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Seg, 19/1/09 16:48

MUSCULAÇÃO

Hipertrofia Muscular na Adolescência
Revisão bibliográfica

   Segundo Campos (2000) as crianças se diferenciam dos adultos nas respostas metabólicas, cardiovasculares, respiratórias, termorregulatória e perceptiva ao exercício.
   Através dos programas de treinamento de força as crianças conseguem ganhos na força muscular, entretanto, a hipertrofia é mais difícil de se alcançar em crianças do que em adultos. (FLECK & KRAEMER, 1999).
   Embora os aumentos na quantidade de músculos, isto é, hipertrofia, possam não ocorrer em crianças de todas as idades, muitas outras mudanças nos músculos, nervos e tecidos conjuntivos sugerem um aumento na qualidade do tecido muscular e da unidade neuromuscular.
   A falta de conhecimento dos aspectos relacionados ao crescimento da criança por parte do educador físico faz com que ele elabore um treinamento falho em vários aspectos e que pode ser prejudicial à criança. "O treinamento infantil e juvenil não é um treinamento de adulto reduzido". (WEINECK, 1999), uma vez que crianças e jovens ainda encontram-se em crescimento e desenvolvimento de uma série de alterações físicas, psíquicas, sociais muito significativas ". Por isso, um treinamento de crianças e jovens consiste" de um processo sistemático e à longo prazo, com objetivos, programas e procedimentos diferentes de um treinamento de adultos, onde o crescimento e o desenvolvimento têm prioridade.

   Segundo WEINECK, Jürgen. Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991, os graus desenvolvimento da seguinte forma:
- Lactante - até um ano
- Bebê - de 1 a 3 anos
- Pré-escolar - de 3 a 6/7 anos
- Primeira infância escolar - 6/7 a 10 anos
- Infância escolar tardia - aproximadamente 10 anos
- Pubescência - entre 11 a 14 anos para meninas e entre 12 a 15 anos para meninos
- Adolescência - entre 13 a 18 anos para meninas e entre 14 a 19 anos para meninos

   Até o inicio da puberdade meninos e meninas pouco diferem quanto à força muscular e sistema hormonal. Após a primeira fase puberal eleva-se o nível de testosterona aproximadamente 10 vezes nos meninos e em meninas uma discreta elevação, acarretando um dimorfismo sexual. (WEINECK, 1999) . Nos meninos o ganho de massa muscular é visível e melhora da capacidade muscular sob anaerobiose.
   Em crianças pequenas e lactantes a capacidade para atividade anaeróbica é muito restrita, por isso estímulos que promovam uma grande descarga de lactato não devem ser enfatizados durante a infância. Em oposição, as crianças apresentam uma grande capacidade para o metabolismo oxidativo, possibilitando a utilização dos ácidos graxos livres mais rapidamente, poupando suas reservas de glicose.
   De acordo com OLIVEIRA (1999) o trabalho com crianças requer paciência, incentivo, motivação e criatividade constante, pois se sabe que existe uma preferência por esportes com bola e coletivos.

Modalidade de atividades: após ter detectado que a fase de aprendizagem motora na qual a criança se encontra, determinar quais serão as atividades mais recomendadas. De uma maneira geral temos que descobrir quais as atividades físicas que a criança mais gosta e se for obesa tentar junto com os pais reduzir as atividades sedentárias que realiza, trabalhar a auto-estima e a
imagem corporal:

- 6 a 10 anos: atividades que envolvam as qualidades físicas básicas - coordenação, equilíbrio, agilidade e ritmo;
- 11 a 14 anos: experiência e iniciação com várias modalidades esportivas;
- acima de 15 anos: atividades esportivas, musculação, trabalhos cardiovasculares, exercícios corretivos, alongamentos, atividades na piscina.

Reavaliação física:
-dependerá do objetivo principal. Deve-se reavaliar todas as variáveis bimestralmente;
-avaliar a assiduidade do aluno.

O trabalho de força:
   De acordo com FLECK & KRAEMER (1999) o treinamento de meninos e meninas pré-púberes pode causar aumentos significativos em força muscular. Embora este tema seja controverso, ultimamente, graças a vários estudos e pesquisas têm-se deixado de lado a idéia de que não ocorrem ganhos em força muscular a partir do treinamento de força em crianças devido à imaturidade do sistema hormonal. Esta idéia tem sido refugada, pois se acredita que não há ganho em força ou hipertrofia muscular quando os programas de treinamento de força são mal planejados. Já com um bom treinamento, além de ocorrer ganhos em força, muitos estudos confirmam que não ocorrem lesões devido ao programa de treinamento com crianças.

