IDOSOS
              A IMPORTÂNCIA DA HIDROGINÁSTICA
                NA PROMOÇÃO DA
  QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS
  RAQUEL GOMES NOVAIS
              
              INTRODUÇÃO
                Conforme atesta (SILVA & BARROS, 1998; BARBOSA, 2001), a expectativa média
  de vida vem sofrendo um acréscimo. Isto se dá, devido à melhora
  da qualidade de vida, que "é a satisfação harmoniosa
  dos objetivos e desejos de alguém, além de implicar numa idéia
  de felicidade, ou seja, a ausência de aspectos negativos", afirma
  BERGER & MCINMAN apud BORGUETTI et al. (2000, p. 47) .
  Assim, para se obter essa qualidade de vida é necessário que
  haja um equilíbrio e um bem-estar entre o homem como ser humano, a sociedade
  em que vive e as culturas existentes.
  Devemos sempre estar cientes de que, "uma velhice tranqüila é o
  somatório de tudo quanto beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios
  físicos, alimentação saudável, espaço para
  o lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa
  melhor qualidade de vida" PIRES et al. ( 2002, p. 2).
  Com isso, este estudo vem buscar a qualidade de vida e a longevidade, pela
  atividade física na água - "hidroginástica".
  Esta modalidade aquática que traz grandes benefícios, devido
  ao meio, para uma população muito especial que é a 3ª idade.
  Afirmam (BARBOSA, 2001; SILVA & BARROS, 1996 e BONACHELA, 1994) que, a
  hidroginástica protelará o processo de envelhecimento e trará benefícios
  anatomo-fisiológicos, cognitivos e sócio-afetivos aos idosos,
  tornando-os mais sadios (ausência de doença), independentes, sociáveis
  e eficientes, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida. 
              
              ALTERAÇÕES
                  CAUSADAS PELO ENVELHECIMENTO
                     De acordo com PIRES et al. (2002, p.2), "com
                o declínio gradual das aptidões físicas,
                o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende
                a ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias
                por atividade e formas de ocupação pouco ativas.
                Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade
                são muito sérios. Podem acarretar numa redução
                no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade
                de concentração, de reação e de coordenação,
                gerando processos de auto-desvalorização, apatia,
                insegurança, perda da motivação, isolamento
                social e a solidão".
   Assim, segundo (PIRES et al., 2002; BARBOSA, 2001; BONACHELA,
1994; KRASEVEC & GRIMES; POWERS & HOWLY, 2000; SILVA & BARROS, 1996)
as capacidades físicas, as modificações anatomo-fisiológicas,
as alterações psicos-sociais e cognitivas, são regredidas
ao decorrer do processo de envelhecimento, bem como:
                      
                      
 capacidades
                      físicas - há uma diminuição
                      de: coordenação motora grossa e fina, habilidades,
                      equilíbrio, esquema corporal, visão e audição;
                      
                      
 modificações
                      anatomo-fisiológicas - hipotrofia cerebral e muscular,
                      dimi-nuição da elasticidade vascular e mus-cular,
                      concentração de tecido adiposo, tendência à perda
                      de cálcio pelos ossos, desvios de coluna, redução
                      da mobi-lidade articular, altura, densidade óssea,
                      volume respiratório, resistência cardio-pulmonar,
                      freqüência cardíaca máxima, débito
                      cardíaco, consumo máximo de oxigênio
                      (VO2máx.) e mecanismos de adaptação
                      (hemodinâmicos, termorre-guladores, imunitários
                      e hidratação), insuficiência cardíaca;
                      
                      
 função
                      cognitiva - é expressa pela velocidade de processamento
                      das informações, assim influenciada pela
                      quantidade de motivação e estimulação.
                      Com isso, só sofrerá alterações
                      negativas se não for estimulada.
                      
                      
 Alterações
                      psicossociais - ocorre, a diminuição da sociabilidade,
                      a depressão, mudanças no controle emocional,
                      isolamento social e baixa auto-estima, ocasionadas pela
                      aposentadoria, pela dificuldade auditiva, visual e motora,
                      pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos,
                      de casa), pela impotência sexual, entre outras.
                      
