Treinamento Funcional: Um novo
              conceito de Treinamento Físico para Idosos
              Por:
                Kalysson Araujo Dias *
                Data de Publicação: 23/06/2011
              RESUMO
                  
                   O envelhecimento é um processo inevitável, associado ao declínio
fisiológico e da capacidade funcional do ser humano. O treinamento funcional
vem se desenvolvendo muito na área da saúde, tem como objetivo
aperfeiçoar as capacidades físicas e motoras, assim favorecendo
para diminuição de doenças crônicas e aumentando seu
desempenho no dia-a-dia. Esta revisão teve como objetivo analisar, treinamento
funcional: um novo conceito de treinamento físico para idosos, para nós
darmos subsídios para desenvolvermos mais pesquisas sobre o assunto. Para
tanto, procurou-se coletar dados quanto aos seguintes aspectos: a) conceituação
do treinamento funcional; b) aptidão física e funcional c) impacto
do envelhecimento no organismo humano d) treinamento funcional para idosos. Conclui-se
que o treinamento funcional, tem maiores benefícios funcionais para a
vida dos idosos, assim influenciando em seu cotidiano, o tornando mais ativo
para suas tarefas diárias.
Palavras-chave - Envelhecimento; Capacidade funcional; Treinamento funcional;
Idoso.
              ABSTRACT
                  Aging is an inevitable process associated with the physiological
                decline and functional capacity of human beings. Functional training
                has evolved much in the area of health, aims to improve physical
                and motor skills, thereby enhancing for reduction of chronic
                diseases and increasing their performance in day-to-day. This
                review aimed to examine functional training: a new concept of
                physical training for seniors, for us to give grants to develop
                more research on the subject. To this end, we attempted to collect
                data on the following aspects: a) concepts of functional training,
                b) physical fitness and functional c) the impact of aging on
                the human body d) functional training for seniors. We conclude
                that functional training, has greater functional benefits for
                the life of the elderly, thus, influence in their daily lives,
                making it more active for their daily tasks.
              Keywords - Aging, Functional capacity,
                functional training; Elderly.
              INTRODUÇÃO 
                 Segundo dados da Organização Mundial de Saúde
                (OLIVEIRA, 2002), entre 1950 e 1998, a porcentagem de pessoas
                com idade maior ou igual há 60 anos aumentou de 8 para
                10%, e na projeção para 2050, as pessoas dentro
                dessa faixa etária seriam responsáveis por 20%
                da população mundial. Esses números se tornam
                mais surpreendentes, quando são calculados para projeção
                de países em desenvolvimento, onde a população
                de idosos aumentará cerca nove vezes até 2050,
                ou seja, de 171 milhões para 1,6 bilhões. 
Para
                o Brasil, estas perspectivas são muito importantes, pois
                será um dos maiores contribuidores para o crescimento
                dessa população. O envelhecimento populacional,
                aliado à falta de políticas públicas voltadas
                a essa nova realidade mundial, vem preocupando todos os segmentos
                da sociedade. Faz-se necessário, uma concentração
                de esforços nas diferentes áreas profissionais,
                objetivando um maior conhecimento sobre o fenômeno do envelhecimento,
                e principalmente como envelhecer de forma saudável priorizando
                esses esforços na manutenção da independência
                e autonomia do indivíduo. 
                
                   De acordo com Robert A. Robergs e Scott O. Robert (2002) O envelhecimento
                não é simplesmente
  o passar do tempo, mas as manifestações de eventos biológicos
  que ocorrem ao longo de um período. Não há uma perfeita
  definição de envelhecimento. O envelhecimento não deve
  ser visto como uma doença, mas como um processo natural. De certa maneira,
  qualquer coisa neste planeta envelhece com o tempo, não apenas seres
  humanos. O período de vida é a duração máxima
  que um membro da espécie humana pode alcançar em condições ótimas.
  Como a morte precoce foi reduzida neste século, uma proporção
  maior da população tem sobrevivido ao seu período natural
  de vida, que parece ser de 85 anos.
  
