A
IMPORTÂNCIA DA CAPOEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
CRIANÇAS NA IDADE PRÉ – ESCOLAR
THE IMPORTANCE OF THE CAPOEIRA FOR THE MOTOR DEVELOPMENT OF
CHILDREN IN THE PRESCHOOL AGE
*Silvio Pinheiro de Souza *Silvana dos Santos
** Joaquim Martins Junior
_________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO
1.1
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
As crianças na fase pré-escolar tendem a desenvolver-se
mais no aspecto motor, já que o convívio com a
escola e os professores proporciona um estímulo maior
para esse desenvolvimento. De acordo com Haywood e Getchell (2004)
o desenvolvimento motor abrange uma ampla esfera de tópicos
relacionados ao próprio físico e as capacidades
de movimento.
Também diz respeito a indivíduos
de qualquer idade, do nascimento até a morte. É importante
ressaltar que o desenvolvimento motor na criança de três
a seis anos é diferente entre si, dependendo do grau de
maturidade de cada criança. Para Teeple (1978), maturação
física é o avanço qualitativo na constituição
biológica e pode referir-se à célula, ao órgão
ou avanço do sistema em composição bioquímica,
em vez de somente ao tamanho. É na fase pré-escolar
que a criança de três a seis anos irá demonstrar
suas aptidões e interesses para determinadas práticas
esportivas e recreativas. Segundo Newell (1986) os movimentos
surgem da interação do individuo com o ambiente
no qual, os movimentos ocorrem e com a tarefa a ser executada.
Se qualquer desses três fatores muda, o movimento resultante
muda. A criança de três a seis anos possui um crescimento
lento, porém seu desenvolvimento motor é constante
e está relacionado à sua idade, já que o
desenvolvimento motor é diferente para cada idade. Para
Haywood e Getchell (2004) o desenvolvimento está relacionado à idade,
ele pode ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos.
O desenvolvimento motor é de extrema importância,
pois o não desenvolvimento na fase pré-escolar
acarreta sérios problemas à vida adulta do indivíduo.
Os autores ressaltam ainda que, “os organismos vivos estão
sempre em desenvolvimento, mas a quantidade de mudanças
podem ser mais ou menos observável nos diversos períodos
da vida.” A aplicação da capoeira na idade
pré-escolar tem sido uma questão bastante discutida
pelos que se preocupam com o desenvolvimento motor da criança
de três a seis anos.
Aliar a capoeira à educação pode gerar
uma melhora muito significativa na vida escolar de crianças
e adolescentes, produzindo maior rendimento dos alunos e resgatando
valores como respeito, amizade, companheirismo. Muitas escolas
públicas e particulares já incluíram a capoeira
como atividade intra e extracurricular, despertando a criança
para a prática do esporte desde a mais tenra infância
e criando atletas para o futuro. (MENDES, 2006, p.74)
Vendo que a aprendizagem motora se refere aos ganhos relativamente
permanentes em habilidades motoras associadas a pratica ou a
experiências, Schmidt e Lee (1999). Atualmente, essa questão
vem recebendo uma atenção especial e adotada cada
vez mais nas pré-escolas, obtendo resultados expressivos
em suas tentativas de solucionar o problema citado. É importante
lembrar ainda que apesar das diferenças existentes no
desenvolvimento da criança nesta fase a capoeira contribui
de forma adequada a cada idade. Haywood e Getchell (2004) afirmam
que o desenvolvimento motor esta relacionado à idade. À medida
que o desenvolvimento acontece, a idade avança. Todavia,
ele pode ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos,
e suas taxas podem diferir entre indivíduos cuja idade
e desenvolvimento não necessariamente avançam na
mesma proporção. A criança está sempre
passando por mudanças relacionadas à idade. Isto
constantemente muda a interação com o ambiente,
conseqüentemente o movimento surge dessa interação.
