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Qua, 30/1/13 20:59

MUSCULAÇÃO PARA PRÉ-ADOLESCENTE E ADOLESCENTE


Autoria
: Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529-P/R
E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Data de Publicação: 30/01/2013

Introdução
   O álibi mais usado por quem condena a musculação para o adolescente é que o impacto gerado pela atividade nas epífises dos ossos longos pode ocasionar parada do crescimento. No entanto essas mesmas pessoas não fazem restrição alguma às atividades esportivas como corrida, futebol, basquete e vôlei que sabidamente são atividades capazes de gerar mais impacto do que a musculação incorrendo no mínimo num contra-senso.

Nem Oito Nem Oitenta - Esse é o problema. Encontrar a justa medida no incentivo à atividade física das crianças e adolescentes que acabam ficando num “beco sem saída”.    Enquanto alguns pais passam dos limites exigindo demais, outros levados pela enxurrada de informações sem bases científicas impedem seus filhos de praticar uma atividade que pode ser muito benéfica no desenvolvimento das habilidades motoras das tarefas cotidianas como é o caso da musculação.
    A frase mais comum usada como álibi é: “a musculação não é boa para a criança nem pro adolescente porque causa impacto nas epífises dos ossos longos ocasionando a parada do crescimento”. E tem gente que toma isso como verdade absoluta porque ouviu dizer que foi dito por médico. Uma informação passada de um para outro e não se sabe a origem. É bem verdade que até na literatura faltam mais trabalhos nesse sentido, porém, as poucas não atestam essa afirmação e nem mesmo relatórios médicos.

A Prova - Uma interessante monografia de conclusão de curso de Educação Física da Universidade de Londrina PR do professor Andrei Guilherme Lopes encontra-se ainda publicado na Internet. O seu trabalho concluiu que o treinamento de força em crianças pré-púberes NÃO causou alterações ou lesões epifisárias ósseas.
    Orientado pelo Professor Mestre Edson Scolin, foram selecionadas crianças pré-púberes, fase confirmadas por avaliações das pilosidades pubianas. Depois das declarações médicas como aptas ao exercício físico, e devidamente autorizadas pelos pais, fizeram exames radiológicos nas articulações do cotovelo e joelho direito. Em seguida passaram por um período de 4 semanas de adaptação ao treinamento e logo a seguir, 12 semanas de treinamento de força com 80% da carga máxima avaliada pelo teste de repetição máxima proposta na literatura por Roberts & Weider 1995.
   Após esse período, as crianças repetiram as avaliações radiológicas seguindo os mesmos procedimentos iniciais. Comparados os resultados pré e pós-treinamento de força, ficou claro NÃO ter havido alterações das epífises dos ossos longos como “cantam aos quatro ventos” os do contra.

Impacto Funcional - As pessoas que normalmente condenam a musculação para crianças e adolescentes, costumam alegar a questão do impacto biomecânico da atividade, sendo incoerentes nas próprias afirmações recomendando basquete, vôlei, saltos, entre outros esportes com tradicionalmente mais impacto vertical. Essas atividades realmente são sadias partindo do princípio dos movimentos funcionais do ser humano de correr, saltar e arremessar. Ora! Se as crianças podem fazer esses movimentos não tem lógica condenar a musculação. Qualquer criança normal corre, salta e arremessa e nem por isso deixam de crescer. Entretanto, é preciso que as próprias crianças e adolescentes escolham a atividade. O excesso, a orientação inadequada ou a falta de atividade é que são maléficos às crianças e adolescentes.

   Os segmentos do esqueleto possuem diferentes etapas de desenvolvimento assim como a liberação hormonal e o metabolismo é mais ou menos acelerado em casa fase. A atividade física na adolescência acelera o crescimento longitudinal, a espessura dos ossos, a liberação da testosterona e do hormônio de crescimento. Esses benefícios são mais evidentes com a musculação. Fato comprovado e mitos derrubados na literatura por Risso et all 1999, Weineck 1999 e Fleck & Kraemer 1999. As valências físicas, tais como força, condicionamento aeróbio e a flexibilidade são igualmente estimuladas quando orientadas por profissionais de Educação Física atualizados e incentivadas pelos pais, principalmente quando dão o exemplo.

