COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA
ESPORTIVA Posicionamento Oficial
Osteoporose e exercício
RESUMO
Posicionamento Oficial do Colégio Americano de Medicina
do Esporte sobre Osteoporose e Exercício. Med. Sci. Sports Exerc., Vol.
27, No. 4, pp. i-vii, 1995. A osteoporose é uma doença caracterizada
pela redução da massa óssea e deterioração
da micro-arquitetura do tecido ósseo que induz ao incremento de sua fragilidade
e aumento conseqüente no risco de fratura. Tanto o homem como a mulher têm
risco de fraturas osteoporóticas. No entanto, como a osteoporose é mais
comum nas mulheres e mais pesquisas relacionadas ao exercício têm
sido dirigidas para reduzir o risco de fraturas osteoporóticas na mulher,
este Posicionamento se aplica especificamente à mulher. Os fatores que
influenciam o risco de fraturas incluem fragilidade esquelética, freqüência
e gravidade de quedas e massa tecidual ao redor do esqueleto. A prevenção
de fraturas osteoporóticas, portanto, é focalizada na preservação
ou incremento do material e propriedades estruturais do osso, a prevenção
de quedas e a melhora da massa total de tecido magro. A capacidade do osso em
suportar peso reflete suas propriedades materiais, como a densidade e modelamento,
e a distribuição espacial do tecido ósseo. Estes fatores
da resistência óssea são todos desenvolvidos e mantidos em
parte pela pelas forças aplicadas ao osso durante as atividades diárias
e o exercício. A sobrecarga funcional através da atividade física
exerce influência positiva sobre a massa óssea em humanos. A magnitude
desta influência e os tipos de programas que induzem a um estímulo
osteogênico mais efetivo são ainda incertos. Enquanto é bem
estabelecido que o decréscimo significativo na atividade física,
como por exemplo no repouso em cama, resulta em profundo declínio na massa óssea,
melhoras na massa óssea resultando do incremento da atividade física
são menos conclusivas. Os resultados variam de acordo com a idade, estado
hormonal, nutrição e prescrição de exercício.
Um efeito positivo aparente da atividade física sobre o osso é mais
marcado em estudos transversais do que em prospectivos. O quanto isto significa
um exemplo de viés da seleção ou diferenças na intensidade
e duração do programa de treinamento é ao mesmo tempo incerta.
Há muito tempo foi reconhecido que as alterações na massa óssea
ocorrem mais rapidamente com a falta do que com o incremento de sobrecarga. A
inatividade habitual resulta em um espiral descendente em todas as funções
fisiológicas. Quando a mulher aumenta a idade, a redução
da força, flexibilidade e aptidão cardiovascular provocam posterior
decréscimo na atividade. Eventualmente, pessoas idosas podem achar impossível
continuar os tipos de atividades que fornecem estímulo adequado de sobrecarga
para manter a massa óssea. Felizmente, parece que a força e a aptidão
total pode ser melhorada em qualquer idade através de um programa cuidadosamente
planejado de exercício. Ao menos que a habilidade dos sistemas fisiológicos
básicos essenciais para a atividade de sobrecarga seja restaurada, pode
ser difícil para muitas mulheres idosas manterem um nível de atividade
essencial para proteger o esqueleto do posterior decréscimo ósseo.
Para os mais idosos ou para aqueles que experimentam problemas com equilíbrio
e caminhada, as atividades que podem incrementar o risco de quedas devem ser
evitadas. Não existe evidência no presente momento de que o exercício
isoladamente ou o exercício associado à ingestão de cálcio
possa prevenir o rápido decréscimo na massa óssea nos anos
seguintes a pós-menopausa. No entanto, todas as mulheres saudáveis
devem ser encorajadas a se exercitar de modo a ganhar outros benefícios
advindos do exercício regular independente de quanto a atividade tem um
marcado componente osteogênico. Baseado nas pesquisas atuais, é posição
do Colégio Americano de Medicina Esportiva que: 1) a atividade física
de transportar peso é essencial para o desenvolvimento normal e manutenção
de um esqueleto saudável. As atividades que focalizam sobre o aumento
da força muscular podem também ser benéficas, particularmente
para os ossos que não suportam peso; 2) a mulher sedentária pode
incrementar a massa óssea progressivamente por se tornar mais ativa, mas
o benefício primário do aumento da atividade pode evitar a redução
posterior do osso que ocorre com a inatividade; 3) o exercício não
deve ser recomendado como substituto à terapia de reposição
hormonal no período da menopausa; 4) o programa ótimo para a mulher
idosa deve incluir atividades que melhorem força, flexibilidade e coordenação
que podem indiretamente, mas efetivamente, diminuir a incidência de fraturas
osteoporóticas pela redução da probabilidade de quedas.
