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Seg, 12/1/09 7:42

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

EMAGRECER É PRECISO ...É POSSÍVEL

INTRODUÇÃO
   Um problema que há muito afeta a população do mundo inteiro é a obesidade. Lentamente ela avança corroendo os cofres públicos nas despesas médicas em virtude de todas as outras doenças a ela atrelada. Gastaria-se muito menos se houvesse programas destinados à prevenção.
   Quem não está diretamente envolvido com o problema pensa que é fácil emagrecer. Entretanto, existem muitos fatores e a questão não é tão simples assim. Os obesos enfrentam desde as dificuldades com a balança até os preconceitos.
   Nesse artigo levanto as hipóteses ligadas à neurotransmissores associados ao problema que podem começar com os psíquicos, aos problemas das dietas esdrúxulas e sem nenhum fundamento científico.
   A princípio, qualquer atividade contribui para a perda de calorias mas, os aeróbios ainda são os campeões quando se trata de perda de peso partindo do princípio do cálculo simples matemático de ingestão e gasto de calorias, embora a musculação mereça também lugar de destaque.
   Um dos resultados práticos de uma das minhas alunas é mostrado nesse artigo.
"Não tenho tempo nem lugar" não é mais desculpa para quem mora na cidade. Subir escadas gasta calorias. Como fazer isso é uma das opções encontradas também nesse artigo, mas antes de começar um programa de emagrecimento é preciso traçar as metas.

Palavras Chaves: Obesidade, Emagrecimento, Exercícios físicos, Ingestão e gasto de calorias.

A CULPA
   Chega a ser um contra-senso nos dias de hoje, em que vivemos numa sociedade "dita" moderna, quando o homem há muito tempo já pisou na lua, sendo o progresso da ciência e a Medicina indiscutíveis a obesidade avançar em proporções alarmantes. Cerca de um terço dos americanos são considerados obesos, partindo de padrões básicos de percentual de gordura. Acima de 20% para os homens e 30% para as mulheres. No Brasil os números não são muito diferentes e o grande vilão da gordura excessiva é justamente as facilidades oferecidas pelo mundo moderno.
    Uma das pesquisas americanas dão conta que são mais de 2kg de gordura por ano acrescidos no peso corporal, 1 é culpa dos controles remotos. Aperta-se botão para tudo: televisão, video-cassete, som, acendimento automático de lâmpadas, vidro-elétrico no carro, escada rolante e muito mais. Ou seja, a lei do menor esforço é parceira da gordura, das doenças cardiovasculares, da hipertensão arterial, do diabetes, do câncer entre outras. Portanto, o excesso de peso não deve ser encarado como um fator apenas estético. É um problema crônico de saúde pública relatado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos E.U.A.
    Um terço das mortes por câncer de mama e endométrio estão, segundo relatórios médicos dessas entidades, relacionadas ao excesso de gordura, mais de 30% de percentual. Dois terços ficam por conta das cardiopatias inerentes à obesidade.
   Da mesma forma, parece um contra-senso saber que os governos gastam fortunas com programas espaciais, prêmios aos futebolistas de seleção nacional, entre outros, quando a verba destinada à prevenção da obesidade é quase nenhuma. Das seis principais doenças, as cardiovasculares arrancaram dos cofres públicos dos E.U. 22,2 bilhões de dólares no ano de 1986, só em custos médicos. Em 1994 os valores totais já haviam ultrapassado a casa de um trilhão de dólares. No Brasil não é muito diferente.
    ...E de quem é a culpa? De um modo geral, há uma tendência a acreditar-se que o excesso de comida venha a ser o principal fator da obesidade. A gente sabe que não é bem assim, porque se assim fosse, bastaria uma redução e ou um controle alimentar qualquer e as pessoas emagreceriam com a maior facilidade. Umas têm tanta facilidade de engordar como outras dificuldade de emagrecer. Outras engordam e emagrecem com a maior tranqüilidade. Existem, sem dúvida nenhuma outros fatores, tais como os genéticos, ambientais, sociais e provavelmente raciais. Uma família de gordos, certamente tem hábitos e valores incorporados, que se tiver um magro no meio estará fora de sintonia. Entretanto, vale ressaltar que os distúrbios hormonais, segundo dados da O. M. S. (Organização Mundial de Saúde) e as fontes citadas por McArdle, raramente são apontados como a causa principal. Pode sim, é a obesidade gerar uma série de distúrbios hormonais que acabam invertendo a ordem dos culpados. Ou seja, não é o distúrbio hormonal o causador, e sim a obesidade a causadora dos supostos distúrbios vindo em cascata.
   Há alguns anos, fala-se na mutação do gene OB. como responsável pela obesidade. Com base em pesquisas com ratos, constatou-se que esse gene tem ação direta numa proteína, descoberta em 1994, produzida no tecido adiposo e transportada pela circulação sangüínea para o cérebro chamada de Leptina (Do Grego Leptos significando magro) ou simplesmente OB. Sua ação é controlar a saciedade de acordo com a quantidade calórica dos alimentos ingeridos para manter o nível de gordura corporal. É como se fosse, por assim dizer, uma válvula instalada no hipotálamo regulando a ânsia de comer. A leptina quando injetada em camundongos mostrou ser capaz de reduzir o peso corporal e o tecido adiposo. Aquele sujeito que costumamos dizer: "não engorda de ruim", especula-se ter uma boa produção de leptina. Sortudo, né? As pessoas excessivamente gordas teriam o gene OB. defeituoso a tal ponto de nunca se sentirem saciados e comerem compulsivamente.
   A teoria de se comer vagarosamente, mastigando bem os alimentos, procurando saboreá-los com o máximo prazer, se baseia nisso. Ou seja, comendo devagar dá tempo para o organismo desenvolver o mecanismo reflexo da saciedade, estimulando a leptina, ingerindo menos quantidade de comida ou, na medida certa das necessidades orgânicas. Outro fator bem estabelecido, é que o peso corporal não é o vilão das doenças cardiovasculares e sim o percentual de gordura. Pessoas corpulentas e pesadas, mas com o percentual de gordura normal não são suscetíveis a cardiopatias. Ao contrário, pessoas de menor estatura, porém gordas, correm um risco bem mais alto. Isso é um fato.

