Home |CDOF Responde | Cadastro de Usuários | Cadastro de Consultores|


 

Sex, 25/1/13 22:56

COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA – Posicionamento Oficial
Osteoporose e exercício

RESUMO
   Posicionamento Oficial do Colégio Americano de Medicina do Esporte sobre Osteoporose e Exercício. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 27, No. 4, pp. i-vii, 1995. A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução da massa óssea e deterioração da micro-arquitetura do tecido ósseo que induz ao incremento de sua fragilidade e aumento conseqüente no risco de fratura. Tanto o homem como a mulher têm risco de fraturas osteoporóticas. No entanto, como a osteoporose é mais comum nas mulheres e mais pesquisas relacionadas ao exercício têm sido dirigidas para reduzir o risco de fraturas osteoporóticas na mulher, este Posicionamento se aplica especificamente à mulher. Os fatores que influenciam o risco de fraturas incluem fragilidade esquelética, freqüência e gravidade de quedas e massa tecidual ao redor do esqueleto. A prevenção de fraturas osteoporóticas, portanto, é focalizada na preservação ou incremento do material e propriedades estruturais do osso, a prevenção de quedas e a melhora da massa total de tecido magro. A capacidade do osso em suportar peso reflete suas propriedades materiais, como a densidade e modelamento, e a distribuição espacial do tecido ósseo. Estes fatores da resistência óssea são todos desenvolvidos e mantidos em parte pela pelas forças aplicadas ao osso durante as atividades diárias e o exercício. A sobrecarga funcional através da atividade física exerce influência positiva sobre a massa óssea em humanos. A magnitude desta influência e os tipos de programas que induzem a um estímulo osteogênico mais efetivo são ainda incertos. Enquanto é bem estabelecido que o decréscimo significativo na atividade física, como por exemplo no repouso em cama, resulta em profundo declínio na massa óssea, melhoras na massa óssea resultando do incremento da atividade física são menos conclusivas. Os resultados variam de acordo com a idade, estado hormonal, nutrição e prescrição de exercício. Um efeito positivo aparente da atividade física sobre o osso é mais marcado em estudos transversais do que em prospectivos. O quanto isto significa um exemplo de viés da seleção ou diferenças na intensidade e duração do programa de treinamento é ao mesmo tempo incerta. Há muito tempo foi reconhecido que as alterações na massa óssea ocorrem mais rapidamente com a falta do que com o incremento de sobrecarga. A inatividade habitual resulta em um espiral descendente em todas as funções fisiológicas. Quando a mulher aumenta a idade, a redução da força, flexibilidade e aptidão cardiovascular provocam posterior decréscimo na atividade. Eventualmente, pessoas idosas podem achar impossível continuar os tipos de atividades que fornecem estímulo adequado de sobrecarga para manter a massa óssea. Felizmente, parece que a força e a aptidão total pode ser melhorada em qualquer idade através de um programa cuidadosamente planejado de exercício. Ao menos que a habilidade dos sistemas fisiológicos básicos essenciais para a atividade de sobrecarga seja restaurada, pode ser difícil para muitas mulheres idosas manterem um nível de atividade essencial para proteger o esqueleto do posterior decréscimo ósseo. Para os mais idosos ou para aqueles que experimentam problemas com equilíbrio e caminhada, as atividades que podem incrementar o risco de quedas devem ser evitadas. Não existe evidência no presente momento de que o exercício isoladamente ou o exercício associado à ingestão de cálcio possa prevenir o rápido decréscimo na massa óssea nos anos seguintes a pós-menopausa. No entanto, todas as mulheres saudáveis devem ser encorajadas a se exercitar de modo a ganhar outros benefícios advindos do exercício regular independente de quanto a atividade tem um marcado componente osteogênico. Baseado nas pesquisas atuais, é posição do Colégio Americano de Medicina Esportiva que: 1) a atividade física de transportar peso é essencial para o desenvolvimento normal e manutenção de um esqueleto saudável. As atividades que focalizam sobre o aumento da força muscular podem também ser benéficas, particularmente para os ossos que não suportam peso; 2) a mulher sedentária pode incrementar a massa óssea progressivamente por se tornar mais ativa, mas o benefício primário do aumento da atividade pode evitar a redução posterior do osso que ocorre com a inatividade; 3) o exercício não deve ser recomendado como substituto à terapia de reposição hormonal no período da menopausa; 4) o programa ótimo para a mulher idosa deve incluir atividades que melhorem força, flexibilidade e coordenação que podem indiretamente, mas efetivamente, diminuir a incidência de fraturas osteoporóticas pela redução da probabilidade de quedas.