INTRODUÇÃO
Quando a força é aplicada ao osso, ele curva-se
ou é temporariamente deformado. O quanto a deformação é medida
como tensão depende da magnitude e da direção da força,
distância do ponto de aplicação da força à axis
do arqueamento (braço de alavanca) e o momento da inércia do osso.
A regulação da força óssea é uma função
das forças mecânicas ou sobrecargas em que os respectivos ossos
do esqueleto são expostos.
A resposta do osso às sobrecargas mecânicas é imediata,
específica ao osso sob a sobrecarga e envolve reações celulares
e teciduais. A sobrecarga mecânica estimula as células ósseas
da região de sobrecarga a se deformarem, incrementam sua síntese
de PGI2 (prostaciclina), PGE2 (prostaglandina E2), G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase)
e aumenta a síntese de RNA dentro de minutos após a sobrecarga
(23,60,61,68,69,85,86). Portanto, uma cascata de eventos dentro dos osteoblastos
e osteócitos ocorrem em resposta às alterações na
tensão óssea, refletindo uma adaptação à sobrecarga
imposta pelo ambiente. Tem sido sugerido que existe um mecanismo mecanosensorial,
seja dentro da célula óssea ou da matriz extracelular do osso,
que percebe a alteração na tensão óssea e então
orquestra a subsequente cascata de eventos (16, 27, 86). Foi posteriormente proposto
que a resposta específica a qualquer tensão óssea é dependente
da relação entre tensão limiar e tensão óssea
(26). FROST (26) sugeriu que existe uma tensão mínima para a modelação
e a remodelação tal que a tensão óssea cai entre
estes valores limiares que podem geralmente resultar em nenhuma alteração
na massa óssea. As tensões ósseas que excedem a tensão
mínima efetiva para modelação (MESm) podem resultar em aumento
na massa óssea, enquanto as tensões abaixo da tensão mínima
efetiva para a remodelação (MESr) podem resultar na maior remodelação óssea
e decréscimo na massa óssea (26,27,96). Embora existam algumas
evidências respaldando esta preposição, a verificação
experimental ainda não está apresentada.
ESTUDOS EM MODELOS ANIMAIS
As variáveis mecânicas primárias associadas à regulação
da massa óssea são: magnitude da tensão, freqüência
da tensão e o número de ciclos de sobrecarga. Devido as dificuldades
inerentes na manipulação destas variáveis e diretamente
medindo seu efeito sobre o osso em humanos, os modelos animais são desenvolvidos
com o propósito de determinar os mecanismos que fundamentam a resposta
do osso à estimulação mecânica. Os modelos freqüentemente
mais utilizados nos estudos da biologia óssea são rato, galo, peru,
cachorro e porco. Entretanto, como nos modelos animais, a extrapolação
para o sistema fisiológico humano deve ser feita com cuidadosa consideração
das diferenças entre as espécies.
Modelos de carga externa.