Conclusão - Claro, não significa que agora as crianças e adolescentes possam sair por aí fazendo musculação de qualquer jeito e alguns critérios são estabelecidos a saber:

1) Em primeiro lugar avaliação médica;
2) Estar física e psicologicamente preparadas;
3) Os equipamentos devem ser adequados ao tamanho das crianças;
4) Técnica de execução correta;
5) Procedimento de segurança aplicado;
6) Programa de força periodizado com evolução lenta, gradual e progressiva além de mesclado de forma equilibrada com outras atividades a fim de proporcionar maior oferta de movimentos e habilidades motoras.

Existe também uma orientação básica de evolução de treinamento de força por faixa etária:

1) De 5 a 7 anos, deve prevalecer o domínio do peso do próprio corpo ou companheiro;
2) De 8 a 10 anos a técnica de levantamentos deve ser priorizada;
3) De 11 a 13 anos o peso deve ser aumentado de forma gradual com incremento da técnica correta inclusive ao montar e desmontar acessórios;
4) Entre 14 e 15 anos o programa já pode ser mais avançado, para aos 16 anos começar a ficar mais próximo dos adultos.

É importante frisar que nenhuma etapa deve ser, por assim dizer, “queimada”. Elas podem, caso a caso, até durar pouco, mas não ignoradas.

Enfim, musculação para criança e adolescente é mais um assunto cercado de falsas verdades fomentadas por falsos entendidos.

Leitura sugerida:

1) FLECK, Steven J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular - 2ª edição - Porto Alegre - RS - Editora Artes Médicas Sul Ltda. - 1999.
2) KURT, César - Musculação: como os adolescentes devem praticá-la. Realizada do jeito certo, ela tonifica as defesas e a saúde dos jovens. Disponível em:
http://saude.abril.com.br/edicoes/0307/familia/conteudo_414630.shtml Acesso em: 10/01/2013.
3) LOPES, Andrei Guilherme. Possíveis alterações epifisárias em função do treinamento de força muscular em pré-puberes. 2002. Monografia (Curso de Educação Física) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2002. 38p. Disponível em: http://boletimef.org/biblioteca/236/Lopes-Monografia acesso em 10/01/2013.
4) MORAES, Luiz Carlos – Criança Não é Miniatura de Gente para Fazer Musculação – Disponível em: http://www.terrazul.com.br/luiscarlosdemoraes-crianca-nao-e-miniatura.html Acesso em: 10/01/2013.
5) MORAES, Luiz Carlos – Criança Deve Correr Sem Cobrança – Disponível em: http://www.terrazul.com.br/luiscarlosdemoraes-crianca-deve-correr.html Acesso em: 10/01/2013.
6) MORAES, Luiz Carlos - Por Causa da Obesidade Pais Vão Enterrar Seus Filhos e não Terão Netos – Disponível em: http://www.cdof.com.br/fisio16.htm Acesso em: 10/01/2013.
7) MCARDLE, William D., Katch I. Frank & Katch L. Victor. – Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano – Ed. Guanabara Koogan S. A. - 4ª edição - Rio de Janeiro R.J. 1998
8) PORTO, Marcelo e colaboradores – Influência das Variáveis do Treinamento de Força Sobre a Secreção de Testosterona e Hormônio do Crescimento – REVISTA HISPECI & LEMA - Acesso em: 10/01/2013 – Disponível em: http://www.unifafibe.com.br/revistahispecilema/pdf/revista6.pdf
9) Revista ISTOÉ N° Edição: 2120 – 25 Jun/2010. Os riscos da musculação na adolescência. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/83515_OS+RISCOS+DA+MUSCULACAO+NA+ADOLESCENCIA Acesso em: 10/01/2013.
10) SIMÃO, Roberto – Fundamentos Fisiológicos Para o Treinamento de Força e Potência – São Paulo – Editora Phorte, 2003.
11) ZATSIORSKY, Vladimir M. - Ciência e Prática do Treinamento de Força - São Paulo - S.P. - Phorte Editora Ltda, 1999.
Para Refletir: Ganhar a confiança das crianças é mais importante que a do seu chefe. Status e posição social é secundário. Moraes 2013.
Sobre a Ética – Quem faz comentário negativo de outro profissional, mesmo que esse outro não valha nada é pior do ele. Na verdade dá um tiro no próprio pé. Moraes 2013.

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