INTRODUÇÃO
    Quando a força é aplicada ao osso, ele curva-se ou é temporariamente deformado. O quanto a deformação é medida como tensão depende da magnitude e da direção da força, distância do ponto de aplicação da força à axis do arqueamento (braço de alavanca) e o momento da inércia do osso. A regulação da força óssea é uma função das forças mecânicas ou sobrecargas em que os respectivos ossos do esqueleto são expostos.
    A resposta do osso às sobrecargas mecânicas é imediata, específica ao osso sob a sobrecarga e envolve reações celulares e teciduais. A sobrecarga mecânica estimula as células ósseas da região de sobrecarga a se deformarem, incrementam sua síntese de PGI2 (prostaciclina), PGE2 (prostaglandina E2), G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) e aumenta a síntese de RNA dentro de minutos após a sobrecarga (23,60,61,68,69,85,86). Portanto, uma cascata de eventos dentro dos osteoblastos e osteócitos ocorrem em resposta às alterações na tensão óssea, refletindo uma adaptação à sobrecarga imposta pelo ambiente. Tem sido sugerido que existe um mecanismo mecanosensorial, seja dentro da célula óssea ou da matriz extracelular do osso, que percebe a alteração na tensão óssea e então orquestra a subsequente cascata de eventos (16, 27, 86). Foi posteriormente proposto que a resposta específica a qualquer tensão óssea é dependente da relação entre tensão limiar e tensão óssea (26). FROST (26) sugeriu que existe uma tensão mínima para a modelação e a remodelação tal que a tensão óssea cai entre estes valores limiares que podem geralmente resultar em nenhuma alteração na massa óssea. As tensões ósseas que excedem a tensão mínima efetiva para modelação (MESm) podem resultar em aumento na massa óssea, enquanto as tensões abaixo da tensão mínima efetiva para a remodelação (MESr) podem resultar na maior remodelação óssea e decréscimo na massa óssea (26,27,96). Embora existam algumas evidências respaldando esta preposição, a verificação experimental ainda não está apresentada.

ESTUDOS EM MODELOS ANIMAIS
    As variáveis mecânicas primárias associadas à regulação da massa óssea são: magnitude da tensão, freqüência da tensão e o número de ciclos de sobrecarga. Devido as dificuldades inerentes na manipulação destas variáveis e diretamente medindo seu efeito sobre o osso em humanos, os modelos animais são desenvolvidos com o propósito de determinar os mecanismos que fundamentam a resposta do osso à estimulação mecânica. Os modelos freqüentemente mais utilizados nos estudos da biologia óssea são rato, galo, peru, cachorro e porco. Entretanto, como nos modelos animais, a extrapolação para o sistema fisiológico humano deve ser feita com cuidadosa consideração das diferenças entre as espécies.