     Durante o processo de envelhecimento são observados declínios
  significativos nos diferentes componentes da capacidade funcional (CF), em
  especial, nas expressões da força muscular (força muscular
  concêntrica, excêntrica e isométrica máxima, resistência
  de força, potência muscular, entre outras) e na flexibilidade,
  caracterizada pela capacidade de mover uma articulação através
  de sua amplitude máxima de movimento (ACSM, 1998). Assim, estudiosos
  têm utilizado critérios que combinam status funcional com nível
  de saúde que correspondem a aplicações práticas
  do dia-a-dia (COTTON, 1998). Para isso têm usado como referência
  as atividades da vida diária (AVD) para determinar se um idoso é capaz
  de viver independentemente. As medidas de AVD permitem saber o que um idoso
  pode realmente fazer (MATSUDO, 2004). Afinal, o treinamento funcional vem com
  uma proposta de tornar o indivíduo preparado para o seu dia-a-dia, assim
  prevenindo lesões, retardando o processo do envelhecimento e favorecendo
  as doenças crônicas, obesidade; hipertensão; diabetes;
  que são mais acometidas principalmente na terceira idade.
  
     De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF,
  2000), o Educador Físico deverá lançar mão de todos
  os meios formais e não-formais (exercícios, ginásticas,
  esportes, danças, atividades de aventura, relaxamento, etc.) para educar
  o ser humano para a saúde e para um estilo de vida ativo. 
  O CONFEF defende que este trabalho educativo a partir do movimento deve estabelecer
  relações também com o Lazer, a Cultura, o Esporte, a Ciência
  e o Turismo e tem compromissos com as grandes questões contemporâneas
  da Humanidade como as pessoas com necessidades especiais, a exclusão
  social, a paz e o meio ambiente.
  
     Com relação à legislação brasileira, no
  ano de 1994, foi sancionada a Lei nº 8.842, que dispõem sobre a
  Política Nacional do Idoso, onde se incluem menções "ao
  incentivo e à criação de programas de lazer, esporte e
  atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida
  do idoso e estimulem sua participação na comunidade" (BRASIL,
  1994).
  
     Com base nessas diretrizes, é de dever do Educador Físico proporcionar
  atividades que envolvam benefícios a essa população, como
  a promoção da saúde e prevenção de doenças,
  assim tendo menor incidência de morte nessa faixa etária. De certa
  forma, enfatizaremos a expansão de pesquisas relacionada ao assunto,
  buscando mobilizar projetos sociais para o mesmo. Esta revisão tem como
  objetivo investigar treinamento funcional: um novo conceito de treinamento
  físico para idosos constantes na literatura em língua portuguesa,
  sob forma de livros. Para tanto, procurou-se coletar dados quanto aos seguintes
  aspectos: a) Conceituação do treinamento funcional; b) Aptidão
  física e funcional c) Impacto do envelhecimento no organismo humano
  d) Treinamento funcional para idosos
  
  Conceituação do Treinamento
  Funcional
  
  O que é treinamento funcional?
     Em uma síntese das definições encontradas no dicionário
  Michaelis (2009), pode-se dizer que o treinamento funcional refere-se a um
  conjunto de exercícios praticados como preparo físico ou com
  o fim de apurar habilidades, em cuja execução se procura atender à função
  e ao fim prático, ou seja, os exercícios do treinamento funcional
  apresentam propósitos específicos, geralmente reproduzindo ações
  motoras que serão utilizadas pelo praticante em seu cotidiano.
  
     Em um conceito mais técnico, Clark (2001) diz que movimentos funcionais
  referem-se a movimentos integrados, multiplanares e que envolvem redução,
  estabilização e produção de força. Em outras
  palavras, os exercícios funcionais referem-se a movimentos que mobilizam
  mais de um segmento ao mesmo tempo, que pode ser realizado em diferentes planos
  e que envolvem diferentes ações musculares (excêntrica,
  concêntrica e isométrica). Para que esse treinamento seja eficiente,
  a cadeia cinética funcional deve ser treinada na busca da melhora de
  todos os componentes necessários para permitir ao praticante adquirir
  ou retornar a um nível ótimo de função.
  
