A Caminhada como atividade física para indivíduos
obesos
*DANIELA AVEZUM
MARTUS
*Orientação: Prof. Maurício Borges de Oliveira
INTRODUÇÃO
Antigamente, na época de
nossos bisavós e avós, a mesa na hora do almoço
e jantar era farta, preparada com muitos temperos e derivados de
suínos, quem comesse tudo o que estava no prato, ganhava
a sobremesa.
Todas essas calorias eram queimadas ao longo do dia: acordavam
de madrugada e iam trabalhar na roça. Cuidavam dos animais, preparavam
a terra para o cultivo do alimento, sem máquinas e tecnologia. A vida
do homem estava diretamente ligada ao seu esforço físico.
As donas de casa não dispunham de nenhum aparelho eletrodoméstico
para facilitar suas atividades diárias: lavavam a roupa, buscavam água,
torravam o café, faziam o pão, etc.
Com o avanço da tecnologia o homem deixou a atividade
campestre e foi trabalhar na cidade em escritórios, fábricas, etc.
O trabalho braçal foi substituído pelo trabalho mecânico
e intelectual, e as máquinas começaram a fazer parte do cotidiano
( carro, liqüidificador, trator, máquina de lavar roupas, etc.)
A facilidade da vida moderna não permite que o homem
coma e gaste a energia que consome, gerando o sedentarismo e a obesidade.
Diversas pesquisas apontam que quanto mais os países se desenvolvem
mais as pessoas vão se tornando obesas, por isso é um distúrbio
atual.
O objetivo do presente estudo é mostrar como o excesso
de peso, alimentação incorreta, falta de exercícios podem
prejudicar o ser humano.
Sendo a caminhada um exercício aeróbico e, através de
uma pesquisa bibliográfica, procurou-se verificar a contribuição
desta atividade para indivíduos obesos com o objetivo de perderam peso
e serem estimulados a realizar qualquer outra atividade que um indivíduo
magro realiza.
CAPÍTULO 1 - OBESIDADE
A obesidade para Katch; McArdle (1996:387) é um distúrbio
relacionado com numerosos fatores que desequilibram o balanço energético
na direção do ganho de peso, é definida em termos de quantidade
excessiva da gordura corporal total.
Os padrões de excesso de gordura em homens é de 20% da gordura
corporal e nas mulheres de 30%.
1.1 FATORES QUE CAUSAM A OBESIDADE
- Padrões alimentares
- Sedentarismo
- Estresse
- Influências Genéticas
- Influências Sociais
- Medicamentos
- Gravidez
- Entre outros fatores
1.2 A OBESIDADE
NA INFÂNCIA
Segundo Barbosa Júnior (2000: 3) para saber se uma criança é obesa, é necessário
compará-la com um amigo de mesma altura e idade.
Para os pais resolverem o problema de obesidade nas crianças é necessário
controlar a dieta. É fundamental diminuir a quantidade de alimentos que
engordam: frituras, doces, refrigerantes, lanches entre outros e incluir alimentos
mais nutritivos: frutas, verduras, legumes, carnes magras.
É necessário dialogar com a criança e
explicar que certos alimentos, principalmente os que possuem muita gordura podem
deixá-las doentes e, fazendo a dieta direito não serão "gordinhas" para
a vida inteira.
É importante dar apoio psicológico e descobrir
a causa da obesidade na criança, pois ela pode usar o alimento como fuga
de algum problema.
Não tratando da obesidade na infância, na fase adulta esse indivíduo
terá graves problemas de saúde.
1.2.1 Conseqüências da obesidade infantil
De acordo com Barbosa Júnior (2000:3) a obesidade infantil
poderá trazer as seguintes conseqüências:
Hormônios - O hormônio feminino (estradiol) é transformado
em hormônio masculino (testosterona) pelas células gordurosas.
Por esse motivo, as garotas obesas podem apresentar maior concentração
de hormônio masculino, ocorrendo irregularidade do ciclo menstrual e
aumento dos pêlos em todo o corpo.
Ossos - Os garotos obesos têm mais chances
de apresentar um deslizamento entre o fêmur e sua cartilagem,
que se não for tratado a tempo pode causar problemas de
crescimento das pernas.