Segundo Sergipe (2006), a capoeira é uma modalidade a
qual o praticante estará desenvolvendo toda coordenação
motora global. Pois é única com ginga e determinado
número de toques e golpes padrão a todos os capoeiras,
enriquecidos com novas criações, mas que não
descaracterizam e interferem em sua integridade. A compreensão
do que é a capoeira e suas funções é indispensável
ao processo do desenvolvimento motor, pois o profissional desta área
deve conhecer a didática adequada a cada nível
de maturação, vendo que a criança de três
a quatro anos apresenta um desenvolvimento motor diferenciado
da criança de cinco a seis anos. Segundo Haywood e Getchell
(2004), o desenvolvimento motor é o processo seqüencial
e continuo, relacionado à idade, pelo qual o comportamento
motor se modifica. Porém a prática da capoeira
pode ser aplicada a um grupo de crianças de três
a seis anos juntas, pois o objetivo da capoeira será o
mesmo para todas as idades nessa fase. Segundo Sergipe (2006),
a capoeira constitui uma cultura física completa, dando
ao corpo humano suavidade, agilidade, destreza, resistência
e ajuda a desenvolver vários aspectos, tais como: coordenação
motora, moderação da linguagem, formação
do caráter, sendo um excelente método da educação
física.
Crianças em fase pré-escolar podem melhorar seu
desenvolvimento motor a partir da prática da capoeira?
1.1
HIPÓTESE:
É na fase pré-escolar em que mais se desenvolve
os aspectos motores das crianças, sendo a capoeira uma
atividade completa, a qual contribuirá gradativamente
para tal desenvolvimento.
1.2 OBJETIVO DA PESQUISA
1.2.1 Objetivo
geral:
• Analisar a contribuição da prática da
capoeira na idade pré-escolar.
1.2.2 Objetivos específicos:
• Verificar mudanças no comportamento motor em função
da prática da capoeira;
• Identificar o nível de aceitação da capoeira
nesta faixa etária.
1.2 JUSTIFICATIVA:
Decorridos dois anos da prática de capoeira enquanto
aluna, pude perceber a importância da mesma para o desenvolvimento
motor da criança. Tendo em vista porém a necessidade
do desenvolvimento motor da criança em idade pré-escolar,
e sobre reflexões a respeito do tema escolhido vejo que
os conceitos se ampliam, exigindo modificações
na educação infantil.
Esta pesquisa pretende ser uma
contribuição, ainda
que modesta, na busca de novos caminhos para se trabalhar com
a criança de forma lúdica e prazerosa. Espero ainda
que esta pesquisa torne-se um incentivo para educadores da área
infantil, podendo assim buscar novas possibilidades em atender
cada vez mais as crianças nesta faixa etária, respeitando
suas limitações, para que posteriormente tornem-se
adultos saudáveis e sem dificuldades decorridas na idade
pré – escolar.
1.3 DEFINIÇÕES
DE TERMOS:
• Desenvolvimento motor: o desenvolvimento motor abrange
uma ampla esferas de tópicos relacionadas ao próprio
físico e as capacidades de movimentos. (HAYWOOD e GETCHELL,
2004)
•
Nível de maturidade: maturação física
ou biológica é um avanço qualitativo na
constituição da célula ou do organismo.
(TEEPLE, 1978)
•
Capoeira: denominação dada à terra recentemente
queimada, quando começam a brotar as primeiras gramíneas,
nesses locais, os escravos se sentiam aptos para enfrentar seus
perseguidores, que os achando agachados na relva precisavam se
cuidar dos açoites e chibatadas dos então chamados
\"Lutadores de Capoeira\", \"Lutadores da Capoeira\",
ou simplesmente \"Capoeiras\", que passou a ser também
o nome do jogo. (ABIB, 2005)
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1.1 Alguns fundamentos da pré-escola:
Falar sobre a pré-escola exige grande reflexão
e busca de respostas. Já que preocupa quando se pensa
a quantidade de reformas educacionais realizadas em curto espaço
de tempo, a baixa produtividade do ensino, as altas taxas de
evasão e repetência, o inicio da escolaridade agora
aos seis anos de idade, e principalmente, o tratamento dos problemas
educacionais isolados de seu contexto sócio-econômico
e cultural.
A partir deste contexto indaga-se, se estaria relacionada ao
desenvolvimento infantil a ausência na pré-escola
nos anos iniciais a repetência, evasão escolar,
déficit de aprendizagem, entre outros fatores fundamentais.
