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Resumo enviado em 03/07/2012 01:14:30 por NARCISO MAURICIO DOS SANTOS |
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS: ESTEREÓTIPOS MASCULINOS / FEMININOS |
Resumo:
Parece redundante contextualizar a Educação Física escolar e suas práticas educativas por conta das diversidades e contextos em que ela transita, principalmente quando se trata das questões de gênero e a construção dos estereótipos. Porém, esta redundância se faz necessária, até por conta dos enlaces que foram construídos ao longo do trajeto de práticas e convivências dentre as quais se experimentam dentro da escola. Também é importante destacar para este contexto, que por algum tempo houve oficialmente a separação de alunos e alunas para as práticas da Educação Física na escola, onde, tinha como amparo, uma legislação, na época o Decreto nº 69.450/71 (BRASIL, 1971) e que vinha sendo tratado e discutido por diversos pesquisadores da área, envolvidos nesse campo, juntamente com os motivos dessa determinação. Assim, as práticas educativas e os desafios enfrentados pelos professores e professoras de Educação Física em relação a adotar uma postura que contemple o trabalho com turmas heterogêneas (mistas) (KUNZ, 1993), constituem-se em um processo de construção social e histórico, atualmente com respaldo legal e oficializado por legislação (SÃO PAULO, 1987), no qual pesquisadores da área se debruçam sobre o assunto, para fundamentar suas intervenções. Portanto, em relação a essas considerações realizadas, mais especificamente sobre as turmas mistas, Kunz (1993, p.07) afirma categoricamente que atualmente “a separação de sexos com turmas de Educação Física tem sido uma tradição, não uma determinação legal”, ao contrário das indicações impostas no Decreto Federal nº 69.450 de 01/11/71, como já apontado, onde determinava que as turmas de Educação Física escolar, precisariam ser compostas por “alunos do mesmo sexo” (BRASIL, 1971) e ainda assim, ressaltando a necessidade dos mesmos (as) serem selecionados por nível de aptidão física. Como exemplo desse contexto legal, contraponto a legislação anterior, aponto a Legislação Estadual, Resolução nº 19 de 28/01/1987, onde é possível encontrar a seguinte redação: “Não existe embasamento legal para dividir os alunos em turmas masculinas e femininas”. (SÃO PAULO, 1987, p.217). Como se sabe em relação a essas pré considerações, os diversos autores que estudam gênero como categoria de pesquisa (SCOTT,1990), (ROMERO,1990), (OLIVEIRA,1996), (LOURO, 1997), (GROSSI,1998), (GOELLNER, 2006), acrescentam ao conceito características diversificadas, porém, com o mesmo direcionamento. Sendo assim é oportuno lembrar que o conceito mais amplo sobre o termo, surge com as feministas americanas na intenção de enfatizar o caráter social das distinções entre os sexos, mas é importante ressaltar também, que não se limita somente sobre o foco da mulher (SCOTT, 1995). No âmbito deste contexto, os objetivos desta pesquisa tiveram como ênfase (a) pensar sobre o corpo e as práticas educativas da Educação Física escolar direcionadas por professoras e suas possíveis relações na construção dos estereótipos masculinos e femininos, (b) averiguar e apontar como os corpos são construídos sob o olhar de referências, atributos e culturas advindas das relações de gênero e (c) investigar se as questões de gênero imbricadas no campo da formação profissional, até por conta da herança militarista da Educação Física (CASTELLANI FILHO, 1988), tem relevância para a criação destes estereótipos entre homens e mulheres, tendo em vista através de dados teóricos que a área possui uma forte tendência à masculinização. Nesta perspectiva, a pesquisa teve como eixo metodológico, um estudo descritivo de análise qualitativa com técnicas de entrevistas semi-estruturadas para a obtenção de dados empíricos (CHIZZOTTI, 2003); neste caso específico priorizou-se somente às professoras que atuam diretamente nos quatro níveis escolares (educação infantil, ensino fundamental I, ensino fundamental II e ensino médio), e também algumas observações das aulas das mesmas. O foco dos questionamentos nestas entrevistas emergiu com as seguintes problemáticas: - Durante as práticas educativas o corpo feminino é mais qualificado ou desqualificado para as atividades esportivas? - Como as professoras de Educação Física vêem as atividades práticas, lecionando para meninos? - Os alunos (meninos) aceitam ou repudiam a presença da professora? - A escola e as aulas de Educação Física contribuem para fortalecer valores conservadores em relação às questões de gênero? - Na formação do profissional em Educação Física, as diferenças entre homens e mulheres ultrapassam divergências físicas ou sexuais? - As Instituições de Ensino Superior no âmbito da formação em Educação Física estão tratando as questões de gênero, tendo em vista a tendência militarista que preconizava a masculinidade? Pensando nestas problemáticas destacadas, o referencial teórico se valeu dos escritos sobre gênero, da crítica teórica feminista e das atuais publicações na área da Educação e especificamente da Educação Física escolar para justificar os apontamentos investigados. As contribuições da pesquisa pautaram-se na apresentação de dados sustentáveis que reforçam a importância da discussão sobre questões de gênero no espaço escolar e prioritariamente na formação do profissional de Educação Física com o foco na escola (Licenciatura). Conclui-se a partir dos dados um fato importante, observado e confirmado empiricamente durante as entrevistas com as doze professoras sujeitos dessa pesquisa, onde as mesmas, por mais que afirmem tratar masculino e feminino em níveis de igualdade, independentemente do fator biológico e das próprias condições físicas, ainda reproduzem o formato historicamente construído, onde ao homem pode tudo e a mulher apenas algumas coisas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Decreto Federal nº 69.450 de 1 de novembro 1971. Regulamenta o art. 22 da Lei n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e a alínea "C" do art.40 da Lei n° 5.540, de 28 de novembro de 1968, e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível na Internet: http://www.presidencia.gov.br/ . Acesso em 01/10/2009. CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: A história que não se conta. Campinas: Papirus, 1988. CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 6º edição, São Paulo: Cortez, 2003, (Biblioteca da Educação. Série 1. Escola; v.16). GOELLNER, Silvana Vilodre. As práticas corporais e esportivas e a produção de corpos generificados. In: SEFFNER, Fernando; SOARES, Guiomar Freitas; SILVA, Méri Rosane Santos da; RIBEIRO, Paula Regina Costa (Orgs.). Corpo, Gênero e Sexualidade: Problematizando Práticas Educativas e Culturais. Rio Grande: FURG, 2006. p. 35 - 41. GROSSI, Miriam P. Identidade de Gênero e Sexualidade. Florianópolis, PPGAS/UFSC, v. 24, p. 1-15, 1998. (Antropologia em primeira mão). KUNZ, Elenor. Educação Física. Ensino e mudanças. Ijuí: UNIJUI, 1991. KUNZ, Elenor; SARAIVA, Maria do Carmo. Quando a diferença é mito: uma análise da socialização específica para os sexos sob o ponto de vista do Esporte e da Educação Física. Florianópolis: Centro de Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa Catarina, 1993. (Dissertação de Mestrado). |
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Instituição:
UMESP/NEPEF-UNESP-RC - BAURU (SP)
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Outras informações:
O referido trabalho foi apresentado no III CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA e XIV REUNIÃO CIENTÍFICA - III CONEF- intitulado " EXPANDINDO E INTEGRANDO CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS" na UNESP de Bauru no período de 21 a 25 de setembro de 2009. |
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