  Origens do treinamento funcional 
     O treinamento funcional teve origem com os profissionais da área de
  fisioterapia e reabilitação, já que estes foram pioneiros
  na utilização de exercícios que imitavam o que os pacientes
  faziam em casa ou no trabalho durante a terapia, possibilitando, assim, um
  breve retorno à sua vida normal e as suas funções laborais
  após uma lesão ou cirurgia. Assim, se a tarefa ocupacional do
  paciente requeresse levantamentos de peso repetidos, a reabilitação
  deveria ter como objetivo principal permitir um retorno a essa função
  o mais breve possível, com bom desempenho e sem dor.
  
     Baseado no sucesso de sua aplicação na reabilitação,
  o conceito de treinamento funcional passou a ser utilizado no desenvolvimento
  de programas para a melhora do desempenho atlético e do condicionamento
  físico e para minimizar possíveis lesões dos praticantes
  da atividade física. Atualmente, muitos profissionais são adeptos
  dessa nova metodologia, mesmo com um volume pequeno de publicações
  científicas mostrando os benefícios desse tipo de treinamento
  em relação aos treinamentos tradicionais.
  
     O treinamento de força mais utilizado tradicionalmente tem seu foco
  em movimentos isolados, ganhos absolutos de força e treino de grupos
  musculares de forma independente e utiliza, geralmente, apenas um plano de
  movimento. Esse é o caso da musculação, atividade com
  muita procura nas academias de ginástica atualmente, pois é segura
  e eficiente em relação a um dos principais objetivos dos praticantes,
  que é o ganho de massa muscular e a manutenção de sua
  força para uma boa qualidade de vida. Utilizar o treinamento funcional
  como estratégia de treino refere-se a uma quebra de paradigmas e, portanto,
  torna-se necessário identificar algumas vantagens que o método
  possui em relação aos treinamentos tradicionais.
  
  Caracterização do treinamento
  funcional: treinamento funcional x treinamento tradicional
     Algumas diferenças entre o treinamento funcional e o treinamento tradicional
  são apontadas no Quadro 1.0
  
  Quadro 1. Diferenças entre o treinamento
  funcional e treinamento tradicional
              
                
                  | 
                     Treinamento não
                          funcional 
                   | 
                  
                     Treinamento funcional 
                   | 
                
                
                  | 
                     Isolado 
                                Rígido       
        Limitado 
        Uniplanar 
                   | 
                  
                     Integrado 
        Flexível 
        Ilimitado 
        Multiplanar 
                   | 
                
              
                  No treinamento funcional,
                  como pode ser observado, o condicionamento físico é conduzido por meio de exercícios
                que são integrados para que sejam alcançados padrões
                de movimentos mais eficientes. Sabe-se que o treinamento isolado
                apresenta resultados em termos de aumento de massa muscular e
                força, pois permite que haja fadiga individual dos músculos:
                entretanto, o treinamento funcional aproxima-se mais dos movimentos
                reais, ou seja, daqueles realizados no cotidiano e que envolvem
                integração de movimentos. Esse aspecto atende à especificidade
                que é um dos mais importantes princípios do treinamento.
                Segundo Weineck (2003), somente atividades semelhantes às
                do esporte desenvolverão uma melhora no desempenho. Para
                melhorar tarefas funcionais é necessário treiná-las.
                Um maior grau de liberdade de execução dos movimentos é outra
                característica do treinamento funcional, já que é possível
                realizar movimentos em diferentes amplitudes, principalmente
                se comparados aos exercícios da musculação.
                Por conta disso, é possível dizer que o treinamento é flexível
                e ilimitado, pois apresenta infinitas variações.
                A realização de movimentos múltiplos planos
                também é característica, já que as
                atividades funcionais ocorrem em três planos e requerem
                aceleração, desaceleração e estabilização
                dinâmica. Apesar de os movimentos parecerem dominantes
                em um plano específico, os outros dois necessitam ser
                estabilizados dinamicamente para permitir ótima neuromuscular
                no treinamento funcional.
                