Modelos de carga externa.
    Utilizando estes modelos, as variáveis mecânicas primárias podem ser manipuladas in vivo e a resposta do osso estudado de modo único e controlado. Os resultados demonstram incremento linear da massa óssea com o aumento da magnitude da tensão de 1000 a 4000 microtensões (a tensão é uma medida de deformação óssea) (69). Adicionalmente, a freqüência de alteração na tensão óssea durante a sobrecarga é positivamente relacionada à resposta adaptativa (57). Especificamente, em altas magnitudes de tensão (por exemplo, 2000 microtensões), relativamente poucos ciclos de sobrecarga são necessários para estimular a resposta óssea; uma vez que o limiar para a estimulação é alcançado, nenhuma das vantagens das propriedades do osso são derivadas através do posterior incremento da freqüência de estimulação (77,78). A sobrecarga estática do osso demonstrou fornecer significativamente menor estimulação ao osso do que a sobrecarga dinâmica (34,39-41). Baseado nestes e em outros resultados, WHALEN e CARTER (103) desenvolveram um modelo teórico sugerindo ser a magnitude de tensão a variável mais importante para gerar uma resposta adaptativa no osso com vários ciclos de sobrecarga, um fator também importante que provavelmente incremente em significância quando as magnitudes de tensão são baixas.
    Os modelos externos de sobrecarga resultam em rápida formação óssea nas tensões abaixo dos níveis fisiológicos de pico para um modelo animal específico. Esta formação óssea pode ser devido à aplicação de força aos ossos em um padrão único e não fisiológico tal que a axis ou a direção de arqueamento difere daquela derivada dos padrões locomotores normais (9,41,57,60,76,77,78,85,86,). Como o osso não é acostumado a este padrão de arqueamento, o osso inicia uma resposta adaptativa.

Modelos com sobrecarga insuficiente.
   Os estudos que verificam o efeito de sobrecargas abaixo do limiar para remodelação têm tipicamente utilizado ratos, embora um dos estudos originais utilizou cachorros da raça Beagle (32,94,97). Como para todas as outras espécies, ratos em crescimento requerem forças mecânicas para o crescimento e desenvolvimento ósseo normal. Os ratos adultos necessitam de sobrecarga mecânica para a manutenção da estrutura normal e integridade óssea funcional. Quando estas forças são removidas dos ossos do rato, como na suspenção das patas traseiras, imobilização devido à bandagem, neurotomia ou tenotomia, a massa óssea, a área e a espessura óssea cortical, o volume trabecular e a competência mecânica óssea significativamente decrescem em comparação a controles ajustados para a idade (43-45,82,99,102). Em fato, as alterações dinâmicas teciduais associadas com a sobrecarga insuficiente correspondem estreitamente às alterações nas propriedades ósseas medidas em associação com o hipoestrogenismo (por exemplo, menopausa, ooforectomia). Existe uma rápida redução inicial de massa óssea (fase transitória) seguida por um novo estado de equilíbrio (fase adaptativa). A duração destas fases é dependente da idade do animal, o tipo de osso (trabecular contra cortical) e a capacidade depor aproximadamente 60 min/dia não fornece estimulação mecânica suficiente para compensar a redução óssea associada com a sobrecarga insuficiente (ou hipoestrogenismo) em estudos cuidadosamente controlados (29, 102). Com a deficiência de cálcio os efeitos da sobrecarga insuficiente são exacerbados (42,101).
    Os efeitos da ausência de peso no vôo espacial são similares à aqueles observados utilizando outros métodos de sobrecarga insuficiente. Na ausência de forças gravitacionais os ratos jovens demonstram crescimento periostal suprimido, menor área de secção transversa, volume ósseo trabecular reduzido, crescimento longitudinal deprimido e decréscimo das propriedades mecânicas (22,33,83,84,98,108). As reduções na massa óssea ocorrem primariamente nos ossos que suportam o peso do esqueleto. Como em outros métodos de sobrecarga insuficiente, estas alterações ocorrem como resultado de reduzida atividade osteoblástica combinada com reabsorção osteoclástica normal.