Pele - As crianças obesas apresentam mais acne, assaduras, brotoejas
e outros problemas de pele.
Colesterol e Diabetes - As crianças obesas apresentam alterações
do colesterol: aumento do colesterol ruim (LDL) e diminuição
do colesterol bom (HDL), antecipando o risco de infarto, também pode
adquirir o diabetes tipo 2, nesse tipo a produção de insulina é normal,
mas uma deficiência faz com que o organismo precise de mais.
1.3 OBESIDADE NA VIDA ADULTA
Barbosa Júnior (2000: 3) comenta que 80% dos adultos
obesos já estavam acima do peso antes dos 18 anos. A adolescência é uma
fase crítica para desenvolver esse risco, porque durante esse período
aumenta o número de células gordurosas.
A gordura excessiva se manifesta lentamente durante a vida adulta, com o período
entre 25 e os 44 anos (Katch; McArdle, 1996: 363).
Patologias no obeso adulto
Para Katch; McArdle (1996: 366), as doenças mais
freqüentes em obesos adultos são:
- Função cardíaca deteriorada como resultado de um maior
trabalho mecânico e da disfunção autônoma e ventricular
esquerda;
- Hipertensão e acidente vascular cerebral;
- Diabetes;
- Doença renal;
- Doença pulmonária e disfunção como resultado
do maior esforço necessário para movimentar a parede torácica;
- Problemas com a administração dos anestésicos durante
uma cirurgia
- Osteoartrite, doença articular degenerativa e gota;
- Vários tipos de câncer;
- Níveis plasmáticos anormais de lipídios e lipoproteína;
- Uma enorme sobrecarga psicológica;
- Tolerância reduzida ao calor;
- Problemas de coluna e joelhos devido a sobrecarga corporal, causando desequilíbrio
postural.
O desequilíbrio postural é devido ao aumento da barriga e do
peso relativo da cabeça, resultando no aumento da curvatura da região
cervical e lombar.
Essa curvatura pode produzir aponeuroses, das fascias, desalinhamento das facetas
articulares e degeneração discal. Depois dos cinqüenta anos,
o sistema muscular e ligamentar fica hipotônico, ou seja, sem tonicidade,
sem força, a barriga fica aumentada, surgindo hérnias e o abaixamento
dos órgãos genitais, com prolapso do útero, hemorróidas
e varizes; além de dar a pessoa um aspecto grotesco e envelhecido. (Knoplich,
1997: 162-164)
CAPÍTULO
2
ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC )
De acordo com Halpern (1999: 64-65), o IMC calcula o peso ideal
do indivíduo.
É utilizado por clínicos e pesquisadores para avaliar a normalidade
do peso corporal do indivíduo e também como indicador de excesso
de peso e de estado de desnutrição. (Fernandes Filho, 1999: 73).
O resultado é obtido pela relação entre o peso corporal
e pela altura ao quadrado.
IMC P /h2
A classificação dos indivíduos de acordo com os valores
de IMC está expresso no quadro 1.
Quadro 1. Classificação e valores do IMC (Fonte: Modificado de
Fernandes Filho (1999: 74).)
Classificação |
Valores do IMC |
Desnutrição crônica |
= 12 kg/m2 |
Desnutrição |
< 18.5
kg/m2 |
Baixo Peso |
< 20
kg/m2 |
Normal |
20< 25kg/m2 |
Sobrepeso |
25< 30
kg/m2 |
Obeso |
>30< 40
kg/m2 |
Obesidade
Mórbida |
> 40
kg/m2 |
IMC menor que 18,5
Peso abaixo do normal. Se o biótipo da pessoa for longelíneo,
alongado, pode ser que o total de gordura esteja correto. Caso contrário,
há maior predisposição para males como desnutrição
e infecções pulmonares.
IMC 20 - 25
Peso Normal
IMC entre 25 - 30
Excesso de peso, começam a aparecer as chances de surgimento de complicações
como diabetes, hipertensão arterial e colesterol. Nas mulheres, se a
cintura for maior que 80 centímetros, os riscos aumentam mais ainda.