Fonseca (1981) afirma que os objetivos iniciais dos parques – educar,
assistir, recrear – sintetizam com muita felicidade o que
julgávamos devessem ser os objetivos da pré-escola.
No entanto, a Educação Física constitui-se,
hoje, em um segmento importante no processo educativo da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
nº. 9.394/96), como sendo a primeira etapa da Educação
Básica, recebendo uma importância até então
inexistente nas legislações anteriores. A sua finalidade,
de acordo com que prescreve a lei, é a de proporcionar
condições para o desenvolvimento integral das crianças,
para promover seu bem estar, desenvolvimento físico, motor,
emocional, intelectual, moral e social. (Artigo 29) a Educação
Infantil é definida pela LDB como aquela etapa pedagógica
oferecida nas creches zero a três anos (0 a 3) e nas pré-escolas
quatro a seis (4 a 6 anos). Visando à criação
de condições para satisfazer as necessidades básicas
da criança, promovendo a curiosidade e a espontaneidade,
estimulando novas descobertas e o estabelecimento de novas relações,
a partir de que já se conhece.
2.1.2
Papel da pré–escola:
A
pré-escola possui um papel sócio – educativo
na vida da criança de três a seis anos, pois é este
o novo ambiente em que uma grande maioria de crianças
passam a maior parte do dia.
Para Didonet (1997), nesta idade a criança esta em pleno
desenvolvimento motor, afetivo, cognitivo e social. Cabe ressaltar
ainda que a pré-escola deva atender à especificidade
da infância, suas necessidades e interesses. Fonseca (1981)
afirma que não se conhece a infância com as falsas
idéias que delas temos, quanto mais longe vamos, mais
nos extraviamos. O mesmo autor relata ainda que os mais sábios
apegam-se ao que importa que saibam os homens, sem considerar
que as crianças se acham em estado de aprender.
2.1.3 Educação pré–escolar: um caminho
para o desenvolvimento da criança
A criança possui interesses e necessidades, porém
com o alto índice de desenvolvimento urbano torna-se cada
vez mais difícil desenvolver e humanizar uma criança
diante da complexidade de vida das grandes cidades, onde as crianças
passam muitas horas em frente ao computador, televisão
e video games, os apartamentos não oferecem espaços
adequados para brincadeiras infantis e as ruas cada vez mais
perigosa para se brincar.
O hábito de vida das crianças habitualmente, contribuem
para que as possibilidades de movimentação das
crianças se atrofiem, ocasionando um retardo no desenvolvimento
motor das mesmas. As habilidades que não foram oportunamente
adquiridas, mais tarde somente serão desenvolvidas através
de muito mais esforço e treinamento. Starepravo (2002).
Sendo
assim a criança deve ser a preocupação
central em torno da qual deve girar o centro pré-escolar.
A justificativa e a importância dessa instituição
só podem ser encontradas na disposição de
servir à criança e proporcionar-lhe o melhor atendimento,
para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Fonseca
(1981), afirma que por mais complexa que possa ser o estudo da
criança, este deve ser um passo imprescindível
no trabalho educativo e um educador consciente não pode
se furtar ao cumprimento dessa tarefa. Já Didonet (1981),
contextualiza que a educação pré-escolar é um
esforço para se oferecer às crianças as
melhores oportunidades para seu desenvolvimento integral. O mesmo
autor afirma ainda que o ser humano é um depósito
de incontáveis possibilidades e que os primeiros anos
de vida são de fundamental importância para o desdobramento
dessas possibilidades e a realização de seu mistério
pessoal.
2.1.4 Necessidades da criança pré-escolar:
São de fundamental importância que se conheçam
as necessidades da criança em idade pré-escolar
para que essas sejam convenientemente atendidas e a pré–escola
realize as suas finalidades.
Sabe-se que uma criança de três anos tem necessidades
diferentes de uma criança de seis anos, o que obriga a
organizar a pré-escola de modo a atender a essas necessidades
diferenciadas. Fonseca (1981) afirma que a primeira necessidade
da criança é desenvolver-se, enquanto Montessori
(s.d, p. 24), ressalta que existem instituições
pré-escolares de vários gêneros, que acolhem
as crianças dos três aos seis anos.