Modelos com incremento da atividade física.
    Infelizmente, o método freqüentemente mais utilizado de incremento dos padrões de atividade física de modelos animais é a corrida e outras formas de exercício aeróbico mais do que estudos elaborados para especificamente sobrecarregar o sistema esquelético. A massa e força óssea podem ser testadas após levantamento de peso em modelos tais como aqueles utilizados para induzir a hipertrofia muscular (95).
   Os resultados dos estudos de treinamento em corrida sobre o material ósseo e as propriedades estruturais nos modelos animais têm sido equivocados, alguns demonstram incremento na massa óssea e outros não apresentam alteração ou decréscimo nas propriedades do material ósseo (6,8,24,25,29,35,46,49,65,79,81,87,93,107,109). Uma das limitações primárias em estudar as alterações das propriedades ósseas como uma função dos protocolos de treinamento aeróbico é o inevitável, mas geralmente ignorado, efeito sistêmico que tais programas apresentam e suas capacidades, sejam para potencializar ou diminuir os benefícios da sobrecarga mecânica sobre o osso (24,109).
    Outras variáveis de confusão nestes experimentos incluem ineficiência para controlar o crescimento; durações do treinamento que não consideram o tempo do ciclo reabsorção-formação tanto para o osso cortical como trabecular; diferenças na massa corporal entre os animais controle e em exercício e; utilização de animais noturnos (por exemplo, o rato) para se exercitarem sob alguma forma de iluminação artificial. Estes e outros fatores de confusão limitaram a amplitude em que as conclusões podem ser feitas referentes ao efeito da corrida e/ou natação (94) sobre as propriedades ósseas.

ESTUDOS EM HUMANOS
    Os tipos de programas que induzem melhores estímulos osteogênicos e aumento das suas influências são ainda controversos. As pesquisas têm focalizado o papel da atividade física em maximizar a massa óssea durante a infância e no início da vida adulta, mantendo a massa óssea durante a pré-menopausa e prevenindo ou atenuando a redução óssea na pós-menopausa. O sucesso da atividade física tem sido analisado primariamente pela medida das alterações da massa óssea. A massa óssea é expressa seja como o conteúdo de mineral ósseo (CMO) ou como a densidade mineral óssea (DMO). As duas técnicas de medida mais comuns são a absorciometria de dupla emissão de raios-X (DEXA) que fornece a densidade real (g.cm-2), e a tomografia computadorizada (TC) que fornece adensidade volumétrica (mg.cm-3). Embora a força óssea dependa tanto da quantidade de mineral no osso como da micro e macro-arquitetura óssea, somente o componente mineral da força óssea pode ser medido de maneira não-invasiva em humanos. As regiões esqueléticas freqüentemente mais estimadas para medir o efeito de um treinamento são aquelas susceptíveis a fraturas osteoporóticas mais sérias: vértebras lombares, fêmur proximal (quadril) e antebraço.
    Poucos investigadores têm considerado o papel dos princípios que demonstram afetar a resposta de outros sistemas fisiológicos ao treinamento. Os seguintes princípios devem ser considerados na avaliação dos resultados de qualquer estudo com treinamento: Princípio da especificidade. O maior impacto da atividade deve ser no local onde a DMO será medida, como resposta à sobrecarga parecer ser um efeito localizado. Princípio da sobrecarga. Para o efeito alterar a massa óssea, o estímulo do treinamento deve exceder a sobrecarga normal. Princípio da reversibilidade. O efeito positivo de um programa de treinamento sobre o osso pode ser perdido se o programa for interrompido. Princípio dos valores iniciais. Os indivíduos com baixos níveis de DMO têm maior capacidade para melhorar percentualmente os resultados; aqueles indivíduos com valores médios e acima da média para a massa óssea têm menor capacidade. Princípio da reposta diminuída. Cada pessoa tem um limite individual biológico que determina a magnitude de um possível efeito do treinamento. Quando este limite está próximo, os ganhos na massa óssea podem ser lentos e eventualmente alcançar um platô.

PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NA MAXIMIZAÇÃO DA MASSA ÓSSEA
    Um fator primário associado ao risco de fraturas osteoporóticas é o “pico” de massa óssea desenvolvido durante a infância e no início da vida adulta. A idade em que esse pico é alcançado parece diferir para o osso cortical e trabecular. Vários estudos transversais (10,47,73) têm sugerido que a redução óssea trabecular pode começar no início da terceira década enquanto o osso cortical pode incrementar ou permanecer constante até a quinta década (50). Um estudo longitudinal mais recente (70) sugere que tanto o osso cortical como trabecular podem continuar a aumentar progressivamente em mulheres jovens saudáveis até a idade de aproximadamente 28 anos. Os estudos transversais de mulheres jovens registram que mulheres ativas e atletas que participam de atividades de levantamento de peso têm maior massa óssea na coluna lombar e região femoral do que controles sedentárias (30,31,74,106). O levantamento de peso é um fator chave nesta relação. Os estudos (31,74) que examinaram nadadoras colegiais registraram menor DMO vertebral quando comparadas com outras atletas e controles. É especulado que esta descoberta seja devido a natureza de não transportar peso da natação. Consequentemente, atividades que não transportam peso como a natação e o ciclismo não têm sido recomendadas para incrementar a DMO.
    Uma área recente de interesse é a relação entre força muscular, massa muscular e DMO. Entre as mulheres jovens não atletas, uma associação positiva independente foi registrada entre força muscular e DMO (63,90). A relação é independente da altura e peso corporal. Em alguns casos, a DMO foi predita pelos grupamentos musculares na região da massa óssea medida (por exemplo, quadríceps e fêmur), embora na coluna lombar, os grupamentos musculares distantes do local (flexores de cotovelo e antebraço) predizeram a DMO. Isto parece que a força total é o fator chave quando a força de uma determinada área tipicamente reflete a força em outras regiões do corpo. Enquanto há muito tempo é aceito que a mulher com maior peso corporal tem maior DMO, esta relação foi assumida para ser em função da carga sobre o esqueleto. Entretanto, os estudos iniciais não investigaram a contribuição relativa da gordura ou do componente magro desta relação. Muitos, mas não todos os trabalhos recentes sugerem que a massa muscular tem contribuição mais importante para a DMO que a massa de gordura (2,72,91,92,100).
    Os poucos estudos prospectivos de intervenção (70,88) na mulher adulta jovem têm demonstrado pouco ou nenhum aumento na DMO com o incremento da atividade física. SNOW-HARTER e cols. (88) treinaram mulheres jovens por 8 meses tanto através de treinamento com pesos como com corrida. Houve ligeiro efeito positivo da atividade física em um grupo de mulheres jovens que viviam na comunidade num período de 2 anos, mas a contribuição para a alteração na DMO foi menor que 3%. Entretanto, seus valores indicam que a massa óssea pode incrementar durante a terceira década. MAZESS and BARDEN (51) em um estudo sem intervenção dividiram as mulheres de acordo com o quartil de atividade e não encontraram diferenças na DMO da coluna, quadril ou punho. Isto pode parecer que a mulher ativa jovem está em seu limite biológico para a DMO ou próximo a ele, ou que um maior estímulo de treinamento é necessário para um ganho significativo na massa óssea.
    Nem todas as mulheres jovens ativas se beneficiam totalmente de suas atividades. As atletas de endurance que experimentam interrupção no ciclo menstrual e se tornam hipoestrogênicas reduzem o osso apesar de se exercitarem regularmente em alta intensidade (19-21, 48). A redução óssea nesta população é particularmente notável na coluna lombar (19,48) mas outras regiões que incluem mais osso cortical podem também ser afetadas (54). Este perfil de estado esquelético alterado pode predispor estas mulheres a maior incidência de fraturas por estresse e ao risco de fraturas osteoporóticas prematuras (53).

PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NOS ANOS DE MATURIDADE DOS ADULTOS
    Embora os valores transversais indiquem redução lenta porém contínua da densidade mineral óssea trabecular iniciando na terceira década ou antes (89), o decréscimo no osso cortical parece mínimo até a menopausa (50). Os valores epidemiológicos da base de valores normativos de três equipamentos de absorciometria de dupla emissão de raios X que medem a densidade óssea, indicam alteração de aproximadamente 7% na DMO da coluna lombar do pico de massa óssea na quinta década de vida (18), mas cerca de 16% na região femoral. Isto é importante para identificar qualquer contribuição dos fatores que podem manter ou incrementar a densidade óssea durante estes anos, como uma maior DMO na menopausa pode reduzir o risco de fraturas osteoporóticas no futuro.
    Existe alguma evidência dos estudos transversais de que a atividade física pode atenuar ou prevenir a redução óssea durante este período (1,11). Além disso, poucos estudos (64,91,92) têm demonstrado que mulheres com maior força e massa muscular têm maior DMO.
    Dois estudos longitudinais que incluíram mulheres na pré-menopausa com idade entre 30 e 50 anos forneceram resultados mistos para o exercício com uma terapia de intervenção para compensar a diminuição óssea associada a idade. Ambos os estudos utilizaram treinamento com pesos como intervenção. Enquanto um estudo (28) registrou pequeno incremento não significativo na DMO da coluna lombar (0,8%), a outra investigação (75) observou declínio significativo (4%) na massa óssea no mesmo local. A falta de um efeito positivo pode ter sido devido a um erro de medida, inadequado estímulo de treinamento ou decréscimo no tempo gasto em outras atividades durante o período de treinamento. Esta é uma área importante de investigação e mais estudos são necessários para serem conduzidos neste grupo etário com atenção detalhada a uma prescrição apropriada de exercício.

PAPEL DO EXERCÍCIO NA PÓS-MENOPAUSA
    A menopausa é o período em que a redução óssea trabecular acelera e o decréscimo ósseo cortical se torna aparente (89) quando os níveis endógenos de hormônios gonadais, estrógeno e progesterona declinam marcadamente. Tanto os estudos transversais como os longitudinais que têm examinado a atividade física nesta população registraram valores de DMO que variaram de acordo com o tipo, intensidade e nível de estrógeno, mas todos são inferiores quando comparados aos de mulheres jovens.
    Dois estudos transversais de corredoras masters registraram densidade da coluna lombar entre 9,2% e 35% maiores comparadas com controles ajustados (38,52) enquanto outro não registrou diferença (36). Em todos os casos a DMO das corredoras idosas foi inferior ao do grupo jovem. Somente um estudo de nadadoras masters que não registrou diferenças entre as nadadoras e o controle, muito embora descobriu maior DMO nas nadadoras que utilizavam estrógeno do que nas que não utilizavam (58). Ambos os estudos de corredoras e nadadoras incluíram algumas mulheres que faziam terapia de reposição de estrógeno, mas ainda registrou valores inferiores quando comparado às mulheres jovens. Consequentemente, nenhuma atividade parece proteger a vértebra lombar da perda óssea que segue a menopausa.
    Os poucos estudos longitudinais na população pós-menopausa não permite conclusões decisivas devido a grande variação nas prescrições de exercício, locais de medida e resultados de DMO. A massa óssea vertebral altera durante o período de tempo variando de –12% a 8% e se aplica principalmente para mulheres que não fazem uso de estrógeno. Em geral, os resultados das pesquisas examinando os programas de intervenção com caminhada demonstram que esta atividade, comumente prescrita para a mulher na pós-menopausa, não previne a perda óssea (12,55,80,104). Outros estudos que incluem atividades de alta intensidade e a adição de exercícios de força muscular registram resposta esquelética mais positiva (1,5,13,14,17,37,56,62,67). Aumentando a atividade neste grupo etário com uma prescrição apropriada de exercício pode reduzir a perda óssea mesmo se não ocorre incremento significativo na DMO.
    As relações entre massa óssea e força muscular e/ou massa não são fortes para a mulher na pós-menopausa comparada com a mulher na pré-menopausa. Entretanto a massa muscular demonstrou correlação com a DMO em mulheres na pós-menopausa por alguns investigadores (2,7,64,91,100), as associações positivas entre força muscular e massa óssea são fortes na mulher na pré-menopausa comparada com a mulher na pós-menopausa de mesmo nível de estrógeno (64,91). No mínimo dois estudos (71) registraram que a massa de gordura foi mais fortemente associada com a DMO em mulheres na pós-menopausa. Isto pode ser devido às forças sobre o osso durante as atividades de transportar peso e/ou conversão de andrógenos a estrógenos no tecido gorduroso neste grupo etário. As duas possibilidades necessitam de estudos futuros.
    Na atualidade, não existe evidência de que somente o exercício possa substituir a perda óssea associada com baixos hormônios reprodutivos que acompanham a menopausa. No entanto, existem dois registros sugerindo que o exercício combinado com terapia de reposição hormonal pode ter efeito osteogênico (56,66).