IMC entre 30 - 40
Nessa faixa sobem os riscos de surgimentos de doenças relacionadas às
juntas articulares. Nas mulheres com cintura menor ou maior que 88 centímetro
esse IMC é perigoso.
IMC maior que 40
Considerada obesidade mórbida, é acompanhada de várias
doenças relacionadas ao excesso de peso. (Halpern, 1999: 64-65)
2.1
DISTRIBUIÇÃO DE
GORDURA
Para Katch; McArdle (1996:368) as células adiposas apresentam
uma notável diversidade dependendo do local onde estejam concentradas,
algumas células são mais eficientes na absorção de
calorias em excesso da corrente sangüínea, enquanto outras liberam
prontamente sua energia armazenada para ser usada por outros tecidos, por isso
certos depósitos de gordura são tão difíceis de sofrer
redução.
O padrão de distribuição do tecido adiposo,
independente da gordura corporal total, altera os riscos de saúde na obesidade.
O excesso de gordura na região abdominal, chama-se obesidade
andróide ou central, com maior prevalência nos homens, é conhecida
como corpo de maçã. Essa gordura apresenta níveis sangüíneos
de glicose e triglicerídeos aumentados, hipertensão e doenças
do coração, nas mulheres apresentam risco de desenvolvimento de
câncer de mama.
A obesidade ginóide ou periférica conhecida como
corpo de pêra, apresenta a gordura localizada na região dos quadris,
não apresenta tantos riscos para a saúde, quanto a andróide, é maior
nas mulheres (Katch; McArdle 1996:368).
Fernandes Filho (1999:74) acrescentou que o Índice de Relação
de Gordura entre os Perímetros do Abdômen e do Quadril (IRAQ),
avalia a distribuição da gordura entre o abdômen e o quadril.
Os índices de cintura/quadril que excedem 0,80 cm para as mulheres e
0,95cm para os homens estão associados a risco de mortes por doença
arterial coronária, aumento de triglicerídeos, diabetes, hipertensão
e etc.
Ainda segundo o mesmo autor, para a determinação
do IRAQ deve-se proceder da seguinte forma:
· Medir o perímetro do abdômen ao nível do umbigo
estando o indivíduo em pé relaxado e sem encolher a barriga;
· Medir o perímetro do quadril, sobre as nádegas na sua
maior porção
· Dividir a medida do abdômen pela medida do quadril, conforme a
equação:
IRAQ Abdômen
[cm]
Quadril - Riscos
de desenvolvimento de doenças:
Homens, superior a 0,95 cm e mulheres superior a 0,80 cm.
2.2 A FUNÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS
NA OBESIDADE
As enzimas determinam onde a gordura será depositada.
A lipoproteína ou LPL é uma enzima que facilita
o armazenamento de gordura dentro dos adipócitos.
Fabricada pelas mulheres, pode explicar o conteúdo de gordura relativamente
maior do que nos homens. As diferenças nos padrões de distribuição
da gordura entre os sexos podem estar enzimaticamente relacionados, pois as
células de gordura nos quadris, nas coxas e nos seios produzem uma quantidade
considerável de LPL nas mulheres, enquanto que nos homens as células
de gordura localizadas no abdômen são ativadas por essa enzima.
(Katch; McArdle, 1996: 369)
2.3 COLESTEROL
O LDL é uma lipoproteína de baixa densidade,
contém grandes quantidades de colesterol e outras gorduras e uma pequena
quantidade de proteínas. Armazena o colesterol nas células e seu
alto nível no sangue é prejudicial a saúde, acelera riscos
de arteriosclerose.
O HDL é uma lipoproteína de alta densidade, contém
pouca quantidade de proteína, é responsável pelo transporte
de colesterol do corpo para o fígado onde é expelido sob a forma
de bile. Um alto nível de HDL indica menores riscos de doenças
coronárias e de arteriosclerose.