   Além do mais, essas alterações podem ocasionar
várias patologias físicas e psíquicas. Cabe a nós,
educadores físicos, usarmos da nossa profissão, como um dos meios
de minimizar e prevenir estas, tornando-os indivíduos/idosos mais saudá-veis,
mais aptos, bem dispostos, indepen-dentes, reintegrados, com melhores con-dições
de vida, valorizando-se e sendo valo-rizado.
PIRES et al. (2002, p.1) consideram que, "a velhice sempre é vista
  como um período de decadência física e mental. É um
  conceito equivocado, pois muitos cidadãos que chegam aos 65 anos, já que
  esta é a idade oficializada pela Organização das Nações
  Unidas, como limite entre fase adulta e velhice, ainda são completamente
  independentes e produtivos. Acreditamos na decadência sim, mas da sociedade
  que perde, não dando valor ou criando espaços adequados para
  as necessidades de nossos velhos. A população idosa, em nosso
  país, cresce a cada dia e com ela as dificuldades e as necessidade de
  adequar soluções eficientes, junto aos órgãos públicos,
  com o objetivo de tornar digna a vida de nossos idosos". 
              CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE
                A HIDROGINÁSTICA NA TERCEIRA IDADE
                 Como diz o nome, hidroginástica é a
                ginástica na água, a qual se diferencia das outras
                atividades, realçando alguns benefícios, devido às
                propriedades físicas que o meio oferece. BONACHELLA (1994)
                classifica as propriedades físicas da água em densidade,
                flutuação, pressão hidrostática e
                viscosi-dade, como:
               densidade - é a relação
                  entre massa e volume (D= m/v);
               flutuação - (princípio de Arquimedes), "quando
                um corpo está completo ou parcialmente imerso em um líquido,
                ele sofre um empuxo para cima igual ao peso do líquido
                deslocado". Este empu-xo atua em sentido oposto à força
                da gravidade;
               pressão hidrostática - (Lei de Pascal), "afirma
                que a pressão do líquido é exercida igualmente
                sobre todas as áreas da superfície de um corpo
                imerso em repouso, a uma determinada profun-didade".;
               viscosidade - é o tipo de atrito (fricção)
                que ocorre entre as moléculas de um líquido que
                oferece resistência ao movimento da água em qualquer
                direção, provocando uma turbulência maior
                ou menor de acordo com a velocidade que executamos o movi-mento,
                quanto mais rápido o movimento, maior será o arrasto.
               Relatam (ROCHA, 1994; BONACHELA,
                  1994; MARQUES & PEREIRA,
                1999), que as propriedades físicas da água irão
                auxiliar, ainda mais os idosos, na movimentação
                das articulações, na flexibilidade, na diminuição
                da tensão articular (baixo impacto), na força,
                na resistência, nos sistemas cardiovascular e respiratório,
                no relaxamento, na eliminação das tensões
                mentais, entre outros.
                Em suma, a piscina para o trabalho com a terceira idade, deve
                obter diferentes planos de acesso como, degraus, rampas, barras
                de apoio ao redor das paredes
  das bordas, preferencialmente um piso antiderrapante, água bem tratada,
  profundidade crescente (não ocorrendo quedas bruscas) e variação
  da temperatura entre 28º a 30º C, RAUCHBACH (1990).
  BONACHELA (1994) aponta que, devemos levar em consideração que
  a hidroginástica não é uma forma de hidroterapia, a qual é utilizada
  como prática de terapia na água, aplicada por fisioterapeutas.
  Também, é importante considerarmos que, antes de incluirmos o
  idoso nas aulas de hidroginástica, é necessário que o
  educador físico tenha em mãos uma avaliação médica,
  para uma maior segurança do programa da atividade e do idoso, a fim
  de verificar a real capacidade funcional do aluno e de possível existência
  de problemas físicos.
  Segundo HARRIS apud KRASEVEC & GRIMES (p.196) "o exercício
  adequado pode adiar ou menos retardar as alterações associadas à idade
  nos sistemas músculo-esquelético, respiratório, cardiovascular
  e nervoso central". 
  Com isso, considera-se importante o conhecimento da população
  em que iremos desenvolver nosso trabalho (no nosso caso, o idoso), para podermos
  prescrever os exercícios adequados atendendo as necessidades morfológicas,
  orgânicas e emocionais do grupo, assim colhendo bons resultados, tornando
  a atividade mais produtiva e lúdica, para a terceira idade.
  Afirmam (MATSUDO & MATSUDO apud SILVA & BARROS, 1998; PIRES et al.,
  2002; BARBOSA, 2001; BONACHELA, 1994; KRASEVEC & GRIMES), que os objetivos
  de um programa de atividade física, como hidroginástica, para
  a terceira idade, deve obter exercícios diretamente relacionados com
  as modificações mais importantes e que são decorrentes
  do processo de envelhecimento. Tais como:
              a) promover atividades recreativas
                  (para a produção
                de endorfina e andrógeno, responsáveis pela sensação
                de bem-estar e recuperação da auto-estima); 
                b) atividades de sociabilização (em grupo, com caráter
  lúdico); 
  c) atividades moderadas e progressivas (preparando gradativamente o 
  organismo para suportar estímulos cada vez mais fortes); 
  d) atividades de força, com carga (principalmente para os músculos
  responsáveis por sustentação/postura, evitando cargas
  muito fortes e contrações isométricas); 
  e) atividades de resistência (com vista a redução das restrições
  no rendimento pessoal); f) exercícios de alongamento (ganho de flexibilidade
  e de mobilidade) e g) atividades de relaxamento (diminuindo tensões
  musculares e mentais).
               Também (KRASEVEC & GRIMES; BONACHELA, 1994), aconselham
                aos educadores físicos, a obterem de cada aluno idoso
                um exame médico, a freqüência cardíaca
                máxima, o período de ausência das atividades
                físicas, o nível de aptidão, sua idade atual,
                seus objetivos, suas insatisfações e satisfações
                emocionais, entre outras, para e por uma avaliação,
                assim podendo aplicar a aula respeitando a individualidade de
                cada aluno e as capacidades do grupo.
                Por conseguinte, atesta BONACHELA (1994, p. 69) que "a prática
  da hidroginástica, metódica e freqüente na terceira idade, é capaz
  de promover modificações morfológicas, sociais fisiológicas,
  melhorando as funções orgânicas e psíquicas". 
            