Utilizando estes modelos, as variáveis mecânicas
primárias podem ser manipuladas in vivo e a resposta do osso estudado
de modo único e controlado. Os resultados demonstram incremento linear
da massa óssea com o aumento da magnitude da tensão de 1000 a 4000
microtensões (a tensão é uma medida de deformação óssea)
(69). Adicionalmente, a freqüência de alteração na tensão óssea
durante a sobrecarga é positivamente relacionada à resposta adaptativa
(57). Especificamente, em altas magnitudes de tensão (por exemplo, 2000
microtensões), relativamente poucos ciclos de sobrecarga são necessários
para estimular a resposta óssea; uma vez que o limiar para a estimulação é alcançado,
nenhuma das vantagens das propriedades do osso são derivadas através
do posterior incremento da freqüência de estimulação
(77,78). A sobrecarga estática do osso demonstrou fornecer significativamente
menor estimulação ao osso do que a sobrecarga dinâmica (34,39-41).
Baseado nestes e em outros resultados, WHALEN e CARTER (103) desenvolveram um
modelo teórico sugerindo ser a magnitude de tensão a variável
mais importante para gerar uma resposta adaptativa no osso com vários
ciclos de sobrecarga, um fator também importante que provavelmente incremente
em significância quando as magnitudes de tensão são baixas.
Os modelos externos de sobrecarga resultam em rápida
formação óssea nas tensões abaixo dos níveis
fisiológicos de pico para um modelo animal específico. Esta formação óssea
pode ser devido à aplicação de força aos ossos em
um padrão único e não fisiológico tal que a axis
ou a direção de arqueamento difere daquela derivada dos padrões
locomotores normais (9,41,57,60,76,77,78,85,86,). Como o osso não é acostumado
a este padrão de arqueamento, o osso inicia uma resposta adaptativa.
Modelos com sobrecarga insuficiente.
Os estudos que verificam o efeito de sobrecargas abaixo do
limiar para remodelação têm tipicamente utilizado ratos,
embora um dos estudos originais utilizou cachorros da raça Beagle (32,94,97).
Como para todas as outras espécies, ratos em crescimento requerem forças
mecânicas para o crescimento e desenvolvimento ósseo normal. Os
ratos adultos necessitam de sobrecarga mecânica para a manutenção
da estrutura normal e integridade óssea funcional. Quando estas forças
são removidas dos ossos do rato, como na suspenção das patas
traseiras, imobilização devido à bandagem, neurotomia ou
tenotomia, a massa óssea, a área e a espessura óssea cortical,
o volume trabecular e a competência mecânica óssea significativamente
decrescem em comparação a controles ajustados para a idade (43-45,82,99,102).
Em fato, as alterações dinâmicas teciduais associadas com
a sobrecarga insuficiente correspondem estreitamente às alterações
nas propriedades ósseas medidas em associação com o hipoestrogenismo
(por exemplo, menopausa, ooforectomia). Existe uma rápida redução
inicial de massa óssea (fase transitória) seguida por um novo estado
de equilíbrio (fase adaptativa). A duração destas fases é dependente
da idade do animal, o tipo de osso (trabecular contra cortical) e a capacidade
depor aproximadamente 60 min/dia não fornece estimulação
mecânica suficiente para compensar a redução óssea
associada com a sobrecarga insuficiente (ou hipoestrogenismo) em estudos cuidadosamente
controlados (29, 102). Com a deficiência de cálcio os efeitos da
sobrecarga insuficiente são exacerbados (42,101).
Os efeitos da ausência de peso no vôo espacial
são similares à aqueles observados utilizando outros métodos
de sobrecarga insuficiente. Na ausência de forças gravitacionais
os ratos jovens demonstram crescimento periostal suprimido, menor área
de secção transversa, volume ósseo trabecular reduzido,
crescimento longitudinal deprimido e decréscimo das propriedades mecânicas
(22,33,83,84,98,108). As reduções na massa óssea ocorrem
primariamente nos ossos que suportam o peso do esqueleto. Como em outros métodos
de sobrecarga insuficiente, estas alterações ocorrem como resultado
de reduzida atividade osteoblástica combinada com reabsorção
osteoclástica normal.
Modelos com incremento da atividade física.
Infelizmente, o método freqüentemente mais utilizado
de incremento dos padrões de atividade física de modelos animais é a
corrida e outras formas de exercício aeróbico mais do que estudos
elaborados para especificamente sobrecarregar o sistema esquelético. A
massa e força óssea podem ser testadas após levantamento
de peso em modelos tais como aqueles utilizados para induzir a hipertrofia muscular
(95).