O VLDL é uma lipoproteína de intensidade muito
baixa, possui mais gordura que proteína e consiste principalmente de triglicerídeos
ao invés de colesterol, alto nível de VLDL deve ser evitado pois
está associado à arteriosclerose progressiva. (Cooper, 1987: 93)
Cooper (1998:24) comenta que o colesterol total é dado pelo HDL, LDL
e o VLDL e que seu valor varia de 200-239 mg/dl. Quando atinge valores acima
de 240 mg/dl, considera-se que o indivíduo está com o colesterol
alto.
Os valores de LDL situam-se entre 130- 159 mg/dl e que valores
acima de 160 mg/dl são considerados altos para um indivíduo.
Com relação ao HDL, valores < 35 mg/dl são considerados
de alto risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas.
A genética, dietas, atividade física, porcentagem
de gordura corporal e sua distribuição, estresse, idade e outros
fatores podem determinar a elevação ou não do colesterol.
O índice de colesterol total, de acordo com a idade está representado
no quadro 2.
Quadro 2. Índice
de Colesterol total de acordo com a idade (Fonte: Cooper - 1998:24)
Idade
|
Índice
de Colesterol
|
< 20
|
< 150
mg/dl
|
20-29
|
< 180
mg/dl
|
30 +
|
< 200
mg/dl
|
Porém, a relação
entre o Colesterol Total e o HDL, é considerada como o maior
indicador de risco de doenças coronárias (IRDC) e,
para os homens esta relação deverá ser £ 4,0
e para as mulheres deverá ser £ 3,5. (Cooper, 1998:24).
Para entender esta relação suponha um indivíduo
do sexo feminino que apresente um valor de colesterol total de
230 mg/dl e que a quantidade
de HDL seja 30 mg/dl. Assim tem-se:
IRDC Colesterol Total 230 => IRDC = 7,66
HDL 30
Portanto este indivíduo tem um alto índice de
risco de ser acometido por uma doença coronariana. Ainda segundo Cooper
(1998:25) pode-se reduzir o LDL ou aumentar o HDL da seguinte forma:
Diminuição do LDL
· Aumento da atividade física
· Aumento da ingestão de fibras
· Diminuição da ingestão de gordura saturada
· Diminuição da porcentagem de gordura corporal
· Controle do diabetes
· Evitar as possibilidades de estresse
Aumento do HDL
· Aumento da atividade física
· Diminuição da porcentagem de gordura corporal
· Diminuição ou corte do fumo
· Diminuição da quantidade de triglicerídes
2.4 OS ADIPÓCITOS
São células adiposas onde a gordura fica armazenada.
A medida que a gordura corporal aumenta, os adipócitos
acabam alcançando algum limite biológico superior. Alcançando
esse limite, o número de células passa a constituir o fator chave
que determina qualquer aumento adicional da obesidade.
O aumento na gordura corporal resulta habitualmente do "enchimento" das
células com gordura e não no aumento do número de células.
A exceção ocorre quando a dimensão dos adipócitos
alcança o máximo e a massa adiposa aumenta mais com a proliferação
adicional de adipócitos.
Se um programa de redução de peso atingir os
níveis normais de massa corporal e de gordura, as células adiposas
encolherão e se tornarão menores, mas o número de células
permanecerá inalterado.
Em obesos extremos, quase todas as células já alcançaram
seu limite hipertrófico e mais células podem ser recrutadas pelo
reservatório pré adipócito, aumentando o número de
células.
Há três períodos críticos nos quais um
aumento significativo do número de células adiposas são
registrados: último trimestre da gravidez, primeiro ano de vida e o surto
de crescimento na adolescência. (Katch; McArdle, 1996: 375 e 379).
CAPÍTULO 3 - CONTROLE
DE PESO
Para Katch; McArdle (1996: 391 e seg.) quando o número
de calorias ingeridas como alimento excede as necessidades energéticas
diárias, temos acúmulo das calorias em excesso como gordura do
tecido adiposo. Para prevenir um aumento da massa corporal e da gordura corporal
devido a um programa de controle ponderal eficiente deve estabelecer o equilíbrio
entre a entrada e a saída de energia.
Exercício aérobico aliado a uma ingestão
reduzida de alimentos aumenta a perda de gordura, melhora a distribuição
de gordura corporal e conserva a massa magra, além de regular a pressão
arterial, o colesterol e o metabolismo mais eficiente dos carboidratos.