A criança é um ser dinâmico, cheio de indagações
espontâneas e com muitas habilidades físicas. Na
fase de três a seis anos, sua habilidade motora pode ser
utilizada através de estímulos para expansão
de seu desenvolvimento. A esse respeito Pikunas (1981, p.109),
afirma que “como aquisição de conhecimento,
a aprendizagem inclui todas as mudanças motivacionais
e de desempenho relativamente duradouras que resultam da estimulação
e da experiência”.
Mas, ainda hoje, como no passado, a parte mais importante da
educação é considerada a universitária,
porque da universidade provem aqueles que melhor cultivaram a
faculdade essencialmente humana, chamada inteligência.
Mas agora que os psicólogos se puseram a estudar a vida,
ela mesma, foi-se formando uma tendência, que se pode dizer
de todo oposta; muitos sustentam hoje, como eu, que a parte mais
importante da vida não é a que corresponde aos
estudos universitários, mas, sim, ao primeiro período,
que se estende do nascimento aos seis anos, exatamente porque
nesse período se forma a inteligência, o grande
instrumento do homem. E não só a inteligência,
mas também o complexo das faculdades psíquicas.
2.1.5 A criança e o
ambiente:
No período da infância,
mais do que qualquer outra fase da vida, o homem é susceptível às
influências
que tanto podem favorecer como prejudicar o seu desenvolvimento.
Se a infância é o período das descobertas
e da aprendizagem por excelência, não é menos
verdade que também o período em que os contatos
sociais são mais influenciáveis, devido à alta
receptividade infantil. Seu desenvolvimento só se torna
possível em ambiente rico e estimulador e este é de
fundamental importância principalmente no período
pré-escolar. Segundo Nicola (2004), todo desenvolvimento
motor realiza-se sob uma ideal adaptação aos estímulos
externos, organismos e meio ambiente.
O desenvolvimento motor deve
ser encarado como aspecto do comportamento motor concernente
com o estudo das mudanças observadas
na realização de movimentos. Por sua vez, o desenvolvimento
motor deverá abranger todas as alterações
observadas em termos motor, incluindo aquisição,
a estabilização e a deteriorização
das habilidades motoras,o que o torna um processo por toda a
vida. (HAYWOOD, 1986 apud GUEDES e GUEDES, 1997; p. 12).
Para Gallahue (1989, apud GUEDES e GUEDES, 1997) a experiência
e o meio ambiente podem modificar o aparecimento de várias
características através do processo de aprendizagem,
onde a prática e o esforço de cada indivíduo
serão indispensáveis. O desenvolvimento motor deverá ser
distinguido entre o que se denomina de desenvolvimento das capacidades
físicas e o desenvolvimento das capacidades de movimento,
subdivididas em locomoção, manipulação
e estabilização.
No caso da criança, há boas razões para
pensar que pode ocorrer o mesmo; assim, parece que, passada a
idade de seis anos, a linguagem quase não tem mais probabilidades
de estabelecer-se: crianças selvagens ou abandonadas,
recolhidas antes dessa idade, puderam aprender a falar, ao passo
que indivíduos mais velhos não chegavam senão
a linguagem extrema rudimentar, a despeito de todos os esforços
dos educadores. O desenvolvimento da pessoa decorre de fatores
endógenos e exógenos; hereditariedade e meio são
ambos importantes. Segundo o mesmo autor, sejam quais forem à importância
e o peso dos fatores hereditários, o homem não
depende unicamente deles dependendo da igualdade das condições
em que vive e que se desenrola seu desenvolvimento.
2.2 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA PRÉ-ESCOLAR:
As
crianças de três a seis anos, possuem um acelerado
desenvolvimento das habilidades motoras, porém apresentam
confusão no esquema corporal, temporal e espacial. É neste
período que a criança encontra-se na fase lúdica,
desenvolvendo sua criatividade através do brincar, e entendendo
significados.