Os resultados dos estudos de treinamento em corrida sobre o
material ósseo e as propriedades estruturais nos modelos animais têm
sido equivocados, alguns demonstram incremento na massa óssea e outros
não apresentam alteração ou decréscimo nas propriedades
do material ósseo (6,8,24,25,29,35,46,49,65,79,81,87,93,107,109). Uma
das limitações primárias em estudar as alterações
das propriedades ósseas como uma função dos protocolos de
treinamento aeróbico é o inevitável, mas geralmente ignorado,
efeito sistêmico que tais programas apresentam e suas capacidades, sejam
para potencializar ou diminuir os benefícios da sobrecarga mecânica
sobre o osso (24,109).
Outras variáveis de confusão nestes experimentos
incluem ineficiência para controlar o crescimento; durações
do treinamento que não consideram o tempo do ciclo reabsorção-formação
tanto para o osso cortical como trabecular; diferenças na massa corporal
entre os animais controle e em exercício e; utilização de
animais noturnos (por exemplo, o rato) para se exercitarem sob alguma forma de
iluminação artificial. Estes e outros fatores de confusão
limitaram a amplitude em que as conclusões podem ser feitas referentes
ao efeito da corrida e/ou natação (94) sobre as propriedades ósseas.
ESTUDOS EM HUMANOS
Os tipos de programas que induzem melhores estímulos
osteogênicos e aumento das suas influências são ainda controversos.
As pesquisas têm focalizado o papel da atividade física em maximizar
a massa óssea durante a infância e no início da vida adulta,
mantendo a massa óssea durante a pré-menopausa e prevenindo ou
atenuando a redução óssea na pós-menopausa. O sucesso
da atividade física tem sido analisado primariamente pela medida das alterações
da massa óssea. A massa óssea é expressa seja como o conteúdo
de mineral ósseo (CMO) ou como a densidade mineral óssea (DMO).
As duas técnicas de medida mais comuns são a absorciometria de
dupla emissão de raios-X (DEXA) que fornece a densidade real (g.cm-2),
e a tomografia computadorizada (TC) que fornece adensidade volumétrica
(mg.cm-3). Embora a força óssea dependa tanto da quantidade de
mineral no osso como da micro e macro-arquitetura óssea, somente o componente
mineral da força óssea pode ser medido de maneira não-invasiva
em humanos. As regiões esqueléticas freqüentemente mais estimadas
para medir o efeito de um treinamento são aquelas susceptíveis
a fraturas osteoporóticas mais sérias: vértebras lombares,
fêmur proximal (quadril) e antebraço.
Poucos investigadores têm considerado o papel dos princípios
que demonstram afetar a resposta de outros sistemas fisiológicos ao treinamento.
Os seguintes princípios devem ser considerados na avaliação
dos resultados de qualquer estudo com treinamento: Princípio da especificidade.
O maior impacto da atividade deve ser no local onde a DMO será medida,
como resposta à sobrecarga parecer ser um efeito localizado. Princípio
da sobrecarga. Para o efeito alterar a massa óssea, o estímulo
do treinamento deve exceder a sobrecarga normal. Princípio da reversibilidade.
O efeito positivo de um programa de treinamento sobre o osso pode ser perdido
se o programa for interrompido. Princípio dos valores iniciais. Os indivíduos
com baixos níveis de DMO têm maior capacidade para melhorar percentualmente
os resultados; aqueles indivíduos com valores médios e acima da
média para a massa óssea têm menor capacidade. Princípio
da reposta diminuída. Cada pessoa tem um limite individual biológico
que determina a magnitude de um possível efeito do treinamento. Quando
este limite está próximo, os ganhos na massa óssea podem
ser lentos e eventualmente alcançar um platô.