                Aptidão Física
                e Funcional
                  A habilidade de realizar
                  as atividades durante o dia, bem como a performance física, atinge seu pico máximo por
                volta dos 30 anos de idade e, depois disso declina com a idade
                (Hunter et al, 2004). O declínio das capacidades físicas
                e as alterações fisiológicas decorrentes
                do processo de envelhecimento geram perdas da capacidade funcional,
                contribuindo para a dependência física do idoso
                (Tribess e Virtuoso Jr., 2005). Sendo assim, a queda da aptidão
                física com o envelhecimento é um fato inexorável,
                que se inicia de maneira gradativa, ao redor da quinta década
                de vida (Alves et al., 2004). 
                
                   Para Cooper (1972), aptidão física refere-se ao conjunto de atributos
  relacionados com a saúde e com a performance, sendo que, a saúde
  e a performance estão diretamente ligadas à capacidade aeróbia
  de um indivíduo, ou seja, a aptidão física geral é a
  aptidão de resistir ou capacidade de executar um trabalho prolongado,
  sem fadiga excessiva, havendo desta forma uma forte dependência da saúde
  geral, saúde cardiovascular, respiratória, muscular, etc. Carvalho
  e Mota (2002), também concordam que a aptidão física está relacionada
  com a saúde, embora hajam outros componentes além da aptidão
  cardiorrespiratória que também devem ser levados em consideração
  como: a flexibilidade, resistência e força muscular e composição
  corporal. Malliou et al (2003) acrescentam ainda o equilíbrio, o controle
  postural e a visão como fatores que influenciam na performance funcional.
  
     O termo “capacidade física” é composto por uma variedade
  de características incluindo categorias da capacidade respiratória
  (consumo máximo de oxigênio - VO2MÁX, limiar de lactato
  e capacidade metabólica), composição corporal, distribuição
  localizada de gordura, força e resistência muscular e flexibilidade.
  Neste contexto, capacidade física é definida como a habilidade
  de realizar atividade física de nível moderada sem entrar em
  fadiga (ACSM,.1998).
  
     Para Tribess e Virtuoso Jr. (2005) o termo aptidão física também
  pode ser utilizado como aptidão funcional. Entretanto, estes mesmos
  autores defendem que, para os idosos, os componentes da aptidão física
  e funcional de destaque são: cardiorrespiratório, força,
  flexibilidade, agilidade, equilíbrio, tempo de reação
  e coordenação. Tais qualidades físicas atuam como preceptores
  da capacidade funcional, pois reúnem condições para que
  o indivíduo consiga realizar as suas tarefas do dia a dia de modo satisfatório. 
  Rikli e Jones (2001) definem que, a avaliação da flexibilidade,
  força muscular, resistência aeróbica, agilidade/equilíbrio
  dinâmico, bem como da composição corporal são essenciais
  para se definir a aptidão física de um idoso, pois formam um
  conjunto de componentes relevantes à capacidade funcional do mesmo.
  
     Williams (1996) cita que as principais vantagens de se avaliar a aptidão
  física de um idoso são, por um lado, determinar a prescrição
  de exercício mais apropriada, reduzindo riscos e aumentando mudanças
  fisiológicas e psicológicas; e por outro lado, quantificar as
  mudanças ocorridas durante o programa para efetuar mudanças a
  longo prazo. Uma vez diagnosticado qual é a aptidão física
  em que o idoso se encontra, faz-se necessário definir os exercícios
  apropriados, bem como a intensidade, volume, freqüência, tipo de
  exercício e progressão do exercício físico (ACSM,
  1998), com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, retardar as alterações
  fisiológicas, melhorar a capacidade motora e proporcionar benefícios
  sociais e psicológicos. (Tribess e Virtuoso Jr., 2005).
  
