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Sex, 1/11/13 16:37

LAZER E RECREAÇÃO EM HOSPITAIS: POSSIBILIDADES E AÇÕES


Autoria
: Consultor Prof. CLEBER JUNIOR
E-mail:professor@cleberjunior.com.br
Data de Publicação:
15/07/2013

    Crianças em ambientes hospitalares! Tal realidade nos instiga a discutir sobre as possibilidades de desenvolver práticas recreativas nesses espaços, de forma à aliviar, ocupar, minimizar e enriquecer o cotidiano das crianças no período de convalescença. No entanto, o que melhor para ocupar o tempo ocioso de uma criança no ambiente hospitalar do que com atividades de lazer e recreação?

    Portanto, vejamos algumas atividades que podem ser desenvolvidas no ambiente hospitalar:

BIBLIOTERAPIA:
    Segundo (SEITZ, 2006, p. 84) “Como atividade de lazer, a leitura proporciona tranquilidade, prazer, reduzindo a ansiedade, o medo, a monotonia, a angústia inerentes à hospitalização e ao processo de doença”.

    A prática biblioterapêutica com pacientes internados em clínicas médicas demonstrou ser útil no processo de hospitalização, tornando a hospitalização menos agressiva e dolorosa. Quando o paciente lê, cria um universo independente, como se mergulhasse em um mundo novo de aventuras e fantasias. Essa viagem provoca um desligamento dos problemas, das angústias, do medo e das incertezas, proporcionando um alívio das tensões emocionais, contribuindo para o bem-estar mental do paciente (SEITZ, 2006).

    Seria interessante ressaltar, que a atividade de lazer é algo que nos libera do estresse hospitalar, no sentido de que, apenas em lermos um belo livro, nos faz pensar e refletir sobre o assunto, tirando de nossos pensamentos o anseio, a dor, e de não saber o que virá no dia seguinte, pois, só em estarmos em período de convalescença no hospital, já nos tira a certeza do futuro, dependendo da gravidade de cada doença (LEÃO JUNIOR; CARVALHO, 2011).

BRINQUEDOTECA:
    As brinquedotecas nos hospitais do Brasil atualmente estão se tornando uma realidade. A lei nº 11.104 (SANTIAGO, 2007) tornou obrigatória a instalação de brinquedotecas nos hospitais brasileiros. Esta lei surgiu a partir dos movimentos de humanização nos hospitais e simboliza que a inclusão do brinquedo neste ambiente, tem sido concebida como parte da assistência e da terapêutica às crianças e aos adolescentes hospitalizados.

    A brinquedoteca instiga o brincar, o imaginar, o criar e o mudar, mudar a situação, o estado que estamos passando, vivendo e vivenciando no momento em questão. A dor, a solidão, a tristeza? Esses e outros sintomas de doenças que estão ao redor, mas com as atividades da brinquedoteca, saímos do real e vamos para o brincar. Bruner (1986), citado por, Vectore (2003) acredita que o ato de brincar permite ao ser humano condições ótimas para explorar e desenvolver habilidades mais complexas e aponta cinco funções fundamentais da brincadeira, que são:

1) redução das consequências relativas aos erros e fracassos, sendo uma atividade que se justifica por si mesma;
2) permissão da exploração, da intervenção e da fantasia;

3) imitação idealizada da vida;
4) transformação do mundo, segundo os nossos desejos;
5) diversão.

    “Com o transcorrer das ações lúdicas cotidianas, os pacientes já começaram a reconhecer os acadêmicos e modificaram seus padrões comportamentais, principalmente na questão do movimento e da afetividade” (DE PAULA; FOLTRAN, 2007, p. 03). Ainda conforme o autor supracitado, a brinquedoteca representa um espaço pequeno no ambiente hospitalar, contudo, apesar das dificuldades referente a esse processo, as questões de atitudes do brincar têm demonstrado o papel e a relevância da brinquedoteca como recurso que otimiza a recuperação das crianças internadas.

    Pimentel (2003, p. 60), diz: “Embora, nessa perspectiva, o lazer possa vir a ser tudo que se faz (ou se deixa de fazer) dentro das opções em um tempo próprio para o lazer, sabe-se que a opção e o tempo variam conforme classe social, gênero e instrução”.

    A brinquedoteca é um espaço em que os pacientes aprendem a compartilhar brinquedos, histórias, emoções, alegrias e tristezas sob a condição de hospitalização. Ela também permite uma aproximação entre pais e filhos, e possui várias representações: é um espaço lúdico, terapêutico e político, pois além de garantir o direito da criança poder brincar, divertir-se, também é um espaço de formação de cidadania (DE PAULA; FOLTRAN, 2007).