A natureza tem, para fortalecer o corpo, e fazê-lo crescer,
meios que nunca devemos contrariar. Cumpre não obrigar
uma criança a ficar parada quando quer andar, nem a andar
quando quer ficar parada. Quando a verdade da criança
não é viciada por nossa culpa, ela não quer
nada inutilmente. É preciso que pule, que corra, que gire
quando tem vontade. Todos os seus movimentos são necessidades
de sua constituição que busca fortalecer-se. (FONSECA
1981, p. 81).
2.2.1 Desenvolvimento motor
de três a seis anos:
O desenvolvimento motor é acelerado, a criança
testa suas possibilidades o tempo todo. Segundo Le Boulch (1998),
a criança de seis anos que ingressa na escola elementar,
encontra uma nova situação, tendo que se adaptar
rapidamente e é muito importante dedicar uma atenção
especial ao desenvolvimento psicomotor da criança. Relacionado
ao conteúdo proposto Oliveira (1997) afirma que a escola
tem como objetivo a integração da criança
na sociedade facilitando seu acesso ao mundo dos adultos e os
alunos não possuem estímulos necessários à alfabetização
interferindo também no ensino.
A criança de três anos corre de forma irregular,
salta com lenta evolução, exige estímulos
relacionados à força, pois é necessário
que se faça uso do próprio corpo, apresenta ainda
uma flexibilidade consideravelmente muito boa, e a criança
nesta fase vive em constante movimento o que se torna um “treino” constante.
Gallahue (2004) afirma que seu equilíbrio é a forma
mais prazerosa nesta faixa etária, quando bem estimulados
apresenta crescente domínio desta capacidade.
Nos aspectos cognitivos, nesta idade a criança já apresenta
habilidades de expressar pensamentos e idéias verbalmente,
faz uso de imitações, descobre símbolos
com referências pessoais, esta na fase dos “por quês”.
Para Piaget (1964), comparando-se a criança ao adulto,
ora se é surpreendido pela identidade de reações.
Já nos aspectos afetivos de três a quatro anos e
durante cinco a seis anos, são extremamente egocêntricas,
apresentando medo das novas situações, já distinguem
o certo do errado, começando a desenvolver consciência.
De três a quatro anos apresentam um comportamento irregular,
enquanto de cinco a seis anos são mais estáveis,
possui auto conceito.
Segundo Barros (2003), durante o período pré-escolar
já aparecem emoções relacionadas com as
condições do ambiente social da criança,
manifestando ciúme de seus pais ou de seus brinquedos,
não suportando ter de compartilhá-los com outras
crianças.
2.3 A CAPOEIRA COMO MECANISMO
DE EDUCAÇÃO:
Como
instrumento educacional à capoeira contribui para
o desenvolvimento da capacidade física, intelectual moral
da criança visando sempre a sua socialização
e integração à sociedade. Mendes (2006,
p. 73) ressalta que “ são muitos os casos de crianças
e adolescentes que, quando entraram em contato com a capoeira,
passaram a acreditarem nelas mesmas e com isso passaram a se
sentir útil para a sociedade, desviando, muitas vezes
do caminho do sedentarismo e até mesmo da marginalidade”.
O mesmo autor afirma ainda que a capoeira seja uma arma que,
se bem empregada, pode proporcionar benefícios incríveis
tanto na esfera individual quanto social.
Sergipe (2006) afirma que a capoeira é considerada a Rainha
do folclore brasileiro é praticada em mais de 164 paises,
desenvolvida uma técnica própria de defesa. É uma
das manifestações culturais mais belas do mundo,
expressando a riqueza e o valor do povo brasileiro. Já Capoeira
(2002) complementa que de maneira informal, iniciou-se um movimento
de conquista do público infantil; dos quatro aos dez anos
de idade, e até pirralhinhos de dois e três, já são
capoeiristas mirins, visto que em alguns centros como Rio e São
Paulo a capoeira é uma das atividades extra curriculares
que mais atraem as crianças apoiados por mães e
pais. Daí a necessidade em trabalhar as habilidades motoras
da criança de três a seis anos, favorecendo maior
quantidade de experiências motoras, com intuito de maximizar
a criatividade, possibilitando assim um contato maior com o desenvolvimento
motor de acordo com nível de maturidade de cada criança,
respeitando ainda a individualidade e potencial de cada um dentro
de suas próprias limitações. Santos (2002)
afirma que a capoeira tem sua caracterização mais
especifica nos movimentos corporais que se fundamentam na flexibilidade,
equilíbrio, destreza, ritmo próprio, coordenação,
reflexo, agilidade, e outras habilidades psicofísicas
sociais, como também na sua expressão de movimentos
musicais.