    Resumindo, de uma forma geral a aptidão física e funcional é definida
  como o conjunto de habilidades que um indivíduo possui para desenvolver
  um tipo de atividade física específica (Williams, 1996; McArdle
  et al, 1998).
  Em termos de atividade física, a aptidão é geralmente
  dividida em duas grandes áreas: aquela mais relacionada com a performance
  e, aquela mais relacionada com a saúde. Portanto, quando se trata de
  aptidão física e exercício físico direcionado aos
  idosos cria- se uma maior associação aos benefícios relacionados à saúde
  (McArdle et al, 1998). São através da prática regular
  de exercício físico que se obtêm melhoras em várias
  doenças (ACSM, 1998). Dentro desse contexto, o exercício físico
  representa um de seus principais componentes (McArdle et al, 1998), ou seja,
  se o objetivo é melhorar a habilidade funcional ou o estado de saúde
  dos idosos, as intervenções devem focar nas prevenções
  de debilidades e das doenças através da prática regular
  de exercício físico (Hurley e Roth,2000).
  
     Quando nos referimos à aptidão física no idoso, estamos
  a falar da sua funcionalidade e, por conseqüência, da sua autonomia
  e independência (Carvalho e Mota, 2000), que por sua vez, pode ser melhorada
  independente do nível de aptidão física em que o mesmo
  se encontra (Evans e Campbell, 1997; Hunter et al, 2004). A aptidão
  física deverá ser definida como a capacidade fisiológica
  de desempenhar atividades normais do dia-a-dia de forma segura, independente
  e sem fadiga, tendo como parâmetros que suportam a mobilidade funcional
  e a independência física: a força muscular, a flexibilidade,
  o equilíbrio dinâmico/agilidade, a resistência aeróbia
  e a composição corporal (Rikli e Jones, 1999). 
              Impacto do envelhecimento no organismo humano
     O processo do envelhecimento, do ponto de vista fisiológico,
                não ocorre necessariamente em paralelo ao avanço
                da idade cronológica, apresentando considerável
                variação individual. Este processo é marcado
                por um decréscimo das capacidades motoras, redução
                da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis
                de VO2 máximo, dificultando a realização
                das atividades diárias e a manutenção de
                um estilo de vida saudável. 
                
                   As alterações fisiológicas de perda da capacidade funcional
  ocorrem durante o envelhecimento em idades mais avançadas, comprometendo
  a saúde e a qualidade de vida do idoso. E são agravadas pela
  falta de atividade física e conseqüentemente diminuição
  da taxa metabólica basal associada à manutenção
  ou ao aumento do aporte calórico, excedendo na maioria das vezes as
  necessidades calóricas diárias.
  
  O processo de envelhecimento
  evidencia mudanças que acontecem em diferentes
  níveis: 
  
  a) antropométrico: caracteriza-se pela diminuição da estatura,
  com maior rapidez nas mulheres devido à prevalência de osteoporose
  após a menopausa e o incremento da massa corporal que inicia na meia
  idade (45-50 anos) e se estabiliza aos 70 anos, quando inicia um declínio
  até os 80 anos. Mudanças na composição corporal,
  decorrente da diminuição da massa livre de gordura e incremento
  da gordura corporal, com a diminuição da gordura subcutânea
  e periférica e o aumento da gordura central e visceral, aumentam os
  riscos à saúde propiciando o surgimento de inúmeras doenças.
  O declínio da massa mineral óssea relacionado com os aspectos
  hereditários, estado hormonal, nutrição e nível
  de atividade física do indivíduo, favorece para que o indivíduo
  esteja mais suscetível a osteoporose, conseqüentemente a quedas
  e fraturas.
  
  b) neuromuscular: perda de 10 - 20% na força muscular, diminuição
  na habilidade para manter força estática, maior índice
  de fadiga muscular e menor capacidade para hipertrofia, propiciam a deterioração
  na mobilidade e na capacidade funcional do idoso.
  
  c) cardiovascular: diminuição do débito cardíaco,
  da freqüência cardíaca, do volume sistólico, do VO2
  máximo, e aumento da pressão arterial, da concentração
  de ácido láctico, do débito de O2, resultam numa menor
  capacidade de adaptação e recuperação ao exercício.
  