                  BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA
                  PARA O IDOSO, MELHORANDO A QUALIDADE DE VIDA
                     Conforme (BARBOSA, 2001; ROCHA, 1994; BONACHELA,
                1994; SILVA & BARROS, 1998; PIRES et al., 2002; POWERS & HOWLEY,
                2000), a prática de uma atividade física, bem como
                da hidroginástica, que torna o idoso mais apto e mais
                saudável, proporcionará uma melhora na qualidade
                de vida para esta faixa etária, devido aos vários
                benefícios que ela oferece, tais como:
               Acréscimo anatomo-fisiológico - há um
                aumento da amplitude articular, força muscular, densidade óssea,
                consumo máximo de oxigênio (VO2máx.), tolerância à glicose
                e da sensibilidade à insulina, um menor risco de problemas
                articulares, uma diminuição da freqüência
                cardíaca basal, pressão arterial e tensões
                do dia-a-dia, um relaxamento muscular, uma desintoxicação
                das vias respiratórias, um controle do peso corporal,
                uma melhora da circulação periférica, funções
                orgânicas e dos sistemas cardiovascular e cardiorrespiratório;
               Melhora das capacidades
                  físicas - aumento da coordenação,
                da agilidade, da sinestesia, da percepção, do esquema
                corporal, da velocidade de ação reação,
                melhora do equilíbrio, da direcionalidade;
               Aspecto sócio-afetivo - acréscimo da auto-estima,
                auto-confiança, independência nas atividades diárias,
                reintegração, sociabilização, bem-estar
                físico e mental, diminuição da ansiedade,
                e da depressão, tornam-se valorizados, mais participativos
                e ativos de programas de lazer e com mais vontade de viver.
               Capacidade cognitiva - "trabalhos científicos americanos,
                envolvendo grande número de idosos divididos em dois grupos,
                sedentários e esportistas, mostraram um QI (quociente
                de inteligência) maior nos idosos que fazem programas regulares
                de atividade física. A explicação pode estar
                na maior irrigação sangüínea de todo
                o corpo, que evidentemente também atinge o cérebro.
                Outra explicação seria pela liberação
                de adrenalina, pelas glândulas supra-renais, a qual é responsável
                por sensações de alerta no cérebro".
                OLIVEIRA (1996, p.15).
               Os benefícios citados irão intervir numa melhora
                da qualidade de vida para o idoso, possuindo um caráter
                de prevenção patológica e de independência
                pessoal na vida cotidiana. Assim, uma população
                mais saudável e mais produtiva.
                PIRES et al. (2002, p.2) atesta, "a elaboração de um programa
  de atividade física para a terceira idade deve levar, basicamente, em
  consideração o preparo para que o idoso possa cumprir suas necessidades
  básicas diárias, ou seja, tentar impedir que este perca a sua
  auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde
  física e mental".
                      
                      CONCLUSÃO
                      As alterações das capacidades física, anatomo-fisiológica,
  psicossocial e cognitiva são comuns e evoluem progressiva-mente, no
  processo de envelhecimento. Todavia, podem ser proteladas e eliminadas com
  a prática da atividade física, como a hidroginástica.
  Além do mais, sua aplicabilidade deve ser moderada, progressiva e com
  exercícios adequados, atendendo às necessidades individuais e
  do grupo, de idosos.
  Em suma, algumas considerações como: os objetivos do programa
  das aulas, atitudes do educador físico, o local, as propriedades físicas
  da água, entre outras, que caracterizarão e diferenciarão
  de outras práticas de atividades físicas, nesta faixa etária.
  Assim, esta modalidade oferecerá benefícios morfológicos,
  orgânicos e psicossociais, no idoso, proporcionando-lhes uma melhor qualidade
  de vida, tendo por conseqüência, a longevidade.
  Enfim, com a prática da hidroginástica ou de qualquer atividade
  física, a terceira idade se sentirá mais útil, independente,
  com mais esperança e vontade de viver, mais auto-estima, com maior vitalidade
  e disposição, tornando-se seres mais saudáveis, sociáveis
  e felizes.
              BIBLIOGRAFIA
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