DO PRECONCEITO AOS PORQUÊS
   Um dos grandes problemas enfrentados pelos obesos nos dias de hoje, além dos já citados com relação às doenças, é a discriminação criada pela visão estética do apelo social "dito" moderno. A moda, a mídia e tudo o mais é, na atualidade voltada ao corpo escultural. Com isso, o gordinho acaba sendo visto como uma pessoa preguiçosa, que não gosta de fazer exercício e está acima do peso porque quer gerar um certo preconceito. Muitas vezes, os problemas começam na escola, nas brincadeiras exigindo agilidade, onde os gordinhos têm, naturalmente, mais dificuldades. Não obstante a isso, os apelidos de mau gosto costumam ser as primeiras barreiras a serem enfrentadas. Nesse caso, cabe aos profissionais da Educação contornar isso sendo esse também o papel da escola. Na Educação Física por exemplo, cabe aos professores estimular também brincadeiras onde os gordinhos levam vantagem e não apenas "botar" a criançada pra jogar bola todo dia ou ensinar apenas as modalidades esportivas de sua preferência estritamente pessoal. Pelo menos até onde vai o meu conhecimento, o papel da escola não é formar atletas.
   Do outro lado da história está a indústria da obesidade pronta para faturar com as dietas da moda, lipoaspiração, ginástica passiva, eletroestimulação, eletroforese e muito mais. Todos esses métodos têm funções bem específicas porém, o enfoque a eles atribuídos é que em muitos casos chegam ser uma propaganda enganosa. "Gaste calorias sem fazer força". "Dez minutos eqüivalem a mil abdominais".
   Depois que há alguns anos foi lançado o livro com o título "Só é gordo quem quer", o contexto dessa frase ficou ainda mais enraizada e hoje basta entrar numa livraria qualquer para encontrar uma infinidade de títulos direcionado, a fisgar o bolso do gordo. Com isso, as pessoas com dificuldades naturais de emagrecer e não conseguindo sucesso, após a cada tentativa frustrada vem um período psíquico muito ruim acompanhado de uma fuga na comida e, uns quilinhos a mais.
   Da mesma forma que o fumante, o obeso deve receber ajuda para tentar emagrecer uma vez que, como vimos acima, para muitos não é uma tarefa tão fácil assim.
   Quem é o obeso? Muitas tabelas e números mágicos existem e também muitos métodos para se determinar o percentual de gordura corporal. Entretanto, o mais prático e usual é o IMC (Índice de Massa Corpórea) cujo resultado é obtido da divisão do peso em quilos pelo quadrado da altura em metros. Vale lembrar que essa equação não se aplica ao atleta porque o peso nominal da balança se deve à massa muscular e não à gordura corporal.
   De acordo com o resultado, o IMC enquadra-se em categoria diferenciada determinando os graus de obesidade a saber: Desnutrição, abaixo de 14,5 - Abaixo do peso, até 20 - Peso normal, 20 a 24,9 - Sobrepeso, 25 a 29,9 - Obeso, de 30,0 a 39,9 - Obesidade Mórbida, de 40 em diante. Academicamente, aceita-se como normal e fora de riscos cardiovasculares um IMC de 20 a 25 e até 27 para os idosos.
   O peso ideal - Quando se fala em peso ideal, cada um sabe qual é o seu com o qual se sente muito bem e todos esses métodos, apenas servem como um referencial. Claro, também não se leva em conta os problemas psíquicos ligados ao corpo tais como anorexia nervosa e a vigorexia, respectivamente as pessoas nunca satisfeitas com a sua magreza, e dos nunca satisfeitos com os seus músculos.
   O porque da Obesidade - ... É a mãe! É mesmo. Se a mamãe, a vovó e a família toda é obesa, as chances das crianças nascerem obesas aumenta e muito sendo a forma mais difícil de ser tratada devido aos maus hábitos alimentares adquiridos. Se a criança emagrece... Humm!!!
   Puberdade - Predominante entre as mulheres a origem pode estar nas angústias e ansiedades associadas às alterações hormonais próprias da adolescência.
   Da gravidez - A mamãe que não teve a preocupação de engordar apenas o necessário durante a gestação corre o risco de carregar uns pneuzinhos depois do parto. Pra tirá-los é outro parto, além de gerar um bebê gordinho.
   Do ex-atleta - Muito comum no desportista que de repente abandona a atividade sem a preocupação de fazer um destreinamento orientado. Os hábitos alimentares continuam os mesmos de quando o corpo precisava de muitas calorias. Além disso, a ansiedade também pode contribuir para a obesidade.
   Por conta das drogas - Alguns medicamentos tais como os corticóides, os antidepressivos e os estrógenos podem levar à obesidade.
   Endócrina - Os distúrbios hormonais são responsáveis oficialmente por menos de 4% das obesidades.

COMEÇANDO PELA CABEÇA
   Emagrecer ou engordar, além dos fatores já vistos, podem existir os psíquicos. A gente sabe que nosso corpo produz várias substâncias com funções específicas e entre elas, ligados à obesidade, estuda-se a dopamina, o neurotransmissor das sensações de recompensa e do prazer, tais como comer, sexo, amor, reprodução e etc. Em tese, as pessoas com receptores normais de dopamina não engordam com facilidade tendo os seus centros de controle do prazer mantidos em equilíbrio. Ao contrário, as com pouca recepção de dopamina descarregam, por assim dizer, na comida a sua sensação de prazer imediata. Substâncias como o álcool, cocaína e nicotina, estimulam a dopamina, razões suficientes para levar também ao vício.
   Entretanto, esse campo de pesquisa ainda não é conclusivo e não se sabe se é a falta de receptores a causa da obesidade ou a obesidade é a responsável pela diminuição de receptores. Quem surgiu primeiro? O ovo ou a galinha?    Teoricamente o excesso de comida levaria o cérebro a produzir muita dopamina levando a sua falência tal como acontece com o diabetes tipo I por falência do pâncreas em não produzir insulina. A mais das vezes, os moderadores de apetite atuam sobre os neurotransmissores dopamina e ou a serotonina como por exemplo, os anorexígenos ou, em menor escala, os estimulantes da saciedade.
   Um outro fator a ser levado em conta é o emocional. Pesquisas bem conduzidas pela Unicamp revelam que 75,5% dos pacientes com obesidade mórbida (mais de 40 no IMC), comem compulsivamente em conseqüência de ansiedade e depressão com altas taxas de transtornos de humor como se tivessem na TPM indefinidamente. De madrugada, atacam a geladeira. Por isso, é preciso dar um tratamento diferenciado a quem come compulsivamente e a quem não come. Ou seja, primeiro trata-se a cabeça, depois o corpo.