Na capoeira enquanto arte, a criança é estimulada
a dar vazão a sua criatividade através do ritmo,
usando da música, canto, instrumentos e expressão
corporal. Para Santos (2002) a capoeira é considerada
uma atividade folclórica e ao mesmo tempo pode ser entendida
como de defesa pessoal, arte, dança, esporte e manifestação
cultural que construiu e vem construindo a identidade do povo
brasileiro.
Enquanto filosofia de vida, proporciona a criança o bem
estar, mostrando a importância do respeitar e da disciplina,
estimulando desde cedo a valorizar a vida, não apenas
os bens materiais e sim os propósitos de vivermos em harmonia
uns com os outros, independente de etnia, sexo ou credo. Em entrevista
com algumas pessoas, Santos (2002) descreve a definição
de filosofia de vida dada por Emilio, como sendo uma filosofia
de vida, uma arte – educação. Hoje esta inerente
na vida das pessoas. Pelo que tenho observado conversando com
muitos professores e amigos da área, todos a incorporam
como uma filosofia de vida; como uma forma de viver melhor através
da prática de sua sabedoria. Este tipo de filosofia é incorporado
também nos capoeiristas através dos seus ensinamentos,
transmitem uma filosofia de vida a seus adeptos. Algumas pessoas
consideram Mestre Bimba o primeiro ou o segundo pai. Assim, essa
manifestação pode ser entendida também como
coisa mágica, as pessoas se integram nela e sacam o proveito
para a qualidade de sua própria vida.
2.3.1 Origem da capoeira:
As origens da capoeira são obscuras. Durante o governo
do presidente Deodoro da Fonseca, o ministro Rui Barbosa determinou
que se queimasse toda documentação referente à escravidão
no Brasil. Com isso o histórico da capoeira é baseado
em tradições orais e poucos documentos. Mendes
( 2006, p. 15) explica que, “Há muitas discussões
em torno da origem da capoeira. Muitos estudiosos ainda tentam
desvendar este mistério e, na verdade, tudo o que temos
são hipóteses, uma vez que não existe nenhum
documento que comprove sua origem”.
Partindo-se destes escassos documentos, sabe-se que por volta
de 1538 foram trazidos para a Bahia os primeiros escravos africanos,
envolvendo as origens da capoeira ter sido criada e desenvolvida
aqui no Brasil, talvez logo após as primeiras fugas dos
engenhos.
A capoeira nasceu no Brasil no final do século XV e inicio
do século XVI, na época em que os navios negreiros
saiam de varias partes da África em direção
a Bahia, e os negros que conseguiram sobreviver à travessia
desenvolveram especialidades de trabalho e influenciaram na expansão
desse símbolo nacional por toda a concavidade baiana.
(SANTOS, 2002, p. 9)
A capoeira teria surgido de danças africanas, acrescentando
a elas um caráter marcial. Isso era necessário
para que os escravos fugitivos nos quilombos, pudessem se defender
ou atacar os “capitões – do – mato”.
Mendes (2006, p. 17) esclarece ainda que, “os escravos
fingiam estar brincando e dançando de maneira inofensiva.
E como a maioria dos escravos era de procedência angolana,
os senhores diziam, sem desconfiar de nada, que os negros estavam
brincando de angola”. As regiões escolhidas costumava
ser a “capoeira”, denominação dada à terra
queimada quando começam a brotar as primeiras gramíneas,
havendo árvores de grande porte, nestes locais os escravos
se sentiam aptos para enfrentar seus perseguidores, que os achando
agachados na relva precisavam se cuidar das chibatadas dos então
chamados lutadores de capoeira, passando então a ser o
nome do jogo.
Em 1900 nasce Manoel Joaquim dos Reis Machado, apelidado Bimba,
discípulo de Bentinho e depois de Paquete, aprendeu e
ensinou capoeira angola durante quatorze anos.