Uma abordagem dietética para perder peso deve proporcionar
uma dieta bem balanceada, contento todos os nutrientes essenciais. Durante a
perda de peso a redução inicial da massa corporal ocorre principalmente
por perda de água e alguma depletação de reservas de carboidratos.
A medida que a dieta progride, uma melhor quantidade de gordura
corporal é metabolizada para compensar o déficit energético
criado pela dieta.
Dicas importantes:
· A perda de peso apenas com dieta provoca uma perda importante da massa
muscular. O exercício protege contra perdas do tecido magro, assim, a
maior parte do peso perdido é de gordura;
· A ingestão de água não deve ser restringida no
início do período de redução de peso, porque pode
precipitar desidratação sem qualquer perda de gordura adicional;
· Não existem poções mágicas, nenhuma dieta
da moda, assegurará uma perda de peso mais efetiva do que uma dieta hipocalórica
bem balanceada;
· Consultar um nutricionista qualificado para elaborar uma dieta pessoal
e balanceada. (Katch; McArdle, 1996: 409 e 420)
Quanto mais ativo o indivíduo for, juntamente com a
dieta, mais fácil será a redução de peso. Para que
a redução de peso seja menos sofrível Katch; McArdle (1996:
420 e 433) sugerem a mudança de certas rotinas:
· Fazer da ação de ingerir alimentos um ritual, limite a
alimentação a um lugar da casa;
· Comer sempre nos horários: café da manhã, almoço,
e jantar;
· Usar pratos menores;
· Comer vagarosamente;
· Beber muita água;
· ucos;
· Ter metas e objetivos;
CAPÍTULO 4-DIFERENÇA ENTRE ATIVIDADE FÍSICA,
EXERCÍCIO FÍSICO E ESPORTE
Para o Consenso Latino Americano (2000):
· Atividade Física é qualquer movimento do corpo, produzido
pelo músculo esquelético que resulta em um incremento do gasto
energético, exemplo: subir escadas;
· Exercício: é uma atividade física planejada e estruturada,
com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico,
exemplo: caminhada;
· Esporte: é uma atividade física que envolve a competição,
exemplo: futebol profissional
4.1 PLANEJAMENTO DE UM PROGRAMA
DE EXERCÍCIO
Para Katch; McArdle (1996:420 e 433) o obeso deve realizar
Teste Ergométrico antes de se integrar a um programa de exercícios,
independente da idade e sexo, por possuir dois fatores de risco de doença
coronária: obesidade e sedentarismo.
Consultar um médico e um profissional de Educação
Física que devem supervisionar o tipo, quantidade e qualidade do exercício
e adequá-lo até conseguir atingir os objetivos propostos, além
de motivar o indivíduo.
Para planificar um programa é necessário ter
em conta os fatores: idade, tipo de exercício, duração,
freqüência, intensidade, presença de outras sindromes concomitantes
e prevenção de recaídas.
O excesso de peso pode ser a principal barreira à adoção
da atividade física regular, pois ele pode ter experiências negativas:
cair no ridículo, chacota, performance fraca, sentimento de inadequação,
e recaídas.
Segundo Guedes (1998:204) as rotinas de exercícios
físicos para o indivíduo previamente sedentário, deve ser
no mínimo três vezes por semana. Nesse caso as sessões não
devem ser realizadas em dias consecutivos, pelo contrário, deverão
ser dispostas dentro de uma distribuição que permita descanso entre
um esforço e outro. Dependendo da finalidade do programa a freqüência
semanal do exercício físico deverá ser aumentada gradativamente.
4.2 EXERCÍCIOS AERÓBIOS
Para Rodrigues (1992:74) os exercícios aeróbios
são responsáveis por uma grande utilização de energia
durante sua realização.
Caracteriza-se pela utilização de grandes grupos musculares em
movimentos cíclicos, ou seja quanto mais tempo for realizado mais calorias
serão gastas e proporcionalmente maior será a mobilização
da gordura em relação aos carboidratos, além de causar
adaptações fisiológicas que irão contribuir no
cotidiano diário, tornando o indivíduo mais disposto à realização
de suas tarefas rotineiras aumentando o déficit energético.