  d) pulmonar: diminuição da capacidade vital, da freqüência
  e do volume respiratório; aumento do volume residual, do espaço
  morto anatômico; menor mobilidade da parede torácica e declínio
  do número de alvéolos dificultam a tolerância ao esforço.
  
  e) neural: diminuição no número e tamanho dos neurônios,
  na velocidade de condução nervosa, no fluxo sangüíneo
  cerebral, e aumento do tecido conectivo nos neurônios, proporcionam menor
  tempo de reação e velocidade de movimento.
  
  f) outros: diminuição da agilidade, da coordenação,
  do equilíbrio, da flexibilidade, da mobilidade articular e aumento na
  rigidez de cartilagem, tendões e ligamentos.
  
     Na elaboração de programas de exercícios físicos
  para idosos é importante atentar-se para a avaliação do
  nível de dependência funcional (Quadro 1.1). A prescrição
  de exercícios deverá ser direcionada ao nível de dependência
  funcional do idoso, para que os programas sejam mais direcionados as necessidades
  das pessoas mais velhas, aumentando a efetividade do programa e reduzindo os
  riscos ao idoso. 
  
  Quadro 2 - Relação da função física em pessoas
  idosas categorizadas de acordo com a funcionalidade nas Atividades da Vida
  Diária e Atividades Instrumentais da Vida Diária.
              
                
                  | 
                     Nível
                    I 
                   | 
                
                
                  | 
                     Fisicamente incapazes:
                        totalmente dependentes  
                    Fisicamente
                        dependentes: realizam algumas atividades básicas da vida diária e
                        são dependentes 
                   | 
                
                
                  | 
                      Nível
                    II 
                   | 
                
                
                  | 
                     Fisicamente frágeis:
                        Realizam tarefas domésticas leves, prepara as refeições,
                        faz compras.  Conseguem
                        fazer algumas das atividades intermediárias e todas as
                        Atividades Básicas da Vida Diária, que incluem as atividades
                        de auto-cuidado. 
                   | 
                
                
                  | 
                      Nível
                    III 
                   | 
                
                
                  | 
                     Fisicamente independentes:
                        Conseguem realizar todas as atividades intermediárias
                        da vida diária, incluem os idosos com estilo de vida
                        ativo, mas que não realizam atividades físicas de forma
                        regular. 
                   | 
                
                
                  | 
                     Nível
                    IV 
                   | 
                
                
                  | 
                     Fisicamente aptos
                        ou ativos: Realizam trabalho físico moderado, esportes
                        de resistência e jogos. São capazes de realizar as atividades
                        avançadas da vida diária e a maioria das atividades preferidas. 
                   | 
                
                
                  | 
                      Nível
                    V 
                   | 
                
                
                  | 
                     Atleta: Realizam
                        atividades competitivas, podendo disputar no âmbito internacional
                        e praticar esportes de alto risco. 
                   | 
                
              
              Adaptado de Spirduso
              
                Treinamento Funcional para Idosos
                  Os benefícios que a atividade física promove
                para a realização de tarefas funcionais em idosos
                têm sido investigados, haja vista a diminuição
                da capacidade funcional que ocorre em virtude de alteração
                nos sistema musculoesquelético e nervoso nessa faixa etária.
                Assim, pesquisas têm sido realizadas para verificar se
                exercícios de resistência muscular, bem como exercícios
                com maior ênfase alongamento ou no equilíbrio, promovem
                melhor capacidade na realização de tarefas funcionais
              em idosos.
              