Vantagens do treinamento de força para crianças e adolescentes:
1) treinamento de forças desempenha um importante papel na formação corporal geral, ou seja, melhora de problemas posturais gerais;
2) complementação do treinamento esportivo, já que pode haver um
desequilíbrio funcional prejudicando o desempenho e ocasionando lesões musculares em um treinamento esportivo muito específico.
3) Um bom programa de força para crianças, há uma melhoria da movimentação em todas as modalidades esportivas. O aumento da força torna o movimento mais dinâmico, fluentes e precisos. (WEINECK,1999)
4)Aumento da força muscular que não só melhora a capacidade funcional da criança como também protege as articulações pelas quais estes músculos passam protegendo-os de lesões.

Objetivos do treinamento de força para crianças e adolescentes :
- Aumento da resistência muscular
- Diminuição das lesões relacionadas com o esporte e atividades recreacionais
- Melhoria da performance no esporte e atividades recreacionais
- Melhoria da coordenação muscular
- Manutenção de aumento da flexibilidade
- Melhor controle postural
- Aumento da densidade óssea
- Aumento do condicionamento físico
- Melhoria da composição corporal
- Aumento das condições bioquímicas

Perigos do treinamento de força para crianças e adolescentes, segundo CAMPOS (2000) são:
- Fraturas no disco epifisário - mais comum de acontecer pela execução de movimentos acima da cabeça e com cargas próximas da capacidade máxima da criança. Na fase de crescimento o disco epifisário não é ossificado e assim não possui a mesma capacidade de suportar os estresses mecânicos impostos sobre o osso. A melhor maneira de prevenir estas lesões seria não utilizar os exercícios com movimentos acima da cabeça durante a fase de crescimento e não elevar demais as sobrecargas;
- Fraturas ósseas - na fase do crescimento, há maior suscetibilidade de fraturas entre 12 a 14 anos em meninos e 10 a 13 anos para meninas. As sobrecargas altas nesta fase aumentam o risco de fraturas;
- Distensões musculares - muito comum entre crianças que praticam musculação. Para preveni-las deve-se sempre fazer alongamento e aquecimento prévio e não tentar levantar uma sobrecarga muito alta para um dado número de repetições.
- Lesões causadas por desequilíbrio muscular - o desequilíbrio de forças entre os pares de músculos antagônicos de uma articulação afeta sua integridade, principalmente na fase de crescimento. Um programa de musculação equilibrada, com a mesma proporção de estímulos entre os músculos antagônicos e agônicos e a execução de alongamentos, é a melhor maneira de evitar o problema.

   De acordo com JUNIOR (1998) o fator negativo da musculação para crianças são os traumas-que podem prejudicar as articulações e ossos. Mas, ele ressalta que estes traumas aparecem com maior freqüência em outras modalidades esportivas que na musculação e os traumas ocorridos em sala de musculação, quando o programa é bem orientado são insignificantes.

Montagem do programa
   De acordo com JUNIOR (1998) a montagem de um programa de musculação para crianças deve ter os seguintes aspectos: na montagem da série, deve-se optar por exercícios globais, evitando-se exercícios unilaterais, respeitando intervalos e períodos de recuperação mais prolongados do que para os adultos. O tipo de força a ser treinado é a RML.
- Tempo: 20-30 min (adaptação) 20-40 (adaptados)
- Freqüência: 3-4 x por semana
- Média de séries e repetições: 1 e 2 (adaptação) e 3 e 4 (adaptados) x 15- 20 (adaptação) e 10-15 rep (adaptados)
Devem ser evoluídos com o tempo de crescimento da criança. Treinamento de músculos antagônicos e agônicos, direito e esquerdo, superiores e inferiores. Deve conter aquecimento e alongamentos no início da sessão . Exercícios aeróbios para complementar o programa de força. Primeiro os grandes grupos musculares e depois os pequenos e finalizar com a volta à calma.

Devem ser levados em conta para o treinamento:
- A idade
- Nível de condicionamento
- Coordenação
- Experiência

BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, Mauricio de Arruda. Musculação: Diabéticos, Osteoporóticos, Idosos,
Crianças, Obesos. Rio de Janeiro: Ed. Sprint, 2000.
FLECK, Steven J. & KRAEMER, William J. Fundamentos do Treinamento de
Força Muscular, 2ª ed. Porto Alegre: Ed. Artemed, 1999.
GUEDES, Dilmar. - Personal Training na Musculação.1ª ed. Rio de Janeiro: Ed.
Sprint, 2000.
OLIVEIRA, Roberto César de - Personal Training - Uma Abordagem
Metodológica. - Ed Atheneu, 1998.
WEINECK, Jürgen. - Treinamento Ideal. 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1999.
WEINECK, Jürgen. - Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991.


Diana Primo - Licenciada em Educação Física pela UFMG - Pós-graduanda em Musculação pela UVA - RJ
 

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