LAZER E RECREAÇÃO:
    Quando se pensa em atividade de lazer é inevitável associá-las a conteúdos da recreação e Educação Física. Mas, sendo o lazer uma produção cultural no tempo livre, mostras de arte, óperas, passear, contemplar o nascer do sol, ver televisão ou escrever um poema podem ser também consideradas atividades de lazer. Basta serem experimentadas como opção cultural da pessoa no tempo livre (PIMENTEL, 2003, p. 52).

    O hospital por ser um ambiente silencioso e calmo onde visivelmente não acontecem atividades recreativas, entendemos que é possível sim, realizar atividades, como se refere Aguirre et al., (2003, p. 47) “A recreação é independente da residência habitual, ou do tempo de permanência na mesma. Inclui tantos residentes como visitantes”.

    Segundo Sikilero (1997), citado por, Carvalho et al., (2004), a recreação terapêutica constitui-se em um elemento facilitador para a elaboração de ansiedade por parte das crianças que se encontram internadas ou em tratamentos em instituições hospitalares, por meio do favorecimento de oportunidades, mediante utilização de exercícios físicos e mentais que possibilitam a promoção de aceitação por parte das crianças, da situação muitas vezes de desconforto e estranheza referente a esse ambiente.

    A recreação terapêutica vem proporcionar, desta forma, a estimulação de capacidades e funções da criança, amenizando momentos desagradáveis da hospitalização, tornando-os construtivos e potencializando o quanto possível a energia criativa presente na infância, preservando o princípio básico de saúde integral (SIKILERO, 1997, citado por, CARVALHO et al., 2004, p. 09).

    Entretanto, reforçando com Cavallari e Zacharias (2004, p. 15), “A recreação é o fato, ou o momento, ou a circunstância que o indivíduo escolhe espontânea e deliberadamente, por meio do qual ele satisfaz (sacia) seus anseios voltados ao seu lazer”. Sendo assim, defendem que a prática da recreação busca levar o praticante a estados psicológicos positivos, por meio das atividades recreativas, trazendo alegria aos pacientes. E Adams (1999) relata que: a brincadeira e o riso que a acompanha são grandes remédios dentro de um hospital.

    Segundo Leão Junior e Carvalho (2010), a importância que a recreação tem no ambiente hospitalar, no sentido da convivência com a descontração e a felicidade que as ações proporcionam, é uma maneira de manter a mente mais saudável. Em ambientes hospitalares, a utilização de brinquedos e brincadeiras nas atividades recreativas, busca oportunizar momentos descontraídos, prazerosos e agradáveis que visam a proporcionar a aproximação das crianças com a realidade em que vivem fora de seu contexto habitual. Destacamos que a Educação Física pode representar um lugar de experiências, considerando em especial a criança no processo pedagógico, que integra o universo da Educação Física com as ações recreativas embasada cientificamente.

REFERÊNCIAS
ADAMS, Patch. O amor é contagioso. 11ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 1999.
AGUIRRE, Rafael Sanjuanbenito et al. Recreação e turismo para todos. Caxias do Sul: Educs, 2003.
CARVALHO, Carine et al. A importância do brincar: uma perspectiva em torno de pacientes infantis com câncer. CienteFico, Salvador, ano IV, v. I, jan/jun. 2004. Disponível em:<www.frb.br/ciente>. Acesso em: 10 Out. 2012
CAVALLARI, Vinícius Ricardo; ZACHARIAS, Vany. Trabalhando com recreação. 7ª ed. São Paulo: Ícone, 2004.
DE PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira; FOLTRAN, Elenice Parise. Brinquedoteca hospitalar: direito das crianças e adolescentes hospitalizados. 2007. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/conexao/article/viewFile/3828/2707>. Acesso em: 07 Ago. 2013.
LEÃO JUNIOR, Cleber Mena; CARVALHO, João Eloir. Lazer em Hospitais: possibilidades e ações. In: Anais... do 22º ENAREL - Encontro Nacional de Recreação e Lazer (Lazer e Hospitalidade), 2010, Atibaia - SP.
PIMENTEL, Juliano Gomes de Assis. Lazer: fundamentos, estratégias e atuação profissional. Jundiaí: Fontoura, 2003.
SANTIAGO, R. Termina prazo para construção de brinquedotecas em hospitais. 2007. Folha de São Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u113304.shtml>. Acesso em: 02 Jan. 2013.
SEITZ, Eva Maria. Biblioterapia: uma experiência com pacientes internados em clinica médica. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.11, n.1, p. 155-170, jan./jul., 2006.
VECTORE, Celia. O brincar e a intervenção mediacional na formação continuada de professores de educação infantil. Revista de Psicologia da USP. São Paulo, v. 14, n. 3, 2003.

*Artigo Autorizado pelo autor em 14/07/2013

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