                 Macaluso e De Vito (2004), em uma extensa revisão de literatura sobre
  treinamento de força e envelhecimento, observaram, entretanto, que poucos
  estudos investigaram o quanto a realização de tarefas funcionais
  na pratica de exercício melhora efetivamente a sua realização
  no cotidiano. A tabela 1.0 apresenta a síntese de literatura encontrada
  neste estudo. Pode-se observar que somente três estudos utilizaram a
  prática de tarefa funcional em sua metodologia. Como resultados, dois
  apresentam melhoras significativas em tarefas funcionais, e um dos estudos
  não apresenta mudanças. Todos os outros estudos apresentados
  e que estudaram o efeito do treinamento de força nas capacidades funcionais
  de idosos mostram benefícios. Assim, pode-se dizer que os dois tipos
  de treinamento seriam interessantes e viáveis àqueles que querem
  se manter funcionalmente ativos no envelhecimento. Entretanto, é interessante
  observar que um dado publicado mais recente mostra que parece ser o treinamento
  funcional uma estratégia que permite a manutenção dos
  ganhos por um período maior de tempo.
  
     A referida pesquisa foi
  publicada na Revista da Sociedade Americana de Geriatria e procurou comparar
  o treinamento funcional com o treinamento de resistência
  tradicional em idosos. Nesse estudo, foram estabelecidos três grupos:
  um de prática de resistência muscular (34 idosas) e outro que
  não realizava que não realizava a prática, ou seja, o
  grupo controle (31 idosas). Os dois grupos de pratica realizaram os exercícios
  durante 12 semanas, 3 vezes na semana, alcançando intensidades semelhantes
  (nível entre 7 e 8 da escala de 10 pontos da percepção
  subjetiva do esforço). Cada grupo desenvolvia atividades diferenciadas.
  As aulas de resistência envolviam exercícios que visavam a grupos
  musculares importantes para a realização das tarefas do cotidiano,
  como flexores e extensores de cotovelos, abdutores, adutores e rotadores de
  ombros, flexores e extensores do tronco, flexores, extensores, abdutores e
  adutores do quadril, extensores e flexores de joelho e flexores plantares e
  dorsais dos pés. Como em um típico protocolo progressivo de resistência,
  três a quatro músculos foram treinados em três séries
  de dez repetições. O incremento de sobrecarga era feito de acordo
  com os profissionais que acompanhavam o grupo e consistia na utilização
  de halteres, elásticos e caneleiras.
  
  Já o grupo de treinamento funcional desenvolvia os exercícios
  exemplificados no Quadro 3. 
  
  Quadro 3. Exemplos de exercícios utilizados
  no treinamento funcional
              
                
                  | 
                     Fase
                          de prática 
                   | 
                  
                     Fase
                          de variação 
                   | 
                  
                     Fase
                          de tarefas diárias 
                   | 
                
                
                  | 
                     1. Subir em uma plataforma
                        (step) de frente. 
                   | 
                  
                     1. Caminhar sobre um piso
                        e pegar um objeto leve no chão. 
                   | 
                  
                     1. Caminhar sobre um piso,
                        recolhendo objetos do chão e os colocando em um cesto. 
                   | 
                
                
                  | 
                     2. Subir de lado em uma plataforma
                        (step). 
                   | 
                  
                     2. Caminhar sobre uma linha
                        reta carregando uma bandeja. 
                   | 
                  
                     2. Pegar um objeto do chão
                        enquanto se senta e coloca o objeto em uma estante. 
                   | 
                
                
                  | 
                      3. Passar sobre o step de
                    frente e de lado. 
                   | 
                  
                     3. Subir um pequeno lance
                        de escadas carregando uma garrafa d´água de plástico
                        em uma bandeja. 
                   | 
                  
                     3. Subir escadas (12 a 17
                        degraus) carregando um pequeno objeto em uma das mãos. 
                   | 
                
                
                  | 
                     4. Andar em um caminho com
                        obstáculos carregando uma bandeja. 
                   | 
                  
                      4.
                    Andar sobre um caminho curvo no chão. 
                   | 
                  
                     4. Pegar roupas e saquinhos
                        de areia de uma estante baixa e carregá-las em um cesto
                        em um caminho de obstáculos.  
                   | 
                
                
                  | 
                     5. Levantar da altura dos
                        joelhos e carregar uma caixa pesada. 
                   | 
                  
                     5. Mover diferentes objetos
                        entre estantes de diferentes alturas. 
                   | 
                  
                     5. Caminhar sobre diferentes
                        superfícies (chão, colchão, sacos de areia. 
                   | 
                
                
                  | 
                      6. Sair da cama e carregar
                    um pequeno objeto. 
                   | 
                  
