A FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
AMERICAN COLLEGE OF SPORT MEDICINE - CURRENT COMMENT
FEBRUARY - 2001
Tradução: Profª Ms. Érica
Verderi
O que pode ser feito para minimizar ou bloquear a perda
de massa muscular? E a deteriorização da função do
músculo?
O envelhecimento desafia a definição, pelo menos,
o envelhecimento biológico. O envelhecimento não é somente
uma passagem pelo tempo, mais do que isto, é o acúmulo de eventos
biológicos que ocorrem ao longo do tempo. Se nós definirmos envelhecimento
como a perda das habilidades de adaptação ao meio, então
a idade biológica e funcional torna-se a forma mais adequada de se medir
o envelhecimento e suas adaptações.
Até o início do século XX, aproximadamente
4% da população dos USA vivia em média até 65 anos,
hoje, isto tem aumentado para 13%. A expectativa de vida nos USA tem aumentado
para 76 anos e é esperado o aumento para 83 anos em 2050.
Hoje a população idosa soma quase 36 milhões,
sendo considerada uma grande parte da população do USA. Dessa forma,
se faz necessário o crescimento de atendimento especializado para pessoas
com mais de 85 anos de idade para o desenvolvimento de suas atividades diárias.
Assim, indivíduos de vida longa, nós determinamos aqueles os quais
participam de atividades físicas, as quais, melhoram a sáude, a
capacidade funcional, qualidade de vida e independência funcional.
O relato mais frequente como consequência do processo
normal de envelhecimento é a perda de massa muscular ou sarcopenia. Inúmeras
pesquisas concordam que sarcopenia não pode ser exemplificada por um simples
fator, mas sim, um duplo complexo relacionamento entre o músculo (miopatia)
e o nervo (neuropatia) e suas alterações e declínios para
estes dois sistemas fisiológicos decorrentes da diminuição
das atividades físicas.
Com o aumento da idade, ocorrem mudanças nas fibras
dos músculos e no número de fibras, sendo estas, prováveis
razões para a diminuição da massa muscular. Alguns estudos
relatam que, as fibras do Tipo I (contração lenta, aeróbica)
são resistentes a atrofia pelo menos até a idade 60 e 70 anos,
enquanto as fibras do Tipo II (contrações rápidas, anaeróbicas),
declinam com a idade. Pesquisas indicam que, a perda das fibras musculares ocorre
tanto em homens como em mulheres e corresponde uma idade crítica ao redor
dos 50 anos, quando a atrofia dos músculos torna-se mais evidente.
Uma das mais perceptíveis manifestações
da perda de massa muscular é a diminuição da habilidade
da produção de força. No entanto, esta perda não é universal.
Deve se referir ao tipo de contração muscular que está sendo
exigida e o tipo de grupo muscular que está sendo examinado.
Pesquisas que verificam as características da
produção da força isométrica durante o processo de
envelhecimento declinam mais cedo nos extensores do antebraço e nos músculos
da perna (dorsoflexores e flexores plantares) ao redor dos 40 anos.
Talvez mais importante do que a manutenção
da produção da força nos idoso é a manutenção
da resistência. No entanto, esta literatura é um pouco equivocada.
Algumas pesquisas tem notado que os idosos são capazes de manter voluntariamente
contrações musculares isométricas e dinâmicas por
mais de 60 segundos, tanto quanto comparados com indivíduos mais jovens
na performance das contrações para uma porcentagem relativa de
força. Outros, todavia, tem relatado que o idoso tem significativa perda
da produção de força após 30 segundos quando um fator
potencial de motivação for removido a partir de estimulação
elétrica. Estudos também tem mostrado que, a diminuição
da habilidade da manutenção da produção de força
não está somente relacionado a idade como vem sendo relatado, na
localização dos grupos musculares; grupo musculares da parte inferior
dos membros perdem massa muscular antes que os grupos da parte superior.
Para resumir os fatores associados a atrofia dos músculos
relativos ao envelhecimento, devemos considerar sempre que diferentes mudanças
ocorrem de indivíduos para indivíduos e também entre diferentes
grupos musculares. Um outro fator também a considerar nas alterações
observadas músculo-esquelética, de cunho secundário, mas
que, nos dá considerável desequilíbrio nos resultados, são
os fatores externos: deficiência nutricional, mudanças endócrinas
e a ausência regular de atividade física.
Se o aumento da idade resulta em declínio da massa
muscular e sua função, pode um adequado programa de treinamento
de resistência trazer benefícios para o envelhecimento do indivíduo?
Recentemente todas as pesquisas tem acordado que o sistema
músculo-esquelético de um indivíduo idoso é capaz
de se adaptar em um curto período de treinamento (12 semanas), no aumento
da força através da hipertrofia das fibras e na melhora da capacidade
funcional.
Um recente estudo mostrou que, um treinamento de peso
em mulheres idosas na pós-menopausa, geralmente na década de 50,
obteve significativo aumento na força dos grupos musculares concomitantemente
com o aumento da tonicidade.
É importante salientar que o grau de hipertrofia
muscular seguido de treinamento depende da idade. Alguns estudos tem relatado
que jovens (22 a 31 anos) homens e mulheres, tem significativo aumento na tonicidade
do músculo após 3 meses de treinamento quando comparado com idoso
entre 62 a 72 anos, no entanto, eles concluíram que não obstante,
existe um efeito relacionado a idade na receptividade dos exercícios e
que não pode ser generalizado para todos os grupos musculares.
Ainda existe pouca informação disponível
com relação ao sistema músculo-esquelético dos indivíduos
em processo de envelhecimento a partir de um período de treinamento. Um
certo estudo, num período de dois anos, realizou um controle de treinamento
de peso em 113 homens e mulheres em idades entre 60 a 80 anos. O programa de
treinamento consistiu de duas sessões por semana por um período
de 42 semanas, seguidos por 10 semanas de testes e período de descanso.
E então, outras 42 semanas de treinamento. Cada sessão consistiu
de 3 séries de exercícios com 10-12 repetições em
80% da resistência muscular. Determinou-se que, a musculatura masculina
tornou-se mais forte do que a feminina e de 60 a 70 anos a musculatura apresentou-se
mais forte do que 70 a 80 anos. Em adição, a resistência
aumentou continuamente em cada grupo (homens e mulheres) no total do período
de dois anos.
Para finalizar, pesquisas recentes indicam que a musculatura
do idoso pode adaptar positivamente, tanto quanto a musculatura jovem para os
exercícios de resistência. Significativamente, os benefícios
na força que ocorre da hipertrofia dos músculos, pode ser resultado
de um sensível aumento dos hormônios - receptores androgenos, tais
como, testosterona, hormônio do crescimento, resposnsáveis pelo
aumento dos níveis dos fatores de circulação do crescimento
muscular.
O American College of Sports Medicine (ACSM), tem publicado
posicionamentos sobre os efeitos dos exercícios para a saúde do
adulto e do idoso. Esta fase biológica não é o limite para
se iniciar um programa de exercícios (no entanto, com aprovação
médica), e que o exercício deve ser progressivo e natural. Abranger
todos os grupos musculares. Devem ser feitos duas a três vezes por semana,
com pelo menos 1 séries de 8 a 15 repetições. Aumentar
as séries pode trazer maiores benefícios, e exercícios que
favoreçam o equilíbrio e a postura devem ser praticados.