   Na Infância - Quando se fala em atacar os problemas de frente, seria cortar o mal pela raiz. No caso da obesidade boa parte começa na infância com o desejo dos pais verem o seu bebê gordinho... É uma gracinha, né? Cheio de dobrinhas... Dá uma vontade danada de apertar...
   Se a criança mesmo assim tiver dentro das faixas de peso considerada normal pelos padrões da OMS (Organização Mundial de Saúde), ao começar a engatinhar e andar, deverá, pela ordem natural das coisas, emagrecer.
   A Renda - Os primeiros índices mostravam as famílias com melhor renda familiar apresentando maior incidência de obesidade infantil, em função do acesso ao conforto impedindo a criança gastar mais calorias . Hoje em dia, a violência urbana tem aprisionado o cidadão comum não deixando as crianças brincarem nas praças públicas, andarem de bicicleta limitando-as cada vez mais aos seus quartos como prisioneiros. Pesquisas bem conduzidas dão conta que 26% das crianças americanas entre 8 e 16 anos passam 4 horas ou mais assistindo TV ou jogando videogame. Dados não muito diferente dos brasileiros.
   A Hiperplasia - Como já mencionamos em outras ocasiões, cortar o mal pela raiz significa também evitar a hiperplasia das células gordurosas, fenômeno específico em três fases bem distintas na vida: no último trimestre da gestação, no primeiro ano de vida e na adolescência. A quantidade de células gordurosas que o bebê vai ter, determinado no código genético podem ser duplicados se cuidados simples não forem tomados, tais como a mãe só engordar o suficiente durante a gestação, não antecipar a alimentação sólida no primeiro ano e na adolescência controlar a gula e a ansiedade. Os "Fast Food's" da vida são os maiores aliados para a hiperplasia gordurosa. Uma vez duplicados nunca mais volta ao normal. No máximo os regimes vão apenas desinchá-las.
   A Distribuição - A olhos vistos, a obesidade não igual em todo mundo no referindo-se à distribuição pelo corpo. Uns são mais gordinhos em cima feito um famoso apresentador da TV e outros em baixo tomando formas de maçã ou de uma pêra. Respectivamente obesidade Andróide ou visceral, concentrada no abdome entre as vísceras e a Ginóide, concentrada da cintura para baixo. A primeira é característica masculina e a segunda feminina não significando ser uma regra.
   Por um consenso médico, a concentração de gordura na região do abdome pode representar um risco ao desenvolvimento de doenças cardíacas, diabetes e colesterol elevado. Para isso, basta com uma fita métrica medir a circunferência da cintura passando pelo umbigo e depois medir a circunferência do quadril passando pelo meio das nádegas. Divida o valor da cintura pelo do quadril. Se o resultado for maior que 0,89 para homens com idade de 20 anos e 0,99 para idade de 60 anos ou mais, o risco é alto. Para as mulheres esses valores são: acima de 0,78 para 20 anos e acima de 0,84 para 60 anos ou mais.

AS DIETAS
   Como já vimos, a grande maioria dos obesos o são porque ingerem mais calorias do que gastam. Sendo assim, as ações mais eficientes se baseiam em reduzir de forma inteligente a alimentação e fazer exercício, atitude exigindo mais perseverança e sacrifício do que dinheiro. Como boa parte das pessoas desejam emagrecer sem fazer força, as dietas se tornaram famosas e muito populares. Médicos, nutricionistas e até leigos foram adaptando e criando dietas de acordo com a moda ou a "onda" do momento ditada pela mídia. Muitas delas esdrúxulas, sem fundamento científico mas que fisgam bem os preguiçosos.
   Quando começou - Em 1889 o médico norte americano Horace Fletcher, condenando a compulsão montou uma dieta baseada na moderação.
Em 1930, foi a vez do médico William Hay dizer que amido não combina com proteína e as frutas com nenhum dos dois. O primeiro passo das dietas "só" disso ou "só" daquilo.
   Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, em 1938, uma parcela da sociedade acreditava que fruta queimava caloria e café tirava o apetite.
   Por volta de 1954 começava-se então a pensar em contagem de calorias levando as pessoas a consumir alimentos menos calóricos, mas não se falava em associa-los aos exercícios.
   Foi em 1963 que os caminhos do emagrecimento saudável se abriu com o lançamento da idéia de perder peso sem medicamentos, pois as anfetaminas começavam a invadir o mercado nos moderadores de apetite. Jean Nidetch lança nos EUA a reeducação alimentar junto com os exercícios. Estava fundado o Weiht Watchers - Vigilantes do Peso.
   O início dos anos 70 foi marcado com a idéia avassaladora da dieta Atkins engordando a conta bancária do cardiologista Norte Americano Robert Atkins.
   À base de proteínas, sem carboidrato, açúcar e frutas, a dieta estimula o consumo de gorduras e proteína animal. O desequilíbrio metabólico provoca um emagrecimento, além da própria gordura da alimentação gerar um fastio e uma diminuição do apetite. Como ninguém é de ferro, um dia pára de fazer a dieta e volta a engordar e cheio de colesterol no sangue... E pensar que essa dieta foi criada por um cardiologista, hein!!! Ganha na dieta e depois nas consultas para diminuir o colesterol. Nem o NIH, um dos mais respeitados Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e muito menos a OMS (Organização Mundial de saúde) recomenda dieta rica em proteína e gordura.
   Que abacaxi!!! Em 1982 surge a dieta das frutas, mais conhecida como Beverly Hills. Isso mesmo. "Só" frutas. A americana, ex obesa Judy Mazel sugere que as enzimas acelerem a queima de grandes depósitos de gordura. Uma idéia sem fundamentação científica. A dieta é monótona, "detona" a vida social do indivíduo e provoca carência de vitaminas.
   O regime da Lua sugerindo ingerir só líquidos durante as 24 horas antes de cada fase da lua surgiu em 1985. Como a água facilita os processos de excreção, a perda de peso não está associada à perda de gordura. Além disso, pode ocorrer a perda de minerais estando o corpo por assim dizer "entupido" de líquido. Quando
ingerimos líquidos demais o corpo elimina o excesso e junto com ele alguns nutrientes.
   Em 1997 novamente renasce a idéia absurda das gorduras baseada na filosofia Atkins. Desta vez sob a forma do famoso Xenical Proteínas. Impedindo a absorção de 30% da gordura ingerida com efeito colateral foi imediato. Forte diarréia em função da ingestão exagerada de gordura. Muita gente teve até que usar fraldão para não passar vergonha... Ou, pinico Tabajara. No ano seguinte mais um americano, Peter J. D'Adamo fez sucesso e no Brasil o método baseado em determinados alimentos para cada tipo sangüíneo, foi popularizado por mais um médico. Desta vez o Dr. Sérgio Teixeira, da Universidade Federal do Rio de janeiro, lançou a "Dieta que está no Sangue". "Sangue Bão", né? Como não poderia deixar de ser, cadê a comprovação científica?
   Muita gente parece insistir no erro e circula de mão em mão uma tal de dieta da USP que nada tem a ver com a conceituada Universidade. A entidade até criou um serviço de utilidade pública para orientar sobre os riscos da tal dieta que mais uma vez recomenda ingestão de presunto, ovos e café sem açúcar. A elevação do ácido úrico é um dos efeitos colaterais possíveis.
   Quem não se lembra do "Só é Gordo quem quer"? O livro que vendeu "horrores" propondo uma divisão de alimentos em quatro categorias: sal alto e baixo, doce alto e baixo. A sugestão era a mistura desses quatro grupos para perder peso além de não aconselhar combinar certos alimentos com outros. Claro, mais uma idéia sem fundamento científico desta vez do médico João Uchôa Jr. que reapareceu depois de passado o sucesso bem mais gordinho e censurado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro em 1986.
É isso aí moçada... Como é fácil enganar as pessoas, né?