Dicas
· O obeso deve ter apoio da família e amigos, pois sozinho não
terá resultados;
· O exercício não deve ser praticado até levar o
indivíduo a exaustão, o que importa é a qualidade e não
quantidade;
· Fazer do ato de se exercitar uma atividade prazerosa e contínua;
· Estimular a criança a se exercitar ou melhor brincar, crianças
fisicamente ativas se tornarão adultos ativos.
4.3 FREQÜÊNCIA CARDÍACA
Para Domingues Filho (1998:93-96-97) a maneira mais fácil
de se medir a freqüência cardíaca embora não seja muito
confiável, seria a freqüência mecânica ou seja, a contagem
dos batimentos apalpando uma artéria do punho durante 6,10 ou 15 segundos
e depois multiplicando por 10,6 ou 4.
Freqüência Cardíaca Máxima: É o
número máximo de batimentos que o coração pode atingir
por minuto durante um determinado esforço. Utiliza-se a seguinte fórmula:
FC máx = 220 - idade ( homens)
FC máx = 226 - idade (mulheres)
Exemplo: um indivíduo de 30 anos
FC máx = 220 - 30
FC máx = 190 bpm
Freqüência Cardíaca de Segurança: Adotada por indivíduos
iniciantes. Usa- se uma porcentagem de 60% ou menos da freqüência
máxima.
Exemplo: FCmáx x 60% = FCseg
190 x 60 % = 114 bpm
Dependendo da percentagem da freqüência cardíaca
utilizada pode-se definir a intensidade do exercício conforme mostrado
no Quadro 3 (Fonte: Domingues Filho - 1998:97)
Percentagem
da Freqüência Cardíaca
Máxima |
Intensidade |
50 a 60% |
Leve |
60 a 70% |
Moderado |
70 a 80% |
Média |
80 a 90% |
Forte |
90 a 100% |
Muito forte |
Quadro 4. Indicações para elaboração
de Programas de Exercícios para Emagrecimento (Fonte: Farinatti
-1999:12)
Variáveis |
Indicações |
Tipo de Atividade |
Predominantemente
Aeróbia |
Intensidade
de Esforço |
30 a 60 minutos |
Freqüência
Semanal |
3 a 6 vezes por semana |
Característica
da Dieta |
Balanceada,
Hipocalórica |
4.4
GASTO ENERGÉTICO NA CAMINHADA
Para Guedes (1998:220) a estimativa de energia consumida durante
uma caminhada deverá ser desenvolvida em razão da velocidade empregada,
da distância percorrida e do peso corporal do indivíduo.
Segundo alguns estudos, a uma velocidade entre 50 a 100 metros/
minuto ou de 3 a 6 km/hora deverá ocorrer demanda energética por
volta de 0,6 kcal a cada km percorrido por kg de peso corporal. Matematicamente,
haverá disposição:
Custo Energético (caminhada) = 0,6 kcal x distância (km) x Peso
corporal (kg)
Exemplificando: um indivíduo com 90 kg de peso corporal, ao caminhar
8 km, deverá consumir um valor estimado de 432 kcal.
Custo Energético (caminhada) = 0,6 kcal x 8km x 90 = 432 kcal.
A freqüência e o comprimento das passadas durante
a caminhada são dois aspectos importantes que devem ser orientados ao
praticante desse tipo de exercício físico. Apesar do aumento no
comprimento das passadas com a concomitante diminuição de sua freqüência
a uma mesma velocidade resulta em uma demanda energética mais elevada. É recomendado
que se estabeleça um ajuste comprimento- freqüências de passadas,
proporcionando o deslocamento do indivíduo com maior comodidade.
Segundo Lima (1998: 45- 46) o passo é uma característica
individual, estando relacionado com as dimensões corpóreas, principalmente
com o comprimento dos membros inferiores e a capacidade de alongamento dos músculos.
O passo mais econômico é aquele que proporciona conforto.
É necessário evitar mudanças no comprimento do passo, mantendo
o mais natural possível, evitando assim a fadiga muscular.