PAPEL
DA ATIVIDADE FÍSICA NA MAXIMIZAÇÃO
DA MASSA ÓSSEA
Um fator primário associado ao risco de fraturas osteoporóticas é o pico de
massa óssea desenvolvido durante a infância e no início da
vida adulta. A idade em que esse pico é alcançado parece diferir
para o osso cortical e trabecular. Vários estudos transversais (10,47,73)
têm sugerido que a redução óssea trabecular pode começar
no início da terceira década enquanto o osso cortical pode incrementar
ou permanecer constante até a quinta década (50). Um estudo longitudinal
mais recente (70) sugere que tanto o osso cortical como trabecular podem continuar
a aumentar progressivamente em mulheres jovens saudáveis até a
idade de aproximadamente 28 anos. Os estudos transversais de mulheres jovens
registram que mulheres ativas e atletas que participam de atividades de levantamento
de peso têm maior massa óssea na coluna lombar e região femoral
do que controles sedentárias (30,31,74,106). O levantamento de peso é um
fator chave nesta relação. Os estudos (31,74) que examinaram nadadoras
colegiais registraram menor DMO vertebral quando comparadas com outras atletas
e controles. É especulado que esta descoberta seja devido a natureza de
não transportar peso da natação. Consequentemente, atividades
que não transportam peso como a natação e o ciclismo não
têm sido recomendadas para incrementar a DMO.
Uma área recente de interesse é a relação
entre força muscular, massa muscular e DMO. Entre as mulheres jovens não
atletas, uma associação positiva independente foi registrada entre
força muscular e DMO (63,90). A relação é independente
da altura e peso corporal. Em alguns casos, a DMO foi predita pelos grupamentos
musculares na região da massa óssea medida (por exemplo, quadríceps
e fêmur), embora na coluna lombar, os grupamentos musculares distantes
do local (flexores de cotovelo e antebraço) predizeram a DMO. Isto parece
que a força total é o fator chave quando a força de uma
determinada área tipicamente reflete a força em outras regiões
do corpo. Enquanto há muito tempo é aceito que a mulher com maior
peso corporal tem maior DMO, esta relação foi assumida para ser
em função da carga sobre o esqueleto. Entretanto, os estudos iniciais
não investigaram a contribuição relativa da gordura ou do
componente magro desta relação. Muitos, mas não todos os
trabalhos recentes sugerem que a massa muscular tem contribuição
mais importante para a DMO que a massa de gordura (2,72,91,92,100).
Os poucos estudos prospectivos de intervenção
(70,88) na mulher adulta jovem têm demonstrado pouco ou nenhum aumento
na DMO com o incremento da atividade física. SNOW-HARTER e cols. (88)
treinaram mulheres jovens por 8 meses tanto através de treinamento com
pesos como com corrida. Houve ligeiro efeito positivo da atividade física
em um grupo de mulheres jovens que viviam na comunidade num período de
2 anos, mas a contribuição para a alteração na DMO
foi menor que 3%. Entretanto, seus valores indicam que a massa óssea pode
incrementar durante a terceira década. MAZESS and BARDEN (51) em um estudo
sem intervenção dividiram as mulheres de acordo com o quartil de
atividade e não encontraram diferenças na DMO da coluna, quadril
ou punho. Isto pode parecer que a mulher ativa jovem está em seu limite
biológico para a DMO ou próximo a ele, ou que um maior estímulo
de treinamento é necessário para um ganho significativo na massa óssea.
Nem todas as mulheres jovens ativas se beneficiam totalmente
de suas atividades. As atletas de endurance que experimentam interrupção
no ciclo menstrual e se tornam hipoestrogênicas reduzem o osso apesar de
se exercitarem regularmente em alta intensidade (19-21, 48). A redução óssea
nesta população é particularmente notável na coluna
lombar (19,48) mas outras regiões que incluem mais osso cortical podem
também ser afetadas (54). Este perfil de estado esquelético alterado
pode predispor estas mulheres a maior incidência de fraturas por estresse
e ao risco de fraturas osteoporóticas prematuras (53).
