ALONGAMENTO ANTES DA MUSCULAÇÃO
                  NÃO TRAZ BENEFÍCIO ALGUM
              
              Por: Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529-P/R
                E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
                Portal: www.noticiasdocorpo.com.br
                Data de Publicação: 26 DE MARÇO de 2010
                
              Introdução
     Um dos assuntos longe de chegar a um consenso não só no
                esporte, mas também nas academias de musculação é a
                questão do alongamento antes e/ou depois da série
                principal. Ajuda? Previne lesões? Atrapalha? Não
                serve para nada ou tanto faz?
                Quem advoga a favor se apressa em dizer que previne lesões.
                No entanto, eu não conheço qualquer trabalho cientifico
                envolvendo um número suficiente de pessoas que fidelize
                tal afirmação. Quem é contra advoga que
                o alongamento pode provocar microlesões nas fibras musculares,
                resposta fisiológica na qual está calcada a hipertrofia
                muscular. O problema seria justamente o duplo trabalho similar
                conduzir à lesão não durante o alongamento,
                mas na musculação por estarem as fibras musculares
                saturadas por conta do próprio alongamento. Além
                disso o alongamento prévio pode impedir o recrutamento
                de um número suficiente de unidades motoras para gerar
                força máxima.
                
                Qual é o Público
                  Na verdade na musculação
                existem dois públicos distintos. Os popularmente chamados
                de “marombeiros”, que gostam de "pegar" muito
                pesado onde a maioria segue orientação criteriosa
                de seus professores e as pessoas que procuram na atividade física
                a qualidade de vida e/ou complemento de um esporte que pratique.
                Essa questão de alongamento principalmente antes é discutível.
                Na prática o “marombeiro” aquece com o próprio
                exercício pegando leve antes de começar a série
                principal e dá certo. Ex: 3 séries de 10 repetições
                para o supino com 120 kg de carga e 90 segundos de intervalo.
                Antes ele faz uma ou duas séries de 15 repetições
                com metade da carga a título de aquecimento e não
                faz alongamento. Ou seja, como o corredor que aquece trotando
                o “marombeiro” aquece fazendo o próprio exercício
                assim como o nadador aquece nadando, o futebolista batendo bola
                e assim por diante e tem fundamento. Para o aquecimento existe
                consenso na literatura e na prática indicando como benefícios
                mais evidentes o aumento da temperatura muscular, da elasticidade
                dos tecidos, do débito cardíaco, melhora do metabolismo
                energético, sistema nervoso central e recrutamento das
                unidades motoras.
                
                Aquecimento ou Alongamento?
    Existem
                trabalhos comparando protocolos de aquecimento com alongamento,
                aquecimento
                  aeróbio (corrida
                  na esteira ou pedalar na bicicleta ergométrica) e aquecimento
                  específico no próprio aparelho antes de um teste
                  de Repetição Máxima. Os avaliados que fizeram
                  aquecimento específico tiveram melhor desempenho na mobilização
                  de carga. Significa dizer que o aquecimento é mais importante
                  que o alongamento. Agora, tal como na corrida o alongamento depois
                  pode ser feito desde que não seja "puxado",
                  somente a título de relaxar, pois as fibras musculares
                  já estão cansadas e o alongamento explorando o
                  máximo da flexibilidade pode realmente gerar lesão.
                  Tanto o corredor como o “marombeiro” precisam de
                  flexibilidade para que o músculo responda melhor na hora
                  do exercício principal e o desenvolvimento da flexibilidade
                  se dá com o exercício de alongamento, mas deve
                  ser feito numa aula de alongamento específica em seção
                  separada da rotina de exercícios.
                
                A Diferença de
                  Flexibilidade e Alongamento
                   Em primeiro
                  lugar vamos relembrar as diferenças: “Flexibilidade é a
                  amplitude máxima de um movimento em uma ou várias
                  articulações combinadas” e o alongamento é o
                  exercício destinado a desenvolver essa capacidade. Cada
                  atividade física existe um nível ótimo de
                  flexibilidade de acordo com as exigências motoras da própria
                  atividade e a musculação também tem. Sendo
                  assim, é de se supor, por exemplo, que a ginástica
                  Olímpica e o salto em altura exijam um grau de flexibilidade
                  e amplitude maior que a corrida, a caminhada e assim por diante.
                  Um músculo flexível responde melhor ao ato motor
                  desejado. Ou seja, o corredor corre mais fácil, o nadador
                  nada melhor e a hipertrofia muscular também responde
                  melhor. 
                  Existe ainda, a diferença entre o alongamento e flexionamento
                  defendido em tese de mestrado por Dantas referindo-se à intensidade
                  do alongamento, respectivamente grau submáximo e máximo.
                  Ou seja, na linguagem popular “forçar” mais
                  ou menos de acordo com o objetivo.
                  