4.5 ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO PARA
A PRÁTICA DA CAMINHADA
Comer uma refeição leve (fruta, suco, etc.) antes
da caminhada é importante pois pode evitar queda de pressão, náuseas,
fadiga, etc. (Lima, 1998:22)
A perda de líquidos durante uma atividade física
pode causar a diminuição do rendimento, acarretando fadiga ao praticante,
causada pelo aumento de temperatura corporal, que o leva a desidratação
ou intermação, podendo ocasionar a morte. É necessária
a hidratação adequada antes, durante e após a atividade
física sempre em pequenos goles, para que não se tenha a sensação
de estômago cheio. Mesmo que o indivíduo não tenha sede,
deve-se estimulá-lo a ingerir líquidos e nada o impede que um pouco
de água seja ingerida na forma de sucos. (Oliveira, 1997:76-82)
CAPÍTULO 5 - A CAMINHADA
Para Lima (1998:17) na caminhada o movimento básico é a
marcha, que se diferencia da corrida, pois na marcha não existe a fase
de vôo, momento que os pés deixam de ter contato com o solo.
Os riscos de lesões ortopédicas e cardiovasculares são
mínimas em comparação a outras atividades.
Em indivíduos obesos pode ocorrer lesões nos joelhos devido ao
peso corporal.
É uma atividade que emagrece, proporciona condicionamento cardiovascular,
fortalece membros inferiores, além de reduzir as taxas de colesterol ruim
(LDL e o VLDL) e aumentar o colesterol bom (HDL).
5.1 VANTAGENS E DESVANTAGEM DA CAMINHADA
Para Ramos (1997: 106) a caminhada regular, desde que bem orientada, traz ao
praticante uma série de benefícios como:
· Melhor estabilidade articular;
· Aumento de massa óssea;
· Aumento do colesterol HDL;
· Aumento da taxa de hormônio do crescimento;
· Diminuição da freqüência cardíaca de
repouso;
· Diminuição da pressão arterial;
· Melhor utilização da insulina;
· Controle da obesidade;
· Diminuição do risco de varizes;
· Diminuição do risco de derrame cerebral;
· Diminuição do risco de arteriosclerose;
· Diminuição do risco de lombalgia;
· Aumento da força;
· Aumento da flexibilidade;
· Aumento da resistência aeróbica;
· Aumento da resistência anaeróbica;
· Facilitação da correção de vícios
posturais;
· Aceleração da recuperação de várias
cirurgias;
· Melhora da qualidade do período gestacional;
· Facilitação do parto normal;
· Facilitação da mecânica respiratória;
· Favorecimento do controle da osteoporose;
· Aumento da eficiência do sistema imunológico;
· Estímulo da otimização do crescimento;
· Diminuição do estresse psicológico.
Para Guedes (1998: 209) a desvantagem da prática
da caminhada, é que requer maior duração em cada sessão,
e algumas vezes, freqüência semanal mais elevada para que se possa
assegurar uma demanda energética suficiente.
Com o aprimoramento da aptidão física, muitas vezes a caminhada
isoladamente pode deixar de ser uma modalidade de exercício físico
fisiologicamente interessante, sendo necessária combiná-la com
outra de maior intensidade.
5.2 PREPARAÇÃO
PARA A CAMINHADA
Segundo Cooper (1988:261) toda vez que o indivíduo
for realizar um exercício físico é necessário:
· Alongar antes e depois do exercício, um músculo alongado
e aquecido é menos propenso a lesões e distensões;
· Tênis, a chave para evitar contusões, um investimento em
um bom par de tênis adequada a modalidade, pode valer uma grande economia
em contas médicas;
· Estilo, incluindo a técnica adequada, aprender a praticar o exercício
com segurança e perícia;
· Superfície, determina a dimensão e o efeito nocivo do
impacto, evitar superfícies muito duras;
· Exigir demais do corpo, uma atividade deve ser realizada dentro das
limitações do indivíduo.
5.3 COMO CAMINHAR
Segundo Knoplich (1997:143-145) o método correto de
caminhar é olhando para a linha do horizonte, com os braços soltos
e livres de objetos ou pesos, a musculatura abdominal e glútea devem estar
contraídas e nunca caminhar com tornozeleiras, pois estas podem prejudicar
a coluna vertebral.