ATIVIDADE FÍSICA E FRATURAS
    As fraturas osteoporóticas são associadas com baixa massa óssea e ocorrem com maior freqüência em três locais esqueléticos (3). As fraturas das vértebras e radio distal (antebraço) tipicamente são as primeiras a ocorrer. As fraturas de quadril (colo e áreas inter-trocantéricas do fêmur) ocorrem posteriormente como resultado de quedas e são relacionadas não somente a massa óssea, mas a outros fatores como a diminuição do equilíbrio, redução do tecido mole na região do quadril e deterioração da força e potência muscular nas extremidades inferiores.
   Os estudos epidemiológicos admitem que as mulheres capazes de manter altos níveis de atividade física têm menor incidência de fraturas de quadril (4,15,59,105). Fatores como sobrecarga muscular freqüente, velocidade rápida de caminhada, atividade mais produtiva, maior participação em atividades em recintos abertos e maior tempo em pé e se movimentando foram todos associados com incidência reduzida de fraturas nestes estudos. Não é esclarecido se a redução no risco foi devido à atividade física, ou se as mulheres não ativas representam a fragilidade dos idosos. As pesquisas longitudinais que documentam os padrões de atividade física, medidas de massa óssea e fraturas necessitam ser conduzidas para promover o conhecimento nesta área.

CONCLUSÃO
    Enquanto a atividade de transportar peso é essencial para o desenvolvimento normal e manutenção do esqueleto saudável, a atividade física não pode ser recomendada como substituta a terapia de reposição hormonal no período da menopausa. Um programa geral de atividade enfatizando a força, flexibilidade, coordenação e aptidão cardiovascular podem indiretamente reduzir o risco de fraturas osteoporóticas por diminuir o risco de quedas e capacitar a mulher idosa a permanecer ativa, conseqüentemente evitando a perda óssea através da inatividade. Este pronunciamento foi escrito para o Colégio Americano de Medicina do Esporte por Barbara L. Drinkwater, Ph.D., FACSM (coordenadora); Susan K. Grimston, Ph.D., FACSM; Diane M. Raab-Cullen, Ph.D.; e Christine M. Snow-Harter, Ph.D., FACSM. O pronunciamento foi revisado para o Colégio Americano de Medicina do Esporte por membros associados, pelo Comitê de Pronunciamentos e por Gail P. Dalsky, Ph.D.; Robert P. Heaney, M.D.; Thomas A. Loyd, Ph.D.; e Robert Marcus, M.D.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: PÁGINA DO ACSM

TRADUÇÃO: Este Posicionamento foi traduzido para a Língua Portuguesa por Aylton Figueira Junior, Membro Colaborador do CELAFISCS, e revisado por Victor K. R. Matsudo & Sandra M. M. Matsudo, CELAFISCS.

::. Seja você também um voluntário para traduzir os artigos do ACSM. Fale conosco !

 

|::::  Cooperativa do Fitness - Todos os direitos reservados - BH - MG - Na internet desde 05/12/1999 ::::|