    O alongamento e o flexionamento provocam diferentes respostas
                  fisiológicas para cada objetivo. Em síntese, o
                  alongamento simples, sem flexionamento, até pode ser utilizado
                  durante o aquecimento e na volta à calma encontrando inclusive
                  respaldo na literatura e principalmente na prática. O
                  nadador que vai iniciar a sua atividade antes aquece e, dá uma “alongadinha
                  básica” leve somente nos braços. Dizem eles: “Pra
                  soltar”. O corredor também faz isso. É aquela
                  puxadinha na perna para trás para alongar o quadríceps,
                  uma “esticadinha” na passada e só. Nada de
                  ficar fazendo alongamento estático que é um movimento
                  contrário ao que virá a seguir. No caso da musculação
                  já existe entre os praticantes certa resistência
                  contra a prática do alongamento antes. Existem bons trabalhos
                  citando que o alongamento antes da musculação não
                  promove qualquer benefício na prevenção
                  de lesões e isso hoje vale para qualquer modalidade. A
                  tese que reforça esse posicionamento diz que o alongamento
                  forçado (flexionamento) antes da atividade deve ser evitado,
                  porque inibe os receptores musculares, tendinosos e articulares
                  responsáveis pela segurança até elevando
                  o risco de lesão ao invés de prevenir. Além
                  disso diminui o potencial de força necessária na
                  atividade. Esses receptores são chamados de Órgãos
                  Tendinosos de Golgi recrutados no flexionamento, mas não
                  no alongamento simples ou submáximo. O alongamento dinâmico
                  simples e bem leve junto com o aquecimento antes pode ajudar
                  a relaxar e/ou preparar os músculos diminuindo sua viscosidade,
                  mas é dispensável. Depois da atividade tem a função
                  de recuperar desde que seja simples sem flexionamento.
                  
    Sem complicar muito, o ato de espreguiçar, e que todo
                  mundo faz, é uma necessidade natural e inerente aos seres
                  vivos. Até os animais fazem isso. Observe o seu cão. “Antes” de
                  qualquer movimento o corpo sente a necessidade de alongar e isso
                  também pode ser válido antes de “pegar pesado”.
                  O músculo vai precisar de um mínimo de amplitude útil
                  para executar o movimento. Isso me parece lógico, mas
                  não tem pesquisa que prove isso. Usando o cão como
                  exemplo quando ele está lá quieto e pressente algum
                  perigo ele ataca sem alongar e nem por isso tem algum problema.
                  Voltando aos seres humanos cada aluno de musculação
                  tem o seu jeito de trabalhar com cargas altas.
                  
    Fazer alongamento depois da musculação ou de qualquer
                  exercício é sempre proveitoso não faltando
                  trabalhos sobre esse assunto e na prática basta perguntar
                  aos adeptos. A resposta é simples. “Faço
                  porque me sinto bem e não costumo sentir dores musculares
                  no dia seguinte”. Na prática não conheço
                  casos de pessoas lesionadas por fazer alongamento simples depois
                  da musculação, mas antes realmente não existe
                  consenso na literatura. No meu estúdio de personal sempre
                  reservo pelo menos uns 10 minutos para alongamento passivo para
                  os meus alunos sempre “depois” da atividade, mas
                  nada forçado. Antes eles fazem aquecimento e pronto. Vale à pena
                  pegar carona num antigo adágio popular: “time que
                  está ganhando não se mexe”.
                  Nas academias quem tem o hábito de fazer circuito de musculação
                  começa com aquecimento aeróbio (esteira ou bicicleta
                  ergométrica), não faz alongamento e tem bom rendimento
                  na musculação. Isso é um fato. 
                  A Musculação Diminui a Flexibilidade? Em contrapartida
                  outra dúvida também freqüente nas academias é saber
                  se o treinamento de força diminui a flexibilidade de quem
                  já tem por causa do aumento do tamanho do músculo.
                  Em primeiro lugar, e isso me parece lógico, somente a
                  falta de exercício pode provocar diminuição
                  da flexibilidade. Se não usa atrofia.
                  
