
sem lembrar de Emil Zatopek, a “locomotiva humana” como
ficou conhecido nos anos 50 e morreu em 2000. Um fantástico
corredor tendo escrito seu nome na história por ter vencido
na mesma Olimpíada, Helsinque 52, as provas de fundo dos
5.000, 10.000 metros e a maratona. Foi também o marco
do treinamento científico, pois a sua façanha deveu-se à base
dos seus treinos calcados em Intervalado. O pai deste método,
entretanto foi Woldemar Gerschller que, em 1939 usou o atleta
Harbig como cobaia levando a quebra dos recordes mundiais da época
nos 400 e 800 metros.
Depois da Segunda guerra mundial Hroni, treinador de Zatopek
aplicou com inovações o método com ótimos
resultados. Zatopek chegava numa seção de treino
a dar 70 “tiros” de 200 metros. Hoje todas as modalidades
esportivas empregam o método com ótimos resultados.
Todo mundo faz - O treinamento intervalado não é destinado
só para os atletas sendo indicado tanto para fins de performances
como terapêuticos. Um cardiopata que anda, pára
para descansar, anda de novo e assim sucessivamente, está realizando
um treinamento intervalado. Portanto, o primeiro treino para
a recuperação, tanto das habilidades funcionais
como do desempenho. Embora as aulas de Running ofereçam
inúmeras vantagens ela não é a solução
de tudo e deve ser incluída numa programação
semanal fazendo um tipo de treinamento diferente a cada seção
mesmo na esteira. Quem treina três vezes por semana pode
um dia treinar resistência com treino contínuo,
outro dia a velocidade com um treino mais curto e mais rápido
e o terceiro dia o running desenvolvendo e explorando as três
valências físicas importantes do ser humano: força,
resistência e velocidade.
Para Refletir: Nossos medos e verdades ficam escondidos na escuridão.
Basta uma luz por menor que seja para revelar a nossa sombra.
Quem tem medo dessas verdades apague a luz. (Moraes 2010)
Sobre a Ética: Os conceitos éticos mudam de tempos
em tempos porque a ciência e a sociedade também
evoluem. (Moraes 2010).
Leitura sugerida:
VOLKOV, Nicolai Ivanovich - Teoria e Prática do Treinamento
Intervalado no Esporte – Editora Multiesportes.
REIS, Marcos Paulo, GOMES Emerson e ROSA Fabio - Programa de
Caminhada e Corrida - Editora Abril.
MORAES, Luiz Carlos - Como se preparar para a São Silvestre,
correndo na esteira. Disponível em:
http://revistacontrarelogio.com.br/materia/como-se-preparar-para-a-sao-silvestre-correndo-na-esteira/