Bimba parecia não estar satisfeito com os movimentos
lentos da capoeira de sua época, então, aos poucos,
foi inserindo movimentos mais ousados, como os floreios e golpes
influenciados pela luta praticada por seu pai, tornando a capoeira
mais agressiva e ousada (...) tanto que a maioria dos seus iniciados
se tornou um grande destaque na capoeira.( MENDES, 2006, p. 27).
Após
muitos estudos e percebendo falhas na modalidade, desenvolveu outra,
a qual deu o nome de capoeira regional.
Uma das preocupações do Mestre Bimba ao criar a
regional era justamente tirá-la da visão de marginal.
Então, não deixava nenhum de seus alunos jogar
na rua, sobretudo de forma desorganizada e sem sua presença.
Porque ele pensava que isso diminuía a Capoeira. Ele conhecia,
por suposto, os valores que tinha a Angola já que também
foi angoleiro e jogava na rua. (SANTOS, 2002, p. 177).
A mistura
de definições a qual envolve a capoeira
a torna complexa, porém rica e surpreendente. É luta
dissimulada, disfarçada em brincadeira, jogo de habilidades
físicas, astúcia, beleza e muita malicia. Saiu
das sendas da marginalidade passando a ser praticada em academias,
clubes, associações, cruzou oceanos e hoje esta
dando volta ao mundo encantando pessoas, sendo praticada em diversos
paises. Francisco apud (SANTOS, 2002, p. 179) afirma que, “a
capoeira é dessas pessoas. Ela passou ao aspecto institucional
e se codificou, é algo bom porque necessita também
desses aspectos, mas não se pode esquecer dos capoeiristas
de rua.” Numa concepção didática a
capoeira é uma atividade física completa, pois
atua de maneira direta e indireta sobre os aspectos cognitivos,
afetivos, motor e sociais. É encarada como uma atividade
lúdica e instrucional articula atividades de desenvolvimento
viso motor com desenvolvimento artístico e social, desenvolvendo
na criança noções de equilíbrio e
disciplina, espaço e tempo, lateralidade, domínio
de linguagem oral através do canto, ritmo. A capoeira é sem
duvida uma atividade diferente de muitas outras, pois independente
de faixa etária é uma modalidade a qual se pode
trabalhar de forma recreativa, visando o aperfeiçoamento
da psicomotricidade canalizando de forma instrutiva toda a energia
que a criança tem nesta faixa etária.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Caracterização
da pesquisa:
A População do presente estudo encontra-se em
uma pré-escola da cidade de Maringá com cerca de
100 crianças, onde foram escolhidos de forma aleatória,
20 alunos do ensino infantil de ambos os sexos, com idade entre
três e seis anos, para compor o grupo de estudo. Trata-se
de uma pesquisa quase experimental, que segundo Martins Junior
( 2008) visa comparar os resultados de um teste, aplicados antes
e no final da experiência. A distribuição
do grupo experimental será feita conforme o desenho abaixo:
Pesquisa: entrar em contato com o autor: silviotenis@hotmail.com
R 01 X 02
Legenda:
R: Aleatório
X= Tratamento Experimental
01 pré-teste
02 pós-teste
A seleção dos alunos foi feita aleatoriamente pelos
próprios professores.
3.2 Instrumento de medida:
As crianças passaram por testes físicos através
de brincadeiras e o método de observação
de Gallahue (2001) para sabermos o seu estágio motor atual,
divididos em inicial, elementar e maduro, e posteriormente foi
realizado o mesmo teste afim de verificar os estágios
de desenvolvimento motor nesta faixa etária e assim verificou
dados concretos do nível motor dos alunos, se houve melhora
ou não, se práticas alternativas pode melhorar
a qualidade de aprendizagem dos alunos.
3.3 Tratamento experimental:
Os alunos vivenciaram 8 h/a, sendo
aplicadas em dois dias semanais, com duração de trinta minutos cada sessão,
durante o ano de 2008, essas aulas serão práticas
alternativas, ou seja, modalidades que essa pré-escola
não oferece para os alunos.