Afastar os problemas de tensão psicológica, depressões
e angústias, que fazem com que as pessoas andem como se carregassem
o mundo nas costas.
5.3.1 Horários
Para Lima (1998: 21-23) a caminhada pode ser realizada
a qualquer hora conforme a disponibilidade do indivíduo.
É necessário evitar horários de temperatura extrema, não
tendo como evitá-los caminhar em locais fechados.
Caminhar de manhã é muito comum, mas o esforço deve ser
suave e progressivo para que o organismo e o sistema muscular se "despertem" e
se adaptem ao esforço.
No período noturno caminhar em locais com movimento, evitar ruas escuras
e bosques, usar roupa clara que reflita luminosidade.
5.3.2 Vestimenta
· Roupas leves e confortáveis, que proporcionam movimento e boa
ventilação;
· Usar boné, óculos e filtro solar;
· No verão usar short e camiseta e durante o inverno abrigo e proteção
para os ouvidos, um gorro por exemplo;
· Indivíduos que possuem certas patologias convém ter sempre
em mãos um documento com endereço, telefone, tipo de sangue, e
dinheiro que dê para comprar um lanche, pois este pode ter tonturas, náuseas,
fadiga, desmaios hipoglicemia, etc. (Lima, 1998:25-27)
5.3.3 Calçado
Tênis de boa qualidade e confortável, com palmilha interna almofadada,
com o solado do calcanhar um pouco elevado, os cadarços não podem
ser compridos e jamais amarrá-los em torno do tornozelo. (Lima,1998:
31)
CAPÍTULO 7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Guedes (1998: 276-278) a caminhada pode ser praticada
por qualquer indivíduo, pois o risco de lesão é menor do
que outra atividade de maior impacto.
Por ser uma atividade aeróbica, pode ser mais
indicado no programa de controle de peso corporal para indivíduos obesos
e com menor nível de aptidão física, pois possui caráter
dinâmico, ritmo constante e a intensidade pode ser controlada conforme
o grau de aptidão do indivíduo.
A redução da gordura e do peso corporal
deverá ser encarada apenas como um dos objetivos a ser alcançados
pelos programas de controle de peso, é fundamental modificar certos hábitos
alimentares, e praticar exercícios físicos sempre.
Os obstáculos tendem a aumentar com a gravidade do sobrepeso e da obesidade.
Indivíduos obesos apresentam menor condição física,
tornando sua participação em rotinas de exercícios físicos
difícil de iniciar ou de manter por tempo suficiente
CONCLUSÃO
Toda atividade física deve ser prazerosa, como
andar de bicicleta no final de semana, ir ao clube dar um mergulho na piscina,
jogar futebol com os amigos, ou até mesmo brincar na rua com a criançada.
Atividades simples como estas podem ser um martírio para quem é obeso,
pois muitas vezes se sente rejeitado ou incapacitado.
No futebol é escolhido para ficar no gol, no clube
fazem piadinhas quando entra na piscina e nas brincadeiras é café com
leite, por não possuir tanta agilidade quanto as outras crianças
A pesquisa realizada, visa o bem estar do obeso. Antes
de mais nada ele deve ter acompanhamento médico e nutricionista para que
sua saúde seja avaliada, que tipo de dieta fazer, se é necessário
o uso de medicamentos ou não.
Feito isso o profissional de educação física irá avaliar
o grau de aptidão física e oferecer várias opções
de exercícios, adaptá-los se necessário, e principalmente
incentivar e corrigir.
A caminhada pode ser realizada a qualquer hora, qualquer
local, não precisa de aparelhos, roupas colantes e " dancinhas" que
podem inibir e colocar o indivíduo numa situação constrangedora.
Espera-se que com este trabalho modifique-se a maneira
de pensar de certos profissionais que excluem o obeso das atividades físicas,
do lazer ou até mesmo do esporte profissional.
O peso pode ser uma barreira, uma dificuldade, mas a pior barreira é a
exclusão e o preconceito.
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