PAPEL
DA ATIVIDADE FÍSICA NOS ANOS
DE MATURIDADE DOS ADULTOS
Embora os valores transversais indiquem redução
lenta porém contínua da densidade mineral óssea trabecular
iniciando na terceira década ou antes (89), o decréscimo no osso
cortical parece mínimo até a menopausa (50). Os valores epidemiológicos
da base de valores normativos de três equipamentos de absorciometria de
dupla emissão de raios X que medem a densidade óssea, indicam alteração
de aproximadamente 7% na DMO da coluna lombar do pico de massa óssea na
quinta década de vida (18), mas cerca de 16% na região femoral.
Isto é importante para identificar qualquer contribuição
dos fatores que podem manter ou incrementar a densidade óssea durante
estes anos, como uma maior DMO na menopausa pode reduzir o risco de fraturas
osteoporóticas no futuro.
Existe alguma evidência dos estudos transversais de
que a atividade física pode atenuar ou prevenir a redução óssea
durante este período (1,11). Além disso, poucos estudos (64,91,92)
têm demonstrado que mulheres com maior força e massa muscular têm
maior DMO.
Dois estudos longitudinais que incluíram mulheres na
pré-menopausa com idade entre 30 e 50 anos forneceram resultados mistos
para o exercício com uma terapia de intervenção para compensar
a diminuição óssea associada a idade. Ambos os estudos utilizaram
treinamento com pesos como intervenção. Enquanto um estudo (28)
registrou pequeno incremento não significativo na DMO da coluna lombar
(0,8%), a outra investigação (75) observou declínio significativo
(4%) na massa óssea no mesmo local. A falta de um efeito positivo pode
ter sido devido a um erro de medida, inadequado estímulo de treinamento
ou decréscimo no tempo gasto em outras atividades durante o período
de treinamento. Esta é uma área importante de investigação
e mais estudos são necessários para serem conduzidos neste grupo
etário com atenção detalhada a uma prescrição
apropriada de exercício.
PAPEL
DO EXERCÍCIO NA PÓS-MENOPAUSA
A menopausa é o período em que a redução óssea
trabecular acelera e o decréscimo ósseo cortical se torna aparente
(89) quando os níveis endógenos de hormônios gonadais, estrógeno
e progesterona declinam marcadamente. Tanto os estudos transversais como os longitudinais
que têm examinado a atividade física nesta população
registraram valores de DMO que variaram de acordo com o tipo, intensidade e nível
de estrógeno, mas todos são inferiores quando comparados aos de
mulheres jovens.
Dois estudos transversais de corredoras masters registraram
densidade da coluna lombar entre 9,2% e 35% maiores comparadas com controles
ajustados (38,52) enquanto outro não registrou diferença (36).
Em todos os casos a DMO das corredoras idosas foi inferior ao do grupo jovem.
Somente um estudo de nadadoras masters que não registrou diferenças
entre as nadadoras e o controle, muito embora descobriu maior DMO nas nadadoras
que utilizavam estrógeno do que nas que não utilizavam (58). Ambos
os estudos de corredoras e nadadoras incluíram algumas mulheres que faziam
terapia de reposição de estrógeno, mas ainda registrou valores
inferiores quando comparado às mulheres jovens. Consequentemente, nenhuma
atividade parece proteger a vértebra lombar da perda óssea que
segue a menopausa.
Os poucos estudos longitudinais na população
pós-menopausa não permite conclusões decisivas devido a
grande variação nas prescrições de exercício,
locais de medida e resultados de DMO. A massa óssea vertebral altera durante
o período de tempo variando de 12% a 8% e se aplica principalmente
para mulheres que não fazem uso de estrógeno. Em geral, os resultados
das pesquisas examinando os programas de intervenção com caminhada
demonstram que esta atividade, comumente prescrita para a mulher na pós-menopausa,
não previne a perda óssea (12,55,80,104). Outros estudos que incluem
atividades de alta intensidade e a adição de exercícios
de força muscular registram resposta esquelética mais positiva
(1,5,13,14,17,37,56,62,67). Aumentando a atividade neste grupo etário
com uma prescrição apropriada de exercício pode reduzir
a perda óssea mesmo se não ocorre incremento significativo na DMO.