AS FORÇAS CONTRÁRIAS E O EFEITO SANFONA
   Nessa série sobre obesidade temos visto que o problema é uma tendência mundial e muitos são os fatores trabalhando contra o obeso. Vimos como é fácil "fisgar" as pessoas ávidas por emagrecer oferecendo a elas uma promessa de ficar de bem com a balança sem fazer força, "só" com dietas, algumas bem estranhas.
   Um outro fator pesando contra tudo isso é que as pesquisas mostram um bom número de pessoas conseguindo sucesso na primeira tentativa de emagrecer, mas quando considerado a longo prazo, apenas uma parcela muito pequena consegue manter o peso ideal por toda a vida. Um a dois terços do peso perdido são recuperados ainda no primeiro ano, e todo ele em cinco anos. Num desses acompanhamentos de 7,3 anos McArdle cita uma pesquisa de 121 pacientes monitorados, onde apenas 7 mantiveram os novos hábitos de vida e o peso
corporal saudável. Claro que tudo isso também depende de estímulos e de, sobretudo, auto-estima para poder estar sempre dando a volta por cima. Se as pessoas do mesmo meio social não colaborarem ou não forem pelo menos parecidas... Um abraço!!!!
   Um dos argumentos contra as dietas, fala-se em uma possível teoria do ponto preestabelecido onde o corpo teria uma tendência de manter um determinado peso gordo ou magro por toda a vida. Esse mecanismo estaria localizado dentro do hipotálamo sendo esse ponto diferente em cada pessoa. Se o sujeito emagrece abaixo desse suposto limite, o corpo realiza ajustes tentando repor as gorduras perdidas aumentando a fome do indivíduo. O mesmo acontece com os magros que por algum motivo tentam engordar com programas de superalimentação e não conseguem. Se por um lado a teoria explica os fatos, por outro ainda é cedo para se afirmar isso não sendo um argumento para não fazer dieta. Entretanto, as restrições alimentares, por si só, são incapazes de alterar esse mecanismo cabendo tão somente a alguns medicamentos como, segundo MacArdle, a fenfluramina, anfetamina e a conhecida nicotina, assim como os exercícios físicos. Sendo assim, existe a bem da verdade, três formas de emagrecer: com medicamentos, com dietas e com exercícios. Como já citamos, nenhuma delas é eficiente por si só. Ninguém vai ficar escravo aos medicamentos a vida toda nem tão pouco às dietas. Existem casos da necessidade dos medicamentos alavancar o processo. Associado aos exercícios, aos poucos, a dosagem dos medicamentos podem ser reduzidas até serem cortados de vez. Nunca é demais lembrar. Só cabe ao médico prescrever a medicação e a respectiva dosagem caso a caso.
   Outro fator contra as dietas pura e simples, e bem documentada pela ciência, é que o corpo sob restrição calórica reduz o metabolismo gastando menos calorias tentando se proteger. É mais um argumento para a inclusão dos exercícios nos programas de emagrecimento e sem eles as chances de sucesso ficam bastante reduzidas.
   O mais comum desses fatos relacionados é o conhecido efeito "sanfona" ou "iô iô". O engorda e emagrece respectivamente no inverno verão. Sabe-se que, a partir de pesquisas feitas com animais leva-se duas vezes mais tempo para perder o mesmo peso numa segunda tentativa e recupera-se em apenas um terço desse tempo.
   O efeito sanfona é cruel ficando, a cada tentativa, mais difícil emagrecer principalmente quando não associada ao exercício. O organismo, como vimos acima, na teoria do ponto preestabelecido, procurando preservar a gordura, especula-se que possa "agredir", por assim dizer, a massa muscular magra, processo conhecido como catabolismo.    Assim, a cada novo regime o sujeito tem maior percentual de gordura e menor massa magra. Em síntese, mais gordas com menos músculos. Ainda corroborando com essa teoria, quando se perde peso os adipócitos aumentam seu nível da enzima lipase lipoprotéica, a principal responsável pelo armazenamento das gorduras.
   A ciência não encontrou, pelo menos até agora, fórmulas para diminuir a quantidade dessas células de gordura do corpo já adquirida. Os regimes apenas "desincham-nas", mas continuam lá, prontinhas para crescer de novo.
   É consenso entre os especialistas que uma perda de peso saudável não deve ser maior que um quilo por semana. Se a dieta vem acompanhada de exercício físico, a massa muscular adquirida será responsável pela geração de 70 a 75% do gasto de energia total. Sem contar, que as pessoas com um percentual de massa magra maior, têm um gasto calórico basal maior. Ou seja, gastam mais calorias paradas.
   Carece de mais informações e os estudos ainda são conflitantes, mas o fato é que, a partir das experiências com animais, doenças cardíacas podem estar associadas ao efeito sanfona. Obesos que nunca fizeram dietas, podem não ter tantos problemas cardíacos se comparados aos adeptos do engorda e emagrece. Ou seja,
quem é obeso e não faz regime pode ter poucos problemas. Adeptos ao "iô iô" podem ter mais...
   Para Refletir: Os navios estão a salvo quando atracados no porto, mas não foram feitos para ficar lá. Só mostra que é bom se navegar por mares bravios.