    Qualquer atividade física, seja ela qual for, exige uma
                  mobilidade articular mínima. O sujeito sedentário
                  quando passa a praticar um exercício qualquer começa
                  a forçar naturalmente novos limites de amplitude, por
                  vezes à custa de umas "doreszinhas" aqui e outra
                  ali. O exercício com peso aumenta a flexibilidade articular
                  de quem já tinha alguma limitação pela falta
                  de uso. Quem já tem uma flexibilidade normal, o exercício
                  com peso não diminui essa qualidade física e as
                  provas não são novas. Massey e Chandet em 1956,
                  demonstraram que o treinamento com peso não provoca a
                  diminuição da flexibilidade. Baseado nesses estudos,
                  Trasc e Kelly 1987 repetiram as experiências treinando
                  voluntários por 11 semanas e concluíram que além
                  da flexibilidade não ficar prejudicada, a amplitude articular
                  de determinados movimentos pode até aumentar.
                  Outro estudioso no assunto com quem tive a oportunidade de
                  fazer cursos é o Doutor em Medicina José Maria Santarém
                  que justifica que a musculação aumenta a quantidade
                  de tecido conjuntivo, tecido esse que recobre as fibras musculares
                  sendo viscoso e elástico. Se aplicarmos uma determinada
                  força num músculo hipertrofiado e a mesma força
                  for aplicada no músculo não treinado, o primeiro
                  alonga mais. O que "estica" mais? Um elástico
                  grosso ou um fino de mesmo tamanho? A maior prova disso são
                  os vários trabalhos mostrando que levantadores olímpicos
                  têm flexibilidade acima da média. Claro, não
                  vamos confundir os homens enormes com hipertrofia exagerada que
                  chegam a andar todo duro por conta da limitação
                  da flexibilidade articular, em função das condições
                  anatômicas. Ou seja, o músculo fica tão grande
                  que não cabe no seu espaço anatômico.
                  Mas como eu gosto das coisas simples, o que dizer então
                  da ginástica olímpica masculina? Homens bem fortes
                  e com uma flexibilidade incrível. Claro, além da
                  musculação, o treinamento deles é acompanhado
                  de muito alongamento visando aumento da flexibilidade, treino
                  esse feito separado da musculação. Vale lembrar
                  que se a hipertrofia encurtasse o músculo, por mais alongamento
                  que fizessem não conseguiriam aumentar a flexibilidade.
                  Em tese, a musculação pode até ser um treinamento
                  oposto ao alongamento, mas as fibras musculares mais fortes alongam
                  mais e quanto a isso não existem dúvidas.
                  