3.4 Coleta dos dados:
Os materiais utilizados foram cones, bolas,
cordas, lenço,
blocos de madeira, e o teste aplicado inicialmente foi o teste
de observação de Gallahue (2001), que consiste
em observar qual estagio motor em que a criança se encontra,
sendo estes inicial, elementar e maduro. Ao término do
estudo foi reaplicado o mesmo teste, comparando o desenvolvimento
motor das crianças. Os resultados estarão em forma
de gráficos.
3.5
Tratamento estatístico
dos dados:
Os dados foram tabulados através de gráficos onde
verificou-se os estágios de desenvolvimento motor utilizando
médias ( X ).
4. Discussão e análise
dos resultados:
Os resultados
obtidos através da aplicação
do pré e pós-teste foram organizados em gráficos,
registrando-se o escore individual obtidos pelos sujeitos da
amostra. Gráficos: entrar em contato com o autor: silviotenis@hotmail.com
Gráfico 1 – resultados do pré teste de rolamento
com crianças de três a seis anos no teste de rolamento.
Gráfico 2 – resultados do pós teste de rolamento
com crianças de três a seis anos no teste de rolamento.
As observações realizadas durante os testes trouxeram
subsídios para destacar que, houve melhoras na realização
do mesmo e maior segurança na realização
após o desenvolvimento do programa estabelecido, até mesmo
devido ao apoio execução do movimento.
Gráfico 3 – resultados do pré teste de equilíbrio
com crianças de três a seis anos
Gráfico 4 – resultados do pós teste de equilíbrio
com crianças de três a seis anos
Ao analisar os resultados obtidos no pré e pós-teste
de equilíbrio percebe que houve um aumento significativo
nos estágios elementar e maduro.
Gráfico 5 - – resultados do pré teste de
correr com crianças de três a seis anos.
Gráfico 6 - – resultados do pós teste de
correr com crianças de três a seis anos.
Os resultados mostraram que a maioria das crianças encontram-se
nos estágios inicial ou elementar ao realizar o pré teste
de correr, o pós teste mostra o aumento no estágio
elementar.
Gráfico 7 – resultados do pré teste de lançar
e agarrar com crianças de três a seis anos.
Gráfico 8 – resultados do pós teste de lançar
e agarrar com crianças de três a seis anos.
Os dados dos testes de lançar e agarrar mostraram que
no pós teste houve melhorias no estágio elementar,
enquanto que apenas 6 crianças encontram-se no estágio
maduro.
5. CONCLUSÃO:
No decorrer deste trabalho, verificamos que
a ação
da capoeira não é restrita, possuindo características
educacionais e sociais. Os movimentos da capoeira não
apresentam um fim em si mesmo e, através deles, a criança
conhece seu corpo e busca desenvolver ao máximo sua capacidade
motora, afetiva e cognitiva, explorando e vivenciando suas possibilidades.
A capoeira adquire um papel importante na medida em que pode
estruturar um ambiente facilitador e adequado para a criança,
oferecendo experiências que vão resultar num grande
auxiliar de seu desenvolvimento motor. Vale ressaltar ainda que
através da prática da capoeira em pré-escolares
podem-se observar mudanças no comportamento motor, bem
como a boa aceitação entre as crianças em
questão, vendo que as crianças nesta idade necessitam
de estímulos para um desenvolvimento motor sadio e adequado.
A capoeira, quando feita adequadamente, promove vários
benefícios, tanto no aspecto motor, quanto no aspecto
psicológico e social da criança. Os resultados
obtidos nesse estudo constataram a importância da capoeira
para a melhoria do desenvolvimento motor de crianças de
três a seis anos. Portanto, sugere-se que novos estudos
sejam realizados com período de tempo maior, de modo que
obtenham-se resultados ainda mais concretos sobre a importância
da prática da capoeira em idade pré-escolar. Espera-se,
ainda que de forma modesta esta pesquisa venha contribuir ao
incentivo de profissionais da educação infantil,
originando desta forma propostas para se trabalhar com a criança
buscando cada vez mais possibilidades em desenvolver a coordenação
motora nesta faixa etária.
* Acadêmicos do curso
de Educação Física do Cesumar.
** Professor Doutor da disciplina Introdução a Metodologia Cientifica
do Cesumar.