QUE EXERCÍCIO FAZER?
   Bom, até agora vimos os fatores relacionados com o mecanismo de ganho e ou dificuldade de perda ponderal. Mostramos também as conclusões científicas atuais sugerindo que para emagrecer de forma eficiente por longo período, só o controle alimentar é ineficiente e isso já é quase um consenso entre os especialistas. Embora a gordura corporal continue a ser um grande problema, uma das conseqüências já notadas é que o americano nos últimos anos está ingerindo de 5 a 10% menos calorias em todas as idades mas, nem por isso a obesidade diminuiu. Entretanto, o sedentarismo aumentou em proporções alarmantes levando os especialistas à conclusão da obesidade estar mais relacionada à falta de atividade física e não à ingestão excessiva de alimentos. É muito prematuro relacionar obesidade com comer muito.
   Cada vez mais as evidências mostram a importância dos exercícios no controle ponderal chegando a ser mesmo o suporte de qualquer dieta. Atualmente temos visto defesas particulares dessa ou aquela modalidade esportiva principalmente quando tentam confrontar aeróbios contra anaeróbios. Entretanto, pode-se indicar qualquer atividade como sendo boa por contribuírem para a perda de calorias mas, os aeróbios ainda são os campeões quando se trata de perda de peso. Eles são capazes de recrutar maior número de grupos musculares e maior dispêndio de energia por unidade de tempo além dos benefícios bem estabelecidos pela ciência com relação à diminuição do colesterol, pressão arterial e da glicemia. A maior prova disso, é que nas academias, entre tantas opções de atividades, o spinning ou ciclismo "indor" vem se tornando uma das mais eficientes para emagrecer, desde que, bem conduzida pelos profissionais. Claro, não é a atividade específica para desenvolver massa muscular, a não ser, no caso do spinning, os músculos das pernas conforme a carga e o fundamento da aula. A corrida, seja na esteira ou ao ar livre, é tão boa e eficiente quanto o ciclismo e a opção deve ficar por conta da preferência pessoal.
   Já anda caindo por terra a idéia de que para se perder gordura é preciso fazer exercícios aeróbios por mais de 30 minutos seguidos. Se o objetivo é emagrecimento, emagrecimento representa perda de calorias (Kcal) e perda de calorias representa atividade física contínua, duas vezes 30 minutos de atividades no dia, considerando gasto colórico o resultado é o mesmo de uma hora. Segundo dados do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 1995), um quilo de gordura eqüivale aproximadamente a 7700 kcal. Isso significa dizer que pelo menos teoricamente uma atividade diária de 400 Kcal, aí não importando se é de uma vez só ou em duas, pode-se perder 1,58 kg em um mês. A mesma regra vale para quem anda ingerindo mais calorias do que gasta. Pode-se facilmente engordar quase 2 quilos em um mês. É muito difícil para quem não faz atividade física controlar certinho essa ingestão e gasto de calorias só na base da dieta. O complexo de culpa se faz muito mais presente.
   Como todo assunto de cunho científico este também gera controvérsias e os fatores a serem mesmo levados em conta na questão do melhor exercício para emagrecer é a freqüência, duração e intensidade. Sobre isso, Power & Howley (1997) publicaram uma boa revisão citada em 1999 pelo Prof. Dr. Tony Meireles dos Santos. O trabalho relata que uma atividade na intensidade de 30% do VO2 Máximo, portanto baixa, a recuperação da energia (ATP) vem do metabolismo das gorduras. À medida que a intensidade aumenta essa energia vai passando a ser fornecida pelo metabolismo dos carboidratos. Isso pode estar relacionado a dois fatores: um é o recrutamento das fibras musculares de contração rápida e o outro é a liberação hormonal da adrenalina e noradrenalina. No primeiro caso, tais fibras musculares possuem menor reserva de triglicerídeos e menor capacidade de metabolizar gorduras e maior de carboidratos. O segundo fator, tem a ver com as concentrações de lactato em função do aumento da intensidade. O lacto inibe a ação da enzima lipase que no final das reações induzem a glicose assumir a posição de combustível principal. Com relação à duração, a teoria de suporte de maior gasto de gorduras à medida que o tempo de permanência aumenta, diz respeito ainda à adrenalina, noradrenalina e glucagon interferindo na taxa de quebra das gorduras (lipólise). A mesma teoria ainda fala na insulina que tende a diminuir com a duração da atividade, hormônio secretado pelo pâncreas, com importante função no metabolismo dos açúcares. Diminuindo a sua oferta o corpo passa a gastar gorduras em vez de açúcares.
   Bom, a literatura na verdade mostra trabalhos bem documentados defendendo tanto os exercícios aeróbios como os anaeróbios e de alta intensidade nessa questão de gasto de gorduras.

EMAGRECIMENTO MATEMÁTICO
   Quando alguém começa a ter sucesso na perda de peso quer logo ver "aquela" gordurinha situada em determinadas partes do corpo indo embora de uma vez. Sendo assim, como já dito, o homem acumula mais gordura na região do abdome e as mulheres na cintura e quadril. Infelizmente, a ciência ainda não descobriu uma fórmula de gastar mais gordura aqui do que ali ou tirar daqui e "botar" ali.
   Num programa de exercícios de resistência, trabalhos bem conduzidos citados por McArdle, ficou demonstrado que o corpo tende a gastar mais gordura na região central, tronco e abdome do que nos glúteos e região femoral. Isso, em linhas gerais, o homem acaba se beneficiando nas expectativas de perda de gordura nas regiões que mais incomodam a um e a outro. Esse fato fica mais evidente em quem emagrece mais de 8 a 9 quilos em dez a doze semanas. Nas mulheres, enquanto aparentemente percebe-se a região do tórax com as costelas e os ossos da clavícula começando a sobressair, a bronca é geral. Nos quadris parece não ter perdido nada.
   Gordura Localizada - Dá para perder? Partindo do princípio acima exposto, sabe-se que isso é impossível e a conduta de ficar fazendo um número exagerado de exercício para um determinada região na esperança ou promessa de perder gordura "só" numa região, é no mínimo perda de tempo. Várias pesquisas têm mostrado, por exemplo as citadas por McArdle, feitas com tenistas que o percentual de gordura não é diferente quando comparado os dois braços. Como esperado, a circunferência do braço dominante é maior em função de uma hipertrofia muscular e não de camada de gordura que continua, embora menor, a ser similar nos dois braços. Dá então pra fazer, numa segunda fase da prescrição dos exercícios, um equilíbrio muscular com séries de hipertrofia para a parte superior do corpo e resistência muscular localizada para os membros inferiores, conduta nem sempre satisfatória às mulheres.
   O Culote - Não são poucas coisas a incomodar as mulheres, heim! O culote, acúmulo de gordura na lateral das coxas, aparecem em função dos hormônios femininos e ou características genéticas, talvez o fator mais evidente já que não são todas as mulheres que os tem e algumas magras são sorteadas para tê-los. Embora seja muito difícil acabar com ele existem três formas de tentar acabar ou pelo menos amenizar o problema: Exercícios associados à dieta, lipoaspiração e ou cirurgia plástica. Os exercícios aeróbios, como temos citado, incidem na gordura como um todo e os localizados no fortalecimento dos músculos que ficam por baixo do culote: uma porção do glúteo máximo e médio e fáscia lata. É preciso conjugar os dois tipos de exercícios com a dieta deixando as cirurgias como última opção.    Também já vimos que pela teoria do "set-point" o corpo tende a repor as gorduras retiradas, por assim dizer, "na marra", através de cirurgia e ou dietas drásticas. O culote segue a mesma teoria. Se tirá-lo à força ele volta.
   Como estamos falando de emagrecimento, automaticamente falamos de calorias gastas e todo exercício físico tem um gasto calórico e valores a ele atrelado já bem estabelecido pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACMS 1995). Utiliza-se a relação 5 Kcal para cada litro de oxigênio desde que conheça-se as exigências metabólicas de cada atividade avaliadas, entre outras formas, por consumo direto. Na falta desses dados podemos utilizar tabelas baseadas em MET. atualmente bastante disponíveis em vários livros.
   Um MET. eqüivale ao consumo de oxigênio de 3,5 mL. Kg. min, valor referente ao metabolismo de repouso e a conversão de MET. para Kcal pode-se usar a fórmula sugerida em (ACSM 1995) que é a seguinte: Kcal p/ min = METs da atividade x peso do cliente x 3,5 : 200. Na prática, digamos que uma pessoa esteja fazendo uma atividade de 6 METs com 70 Kg de peso corporal. Aplicando a fórmula temos: 6 x 70 x 3,5 : 200 = 7,35 Kcal / min. Se permanecer durante 60 minutos terá um gasto calórico de 441 Kcal. Levando em consideração 1 kg de gordura ser igual a 7700 Kcal, neste exemplo são necessárias 17,46 horas para perder isso. Acha pouco? Se o sujeito "malhar" 5 dias por semana são necessárias três semanas. Taí mais uma boa razão de associar exercício com dieta e ou reeducação alimentar. É bom lembrar que as recomendações (ACSM 1995) sugerem uma perda de peso de no máximo 1 quilo por semana, ou um déficit de 7700 Kcal.
   Concluindo, nesse processo de emagrecimento o balanço calórico conta bastante e os exercícios, sejam quais forem, consomem oxigênio energia e obviamente calorias. Logo, qualquer um é bom se, bem orientado. Autores consagrados não ressaltam uma importância tão grande para as vias metabólicas dos exercícios quando o objetivo é o emagrecimento. As orientações atuais são no sentido de: prazer de fazer, contagem aproximadas de calorias, variação de atividades e sem tempos mínimos limites.