                      6.
                    Levantar do chão e carregar um pequeno objeto. 
                   | 
                  
                     6. Levantar de uma cadeira,
                        andar em uma linha reta e chutar uma bola em um local
                        determinado. 
                   | 
                
              
                 Como pode ser observado,
                  os exercícios foram divididos
                em três fases para que os idosos pudessem se adaptar lentamente às
                exigências das tarefas, que iam aumentando ao longo dos
                três meses. Assim, a fase de prática durou duas
                semanas, a de variação, quatro, e a tarefa diárias
                durou seis semanas. Durante as sessões, os instrutores
                variavam diversos aspectos inerentes às tarefas, como
                mudanças no número de objetos carregados, altura
                dos steps, entre outros. Ao final de 12 semanas, os testes realizados
                inicialmente foram refeitos, e os principais resultados demonstravam
                um aumento significativo na força de membros inferiores,
                no equilíbrio, na coordenação, no teste
                funcional e na resistência no grupo de treinamento funcional
                em relação ao grupo de treinamento de resistência.
                Outro dado interessante é que, após nove meses
                do início da pesquisa, a pontuação total
                dos testes de treinamento funcional, força total de membros
                superiores, força de membros superiores e inferiores,
                equilíbrio, coordenação e resistência
                se manteve maior em relação ao grupo que treinava
                somente resistência muscular, parecendo, assim haver melhor
                manutenção dos ganhos nas tarefas funcionais, o
                que é extremamente benéfico para esse público.
              Considerações
              Finais
                  Nos últimos anos na área do condicionamento físico,
                muitos profissionais de Educação Física
                têm aderido a essa metodologia, associando instabilidade
                na execução de exercícios físicos
                para conduzir os treinamentos, sejam eles voltados ao desempenho
                esportivo ou à melhora da qualidade de vida.
                   As evidências aqui apresentadas por diversas literaturas evidenciam que
  o treinamento funcional favorece ao desempenho do cotidiano do idoso, isso
  facilita seu convívio social, físico e no seu lazer. O exercício
  físico é de extrema importância para vida social, mental
  e física do idoso. O treinamento funcional vem se propagando por todo
  mundo e está buscando seu espaço, afinal é muito recente
  no Brasil. O Treinamento Funcional vem sendo bem adotado pela essa população
  por mostrar benefícios bastante significativos às atividades
  diárias, que por sinal é benéfico para vida desta população.
  Vale salientar que o exercício físico não deve ser estimulado
  somente na terceira idade e durante toda fase da vida, como forma de prevenir
  e controlar as doenças crônicas que aparecem muito mais com freqüência
  na terceira idade e como forma de torna-se um idoso muito mais ativo e funcional.
  Enfim, talvez esse seja o grande achado desta pesquisa. Sabe-se, no entanto,
  que muito mais precisa ser investigado par que haja um consenso na literatura
  sobre o assunto.
     Outras pesquisas devem investigar a manutenção dos resultados,
  e um volume maior de trabalhos elucidará, porque outros trabalhos identificam
  melhoras semelhantes entre os dois tipos de treinamento: funcional e de força.
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              * Resumo
                  de Currículo:
                Graduado
                em Educação
                Física Bacharel, pela Universidade UNIME- ITABUNA/BA;
                Pós Graduado em Saúde Coletiva, FTC - Itabuna-BA;
                idealizador e coordenador do Studio Funcional – Treinamento
                Físico & Reabilitação – ITABUNA/BA,
                precursor do Treinamento Funcional na região. Preparador
                Físico de atletas consagrados em várias modalidades
                esportivas como: MMA, Jiu-Jítsu, Judô, Boxe, Futebol,
                etc. Trabalha focado para proporcionar o melhor desempenho para
                os clientes, saúde, bem estar, prevenção
                e reabilitação de lesões, é adepto
              de Jiu-Jítsu pela EQUIPE KIMURA Itabuna-BA,
              
              