   Nas salas de musculação existe uma “galera” querendo
                  mostrar-se mais forte do que realmente é contraindo voluntariamente
                  o peitoral e as costas adotando uma postura antinatural, “todo
                  duro” feito um robô. Muitas vezes esses alunos, andando
                  naturalmente, contraem tanto o peito e ficam com as costas arcadas,
                  numa posição cifótica (corcunda) e com os
                  braços semiflexionados e levantados como se fosse o homem
                  mais forte do mundo mesmo sendo alvo de chacotas. “Mamãe
                  sou forte!” Para que o corpo fique sempre harmonioso é preciso
                  prestar atenção na postura no dia a dia e principalmente
                  na execução do exercício. Muitas vezes não é o
                  exercício que lesiona e sim a execução sem
                orientação profissional.
                 Outro erro dessa “galera” é que, ao executar
                os seus exercícios, o fazem com o segmento corporal a
                ser trabalhado também semiflexionado. Isso é o
                que erroneamente leva as pessoas a pensarem que a musculação
                diminui a flexibilidade porque não iniciam o exercício
                em estado de pré-estiramento, posição que
                estimula naturalmente o aumento da flexibilidade. Além
                disso, todo exercício partindo da posição
                de pré-estiramento aumenta a força despendida pelo
                músculo. 
                Devemos levar também em conta, as limitações
                genéticas de qualquer população de controle.
                Em atletas ou não, a gente sempre vai encontrar pessoas
                que mesmo sem treinamento alongam mais e outras bem menos. Portanto,
                gente. Essa idéia da musculação encurtar
                o músculo deixando o sujeito "todo duro" não
                tem fundamento. Não existe nenhum trabalho provando isso.
                O que existe de fato é trabalho mau feito muito mais em
                função da teimosia de parte de uma pequena parcela
              dos ditos “marombeiros”.
              Como Desenvolver a Flexibilidade
                A olhos vistos já se
              sabe que nem todo mundo tem a mesma flexibilidade. Isso depende
              de fatores ósseos, musculares, tendinosos, da cápsula
              articular, da gordura e da pele. Dentre esses fatores os mais importantes
              são a cápsula articular contribuindo com 47% e os
              músculos com 41%. Algumas pessoas têm mais tecido
              chamado de colágeno que não são elásticos
              e por isso sentem mais dificuldades. Claro, a flexibilidade também
              está associada ao sexo, a idade, a lateralidade corporal, à hora
              do dia e aquecimento. As mulheres e as crianças são
              normalmente mais flexíveis e o destro costuma ter o lado
              direito melhor do que o esquerdo por razões óbvias.
Para
    uma boa aula de alongamento
  1) Cada um tem o seu limite. Não tente "forçar a barra".
  A amplitude deve ir até onde se sinta bem ou leve dor suportável;
  2) A maioria das pessoas tem o peitoral, lombar e posteriores de coxa encurtados.
  Deve-se dar preferência por alongamentos que trabalhem essas regiões
  e/ou os grupos musculares que notadamente sejam deficientes. 
  3) Os alongamentos devem incluir os grupos musculares trabalhados na atividade
  diária principal e/ou do gesto esportivo.
  4) A escolha do método deve priorizar a necessidade e preferência
  do indivíduo. Todos têm as suas vantagens e não existe
  pesquisa conclusiva mostrando ser um método melhor que outro. Depende
  da necessidade, do fundamento e para quem é o trabalho. 
  5) A musculatura agônica e antagônica deve ser trabalhada a fim
  de proporcionar um desenvolvimento harmônico da amplitude do movimento.
  6) Uma aula de alongamento visando a flexibilidade deve ser separada da musculação
  e de forma global levando de 30 a 40 minutos. 
  7) Como qualquer outra atividade física o alongamento deve partir do
  prazer individual.
  8) Alongamento e musculação só combinam se uma atividade
  não atrapalhar a outra.
  
  Para uma boa aula de musculação:
  1) Deve-se ter em mente o objetivo. Para que e porque fazer.
  2) Antes de começar, como toda atividade física, deve-se fazer
  avaliação médica e funcional.
  3) Estabelecidos os objetivos converse com o professor sobre sua preferência
  dos exercícios destinados a determinados músculos. Existem muitos
  exercícios, formas de execução e métodos para cada
  grupo muscular.
  4) Se vai fazer só a musculação prefira aquecer com o
  próprio exercício com cargas bem menores que as estabelecidas
  na série principal.
  5) O alongamento antes não acrescenta nada, mas não é proibido
  fazer. Só faça se achar conveniente ou por estar acostumado por
  conta de vício já adquirido.
  6) Respeite a planilha usando as cargas, séries e intervalos corretos.
  Se precisar fazer qualquer alteração converse com o professor.
  7) Procure montar e desmontar as anilhas usando critérios de segurança.
  Muita gente faz o exercício corretamente, mas peca na hora de montar
  e principalmente desmontar os equipamentos não transportando os pesos
  para os devidos lugares sem seguir regras de ergonomia se machucando por causa
  disso.
  8) Use sempre o bom senso.
  
  Conclusão
 
     O alongamento antes da musculação não
  existe consenso que ajude ou atrapalhe a série principal, mas não é proibido
  fazer. Depois sim, pode ajudar a relaxar na volta à calma. O aquecimento é fundamental
  e mais importante que o alongamento. A musculação em si também
  não diminui a flexibilidade e ao contrário do que muita gente
  acredita até contribui para o aumento da amplitude articular.
  
  Literatura Sugerida
  1) ACHOUR JÚNIOR, Abdallah. Flexibilidade e alongamento: saúde
  e bem estar. Barueri:
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Acesso em 22/02/2010.