Para Refletir: Fazer grandes projetos para o futuro pode não levar a lugar nenhum. Faça pequenas previsões para hoje... e cumpra. Uma casa grande começa com um tijolo.

EMAGRECENDO COM A MUSCULAÇÃO
   Eis aí mais uma questão há muito tempo debatida e de uma certa forma, criou-se em torno desse assunto muitos mitos e falsas verdades. Não resta dúvida, que os exercícios aeróbios, considerando o gasto calórico são os mais adequados nessa questão de emagrecimento e nos anos 70, muita gente endeusou-os tanto chegando a se pensar ser a solução para todos os problemas de saúde. Por conta disso, ficou uma imagem negativa com relação aos anaeróbios, como por exemplo a musculação. "Por si só, não trazem tantos benefícios para a saúde". "Não adianta nada". "Só serve pra ficar forte e, não emagrece" - Diziam - Ledo engano! Vamos ver porque?
   A comunidade científica já provou ser o emagrecimento na musculação similar aos exercícios aeróbios mais tradicionais como as caminhadas, as corridas e o ciclismo. A explicação é simples. Os aeróbios utilizam a gordura como principal fonte de energia. Sabe-se também que determinadas zonas de intensidade podem gastar mais gorduras do que outras e esse gasto também se relacionar com o tempo de permanência nessa zona. Tudo isso é verdade e não faltam estudos mostrando isso.
   Mas, também é verdade, e a literatura fidedigna tem sofrido revisão mostrando a importância da musculação nesse assunto emagrecimento. A diferença, analisando pela ótica da Fisiologia, é que na hora do exercício o corpo utiliza o glicogênio muscular como principal fonte de energia. Depois, como o organismo tem de repor, vai buscar nas gorduras proporcionando o emagrecimento. Simples, né?
   E tem mais. O aumento da massa muscular acelera o metabolismo basal fazendo, a longo prazo, o corpo gastar mais energia parado. Como o que vale nessa questão de emagrecimento é o balanço calórico, se for positivo, engorda; negativo emagrece. É a lógica, ou não?
   Bom, a gente não precisa também recorrer à comunidade científica para comprovar isso. A olhos vistos, os fisioculturistas têm um percentual de gordura tão baixo quanto os atletas de resistência. Steven Fleck cita no seu livro Fundamentos do Treinamento de Força, atletas com o percentual de gordura variando de 8,3 a 12,2% e as mulheres da mesma modalidade estando na média de 13,2 a 20,4%. Portanto, muito abaixo da maioria considerada normal que é de 14 a 16% para os homens e 20 a 24% para as mulheres. Claro, tudo isso só funciona também se vier acompanhado de uma dieta saudável. Se o sujeito malhar bastante e depois comer muito não adianta absolutamente nada. Aí tanto faz se o exercício é aeróbio ou anaeróbio.
    O fato é que a musculação colabora com o emagrecimento, dá mais disposição, aumenta o metabolismo e para o obeso tem a questão da segurança com relação ao impacto nas articulação sendo na musculação menor quando comparadas a algumas atividades aeróbias. Além disso, podemos, com a ajuda das máquinas, trabalhar grupos musculares isolados conforme a necessidade de harmonia e ou reforço muscular atendendo os objetivos particulares do aluno.
   Segundo os últimos relatórios do Colégio Americanos de Medicina Esportiva, (ACSM, 1995), não é necessário fazer só exercícios aeróbios por um tempo determinado para depois elaborar um novo programa de aumento de massa muscular. E se o aluno for um daqueles que detestam caminhar ou ficar "x" minutos em atividade contínua? O programa pode já ser fadado ao fracasso por não respeitar o princípio da preferência do aluno. Digamos que ele goste muito de musculação. Aí entra mais uma vez o bom senso profissional. O programa pode ser elaborado com uma série composta de seis a oito exercícios multiarticulares envolvendo os grandes grupos musculares e uma atividade aeróbia a ser negociada. Em se tratando de obeso o método de preferência, deve ser o alternado por segmento. O objetivo é sempre indicar atividades de maior gasto calórico e poucos exercícios estimulando o gosto pela atividade. O exercício não deve parecer uma coisa chata, difícil e como toda atividade física, a orientação é mais importante.

CONCLUSÃO
   Os estudos apresentados depois de 95, parecem romper o paradigma de que "só" os exercícios aeróbios seriam os recomendados para o emagrecimento.
   Na prescrição do exercício deve ser priorizado o prazer individual a fim de aumentar as chances de virar um hábito de vida saudável.
   Deve ser abolida a questão de um tempo mínimo de atividade. Qualquer exercício gasta calorias sendo melhor do que nenhum. Limitar intensidade mínima, para algumas pessoas pode ser altamente desmotivante.
   Considerando gasto calórico, tanto faz se a atividade é contínua ou intervalada. Pedalar 4 x 10 minutos pode ser tão bom quanto 40 minutos de uma vez. Um obeso pode ser capaz de intervalar e não conseguir fazer tudo e uma vez.

Para Refletir:
Procurar fazer o melhor é sempre bom. O esforço exagerado pode levar ao fracasso.
Se olharmos para traz podemos nos conformar. Para a frente vemos o quanto falta para evoluir.