As relações entre massa óssea e força
muscular e/ou massa não são fortes para a mulher na pós-menopausa
comparada com a mulher na pré-menopausa. Entretanto a massa muscular demonstrou
correlação com a DMO em mulheres na pós-menopausa por alguns
investigadores (2,7,64,91,100), as associações positivas entre
força muscular e massa óssea são fortes na mulher na pré-menopausa
comparada com a mulher na pós-menopausa de mesmo nível de estrógeno
(64,91). No mínimo dois estudos (71) registraram que a massa de gordura
foi mais fortemente associada com a DMO em mulheres na pós-menopausa.
Isto pode ser devido às forças sobre o osso durante as atividades
de transportar peso e/ou conversão de andrógenos a estrógenos
no tecido gorduroso neste grupo etário. As duas possibilidades necessitam
de estudos futuros.
Na atualidade, não existe evidência de que somente
o exercício possa substituir a perda óssea associada com baixos
hormônios reprodutivos que acompanham a menopausa. No entanto, existem
dois registros sugerindo que o exercício combinado com terapia de reposição
hormonal pode ter efeito osteogênico (56,66).
ATIVIDADE
FÍSICA E FRATURAS
As fraturas osteoporóticas são associadas com
baixa massa óssea e ocorrem com maior freqüência em três
locais esqueléticos (3). As fraturas das vértebras e radio distal
(antebraço) tipicamente são as primeiras a ocorrer. As fraturas
de quadril (colo e áreas inter-trocantéricas do fêmur) ocorrem
posteriormente como resultado de quedas e são relacionadas não
somente a massa óssea, mas a outros fatores como a diminuição
do equilíbrio, redução do tecido mole na região do
quadril e deterioração da força e potência muscular
nas extremidades inferiores.
Os estudos epidemiológicos admitem que as mulheres capazes
de manter altos níveis de atividade física têm menor incidência
de fraturas de quadril (4,15,59,105). Fatores como sobrecarga muscular freqüente,
velocidade rápida de caminhada, atividade mais produtiva, maior participação
em atividades em recintos abertos e maior tempo em pé e se movimentando
foram todos associados com incidência reduzida de fraturas nestes estudos.
Não é esclarecido se a redução no risco foi devido à atividade
física, ou se as mulheres não ativas representam a fragilidade
dos idosos. As pesquisas longitudinais que documentam os padrões de atividade
física, medidas de massa óssea e fraturas necessitam ser conduzidas
para promover o conhecimento nesta área.
CONCLUSÃO
Enquanto a atividade de transportar peso é essencial
para o desenvolvimento normal e manutenção do esqueleto saudável,
a atividade física não pode ser recomendada como substituta a terapia
de reposição hormonal no período da menopausa. Um programa
geral de atividade enfatizando a força, flexibilidade, coordenação
e aptidão cardiovascular podem indiretamente reduzir o risco de fraturas
osteoporóticas por diminuir o risco de quedas e capacitar a mulher idosa
a permanecer ativa, conseqüentemente evitando a perda óssea através
da inatividade. Este pronunciamento foi escrito para o Colégio Americano
de Medicina do Esporte por Barbara L. Drinkwater, Ph.D., FACSM (coordenadora);
Susan K. Grimston, Ph.D., FACSM; Diane M. Raab-Cullen, Ph.D.; e Christine M.
Snow-Harter, Ph.D., FACSM. O pronunciamento foi revisado para o Colégio
Americano de Medicina do Esporte por membros associados, pelo Comitê de
Pronunciamentos e por Gail P. Dalsky, Ph.D.; Robert P. Heaney, M.D.; Thomas A.
Loyd, Ph.D.; e Robert Marcus, M.D.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: PÁGINA
DO ACSM
TRADUÇÃO: Este Posicionamento
foi traduzido para a Língua Portuguesa por Aylton
Figueira Junior, Membro Colaborador do CELAFISCS, e revisado
por Victor K. R. Matsudo & Sandra M. M. Matsudo,
CELAFISCS.