Sobre a Ética: A moderação nas ações e relação com o trabalho é uma das chaves das conquistas dos objetivos.
Ensinar a ética cabe a todos, mas a responsabilidade maior é dos educadores.

O RESULTADO PRÁTICO
   Até agora vimos em teoria uma boa parte dos problemas envolvendo a obesidade e as formas mais adequadas para se conseguir um emagrecimento saudável. Hoje vou apresentar um dos resultados práticos de uma das minhas alunas que resolveu "entrar de cabeça" na luta contra as gordurinhas que a incomodavam bastante interferindo inclusive com a sua auto-estima.
   Natália Barbieri é um dos melhores exemplos de tudo que foi aqui falado com relação a resultados práticos da dieta associadas aos exercícios.
   Em meados de fevereiro desse ano, nossos caminhos profissionais se cruzaram. Eu necessitava de uma pessoa que pudesse verter os meus artigos para o espanhol e ela precisava de um Personal Trainer. Ao começar a ler, ela simplesmente viu que o conteúdo tinha tudo a ver com os seus propósitos de vida. Daí para frente as coisas começaram a acontecer. Como se diz no popular... "juntou a fome com a vontade de comer". Ela se matriculou num dos postos do vigilantes do peso e tracei para ela o primeiro programa de caminhada. Sua determinação acabou sendo um grande facilitador para o desenvolvimento das planilhas de treinamento evoluindo rapidamente. De caminhada, passou intervalar caminhada com trote, e de trote para corrida foi um pulo. Em junho, experimentalmente participou de uma prova de seis Km, no dia 4 de agosto da corrida da Avon e no dia 25 do mesmo mês completou a Meia Maratona.    Nove quilos mais magra sua auto-estima melhorou assustadoramente contaminando, no bom sentido, a todos a sua volta: a família, os amigos do trabalho e em geral. Há de se destacar também, a participação da família, marido e os três filhos, fundamental nesse processo. Todos deram a sua parcela de apoio ora cobrando, ora questionando e ou apenas comentando.
   "Tudo na minha vida melhorou a partir do momento que comecei a ficar de bem comigo mesma. Antes eu pensava que os outros eram o problema". Diz Natália Barbieri.
Veja as fotos em: http://www.noticiasdocorpo.com.br/ano2n035/materia.htm

SUBINDO AS ESCADAS
   Estamos vivendo tempos de violência retratada todos os dias nas páginas policiais da imprensa em geral. Dezenas de pessoas morrem vítimas de assaltos, tráfico de drogas, brigas de trânsito e etc. Ôpa! O que a nossa coluna de Fisiologia tem a ver com isso? Você leitor já deve estar se perguntando, né? Tem uma outra arma silenciosa matando muito mais... A preguiça. Isso mesmo. A inatividade física mata muito mais.
   Um dos estudos publicados na revista Nature concluiu que gastar calorias é muito mais simples do que se imagina e, mais uma vez corroborando como tudo já dito até aqui na questão de emagrecimento, vale mais a regularidade e a soma do gasto de calorias em atividades simples diariamente. Andar, correr, passear de bicicleta, fazer sexo, subir escadas... tudo contribui para a perda de peso. É melhor, mais barato se mexer todo dia e várias vezes do que, em menos tempo fazer uma atividade física intensa suando a píncaro numa academia. Para muitas pessoas pode ser um martírio simplesmente por não gostar disso e a idéia do "Sem dor não há ganho" não vale nesse caso. O fundamento do estudo citado não é novo e outros similares o antecederam. Durante duas semanas 14 mulheres e 16 homens, com idades entre 22 e 32 anos, todos sadios e sem problemas de obesidade, foram observados e analisados por Klaas Westerterp da Universidade de Maastricht, na Holanda. Usando todo um procedimento laboratorial registrou os movimentos e a energia gasta a cada 24 horas concluindo que atividades de baixa a moderada intensidade também gasta calorias de modo eficiente. O importante é se mexer para emagrecer.
   Outros trabalhos já foram bem documentados com subida de escada. Se por um lado o progresso nos trouxe conforto e, de tal forma desincentivando a atividade física, por outro encheu as cidades de prédios e, escadas para o bem do coração e do gasto calórico. Subir escadas gasta em média para uma pessoa de 70 quilos e 1,68 a 1,75 metros de altura, 360 Kcal/h . Significa 36 Kcal por minuto ou 0,6 por segundo, o tempo para fazer o movimento de subir um degrau. A média dos andares dos prédios mais modernos são em número de 22 degraus, o suficiente para gastar 13,2 Kcal. Uma pessoa propondo-se a subir 16 andares por dia, e não precisa ser de uma vez só mas que seja no dia, pode gastar 211,2 Kcal. Essa mesma pessoa, se fizer uma caminhada a passos rápidos de 20 minutos estará gastando mais 93,33 Kcal. Somando às gastas na escada já serão 304,55 Kcal. Considerando que para se gastar um quilo de gordura são necessários 7700 kcal, só com essas atividades descritas é preciso 25 dias. O Colégio Americano de Medicina Esportiva recomenda um gasto extra de 300 a 500 Kcal por dia para uma pessoa ser considerada fisicamente ativa. É fácil!!! Acham muito tempo 25 dias? Quanto tempo levou para ganhar esses quilinhos extras? Não seria muito saudável emagrecer tudo de uma vez, não acham? É melhor estar emagrecendo pouco porém sempre. Ou não?
   Um estudo feito nos anos 70 pela equipe Cooper com pessoas subindo escadas num prédio público constatou uma melhora significativa na Pressão Arterial, na eficiência da Freqüência Cardíaca, na auto-estima e no emagrecimento moderado. Só o fato das pessoas fora de peso descobrirem que são capazes de subir escadas como outra qualquer, por si só já é um fator motivante.
   É bom lembrar que o sedentarismo ainda é, independente do nível de percentual de gordura de cada um, uma arma mortal. O Instituto Americano Cooper também já mostrou um número muito maior de mortes entre magros sedentários do que entre gordos ativos. "Quem se mexe mais morre menos" palavras do Dr. Vitor Maksudo consultor da Organização Mundial de Saúde e coordenador do programa "Agita São Paulo". Portanto... empurre o carrinho de supermercado, lave o carro, leve seu cão para passear para não encher o saco dos vizinhos, regue o jardim, dance, ande a pé, suba escadas. Ufa! Isso cansa, né? Mas gasta calorias.

Para Refletir: A sociedade parece uma caixa de costura. Tem gente que une os panos. Outras só espetam.
Sobre a Ética: Confidências de um cliente a gente leva para o túmulo. É a mais nobre demonstração de confiança.

A META
   Uma propaganda que ficou bastante marcada, pelo menos para mim, há anos atraz, foi a de uma bicicleta que uma criança queria ganhar. O garoto colocava bilhetinho no bolso do pai, na pasta de dente, na xícara de café, em todo lugar... "não esqueça a minha bicicleta".
   Tudo, ou quase tudo na vida é uma questão de traçar meta. Pra gente emagrecer é similar. Não adianta dizer: vou tentar. Traçar meta significa em primeiro lugar saber "quantos" quilos deseja emagrecer. "Como?" "Que" recursos utilizar. "Quando" começar? Ao decidir por "quantos" quilos emagrecer é preciso estar baseado em estimativa concreta e, viável. Não dá para emagrecer dez quilos sem começar com um. Como? Fazendo dieta? Qual delas? Porquê? Ela serve pra você? Ou você vai fazer porque a "fulana" fez? É a mais adequada para o seu caso? Vai fazer atividade física? Onde? Quando? Qual delas? Quantas vezes por semana? Com quem? Porquê? Que outros recursos você vai usar? Quando vai começar? Marque uma data mas se prepare para ela. Não adianta começar na segunda-feira e parar na semana seguinte como muita gente faz. Assuma compromisso com você.
   Parece muito simples mas pode não ser. Se lembrarmos bem, quantas vezes já fizemos isso, sem técnica, sem sabermos que estávamos fazendo e deu certo? Na compra de um carro, de uma casa, para passar no vestibular e etc. Enfrentamos todo tipo de adversidades, por vezes desviamos um pouco da rota mas a meta está lá. Eu vou conseguir. Não esqueça a minha bicicleta!!!!
   Uma outra atitude simples é escrever isso e colocar em algum lugar visível ou que você possa ler todo dia. Quando você escreve se compromete. Faça um diário e relate tudo comparando o previsto com o realizado. Mesmo não realizando o previsto não considere uma derrota, mas escreva o porquê de não ter concretizado a tarefa do dia. Fica mais fácil retomar as rédeas da meta já no dia seguinte.
   Calorímetro - Tenho acompanhado a sua coluna e estou gostando muito da série sobre obesidade. Sobre a matéria anterior gostaria você esclarecesse uma dúvida. Como os estudiosos chegam à conclusão que uma atividade como subir escadas por exemplo, que você citou, pode gastar 360 Kcal p/ h? Andei pesquisando na Internet e achei vários valores diferentes para a mesma atividade.
   Amigo leitor. Partindo do simples, qualquer movimento humano gasta calorias que é, por assim dizer, o nosso referencial de energia ingerida e gasta. O nosso corpo transforma energia química dos alimentos gerando calor, movimento e trabalho.
   A forma que os cientistas chegam a conclusão do gasto de "tantas" calorias por determinada atividade é colocando o ser humano nos chamados calorímetros. Uma espécie de barraca hermeticamente fechada onde tudo é controlado: a entrada e saída de ar com respectiva pressão de oxigênio, nitrogênio, umidade relativa, os alimentos ingeridos com respectivo peso e valor calórico, a freqüência cardíaca, a intensidade do esforço em cada movimento e tudo o mais.    Dentro da barraca o sujeito faz vários tipos de movimentos e o ar expirado é analisado assim como a urina coletada por 24 horas, possibilitando saber o gasto calórico de vários tipos de movimentos associados a exercícios. Ou seja, o sujeito fica como rato de laboratório sendo testado e observado por período determinado. Esse é o método conhecido como calorimetria direta.
   O primeiro calorímetro, que também serve para estimar valores energéticos dos alimentos, foi construído na década de 1890 pelos professores Atwer e Rosa, da Wesleyan University, respectivamente um químico e uma física.
   Pode-se também avaliar a produção de energia e valor calórico da atividade de forma indireta através da espirometria onde a quantidade de oxigênio consumido pode ser avaliado com relativa precisão. Sabendo-se que 1 litro de oxigênio consumido eqüivale a 5 kcal, fica fácil então saber quantas calorias são gastas numa atividade.    Tradicionalmente, os espiroergômetros são acoplados numa esteira elétrica ou numa bicicleta estacionária, mas nos Estados Unidos existe espiroergômetros portáteis para facilitar estudos de qualquer atividade física desde as mais simples como atividades laborais de carregar e empilhar caixas até subir escadas, empurrar carrinho, jogar golfe e etc.    É importante lembrar que valores como o citado domingo passado, 360 kcal/h para subida de escada, refere-se a um ser humano de 70 quilos com 1,68 a 1,75m de altura e qualquer pesquisa sempre tem uma pequena margem de erro.
   Concordo com a existência por aí de várias tabelas mas, comparando-as entre si e cruzando as informações com outras atividades, esse valor para subida de escada é bastante aceitável.

Referências Bibliográficas:
1) ASTRAND, Per Olof - Tratado de Fisiologia do Exercício. Ed. Interamericana, 2ª edição, R.J.- 1980.
2) FLECK Steven J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular - 2ª edição - Porto Alegre - R.S. - Editora Artes Médicas Sul Ltda - 1999.
3) FOX, Bowers, Foss - Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos. Ed. Guanabara Koogan S.A., R.J., 4ª edição, 1991.
4) HOLLMAN, Wildor & HETTINGER, Theodor - Medicina de Esporte - Ed. Manole - S.P. 1983.
5) MCARDLE, William D., Katch I. Frank & Katch L. Victor. - Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano - Ed. Guanabara Koogan S. A. - 4ª edição - Rio de Janeiro R.J. 1998.
6) POLLOCK, Michael L. - Exercício na Saúde e na Doença. Ed. Medsi, 2ª edição, R.J. 1993.
7) SANTOS, T.M. (1999). Modelos de Entendimento do Processo de Emagrecimento. In Novaes, J. et Al.. Educação Física: saúde, sociedade e humanidades (in press). Ed. da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro.
8) WEINECK, Jürgen. - Biologia do Esporte. Ed. Manole Ltda. S.P. 1991.
9) ZATSIORSKY, Vladimir M. - Ciência e Prática do Treinamento de Força - São Paulo S.P. - Phorte Editora Ltda, 1999.

Sites Sugeridos:
http://www.saudeemmovimento.com.br/saude/avaliation_fisica_i.htm
http://www.cardiol.br/default/
http://www.abeso.org.br/revista/revista8/editorial.htm
http://www.abeso.org.br/links.htm
http://www.sbh.org.br/index.asp

Sites de Busca e Pesquisa
http://www.google.com/advanced_search
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi
http://www.acsm.org/index.asp
Refelnet do site http://www.efmuzambinho.org.br/
http://www.cev.org.br/biblioteca/index.html

Visite também:
http://www.cdof.com.br/nutricao1.htm
http://www.terrazul.com.br/fragente.htm
http://www.noticiasdocorpo.com.br

Autor: Prof. Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 3529
Obs: O artigo acima está disponível em espanhol - solicitar com o autor: lcmoraes@petrobras.com.br

 

 

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